Conciliação e ecletismo no trabalho didático do educador - histedbr
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contra essa orientação e examinan<strong>do</strong> um desses compêndios, escreve:<br />
“Na geografia geral, a grande questão, o empenho quase absoluto <strong>do</strong><br />
curso está em gravar na memória os <strong>no</strong>mes de to<strong>do</strong>s os paizes, mares,<br />
golfos, estreitos, lagos, rios, montes, ilhas, penínsulas, cabos: cerca<br />
de mil. Na geografia particular, recrudescem a impertinência e a<br />
preoccupação fixa, invariável, de decorar, e só decorar”. E conclue:<br />
“Pratica<strong>do</strong> assim pelo bordão da rotina, o ensi<strong>no</strong> da geografia é inútil,<br />
embrutece<strong>do</strong>r”.<br />
A pedagogia <strong>no</strong>va abre-<strong>no</strong>s hoje rumo claro e seguro. O ensi<strong>no</strong><br />
elementar da geografia não póde obedecer as leis diversas das que<br />
regem toda a cultura scientífica. Onde, portanto, não for<br />
absolutamente possível o processo da lição de cousas, da observação<br />
directa <strong>do</strong>s fenôme<strong>no</strong>s estuda<strong>do</strong>s, ao me<strong>no</strong>s é essencial que a lição<br />
parta sempre <strong>do</strong> conheci<strong>do</strong> para o desçonheci<strong>do</strong>, e se apóie em<br />
objectos tão familiares ao alum<strong>no</strong> como ao professor” (Id. , ibid. , p.<br />
300 e 301).<br />
A influência de Lições de Coisas é marcante na proposta educacional de<br />
João Tole<strong>do</strong>. O seu livro Pla<strong>no</strong>s de Lição – Noções Communs, publica<strong>do</strong> em 1934, é<br />
uma adaptação <strong>do</strong> livro Primeira Lições de Coisas para as questões nacionais, conforme<br />
se observa <strong>no</strong> fragmento abaixo retira<strong>do</strong> da 3º edição <strong>do</strong> livro Escola Brasileira edita<strong>do</strong><br />
em 1932.<br />
Nem o tempo nem as conveniencias autorizam as seriação<br />
systemática dessas <strong>no</strong>ções sob o título da sciencia a que<br />
respectivamente pertencem: agrupadas sob o critério das relações que<br />
ellas têm com a vida <strong>do</strong> indivíduo e enlaçadas pelas semelhanças <strong>do</strong>s<br />
serviços que prestam, podem figurar <strong>no</strong> programma sob o <strong>no</strong>me de<br />
<strong>no</strong>ções communs, que, parece, não lhes fica mal.<br />
A de<strong>no</strong>minação de lições de coisas não compreende to<strong>do</strong>s assuntos<br />
que procuramos englobar sob aquella rubríca, nem corresponde a<br />
to<strong>do</strong>s os intuitos visa<strong>do</strong>s pelo ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong>s assuntos em questão; a de<br />
estu<strong>do</strong> da natureza, usada pelos <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>s adapta-se muito<br />
melhor ao <strong>no</strong>sso pensamento, sem, contu<strong>do</strong>, ajustar-se rigorosamente<br />
a elle; e a que propomos <strong>no</strong>ções communs – justifica-se, 1º) porque<br />
abrange elementos de vários ramos de sciencias, 2º) porque essas<br />
<strong>no</strong>ções derivam das condições <strong>do</strong> logar em que a escola funcciona, e<br />
3º) porque, intuitivas e necessárias, entram em estensão e<br />
profundidade várias, na experiencia de to<strong>do</strong>s os adultos (Id. , ibid. , p.<br />
316)<br />
A citação de Reis Filho (1995), acima, destaca a importância de se<br />
conhecer os fundamentos teóricos <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de ensi<strong>no</strong>. Aliás, utiliza como exemplo<br />
o próprio méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> intuitivo ou lições de coisas. Foi justamente esse o princípio<br />
<strong>no</strong>rtea<strong>do</strong>r <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, realiza<strong>do</strong> por Valdemarin (2004), a respeito da influência <strong>do</strong><br />
paradigma epistemológico na formulação <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> intuitivo. Para a autora,