Conciliação e ecletismo no trabalho didático do educador - histedbr

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afearam. São bem conhecidas a de Cornélia, mãe dos Graccos, a dos
Césares (Tibério, Calígula, Cláudio e Nero); a de Carlos Magno; a
dos Médicis; a D. Carlos, rei de Hespanha; os Pitt, os Fox, os Peel da
Ingalterra; a família de Mirabeau, e os nossos Andradas. E quantas
outras, que, humildes, a chrónica não lhes guardou os nomes, seriam
exemplos frisantes a illustrarem nossa these? (TOLEDO, 1925, 31 e
32).
O livro Crescimento Mental, vale lembrar, mostra em seu subtítulo qual é o
seu conteúdo e para qual público se destina: “Exposição analytica da psyco-pedagogia
para uso dos alumnos da escolas normaes e dos professores do curso primário”. Outro
livro de João Toledo, Sombras que vivem, um livro de história pertencente à categoria
dos paradidáticos, é destinado principalmente às crianças. Neste livro verifica-se,
também, à concepção de transmissão hereditárias de características de personalidade.
- O Conselheiro? – Sim, o de Canudos, foi mais infeliz que perverso,
martyr mais que bandido. Expiou, além dos seus, erros ancestraes e
soffreu azedos caprichos da sorte. Bom não poude ser; mas não teria
sido mau, se outros fossem os agentes que o determinaram. Falhou-lhe
até a educação, esbarrando de encontro a muralhas biológicas
instransponiveis. Por isso, como todo mundo, tambem elle não se fez
á feição exclusiva da própria vontade: outras forças entraram em jogo
– lastravam-lhe a índole mórbidas tendências de seus avós;
favoreceram-lhe depois a eclosão de nevrose duras vicissitudes
sociaes (TOLEDO, 1923, p. 154).
Acreditar que há uma essência humana a priori, que pode se deteriorar ou se
desenvolver dependendo das predisposições hereditárias de cada indivíduo, é negar o
livre-arbítrio e minimizar a importância da educação para a formação humana.
Por que João Toledo adota teorias tão divergentes? Não se trata, aqui, em
absoluto, de tentativa de justificar aquilo que, por si só, é totalmente injustificado. João
Toledo, na realidade, conciliou, em alguns momentos, preceitos da escola tradicional
com a sua proposta escolanovista, diante das dificuldades de concretização imediata das
diretrizes da pedagogia nova. Se tal conciliação não é recomendada, pode-se, porém,
aceitá-la como algo provisório, enquanto não forem alteradas as inadequadas condições
materiais. Agora, a utilização de princípios teóricos formalmente excludentes, com diz
Schwarz (1995), é completamente inviável e contraproducente. Infelizmente, tal
equívoco não é restrito ao pensamento de João Toledo. Segundo Alves (1993), o
ecletismo é freqüente no pensamento educacional brasileiro.