Conciliação e ecletismo no trabalho didático do educador - histedbr
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obstáculo, entretanto, havia a entorpecer a acção <strong>do</strong>s Inspectores: era<br />
a politica regional, empenhada, em muitos logares, em fazer desses<br />
funccionarios meros instrumentos da politica de campanario.<br />
O Dr Alfre<strong>do</strong> Pujol não podia desconhecer esta situação. Ten<strong>do</strong><br />
presidi<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> secretario <strong>do</strong> Interior, o Congresso <strong>do</strong>s Inspectores<br />
Districtaes, que se reuniu nesta Capital em principios de 1896, teve<br />
occasião de ouvir-lhes as queixas nesse senti<strong>do</strong>. Os factos<br />
denunciavam visivelmente a revivescencia de velhos hábitos de<br />
man<strong>do</strong>nismo, que caracterisavam a política <strong>do</strong> Império, nas<br />
localidades <strong>do</strong> interior (RODRIGUÊS, 1930, p. 399).<br />
Numa sociedade ainda pre<strong>do</strong>minantemente rural, o chefe político da região,<br />
isto é, o coronel possuía hegemonia econômica e social, o que acarretava, por sua vez, o<br />
fenôme<strong>no</strong> de<strong>no</strong>mina<strong>do</strong> de filhotismo, expresso num sistema de favores aos amigos e de<br />
perseguições aos adversários.<br />
A essência, portanto, <strong>do</strong> compromisso “coronelista” – salvo situações<br />
especiais que não constituem regra – consiste <strong>no</strong> seguinte: da parte<br />
<strong>do</strong>s chefes locais, incondicional apoio aos candidatos <strong>do</strong> oficialismo<br />
nas eleições estaduais e federais; da parte da situação estadual, cartabranca<br />
ao chefe local governista (de preferência o líder da facção<br />
local majoritária) em to<strong>do</strong>s os assuntos relativos ao município,<br />
inclusive na <strong>no</strong>meação de funcionários estaduais <strong>do</strong> lugar (LEAL,<br />
1978, p. 49 e 50).<br />
A Reforma de 1892 foi valorizada por Rodriguês (1930), pois, a partir de<br />
então “o cargo de inspetor só poderia ser exerci<strong>do</strong> por professores <strong>no</strong>rmalistas”.<br />
O deputa<strong>do</strong> Alfre<strong>do</strong> Pujol, em 1897, apresentou projeto que extinguia as<br />
antigas inspetorias regionais e criava <strong>no</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo a Inspetoria-Geral <strong>do</strong><br />
Ensi<strong>no</strong>, ten<strong>do</strong> como auxiliares dez inspetores escolares, to<strong>do</strong>s residin<strong>do</strong> na capital.<br />
Dessa forma, segun<strong>do</strong> Pujol, cita<strong>do</strong> em Rodrigues (1930), “fóra <strong>do</strong> influxo <strong>do</strong>s mandões<br />
<strong>do</strong> interior”.<br />
A mudança significativa desse quadro, com a desejada valorização das<br />
funções de orientação pedagógica <strong>do</strong>s inspetores-escolares, somente ocorreria com a<br />
implantação da chamada “Reforma Sampaio Dória”, em 1920, <strong>no</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo.<br />
João Tole<strong>do</strong> foi <strong>no</strong>mea<strong>do</strong> Inspetor-Geral <strong>do</strong> Ensi<strong>no</strong> em 1925, portanto, em<br />
sintonia com a já existente perspectiva de valorização <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong> de orientação. A<br />
primeira edição <strong>do</strong> seu livro Didática cujo subtítulo é “Nas Escolas Primárias”, de 1930,<br />
situa-o como Inspetor-Geral <strong>do</strong> Ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo, demonstran<strong>do</strong> a sua<br />
preocupação com as questões pedagógicas referentes ao ensi<strong>no</strong> primário. Além disso, de<br />
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