Conciliação e ecletismo no trabalho didático do educador - histedbr
Conciliação e ecletismo no trabalho didático do educador - histedbr
Conciliação e ecletismo no trabalho didático do educador - histedbr
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
De fato, a passagem <strong>do</strong>s princípios à prática não é tarefa de fácil execução.<br />
Em relação à efetivação <strong>do</strong>s preceitos das Lições de Coisas, Valdemarin (2004) assim se<br />
manifestou: “[...] pode-se dizer que, embora ten<strong>do</strong> a educação <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s como<br />
diretriz, a prática pedagógica continuou priorizan<strong>do</strong> a memorização e o ensi<strong>no</strong> abstrato”<br />
(VALDEMARIN, 2004, p. 40).<br />
João Tole<strong>do</strong> ao analisar a vinculação entre o meio, relaciona<strong>do</strong> ao princípio<br />
filosófico empirista, e os fatores hereditários, basea<strong>do</strong>s na filosofia racionalista de<br />
inspiração cartesiana, considera que este pre<strong>do</strong>mina sobre aquele. Todavia, os fatores<br />
exter<strong>no</strong>s, embora me<strong>no</strong>s relevantes, podem em “alguns casos” auxiliar o<br />
desenvolvimento <strong>do</strong> indivíduo. Recomenda segun<strong>do</strong> este princípio, que, em relação ao<br />
alu<strong>no</strong>, o professor “[...] deve conhecer: - a) aproximadamente, seu lega<strong>do</strong> hereditário,<br />
próximo e remoto” (TOLEDO, 1925, p. 14).<br />
16<br />
Nascemeos desiguaes, criamo-<strong>no</strong>s desigualmente; e dahi essa<br />
prodigiosa differenciação de corpo e de alma, que torna impossivel<br />
uma completa identificação entre duas pessoas, ainda que irmãs.<br />
Nunca se vae além das semelhanças. E se é certo que os factores da<br />
herediditariedade têm, nesta differenciação, parte pre<strong>do</strong>minante, não é<br />
me<strong>no</strong>s certo que os agentes exter<strong>no</strong>s dispõem de força bastante para<br />
supprir lacunas, corrigir desvios, aproximar finalidade. Ha<br />
deformações e taras insanáveis; mas deficiencias múltiplas, que os<br />
descui<strong>do</strong>s aggravariam, podem desapparecer ou diminuir sob a acção<br />
intelligente e contínua de um tratamento adequa<strong>do</strong> (TOLEDO, 1932,<br />
p. 88 e 89).<br />
Para a identificação <strong>do</strong>s “casos” possíveis de modificação pela ação<br />
educacional, João Tole<strong>do</strong> utiliza <strong>no</strong>vamente as contribuições teóricas de Ribot.<br />
A influencia de ascendentes sobre descendentes aclara-se <strong>no</strong> estu<strong>do</strong> da<br />
herança mórbida: acceita a transmissão das taras, nós somos<br />
logicamente leva<strong>do</strong>s a acceitar a hereditariedade <strong>no</strong>rmal. E os desvios<br />
da <strong>no</strong>rmalidade patenteiam-se tão claros de geração em geração que<br />
seu apparecimento a ninguém mais surpreende. Sua causa immediata<br />
deve ser uma affecção <strong>do</strong>entia <strong>do</strong> systema nervoso. E, si <strong>do</strong> organismo<br />
toda parte é transmissível, segue-se que, nas affecções mentaes, a<br />
herança é a regra. O que embaraça, diz Ribot, são as metamorphoses<br />
da hereditariedade. Muitas vezes as neuropathias não se transmittem<br />
sinão transformadas. A hyperesthesia <strong>do</strong> pae, por exemplo, pode<br />
irradiar-se <strong>no</strong>s filhos e produzir a mania, a hypoconcria, a hysteria, as<br />
convulsões, o espasmo (TOLEDO, 1925, p. 35).<br />
O pensamento de Ribot deve ser analisa<strong>do</strong> situan<strong>do</strong>-o como um homem <strong>do</strong><br />
seu tempo. Segun<strong>do</strong> Foulquié (1965), Ribot foi o principal <strong>no</strong>me, <strong>do</strong> ponto de vista