o feminismo perspectivista como aporte teórico nas pesquisas
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SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES<br />
Educação, Saúde, Movimentos Sociais, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos<br />
20 a 31 de Julho de 2009<br />
Salvador - BA<br />
“ (...) enquanto membros de um grupo oprimido, tem cultivado uma duplaconsciência<br />
uma maior sensibilização não ape<strong>nas</strong> das suas próprias vidas, mas da<br />
vida do grupo dominante também (homens). (...) Em alguns casos a dupla<br />
consciência surge no cumprimento de normas socialmente aceitas que determinam<br />
funções, tais <strong>como</strong> as de esposa e mãe. Em outros casos, as mulheres desenvolvem<br />
uma dupla consciência para garantir a sua própria consciência, e da sua família, a<br />
sua sobrevivência física e econômica” (BROOKS, 2006, p.55).<br />
A vinculação permanente aos papéis tradicionais e o acesso ao mundo masculino dominante<br />
cria lentes especiais <strong>como</strong> já falamos anteriormente. São estas lentes que merecem estar presente<br />
<strong>nas</strong> <strong>pesquisas</strong> fundamentadas pela epistemologia feminista do ponto de vista porque as mulheres<br />
sintonizam-se tanto em suas atividades quanto <strong>nas</strong> dos homens, enquanto estes geralmente não se<br />
aproximam das atividades das mulheres e partem ape<strong>nas</strong> de sua própria experiência.<br />
As mulheres criam estratégias de sobrevivência usando recursos dos grupos dominantes para<br />
circularem com maior facilidade entre as esferas publica e privada. Estas estratégias se apresentam<br />
com clareza na medida em que os projetos de pesquisa apresentem-se plenos de adequações<br />
filosóficas e metodológicas utilizando o viés feminista.<br />
Estudos de orientação feminista têm dado contribuições significativas ao mesclarem as<br />
textualidades vividas aos projetos científicos tradicionais. Neste sentido, a perspectiva defendida<br />
por Sandra Harding que, segundo Olensen, (2007, p. 233/234) “ sugere uma estratégia de ‘ forte<br />
objetividade’ que tome as pesquisadoras e também as pesquisadas <strong>como</strong> foco de explanações<br />
críticas, causais, científicas, e exija o exame crítico da localização da pesquisadora” se apresenta<br />
<strong>como</strong> fundamental, tanto para a transformação do paradigma da ciência tradicional quanto para o<br />
cotidiano das mulheres em seus contextos sócio-históricos.<br />
Em texto que analisa as epistemologias feministas e seus posicionamentos em relação à<br />
objetividade, Sérgio Dansilio, s/d relata que para Sandra Harding há duas alternativas: “optar por<br />
uma objetividade fraca apoiada pelos ideais de neutralidade ou pela objetividade forte que se<br />
alimenta das epistemologias feministas. A objetividade ‘fraca’ é marcada fundamentalmente pela<br />
suposta dissociação entre pensamento e sentimento – dissociação esta que tem suas origens em<br />
Platão”.<br />
Desta forma a objetividade forte permite a aproximação, o mergulho efetivo no contexto em<br />
que se inserem as mulheres. Entretanto as pesquisadoras do ponto de vista precisam estar o tempo<br />
todo conscientes de que pode-se “fundir com o Outro, mas no fim voltar a analisar a cultura em<br />
todos as suas particularidades de um ponto mais distante, crítico, objetivando localização” Harding,<br />
(1988, p. 151), o que evita o relativismo intelectual.<br />
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