a xilogravura expressiva entre a luz e a sombra, o pessimismo
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conformou em ser o que achava ser seu ápice. A elite intelectual se posicionou em<br />
críticas a essa situação de acomodação, a qual seria inadmissível aos olhos de escritores<br />
e artistas. Logo imagens gráficas de análise social surgiram e em seguida na primeira<br />
metade do século XX, durante a Primeira Grande Guerra que influenciou a obra gráfica<br />
de Kirchner mais fortemente. As mortes em massa, a privacidade violada, <strong>entre</strong> outras<br />
barbaridades que a guerra proporcionou para a decadência humana, vieram a ser de<br />
utilidade para o artista.<br />
Um bom exemplo para ter essa ideia de privação dos direitos humanos é o livro<br />
O Processo do escritor Franz Kafka, que nos remete a esse período abordado até então.<br />
Onde o personagem intitulado Josef K, sem motivos explicáveis, é preso em sua própria<br />
casa e sujeito a um longo interrogatório e logo a um incompreensível processo por um<br />
crime não revelado. Ele é privado de muitos direitos e da sua própria privacidade do ir e<br />
vir. A história se desenrola em muitos caminhos que sempre levam Josef K ao mesmo<br />
estado, quase de loucura. O equívoco dos sonhos tomados do peculiar universo kafkiano<br />
e as situações de contrassenso existencial chegam a limites insuspeitados. O clima de<br />
pesadelo misturado com fatos corriqueiros compõem uma transação em que a<br />
irrealidade beira a loucura e a desordem beira o caos emocional.<br />
Assim Kirchner discorreu em suas obras, primeiramente sobre o mundo em<br />
torno do artista, ou seja, suas angústias diante do mundo e suas visões sobre as<br />
conformidades que atingiam o homem. E após a eclosão da Primeira Grande Guerra,<br />
Kirchner se pôs em mostrar nos seus trabalhos, suas perturbações, assim como, por<br />
exemplo, utilizando-se da destruição da figura humana, distorcendo-a. Assim, para<br />
declarar que o homem em guerra, desfragmentava o seu próprio ser ao atingir<br />
ferozmente outro homem.<br />
A estética da imagem distorcida tem como função fundamental, no<br />
expressionismo, atingir os sentidos dos expectadores e fazê-los perceberem o homem<br />
como destruidor de si mesmo. Kirchner mostra uma preferência ao sombrio, ao trágico,<br />
às figuras contorcidas nas mais agonizantes dores do estar consciente dos atos antihumanos<br />
da guerra e do sobreviver alienado, com imagens que perturbam o ser humano.<br />
Seria para minha percepção, uma disseminação de um acontecimento trágico na história<br />
da humanidade, uma memória de medo e solidão.<br />
Em “Assim Falou Zaratustra” Nietzsche descreve os fundamentos do<br />
pensamento conformista da época, o qual antecede o período <strong>entre</strong> guerras. Observo que<br />
o autor toma como rédeas a religião e a política, ao falar do homem limitado. Como<br />
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