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elas por elas- agosto 2009_Elas por elas revista - ive minas

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são decorrentes dos baixos salários.<br />

Dedecca (2004) defende a jornada de trabalho,<br />

com dedicação exclusiva a uma escola, semelhante<br />

ao que acontece nas un<strong>ive</strong>rsidades públicas. Caso<br />

fosse esta uma das soluções para a diminuição da frag -<br />

mentação e intensificação do trabalho, poderiam os<br />

docentes dedicar -se à preparação das aulas, à<br />

elaboração e à correção de atividades, ao plane jamen -<br />

to de projetos, incluindo vários outros aspectos da<br />

prática pedagógica. As professoras da rede particular<br />

de ensino do Estado de Minas Gerais têm apresentado<br />

condições de trabalho e saúde mais adversa do que<br />

seus colegas, até mesmo os da rede pública. Dados<br />

interessantes obtidos a partir de uma pesquisa feita<br />

pelo Sinpro Minas, em parceira com o Ministério do<br />

Trabalho – <strong>por</strong> meio da Fundacentro –, a Federação<br />

Interestadual dos Trabalhadores em Estabelecimentos<br />

de Ensino (Fitee) e o Sindicato dos Auxiliares em<br />

Administração Escolar (Saae-MG) –, mostram que<br />

essa preocupação tem razão de ser.<br />

Iniciada em 2007, a pesquisa O trabalho e os<br />

agravos à saúde dos professores da rede privada<br />

de ensino de Minas Gerais foi finalizada em<br />

fevereiro de <strong>2009</strong>, após passar p<strong>elas</strong> etapas de<br />

coleta de dados, processamento, análise de resultados<br />

e elaboração de relatórios. O levantamento,<br />

segmentado em quatro grandes blocos – sociodemográfico,<br />

ambiente de tra balho, condições de trabalho<br />

e saúde físico-mental –, produziu um amplo conjunto<br />

de estatísticas e indicadores, abordando aspectos<br />

como a caracterização e a distribuição espacial dos<br />

professores, a renda, a escolaridade, o grau de<br />

satisfação, a frequência dos sintomas, as principais<br />

agressões e ameaças sofri das, entre outros.<br />

De acordo com os dados, em torno de 83% da<br />

categoria acredita que a exigência de cumprimento<br />

de prazos é o principal motivo que torna o ambiente<br />

institucional ameaçador , e a principal causa do<br />

desgaste entre os docentes encontra-se na relação<br />

direta entre professor e aluno, com cerca de 40% das<br />

respostas. Ainda segundo a pesquisa, há uma<br />

associação direta entre o número de alunos em sala<br />

de aula e a possibilidade de o professor apresentar<br />

problemas de saúde, como rouquidão e dores de<br />

[ Artigo ]<br />

cabeça; e um dos maiores motivos de afastamento na<br />

categoria está relacionado a dores nas pernas.<br />

A pesquisa também fez um recorte de gênero e<br />

constatou um quadro pouco favorável para as mulheres.<br />

Em todo o Estado, a renda pessoal média das<br />

professoras é cerca de 30% inferior à dos professores.<br />

Já na região metropolitana, esse cenário de<br />

desigualdade permanece, mas o percentual de<br />

diferença cai para aproximadamente 24%. Os dados<br />

mostram também variáveis referentes à saúde<br />

docente, e os números indicam que as mulheres têm<br />

níveis de saúde mais comprometidos que os homens.<br />

Além disso, o risco de uma professora da região metropolitana<br />

sofrer algum tipo de acidente e/ou doença<br />

do trabalho é cerca de 2,2 vezes maior em relação a<br />

um professor. Essas desigualdades de gênero são<br />

graves e preocupantes.<br />

A diferença apresentada entre a média salarial<br />

de professores e professoras é um dado polêmico, o<br />

que nos leva à reflexão. Isso <strong>por</strong>que na Convenção<br />

Coletiva dos professores do Estado de Minas Gerais<br />

há a exigência de isonomia salarial. Então, como explicar<br />

a diferença apontada pela pesquisa? Pode-se<br />

inferir que isso se deve ao fato de que há diferenças<br />

de salários <strong>por</strong> titulação e há mais homens que mulheres<br />

tituladas atualmente na categoria. As<br />

professoras, além da pressão de seu ambiente de<br />

trabalho, ainda possuem atividades delegadas<br />

socialmente que as remetem não a uma dupla<br />

jornada, mas sim a uma tripla jornada de trabalho, que,<br />

provavelmente, faz com que <strong>elas</strong> tenham uma carga<br />

horária de aulas menor.<br />

Os resultados da pesquisa apontam que a não<br />

valorização e o não reconhecimento do trabalho<br />

docente – expressos genericamente pela percepção<br />

de desrespeito <strong>por</strong> parte dos alunos (e até mesmo da<br />

sociedade); as condições salariais (que não condizem<br />

com a im<strong>por</strong>tância e a responsabilidade social desse<br />

trabalho); a necessidade de ampliação da jornada de<br />

trabalho para recom<strong>por</strong> salário; os aumentos expressivos<br />

do número de alunos em sala de aula; além<br />

da luta permanente <strong>por</strong> manter-se no emprego –, têm<br />

contribuído para a perda de qualidade da saúde dos<br />

professores.<br />

24 ELAS POR ELAS - AGOSTO DE <strong>2009</strong>

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