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elas por elas- agosto 2009_Elas por elas revista - ive minas

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cracia, no momento em que vivíamos o silêncio da<br />

ditadura”, ressalta.<br />

Apesar desse avanço de mentalidade, Júnia Ma -<br />

ri se observa que a participação das mulheres na po lítica<br />

é muito pequena. Dados do Tribunal Superior Eleitoral<br />

(TSE) comprovam o que ela diz. Em 2008, enquanto<br />

no total do eleitorado brasileiro as mulheres superam<br />

os homens (51,8% a 48,2%), o balanço parcial do registro<br />

de candidatos para as eleições municipais indicaram<br />

que a participação feminina na disputa pelos cargos<br />

eletivos representava 20,8% do total.<br />

Ciente da im<strong>por</strong>tância da representatividade<br />

feminina na política, Júnia Marise foi autora, no<br />

Senado, do Projeto de Lei 322/95, que estipulava cotas<br />

de 20% para mulheres em candidaturas de todas as<br />

eleições pro<strong>por</strong>cionais. “Meu objetivo era incentivar<br />

todos os partidos, de todas as ideologias, a destinarem<br />

cotas para as eleições pro<strong>por</strong>cionais, além de incentivar<br />

as mulheres a participar da vida pública.”<br />

No Senado, sua atuação ficou marcada <strong>por</strong> uma<br />

postura política e ética. “Fui contra as privatizações,<br />

conta a reforma da Previdência, que prejudicava trabalhadores<br />

e aposentados, líder da oposição e, além de<br />

tantos projetos apresentados, o que incluiu o Vale do<br />

Jequitinhonha, no Norte de Minas, na área da<br />

Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste<br />

(Sudene), que foi um momento histórico para o<br />

Estado”, enumera. O resultado de seu trabalho foi a<br />

sua indicação, <strong>por</strong> vários anos, como uma das “100<br />

cabeças do Congresso”.<br />

Desafios a superar<br />

No Brasil, a história da participação da mulher<br />

no Parlamento tem como marco inicial a conquista<br />

do direito ao voto, que se deu em 1932. Essa<br />

conquista é resultado da luta contínua do movimento<br />

[ Perfil ]<br />

sufragista – movimento social, político e econômico<br />

de reforma, com o objetivo de estender o direito de<br />

votar às mulheres –, que emergiu no país em 1919.<br />

Mas apesar de o Brasil outorgar o direito ao voto às<br />

mulheres antes de países tidos como de primeiro<br />

mundo, como a França (1945), ainda há muito a se<br />

conquistar.<br />

A experiência na vida pública fez com que<br />

Júnia Marise apontasse a disputa desigual como<br />

principal entrave para que as mulheres participem<br />

mais da política. “O poder econômico que influencia<br />

nas eleições e candidatos que têm dinheiro são os<br />

principais problemas das mulheres que, sem recursos<br />

financeiros, não podem sustentar suas campanhas”,<br />

sinaliza. Outro aspecto destacado <strong>por</strong> ela é a ética que<br />

sempre norteou a dignidade das mulheres e não as<br />

permite acordos com grupos econômicos que sempre<br />

querem favores posteriores.<br />

Para reverter esse quadro, a senadora fala que<br />

o financiamento público das campanhas ajudaria as<br />

mulheres a se engajarem mais na participação<br />

eleitoral. Com relação aos desafios na vida pública,<br />

Júnia Marise diz “meu primeiro desafio foi provar que<br />

tinha competência, seriedade e honestidade para<br />

participar da vida pública”, recorda-se.<br />

Dentre os muitos desafios que as mulheres<br />

ainda têm de enfrentar atualmente, Júnia Marise<br />

aponta o enfrentamento das desigualdades sociais<br />

como o maior deles. “Nos colocam no leque das<br />

minorias, mas se esquecem que representamos mais<br />

de 50% do eleitorado brasileiro e que estamos aptas<br />

para ocupar cargos de empresárias, juízas,<br />

desembargadoras e até ministras do Supremo”.<br />

Segundo ela, tem havido um avanço nas conquistas,<br />

mas as trabalhadoras ainda têm como desafio lutar<br />

<strong>por</strong> igualdade de salários com os homens, ocupando<br />

as mesmas funções que eles e com a mesma<br />

graduação.f<br />

Júnia Marise começou bem jovem na política. Aos 21 anos foi eleita vereadora,<br />

cargo que ocupou durante dois mandatos (1966 a 1970 e 1970 a 1974). Ela também<br />

foi a deputada estadual mais votada em Minas (1974 a 1978, 1979 a 1982 e 1982 a<br />

1986) e a primeira mulher a se tornar senadora (1991 a 1999) no país.<br />

50 ELAS POR ELAS - AGOSTO DE <strong>2009</strong>

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