17.04.2013 Views

Expoente de Lyapunov para um Gás de Lennard–Jones - CBPFIndex

Expoente de Lyapunov para um Gás de Lennard–Jones - CBPFIndex

Expoente de Lyapunov para um Gás de Lennard–Jones - CBPFIndex

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Centro Brasileiro <strong>de</strong> Pesquisas Físicas<br />

Departamento <strong>de</strong> Física Teórica<br />

Dissertação <strong>de</strong> Mestrado<br />

<strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> <strong>para</strong> <strong>um</strong><br />

<strong>Gás</strong> <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong><br />

Leonardo José Lessa Cirto<br />

Orientador: Raúl O. Vallejos<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

2010


Nota: Vers~ao posterior à <strong>de</strong>fesa.<br />

Vers~ao contendo correç~oes e sugest~oes dos professores<br />

Celia Anteneodo (PUC-Rio), Fernando D. Nobre (CBPF) e<br />

Jürgen F. Stilck (UFF) os quais gentilmente aceitaram<br />

compor a banca avaliadora <strong>de</strong>ste trabalho.


Leonardo José Lessa Cirto<br />

<strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> <strong>para</strong> <strong>um</strong><br />

<strong>Gás</strong> <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong><br />

Dissertação <strong>de</strong> Mestrado apresentada<br />

ao Centro Brasileiro <strong>de</strong> Pesquisas<br />

Físicas (CBPF), como requisito à<br />

obtenção do título <strong>de</strong> Mestre em<br />

Ciências sob a orientação do Prof.<br />

Dr. Raúl Oscar Vallejos.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

2010


Leonardo José Lessa Cirto<br />

<strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> <strong>para</strong> <strong>um</strong> <strong>Gás</strong> <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong><br />

Banca Examinadora<br />

Prof. Dr. Raúl O. Vallejos<br />

Centro Brasileiro <strong>de</strong> Pesquisas Físicas – CBPF<br />

Prof. Dr. Fernando D. Nobre<br />

Centro Brasileiro <strong>de</strong> Pesquisas Físicas – CBPF<br />

Prof. Dr. Jürgen F. Stilck<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fl<strong>um</strong>inense – UFF<br />

Prof. Dr. Celia Anteneodo<br />

Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica do Rio <strong>de</strong> Janeiro – PUC-Rio


Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

A Física é, historicamente, <strong>um</strong>a ciência construída sobre ombro alheio. Não po<strong>de</strong>ria ser<br />

diferente nesta dissertação, <strong>de</strong>vo, portanto, muitos agra<strong>de</strong>cimentos. Inicio subindo sobre o<br />

ombro do colega Boiúna, colega <strong>de</strong> profissão e <strong>de</strong> orientador, e reafirmo, fazendo das suas<br />

as minhas palavras, que o Prof. Raúl, ao longo <strong>de</strong>sta tese, exauriu todos os significados<br />

dicionarizáveis da palavra orientar ‡ . Agra<strong>de</strong>ço ao Prof. Raúl por ter proposto <strong>um</strong> problema<br />

estimulante e <strong>de</strong>safiador e por suas <strong>de</strong>monstrações <strong>de</strong> confiança ao longo <strong>de</strong> todo o percurso.<br />

Utilizando-me da espirituosida<strong>de</strong> única do Prof. Takeshi Kodama, digo que tive sorte e que<br />

não po<strong>de</strong>ria encontrar <strong>um</strong> treinador mais a<strong>de</strong>quado, sobretudo no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste<br />

trabalho em particular.<br />

Como discutiremos no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>sta dissertação, nossos resultados finais não foram exa-<br />

tamente os que esperávamos obter. O que po<strong>de</strong> soar como frustrante. Contudo, os diversos<br />

testes que realizamos à procura do possível erro somado às profundas discussões que se se-<br />

guiam, foram, pra mim, o ápice <strong>de</strong>ste trabalho. Neste ponto tenho a obrigação <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer à<br />

Prof. Celia Anteneodo. Mesmo sem nos encontrarmos fisicamente, suas contribuições foram<br />

valiosas e os gráficos aqui presentes, cujos dados foram gentilmente cedidos, representam<br />

apenas <strong>um</strong>a pequena fração <strong>de</strong> sua real participação. Seus estudos foram fundamentais <strong>para</strong><br />

o meu convencimento <strong>de</strong> que alg<strong>um</strong>as dificulda<strong>de</strong>s que estávamos enfrentando não seriam<br />

trivialmente solucionadas.<br />

Devo agra<strong>de</strong>cer também aos mestres que muito me ensinaram na UFRJ, sem os quais não<br />

chegaria on<strong>de</strong> estou hoje, e que pertencem em sua maioria a dois institutos: ao Instituto<br />

<strong>de</strong> Física (IF) e ao Observatório do Valongo (OV). Agra<strong>de</strong>ço muito a todos. Po<strong>de</strong>ria citar<br />

diversos nomes aqui, mas manifesto minha gratidão através <strong>de</strong> dois: Prof. Sueli A. Guillens,<br />

minha eterna orientadora, e Prof. Leandro S. <strong>de</strong> Paula que, <strong>de</strong>monstrando a todo tempo <strong>um</strong>a<br />

honesta preocupação <strong>para</strong> com o futuro profissional <strong>de</strong> seus alunos, ministrou <strong>um</strong> excelente<br />

curso na disciplina Métodos Computacionais em Física que tive a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> presenciar<br />

e on<strong>de</strong> aprendi técnicas que foram fundamentais <strong>para</strong> a realização do presente trabalho.<br />

Saindo da UFRJ, chego ao CBPF on<strong>de</strong> encontrei <strong>um</strong> excelente ambiente pessoal e profis-<br />

sional. Agra<strong>de</strong>ço todos os funcionários da biblioteca, em especial ao André L. Arruda, à<br />

Edileuza C. L. Figueiredo e ao J. C. Ramalho Nery, sempre muito solícitos. Agra<strong>de</strong>ço à<br />

‡ Fernando Nicacio. Propagação Semiclássica em Sistemas Caóticos. Dissertação <strong>de</strong> Mestrado. Centro<br />

Brasileiro <strong>de</strong> Pesquisas Físicas – CBPF (Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2006)<br />

iii


iv Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

Elisabete V. <strong>de</strong> Souza e ao J. <strong>de</strong> Almeida Ricardo da CFC, os conselheiros <strong>para</strong> assuntos<br />

administrativos dos estudantes, sempre aparecemos por lá com papeis e dúvidas! A todos da<br />

CAT, sempre prontos a resolverem nossos conflitos relativos à informática, particularmente<br />

à Denise C. <strong>de</strong> Alcântara Costa que também é a nossa chefa nos importantes eventos <strong>de</strong><br />

divulgação científica nos quais o CBPF participa. Agra<strong>de</strong>ço a todos os funcionários das<br />

secretarias, freqüento várias e sempre sou muito bem atendido. Devo profundos agra<strong>de</strong>-<br />

cimentos aos professores Constantino Tsallis, J. A. Helayël–Neto e Luiz C. Sampaio que,<br />

juntamente com o Prof. Raúl, foram os professores com os quais tive oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> es-<br />

tudar no <strong>de</strong>correr do Mestrado e que ampliaram sobremaneira minha visão sobre a Física.<br />

Todos verda<strong>de</strong>iros mestres. Agra<strong>de</strong>ço também ao Prof. João C. C. dos Anjos com quem<br />

tive o prazer <strong>de</strong> conversar alg<strong>um</strong>as vezes quando da minha participação mais efetiva junto à<br />

APG; sem dúvida <strong>um</strong>a das pessoas mais gentis que conheço e sempre interessado em aten<strong>de</strong>r<br />

às reivindicações dos estudantes.<br />

Agra<strong>de</strong>ço à CAPES pelo suporte financeiro dado a este projeto.<br />

Agra<strong>de</strong>ço à Aldarina, minha mãe, e ao Cláudio Cirto, meu irmão, os quais, muitas vezes e<br />

por muitos anos, foram a minha CAPES familiar, <strong>para</strong> dizer o mínimo.<br />

Agra<strong>de</strong>ço aos meus incondicionais amigos do IF-UFRJ, do OV-UFRJ, do Alojamento da<br />

UFRJ, do CBPF e <strong>de</strong> RB (também conhecida como Rio Bonito), tantos os Físicos, como os<br />

não Físicos e os quasi-Físicos. Todos foram muito importantes neste trabalho. Não po<strong>de</strong>rei<br />

citar todos, mas <strong>de</strong>ntre eles encontram-se: Érico R. P Novais, Marcos J. P. Alves e Tiago<br />

Siman, nossas discussões me mostraram como são importantes os generosos quadros das salas<br />

dos estudantes no CBPF. Devo citar também: Alan E. Maicá e toda nossa turma da APG;<br />

Jefferson G. Filgueiras e H<strong>um</strong>berto M. S. Vasques os f<strong>um</strong>antes passivos mais compreensíveis<br />

que conheço; Alexandre M. Gonçalves, Andréa <strong>de</strong> L. Ferreira, Diego Lemelle, Fernando G.<br />

<strong>de</strong> Mello, Joaquim, Jobson Costa, Luís G. <strong>de</strong> Almeida, Marcos Gonçalves, Mariana R. da<br />

Costa, Thiago Hartz, Vanessa Kampbell, Viviane Morcelle e Rodrigo F. dos Santos, este<br />

último é <strong>um</strong> quasi-Físico e <strong>um</strong> exemplo pra mim <strong>de</strong> força e persistência. Na verda<strong>de</strong> ele é<br />

integrável, porém a aparente aleatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu movimento quasi-periódico resultante da<br />

incomensurabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas freqüências, faz com que ele seja visto por muitos como caótico!<br />

Finalmente, agra<strong>de</strong>ço à Sabrina, é claro.


Res<strong>um</strong>o<br />

O expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo me<strong>de</strong> a <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> <strong>um</strong> sistema dinâmico às condições<br />

iniciais. Seu valor fornece a taxa <strong>de</strong> divergência exponencial entre duas trajetórias inici-<br />

almente muito próximas no espaço <strong>de</strong> fases. Ao contrário do que ocorre com sistemas <strong>de</strong><br />

esferas rígidas, on<strong>de</strong> <strong>um</strong>a teoria <strong>para</strong> os expoentes <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> é bem conhecida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os<br />

trabalhos <strong>de</strong> Krylov, não existe <strong>um</strong>a abordagem consensual <strong>para</strong> sistemas hamiltonianos su-<br />

aves genéricos. A abordagem, nestes últimos casos, normalmente é através <strong>de</strong> simulações<br />

n<strong>um</strong>éricas, tipicamente utilizando o método <strong>de</strong> Benettin, baseadas na <strong>de</strong>finição formal do<br />

expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong>. Uma proposta <strong>para</strong> tratar <strong>de</strong>ste problema veio através do que cha-<br />

maremos <strong>de</strong> Método Estocástico, que oferece, em princípio, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se obter <strong>um</strong>a<br />

estimativa teórica <strong>para</strong> o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo <strong>de</strong> sistemas hamiltonianos suaves<br />

com muitos graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>. Utilizando a expansão em c<strong>um</strong>ulantes <strong>de</strong> van Kampen, o<br />

Método Estocástico expressa o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo em função <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s<br />

estatísticas da matriz hessiana <strong>de</strong> interação, proprieda<strong>de</strong>s estas que po<strong>de</strong>m ser calculadas<br />

através <strong>de</strong> médias microcanônicas apropriadas. Nesta dissertação apresentamos o resultado<br />

do Método Estocástico quando aplicado a <strong>um</strong> sistema <strong>de</strong> N partículas em três dimensões<br />

interagindo com o potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> 6-12 <strong>para</strong> <strong>um</strong>a temperatura fixa e diversos<br />

valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Os parâmetros da teoria foram calculados analítica e n<strong>um</strong>ericamente,<br />

sendo os estudos n<strong>um</strong>éricos realizados através <strong>de</strong> simulações pelo método da Dinâmica Mole-<br />

cular no ensemble microcanônico. O resultado final <strong>de</strong>ste trabalho é o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong><br />

máximo em função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>.<br />

Palavras-chave: <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong>, Dinâmica Molecular, Potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong>,<br />

Expansão em C<strong>um</strong>ulantes.<br />

v


vi Res<strong>um</strong>o


Abstract<br />

The largest <strong>Lyapunov</strong> exponent measures the sensitivity to initial conditions in dynamical<br />

systems. Its value provi<strong>de</strong>s the rate of exponential growth of two initially close phase space<br />

trajectories. In contrast with hard-sphere systems, where the theory of <strong>Lyapunov</strong> exponents<br />

is very well known since the Krylov’s work, there is not a consensual approach for smooth<br />

Hamiltonian systems in general. For the latter, usually the answer comes from n<strong>um</strong>erical<br />

simulations, typically using the method <strong>de</strong>veloped by Benettin, which relies on the formal<br />

<strong>de</strong>finition of <strong>Lyapunov</strong> exponent. One attempt to work out this issue was ma<strong>de</strong> with the<br />

so called Stochastic Approach, which offers, in principle, the possibility of obtaining a theo-<br />

retical estimate for the maxim<strong>um</strong> <strong>Lyapunov</strong> exponent of smooth Hamiltonian systems with<br />

many <strong>de</strong>grees of freedom. Based on van Kampen’s c<strong>um</strong>ulant expansion, the Stochastic Ap-<br />

proach expresses the <strong>Lyapunov</strong> exponent as a function of a few statistical properties of the<br />

Hessian matrix of the interaction that can be calculated as suitable microcanonical averages.<br />

We present the application of the Stochastic Approach to a three dimensional N particle<br />

system interacting trough a <strong>Lennard–Jones</strong> 6-12 potential, with fixed temperature, for se-<br />

veral values of <strong>de</strong>nsities. The <strong>para</strong>meters of the theory were calculated both analytically<br />

and n<strong>um</strong>erically, with the n<strong>um</strong>erical studies performed using microcanonical Molecular Dy-<br />

namical simulations. Our final result is the largest <strong>Lyapunov</strong> exponent as function of the<br />

<strong>de</strong>nsity.<br />

Keywords: <strong>Lyapunov</strong> Exponent, Molecular Dynamics, <strong>Lennard–Jones</strong> Potential, C<strong>um</strong>ulant<br />

Expansion.<br />

vii


viii Abstract


Lista <strong>de</strong> Figuras<br />

2.1 Ilustração com a construção do vetor ξ (t) em função da se<strong>para</strong>ção entre duas<br />

trajetórias (inicialmente próximas) no espaço <strong>de</strong> fases. . . . . . . . . . . . . 8<br />

2.2 <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo <strong>para</strong> o mapa <strong>de</strong> Anosov. . . . . . . . . . . . 11<br />

2.3 Ilustração da normalização periódica realizada sobre os vetores tangentes no<br />

<strong>de</strong>correr da simulação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12<br />

2.4 <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo como função do tempo calculado através do<br />

método <strong>de</strong> Benettin <strong>para</strong> <strong>um</strong> sistema interagindo com <strong>um</strong> potencial do tipo<br />

Lennard-Jones. Os gráficos apresentam diversas realizações da (...) . . . . . . 13<br />

2.5 <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo como função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, com temperatura<br />

fixa, calculado através do Método <strong>de</strong> Bennetin <strong>para</strong> <strong>um</strong> sistema interagindo<br />

com <strong>um</strong> potencial do tipo <strong>Lennard–Jones</strong>. O valor da temperatura (...) . . . 14<br />

3.1 Visão esquemática da média da matriz <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ρ (t) no subespaço expandido<br />

pelas matrizes Λ k<br />

12n , k = 0, 1, 2, . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24<br />

4.1 Potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> (ver Eq. (4.1)) com <strong>de</strong>staque <strong>para</strong> seus pontos<br />

importantes. rc = 2.5σ é a distância que será usada como raio <strong>de</strong> corte nas<br />

simulações, conforme discutido no texto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40<br />

4.2 Acima: Potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> truncado. Perceba que ele não é contínuo<br />

no raio <strong>de</strong> corte. O valor da <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> <strong>para</strong> rc = 2.5σ é Φ lj (rc) =<br />

− 0.01632ε como indicado. Abaixo: Potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> (...) . . . . 41<br />

4.3 Potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> truncado, <strong>de</strong>slocado e <strong>de</strong>slocado na força (Shifted–<br />

Force), conforme equação (4.3). Este é o potencial utilizado em nossas si-<br />

mulações. Perceba que ele é contínuo no raio <strong>de</strong> (...) . . . . . . . . . . . . . . 43<br />

5.1 Condições <strong>de</strong> contorno periódicas <strong>para</strong> <strong>um</strong> sistema em duas dimensões. Sem-<br />

pre que <strong>um</strong>a partícula sai (ou entra) da célula central, <strong>um</strong>a <strong>de</strong> suas imagens<br />

periódicas entra (ou sai) pelo lado oposto. Em duas dimensões, a (...) . . . . 50<br />

5.2 Ilustração da convenção da imagem mínima <strong>para</strong> <strong>um</strong> sistema bidimensional.<br />

A célula central possui cinco moléculas. A caixa tracejada, com a mesma<br />

forma e tamanho da caixa central, construída em torno da molécula (...) . . 51<br />

ix


x Lista <strong>de</strong> Figuras<br />

5.3 Posição inicial dos átomos em nossas simulações. A figuras mostram os<br />

N = 108 átomos dispostos em pontos que formam <strong>um</strong>a re<strong>de</strong> FCC. O lado<br />

da caixa é L = 6.00 que correspon<strong>de</strong> a ρ 0 = N/L 3 = 0.50, a maior (...) . . 54<br />

5.4 Comportamento da energia durante as fases <strong>de</strong> equilibração e medições <strong>para</strong><br />

três valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Os gráficos mostram a energia cinética K , energia<br />

potencial U e a energia total por partícula, isto é, dividido por (...) . . . . . 56<br />

5.5 Trajetória típica <strong>de</strong> <strong>um</strong>a única partícula durante a fase das medições <strong>para</strong><br />

ρ 0 = 0.50, a maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> estudada. As figuras mostram a evolução da<br />

posição da partícula durante 60 000 passos. Os dados foram tomados (...) . . 58<br />

5.6 Posição final das N partículas. O gráfico apresenta <strong>um</strong>a “fotografia” do<br />

sistema ao final da fase das medições <strong>para</strong> a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ρ 0 = 0.50. . . . . . . 58<br />

5.7 Temperatura contra o tempo durante a fase das medições <strong>para</strong> três valores<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. A linha tracejada correspon<strong>de</strong> à temperatura média calculada<br />

com medições realizadas a cada 200 passos. Para a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mais (...) . . . 59<br />

5.8 Histograma da velocida<strong>de</strong> <strong>para</strong> três <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s distintas. As curvas corres-<br />

pon<strong>de</strong>m à distribuição <strong>de</strong> Maxweell <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s com as respectivas tempe-<br />

raturas médias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60<br />

5.9 Continuação temporal dos gráficos mostrados na figura 5.4. Ao entrar na fase<br />

das medições, o ajuste da temperatura é interrompido e o sistema passa a<br />

evoluir livremente. A energia total (...) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61<br />

5.10 Energia total por partícula durante a fase das medições. Os gráficos apre-<br />

sentam <strong>um</strong>a super ampliação da energia total mostrando sua flutuação. Flu-<br />

tuação relativa variando entre ∆E/E ∼ 10 −5 <strong>para</strong> a menor (...) . . . . . . . 62<br />

5.11 Função <strong>de</strong> distribuição radial <strong>para</strong> três <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s típicas estudadas. A curva<br />

contínua correspon<strong>de</strong> à aproximação <strong>para</strong> baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> g2 (r) traçada<br />

com a respectiva temperatura média. Conforme a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (...) . . . . . . . 63<br />

5.12 Histogramas com a velocida<strong>de</strong> inicial e final. O gráfico <strong>de</strong> cima apresenta a<br />

velocida<strong>de</strong> inicial do sistema: distribuição uniforme no intervalo (...) . . . . . 64<br />

6.1 Resultado teórico e simulacional <strong>para</strong> µ. Conforme a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> a<strong>um</strong>enta,<br />

o acordo entre teoria e simulação diminui. Esta diferença ocorre <strong>de</strong>vido ao<br />

emprego da aproximação <strong>para</strong> baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da função (...) . . . . . . . . 68<br />

6.2 Parte 1 <strong>de</strong> σ 2<br />

λ<br />

em função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>para</strong> T = 1.50. É mostrado também<br />

as contribuições do termo <strong>de</strong> dois e três corpos se<strong>para</strong>damente (ver Eq. (6.6)).<br />

Como po<strong>de</strong>mos observar, a contribuição do termo <strong>de</strong> dois corpos, que é o<br />

termo envolvendo <strong>um</strong>a integração sobre Γ (1)<br />

2q na equação (6.6), é dominante<br />

no intervalo <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> analisado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71<br />

6.3 Resultado teórico e simulacional <strong>para</strong> σ 2<br />

λ . A linha cheia foi obtida com a<br />

equação analítica <strong>para</strong> a temperatura fixa T = 1.50. Ver figura 6.4 com a<br />

continuação <strong>de</strong>ste resultado <strong>para</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s maiores. . . . . . . . . . . . . . 73


Lista <strong>de</strong> Figuras xi<br />

6.4 Resultado analítico <strong>para</strong> σ 2<br />

λ <strong>para</strong> temperatura fixa T = 1.50. ρ0 = 0.50 é<br />

a maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>para</strong> a qual obtivemos resultados n<strong>um</strong>éricos. O gráfico nos<br />

mostra o efeito dramático sobre σ 2<br />

λ quando ρ 0<br />

aproxima-se <strong>de</strong> (...) . . . . . 74<br />

6.5 Funções <strong>de</strong> correlação obtidas através dos dados da simulação <strong>para</strong> três valores<br />

típicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Vemos também o melhor ajuste gaussiano. . . . . . . . 78<br />

6.6 Tempos característicos τ (k)<br />

c como função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> obtidos através do<br />

ajuste gaussiano da função <strong>de</strong> correlação fc (τ) (ver Eq. (6.14)). O gráfico <strong>de</strong><br />

cima está em escala linear e o <strong>de</strong> baixo em escala logarítmica. Incertezas são<br />

da or<strong>de</strong>m do tamanho dos símbolos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79<br />

6.7 Os três gráficos da figura 6.5, <strong>para</strong> <strong>um</strong> maior intervalo <strong>de</strong> tempo, em <strong>um</strong>a<br />

mesmo sistema <strong>de</strong> eixos. Este gráfico conjunto nos auxilia a enxergar a fraca<br />

<strong>de</strong>pendência entre fc (τ) e ρ 0 <strong>para</strong> o intervalo <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> estudada. . . . 80<br />

6.8 <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> em função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Simulação: todos os parâmetros<br />

obtidos através da simulação. Teoria: parâmetros µ e σ 2<br />

λ obtidos dos<br />

cálculos analíticos e os tempos τ (k)<br />

c , através da (...) . . . . . . . . . . . . . . 81<br />

7.1 <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> em função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> calculado com o Método Es-<br />

tocástico (Teoria) e com o método <strong>de</strong> Benettin (Simulação). O Método Es-<br />

tocástico apresenta <strong>um</strong> bom acordo <strong>para</strong> baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s com (...) . . . . . 84<br />

7.2 Ajuste não gaussiana da função <strong>de</strong> correlação. A figura apresenta dois dos<br />

três gráficos mostrados na figura 6.5 do capítulo anterior, mas, aqui, além do<br />

melhor ajuste gaussiano, vemos também o ajuste não (...) . . . . . . . . . . . 88<br />

7.3 Número <strong>de</strong> Kubo como função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. A curva contínua representa<br />

o ajuste realizado com a forma funcional η K = a √ ρ 0 como sugerido pela<br />

teoria (ver Eq. (7.3)). O valor do parâmetro a obtido do (...) . . . . . . . . 92<br />

D.1 Aproximação <strong>para</strong> baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s da função <strong>de</strong> distribuição radial <strong>para</strong><br />

dois potenciais distintos. Φ lj (r) correspon<strong>de</strong> ao potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong><br />

original e Φ sf (r) ao potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> Shifted-Force (...) . . . . . 119


xii Lista <strong>de</strong> Figuras


Lista <strong>de</strong> Tabelas<br />

4.1 Parâmetros do potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> <strong>para</strong> alguns gases nobres. . . . . 40<br />

5.1 Relação entre o lado L da caixa cúbica e a respectiva <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>para</strong> <strong>um</strong><br />

número N fixo <strong>de</strong> partículas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53<br />

6.1 Resultado teórico e simulacional <strong>para</strong> µ . A primeira coluna apresenta as 14<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s estudadas. Na segunda, vemos as respectivas temperaturas médias<br />

obtidas durante a simulação. Os cálculos analíticos foram realizados com estes<br />

valores <strong>de</strong> temperatura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69<br />

6.2 Resultado teórico e simulacional <strong>para</strong> σ 2<br />

λ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74<br />

6.3 Parâmetro στ obtido do ajuste gaussiano <strong>de</strong> fc (τ) com os dados da simulação.<br />

Tempos característicos τ (k)<br />

c calculados <strong>de</strong> acordo com a equação (6.14). 77<br />

7.1 Tempo característico τ (1)<br />

c obtido através <strong>de</strong> dois ajustes distintos da função<br />

<strong>de</strong> correlação fc (τ) <strong>para</strong> duas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s. O ajuste gaussiano é realizado em<br />

função apenas <strong>de</strong> <strong>um</strong> parâmetro livre: στ. O ajuste não gaussiano, realizado<br />

em função dos parâmetros a e b, resulta em <strong>um</strong> ajuste mais a<strong>de</strong>quado, contudo,<br />

o valor <strong>para</strong> o tempo τ (1)<br />

c que, em última análise, <strong>de</strong>termina o expoente<br />

<strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong>, permanece praticamente inalterado. . . . . . . . . . . . . . . . 86<br />

7.2 Número <strong>de</strong> Kubo <strong>para</strong> alguns valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. . . . . . . . . . . . . . . 91<br />

E.1 Relação entre unida<strong>de</strong>s físicas e reduzidas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124<br />

E.2 Unida<strong>de</strong>s físicas e reduzidas <strong>de</strong> alg<strong>um</strong>as gran<strong>de</strong>zas <strong>de</strong> interesse <strong>para</strong> os gases<br />

nobres Ar e Ne . Consi<strong>de</strong>ramos <strong>um</strong> único valor <strong>de</strong> temperatura, T ∗ = 1.50,<br />

e três valores típicos <strong>para</strong> a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Pressão estimada com a lei dos gases<br />

i<strong>de</strong>ais, PV = NκBT, tempo médio entre colisões sucessivas τ, através da<br />

equação (5.8). Em nossas simulações, utilizamos δt ∗ = 0.001 como passo <strong>de</strong><br />

integração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125<br />

xiii


xiv Lista <strong>de</strong> Tabelas


S<strong>um</strong>ário<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos iii<br />

Res<strong>um</strong>o v<br />

Abstract vii<br />

Lista <strong>de</strong> Figuras ix<br />

Lista <strong>de</strong> Tabelas xiii<br />

1 Introdução 1<br />

1.1 <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> e caos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1<br />

1.2 Teorias recentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3<br />

2 <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> 7<br />

2.1 <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> <strong>para</strong> sistemas hamiltonianos . . . . . . . . . . . . . . 7<br />

2.2 <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10<br />

2.2.1 Exemplo: Mapa <strong>de</strong> Anosov . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11<br />

2.3 Método <strong>de</strong> Benettin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11<br />

2.4 Médias temperada e recozida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13<br />

3 Método Estocástico 15<br />

3.1 <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> como média microcanônica . . . . . . . . . . . . . . 15<br />

3.2 Definição do superoperador A e da matriz <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ρ . . . . . . . . . . . . 16<br />

3.3 Método <strong>de</strong> van Kampen . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18<br />

3.3.1 Expansão em momentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18<br />

3.3.2 Expansão em c<strong>um</strong>ulantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19<br />

3.4 Média sobre vetores tangentes iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21<br />

3.5 Simetrias do potencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26<br />

3.6 Médias da hessiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27<br />

3.7 Base que expan<strong>de</strong> a média da matriz <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> . . . . . . . . . . . . . . . . 34<br />

3.8 Elementos matriciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35<br />

3.9 Aproximação isotrópica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37<br />

xv


xvi S<strong>um</strong>ário<br />

4 <strong>Gás</strong> <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> 39<br />

4.1 Potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39<br />

4.2 Potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> modificado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40<br />

5 Dinâmica Molecular: Teoria 45<br />

5.1 Dinâmica Molecular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45<br />

5.2 Médias em simulações MD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45<br />

5.3 Ensembles em simulações MD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46<br />

5.3.1 Exemplo: Temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46<br />

5.4 Algoritmo <strong>de</strong> integração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47<br />

5.4.1 Escolha do passo δt . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49<br />

5.5 Condições <strong>de</strong> contorno periódicas e convenção da imagem mínima . . . . . . 50<br />

5.6 Estrutura do programa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53<br />

5.6.1 Condições iniciais: posição, velocida<strong>de</strong> e temperatura . . . . . . . . . 53<br />

5.6.2 Fase <strong>de</strong> equilibração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55<br />

5.6.3 Fase das medições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57<br />

6 Dinâmica Molecular: Aplicação 65<br />

6.1 Informações sobre a simulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65<br />

6.2 Equivalência entre ensembles . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66<br />

6.3 Resultados <strong>para</strong> µ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66<br />

6.4 Resultados <strong>para</strong> σ 2<br />

λ<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69<br />

6.4.1 Parte 1: Tr V 2 / 3N . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70<br />

6.4.2 Parte 2: Tr 〈V〉 2 / 3N . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71<br />

6.5 Resultados <strong>para</strong> fc (τ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75<br />

6.5.1 Aproximação gaussiana <strong>para</strong> fc (τ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76<br />

6.6 Cálculo <strong>de</strong> λ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80<br />

7 Conclusões e discussões 83<br />

7.1 Com<strong>para</strong>ndo os resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83<br />

7.2 Analisando os resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85<br />

7.2.1 Confiabilida<strong>de</strong> nos valores dos parâmetros . . . . . . . . . . . . . . . 85<br />

7.2.2 Médias temperada, recozida e aproximação isotrópica . . . . . . . . . 89<br />

7.2.3 Expansão em c<strong>um</strong>ulantes e número <strong>de</strong> Kubo . . . . . . . . . . . . . . 90<br />

7.3 Consi<strong>de</strong>rações finais e perspectivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92<br />

A Cálculos envolvendo Λ 95<br />

A.1 β como base completa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96<br />

A.1.1 Cálculo <strong>de</strong> ΛZ1 , ΛZ2 e ΛZ3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96<br />

A.1.2 Cálculo <strong>de</strong> ΛZ4 , ΛZ5 e ΛZ6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96<br />

A.2 Cálculo dos elementos matriciais Λij . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97


S<strong>um</strong>ário xvii<br />

A.2.1 Cálculo da matriz Λ II<br />

A.2.2 Cálculo das matrizes Λ IY e Λ YI<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100<br />

A.2.3 Cálculo da matriz Λ YY . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101<br />

A.3 Equivalência entre os autovalores das matrizes Λ3×3 e Λ6×6 . . . . . . . . . 102<br />

B Subespaço relevante na diagonalização <strong>de</strong> Λ 105<br />

C Cálculos envolvendo o potencial 107<br />

C.1 Cálculo da matriz Vqiqj . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107<br />

C.2 Isotropia da covariância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110<br />

D Função <strong>de</strong> distribuição radial 113<br />

D.1 Função <strong>de</strong> distribuição reduzida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113<br />

D.2 Sistemas espacialmente homogêneos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115<br />

D.3 Aproximação <strong>para</strong> baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> g2 (r) . . . . . . . . . . . . . . . . . 118<br />

E Unida<strong>de</strong>s reduzidas 121<br />

F Programas utilizados 127<br />

Referências Bibliográficas 129


xviii S<strong>um</strong>ário


Capítulo 1<br />

Introdução<br />

Neste trabalho utilizaremos o Método Estocástico <strong>para</strong> calcular o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong><br />

máximo <strong>de</strong> <strong>um</strong> sistema hamiltoniano com muitos graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>. Aplicaremos a teoria<br />

a <strong>um</strong> sistema <strong>de</strong>scrito por <strong>um</strong>a função hamiltoniana usual, suave, com <strong>um</strong> termo puramente<br />

cinético e com energia potencial <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte exclusivamente das posições. No presente caso,<br />

a interação entre partículas será regida pelo potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong>, sistema <strong>para</strong> o<br />

qual, ainda, não há nenh<strong>um</strong> resultado teórico disponível. O Método Estocástico, da maneira<br />

que será apresentado aqui, foi originalmente proposto por Vallejos & Anteneodo em [1],<br />

com aplicações em [2,3] e na Dissertação <strong>de</strong> Mestrado [4], objetivando tratar analiticamente<br />

sistemas hamiltonianos com estas proprieda<strong>de</strong>s. Antes <strong>de</strong> apresentarmos mais <strong>de</strong>talhes sobre<br />

o método, discutiremos <strong>um</strong> pouco sobre o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> e alg<strong>um</strong>as teorias que<br />

abordam as mesmas questões.<br />

1.1 <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> e caos<br />

O nome <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> (A. M. <strong>Lyapunov</strong> 1857 – 1918) sempre esteve associado à estabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> sistemas dinâmicos. Seus trabalhos colocaram em bases formais conceitos atualmente<br />

conhecidos como estabilida<strong>de</strong> segundo <strong>Lyapunov</strong>, estabilida<strong>de</strong> assintótica segundo <strong>Lyapunov</strong>,<br />

que, juntamente com os <strong>de</strong> Poincaré (estabilida<strong>de</strong> segundo Poincaré ), constituem o arcabouço<br />

mo<strong>de</strong>rno da área (ver Meirovitch [5] <strong>para</strong> as <strong>de</strong>finições precisas). No final do século XIX e<br />

início do século XX, inspiradas pelo problema <strong>de</strong> três corpos, questões sobre a estabilida<strong>de</strong> do<br />

movimento, quando da presença <strong>de</strong> perturbações, eram muito estudadas (continuavam sendo,<br />

mais precisamente). Buscavam-se respostas acerca do efeito <strong>de</strong> perturbações na se<strong>para</strong>ção<br />

<strong>de</strong> trajetórias o que, <strong>de</strong> maneira geral, caracteriza a estabilida<strong>de</strong> ou instabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong><br />

sistema. Ainda não havia <strong>um</strong> consenso <strong>de</strong> que o <strong>de</strong>terminismo dos sistemas hamiltonianos<br />

não é <strong>um</strong>a condição suficiente <strong>para</strong> garantir a previsibilida<strong>de</strong>, o que <strong>de</strong>finiria a estabilida<strong>de</strong><br />

ou não do movimento, embora os trabalhos <strong>de</strong> Poincaré já apontassem nesta direção. Os<br />

resultados <strong>de</strong> Poincaré indicavam que o problema <strong>de</strong> três corpos, por exemplo, era insolúvel<br />

não <strong>de</strong>vido a dificulda<strong>de</strong>s técnicas (matemáticas) mas sim <strong>de</strong>vido a questões inerentes ao<br />

próprio sistema. O problema dos pequenos <strong>de</strong>nominadores que impedia a convergência das<br />

séries perturbativas eram conseqüências físicas reais.<br />

A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> predição <strong>para</strong> <strong>um</strong> sistema hamiltoniano só se manifesta estritamente<br />

1


2 1.1. <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> e caos<br />

quando o sistema é integrável, neste caso, as trajetórias são regulares e o sistema é estável.<br />

Existem, no entanto, sistemas que não são integráveis mas, sob <strong>de</strong>terminadas circunstâncias,<br />

po<strong>de</strong>m apresentar previsibilida<strong>de</strong> no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> sua evolução, são alg<strong>um</strong>as vezes chamados<br />

<strong>de</strong> quasi-integráveis. Sistemas hamiltonianos integráveis ou quasi-integráveis são exceções,<br />

sobretudo quando lidamos com <strong>um</strong> número elevado <strong>de</strong> graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, prevalecendo,<br />

nestes casos, a não integrabilida<strong>de</strong>. De maneira geral, sistemas não integráveis são instáveis,<br />

sensíveis a perturbações, apresentando divergência exponencial <strong>de</strong> trajetórias no espaço <strong>de</strong><br />

fases ao longo do tempo. Uma maneira <strong>de</strong> quantificar a divergência exponencial, em outras<br />

palavras, <strong>de</strong> quantificar a sensibilida<strong>de</strong> do sistema quanto às condições iniciais, é através do<br />

expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong>. O expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> fornece a taxa <strong>de</strong> divergência no espaço<br />

<strong>de</strong> fases entre duas trajetórias que no instante t = 0 encontram-se muito próximas e, por<br />

ser <strong>um</strong>a quantida<strong>de</strong> assintótica, isto é, formalmente <strong>de</strong>finida no limite t → ∞, caracteriza<br />

a instabilida<strong>de</strong> intrínseca do sistema. Sistemas dinâmicos hamiltonianos com expoente <strong>de</strong><br />

<strong>Lyapunov</strong> máximo positivo são caóticos.<br />

Concomitantemente aos esforços empreendidos na tentativa <strong>de</strong> se obter soluções <strong>de</strong>ter-<br />

minísticas precisas <strong>para</strong> sistemas não integráveis, havia por parte <strong>de</strong> alguns cientistas, <strong>de</strong>ntre<br />

eles Fermi, interesse na direção até certo ponto contrária. A instabilida<strong>de</strong> dos sistemas ha-<br />

miltonianos seria a conexão entre o <strong>de</strong>terminismo das equações que <strong>de</strong>finem a dinâmica com<br />

a Mecânica Estatística Clássica <strong>de</strong> Equilíbrio. Na década <strong>de</strong> 1940, <strong>um</strong>a importante con-<br />

tribuição neste sentido veio através do trabalho <strong>de</strong> N. S. Krylov que utilizou a divergência<br />

exponencial <strong>de</strong> trajetórias próximas <strong>para</strong> explicar o comportamento irreversível da Mecânica<br />

Estatística [6, 7]. Baseado em arg<strong>um</strong>entos geométricos e na teoria cinética, Krylov foi ca-<br />

paz <strong>de</strong> relacionar o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo com a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>para</strong> <strong>um</strong> gás <strong>de</strong> esferas<br />

rígidas. A expressão obtida por Krylov, λ ∝ −ρ 0 lnρ 0 , foi <strong>de</strong>rivada sobre bases mais formais<br />

mais <strong>de</strong> 50 anos <strong>de</strong>pois por van Beijeren & Dorfman, porém ainda inspiradas nos princípios<br />

da teoria cinética (ver [8] e suas citações).<br />

Um problema em particular que teve gran<strong>de</strong> importância no <strong>de</strong>senvolvimento subseqüente<br />

da conexão entre sistemas não integráveis e a Mecânica Estatística foi a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> oscilado-<br />

res <strong>de</strong> Fermi-Pasta-Ulam (FPU), analisado por meio <strong>de</strong> simulações n<strong>um</strong>éricas na década <strong>de</strong><br />

1950. Os resultados surpreen<strong>de</strong>ntes obtidos estimularam <strong>um</strong>a série <strong>de</strong> outras investigações<br />

e <strong>um</strong>a posterior associação com o teorema KAM (ver revisão sobre a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> FPU em<br />

J. Ford [9]). Mas o trabalho que provavelmente mais contribuiu <strong>para</strong> elucidar questões<br />

relacionadas à previsibilida<strong>de</strong>, integrabilida<strong>de</strong> e instabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sistemas dinâmicos seja o<br />

<strong>de</strong> Hénon & Heiles empreendido na década <strong>de</strong> 1960. Analisando as superfícies <strong>de</strong> secção <strong>de</strong><br />

Poincaré <strong>para</strong> a hamiltoniana que hoje possui os seus nomes, Hénon & Heiles mostraram que<br />

<strong>um</strong> sistema po<strong>de</strong> apresentar previsibilida<strong>de</strong> do movimento sob <strong>de</strong>terminadas circunstâncias<br />

mesmo sem ser integrável, e o mesmo sistema seria completamente imprevisível, ou caótico,<br />

sob outras. Os estudos <strong>de</strong> Gustavson, também com a hamiltoniana <strong>de</strong> Hénon & Heiles,<br />

mostraram que os tratamentos perturbativos eram ina<strong>de</strong>quados e o confronto com os resul-<br />

tados <strong>para</strong> o sistema <strong>de</strong> Toda obtidos por Ford, mostraram que, sob nenh<strong>um</strong>a circunstância,


1. Introdução 3<br />

<strong>um</strong> sistema integrável manifestará comportamento caótico (ver mais <strong>de</strong>talhes no livro <strong>de</strong><br />

Lichtenberg & Liberman [10] e em Hénon [11]).<br />

1.2 Teorias recentes<br />

Uma proposta teórica que se distanciou em parte do espírito presente nas idéias <strong>de</strong> Krylov é a<br />

teoria geométrica apresentada por Casetti, Pettini e colaboradores na década <strong>de</strong> 1990. Nela,<br />

a dinâmica é geometrizada, associando, através <strong>de</strong> <strong>um</strong>a métrica apropriada, as trajetórias do<br />

sistema dinâmico com geodésicas em <strong>um</strong>a varieda<strong>de</strong> curva (ver revisão em [7,12]). Quando<br />

aplicado à ca<strong>de</strong>ia FPU, o Método Geométrico obteve sucesso ao reproduzir o expoente <strong>de</strong><br />

<strong>Lyapunov</strong> máximo sobre todo o intervalo <strong>de</strong> energia <strong>de</strong> interesse. Contudo, <strong>para</strong> outros<br />

sistemas o bom resultado não se repetiu [13], levantando questões sobre o limite <strong>de</strong> valida<strong>de</strong><br />

da teoria e sobre alg<strong>um</strong>as hipóteses heurísticas adotadas [1]. O Método Geométrico foi<br />

utilizado por muitos pesquisadores e resultou em inúmeros trabalhos. Sua proposta <strong>de</strong><br />

enten<strong>de</strong>r a origem do comportamento caótico <strong>de</strong> sistemas hamiltonianos geometrizando a<br />

dinâmica é, sem dúvida, bastante ambiciosa e, neste sentido, trata-se <strong>de</strong> <strong>um</strong>a teoria ab<br />

initio. Porém, as premissas adotadas a fim <strong>de</strong> obter resultados quantitativos retiram o<br />

caráter <strong>de</strong> primeiros princípios da teoria que, como assinalado pelos próprios autores em [7],<br />

não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada sob nenh<strong>um</strong>a perspectiva <strong>um</strong>a teoria fechada. No que concerne<br />

especificamente ao presente trabalho, é oportuno comentarmos que o método geométrico foi<br />

testado com <strong>um</strong>a interação <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> em [14] sob condições físicas distintas das aqui<br />

utilizadas. Neste trabalho, que não possui o cálculo do expoente como único objetivo, os<br />

autores apresentam o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo teórico como função da energia mas<br />

não realizam com<strong>para</strong>ção com resultados n<strong>um</strong>éricos.<br />

Outra abordagem, apresentada poucos anos <strong>de</strong>pois, foi a <strong>de</strong>senvolvida por Barnett em sua<br />

tese <strong>de</strong> PHD [15] e que teve continuida<strong>de</strong> com Barnett, Tajima e colaboradores em [16,17].<br />

Todavia, seus resultados obtiveram contun<strong>de</strong>nte objeção [18,19]. A teoria <strong>de</strong>senvolvida por<br />

Barnett compartilha as mesmas bases empregadas na construção do Método Estocástico.<br />

Ambas as teorias são <strong>de</strong> caráter perturbativo bem <strong>de</strong>finido, cujas correções, em princípio,<br />

po<strong>de</strong>m ser avaliadas precisamente. Como resultado final, a teoria <strong>de</strong> Barnett relaciona o<br />

expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo com os autovalores <strong>de</strong> <strong>um</strong>a matriz 4 × 4 cujos elementos<br />

envolvem médias sobre a matriz hessiana <strong>de</strong> interação; o Método Estocástico, por sua vez, o<br />

relaciona com os autovalores <strong>de</strong> <strong>um</strong>a matriz 3×3 cujos elementos também envolvem médias<br />

sobre a hessiana. Os trabalhos <strong>de</strong> Barnett e colaboradores transparecem <strong>um</strong> interesse maior<br />

em <strong>um</strong>a possível conexão entre o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo e o coeficiente <strong>de</strong> autodifusão<br />

do que com o estudo do expoente em si. Esta abordagem juntamente com a não continuida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> seus trabalhos, a utilização <strong>de</strong> <strong>um</strong>a notação pouco clara em alguns pontos e <strong>um</strong>a diferença<br />

na forma <strong>de</strong> se realizar a média não nos possibilitou estabelecer <strong>um</strong>a equivalência plena entre<br />

as duas teorias.<br />

Como elemento com<strong>um</strong> ao Método Geométrico <strong>de</strong> Casetti & Pettini, à teoria <strong>de</strong> Barnett<br />

e ao Método Estocástico existe a expansão em c<strong>um</strong>ulantes <strong>de</strong> van Kampen. Sob este prisma,


4 1.2. Teorias recentes<br />

todas são teorias estocásticas. A teoria <strong>de</strong>senvolvida por Barnett e o Método Estocástico são<br />

construídas sobre primeiros princípios no que diz respeito ao cálculo do expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong><br />

máximo, o que as tornam mais atrativas conceitualmente quando com<strong>para</strong>das à abordagem<br />

geométrica. A construção sobre primeiro princípios e o caráter perturbativo bem <strong>de</strong>finido<br />

do Método Estocástico encontraram particular relevância no presente trabalho, on<strong>de</strong>, como<br />

discutiremos oportunamente, a teoria foi submetida a regimes possivelmente além do alcance<br />

das aproximações presentes em sua exposição original.<br />

O Método Estocástico obteve bom acordo com simulações n<strong>um</strong>éricas <strong>para</strong> o caso do<br />

hamiltoniano XY <strong>de</strong> campo médio, o qual nos referiremos também como HMF, em <strong>um</strong>a<br />

dimensão (ver [2]). Aqui, aplicaremos a teoria a <strong>um</strong> sistema interagindo com <strong>um</strong> potencial<br />

do tipo <strong>Lennard–Jones</strong> em dimensão três. Esta diferença na dimensão po<strong>de</strong> ser conveniente-<br />

mente incorporada substituindo-se médias sobre objetos unidimensionais por médias sobre<br />

objetos representados por matrizes 3 ×3. Uma gran<strong>de</strong> vantagem operacional do Método Es-<br />

tocástico é sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> relacionar o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo com os autovalores<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong>a matriz real 3×3, facilmente diagonalizável. A relação em termos <strong>de</strong> <strong>um</strong>a matriz 3×3<br />

é obtida ao realizarmos <strong>um</strong>a aproximação final, restringindo a dimensão da base, que <strong>para</strong><br />

o caso do HMF em <strong>um</strong>a dimensão resulta em <strong>um</strong>a aproximação essencialmente exata, a<br />

menos <strong>de</strong> correções da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1/N <strong>para</strong> <strong>um</strong> sistema <strong>de</strong> N partículas, como <strong>de</strong>monstrado<br />

em [1]. Inicialmente suspeitávamos que esta aproximação seria muito forte <strong>para</strong> o sistema<br />

aqui tratado. Possivelmente em dimensão três <strong>para</strong> <strong>um</strong> potencial do tipo <strong>Lennard–Jones</strong><br />

fosse necessário diagonalizarmos <strong>um</strong>a matriz maior, digamos, 4 ×4, como sugeria a teoria <strong>de</strong><br />

Barnett. Entretanto, constatamos que neste caso também é suficiente diagonalizarmos <strong>um</strong>a<br />

matriz 3 × 3 e que as correções envolvidas permanecem da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1/N.<br />

Uma segunda e mais profunda diferença <strong>de</strong>corre do HMF, ao contrário do potencial <strong>de</strong><br />

<strong>Lennard–Jones</strong>, possuir interação <strong>de</strong> alcance infinito. Contudo, o Método Estocástico foi<br />

capaz <strong>de</strong> reproduzir os resultados esperados <strong>para</strong> o caso mais geral do hamiltoniano αXY<br />

<strong>para</strong> <strong>um</strong>a, duas e três dimensões (ver [3]). O hamiltoniano α XY foi proposto por Antene-<br />

odo & Tsallis em [20] como <strong>um</strong>a generalização do hamiltoniano XY original. O alcance da<br />

interação em <strong>um</strong> sistema αXY é regulada pelo parâmetro α através <strong>de</strong> <strong>um</strong>a lei <strong>de</strong> potências<br />

em função da distância r com a forma r −α ; <strong>para</strong> α = 0 recupera-se o HMF <strong>de</strong> alcance infi-<br />

nito. A parte atrativa do potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong>, responsável pelo alcance da interação,<br />

possui <strong>de</strong>pendência com a distância conforme a lei r −6 resultando, em dimensão d = 3, na<br />

razão α/d = 6/3 = 2 > 1, que caracteriza <strong>um</strong>a interação <strong>de</strong> curto alcance <strong>para</strong> sistemas<br />

clássicos (ver Tsallis [21]). Em [3], <strong>para</strong> o sistema αXY, o Método Estocástico foi tes-<br />

tado <strong>para</strong> valores <strong>de</strong> α/d compreendidos no intervalo [0.0, 2.5], mostrando que o alcance da<br />

interação não é, em princípio, fator limitante <strong>para</strong> a teoria.<br />

Os bons resultados obtidos com a aplicação do Método Estocástico aos sistemas HMF<br />

e α XY somado à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se controlar e testar precisamente as aproximações re-<br />

alizadas em cada etapa do seu <strong>de</strong>senvolvimento, nos levaram a aplicar a teoria ao gás <strong>de</strong><br />

<strong>Lennard–Jones</strong>. Porém, neste caso, o bom resultado não se repetiu. Obtivemos, no entanto,


1. Introdução 5<br />

<strong>um</strong> resultado global consistente. Os prováveis motivos que resultaram na diferença entre<br />

teoria e simulação assim como a maneira <strong>de</strong> contorná-la, serão discutidos em <strong>de</strong>talhes no<br />

capítulo 7.<br />

Organização da Dissertação:<br />

Os capítulos subseqüentes encontram-se assim organizados:<br />

• Capítulo 2: Neste capítulo daremos a <strong>de</strong>finição formal <strong>para</strong> o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong><br />

máximo <strong>de</strong> <strong>um</strong> sistema hamiltoniano. Discutiremos também o método <strong>de</strong> Benettin,<br />

que é o método n<strong>um</strong>érico padrão <strong>para</strong> obter o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> a partir <strong>de</strong> sua<br />

<strong>de</strong>finição. Utilizaremos os resultados n<strong>um</strong>éricos obtidos através do método <strong>de</strong> Benettin<br />

<strong>para</strong> com<strong>para</strong>r com os obtidos através do Método Estocástico.<br />

• Capítulo 3: Neste capítulo apresentaremos o Método Estocástico.<br />

• Capítulo 4: Aqui discutiremos o potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> e as modificações <strong>para</strong><br />

melhor a<strong>de</strong>quarmos a interação às simulações computacionais.<br />

• Capítulo 5: Neste capítulo discutiremos como fora construído o programa principal<br />

que utilizamos <strong>para</strong> simular, através dos métodos da Dinâmica Molecular, <strong>um</strong> sistema<br />

<strong>de</strong> N partículas interagindo <strong>de</strong> acordo com o potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong>.<br />

• Capítulo 6: Neste capítulo utilizaremos os dados obtidos com o programa principal<br />

<strong>para</strong> estudar os parâmetros do Método Estocástico.<br />

• Capítulo 7: Aqui realizaremos a com<strong>para</strong>ção entre os resultados esperados e o obtidos<br />

pela teoria e discutiremos as possíveis causas da diferença entre ambos.<br />

• Apêndices A, C e B: Nestes apêndices encontram-se alguns cálculos e <strong>de</strong>monstrações<br />

que, <strong>para</strong> <strong>um</strong>a melhor leitura da dissertação, foram colocados no final.<br />

• Apêndice D: Este apêndice é <strong>de</strong>dicado a <strong>um</strong> tema já estabelecido mas que apresenta<br />

muitas diferenças <strong>de</strong> notação e <strong>de</strong>finições na literatura.<br />

• Apêndice E: Para <strong>um</strong>a rápida consulta, apresentamos aqui as expressões que relacio-<br />

nam as unida<strong>de</strong>s físicas e reduzidas das gran<strong>de</strong>zas presentes neste trabalho.<br />

• Apêndice F: Aqui se encontram apenas alg<strong>um</strong>as informações sobre os programas uti-<br />

lizados.


6 1.2. Teorias recentes


Capítulo 2<br />

<strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong><br />

Neste capítulo daremos a <strong>de</strong>finição <strong>para</strong> o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> sistema hamiltoni-<br />

ano. Discutiremos também o método n<strong>um</strong>érico <strong>de</strong> calculá-lo.<br />

2.1 <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> <strong>para</strong> sistemas hamiltonianos<br />

Seja <strong>um</strong> sistema hamiltoniano com n graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>. As equações canônicas <strong>de</strong> Hamilton<br />

são dadas por:<br />

˙qi = ∂H<br />

∂pi<br />

; ˙pi = − ∂H<br />

∂qi<br />

; i = 1, . . . , n (2.1)<br />

on<strong>de</strong> H(q1, . . ., qn , p1, . . . , pn) é a (função) hamiltoniana que ass<strong>um</strong>iremos não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r<br />

explicitamente do tempo. Po<strong>de</strong>mos arranjar as n coor<strong>de</strong>nadas generalizadas qi e os n<br />

momentos a elas canonicamente conjugados como <strong>um</strong> vetor coluna utilizando a notação<br />

combinada a seguir:<br />

x =<br />

⎛<br />

⎜<br />

⎝<br />

x1<br />

.<br />

xn<br />

xn+1<br />

.<br />

x2n<br />

⎞<br />

⎛<br />

q1<br />

⎟ ⎜ ⎟<br />

⎟ ⎜<br />

⎟ ⎜ .<br />

⎟<br />

⎟ ⎜ ⎟<br />

⎟ ⎜qn⎟<br />

⎟ = ⎜ ⎟<br />

⎜ ⎟<br />

⎟ ⎜p1⎟<br />

⎟ ⎜ ⎟<br />

⎟ ⎜<br />

⎠ ⎝ . ⎟<br />

⎠<br />

pn<br />

⎞<br />

Desta forma, as 2n equações (2.1) po<strong>de</strong>m ser escritas como <strong>um</strong>a única equação matri-<br />

cial (notação simplética):<br />

˙x(t) = J ∇H (2.2)<br />

On<strong>de</strong> J é <strong>um</strong>a matriz quadrada, matriz simplética, <strong>de</strong>finida como:<br />

J =<br />

<br />

O<br />

−1n<br />

1n<br />

O<br />

; 1n = matriz i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> n × n<br />

7


8 2.1. <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> <strong>para</strong> sistemas hamiltonianos<br />

Figura 2.1: Ilustração com a construção do vetor ξ (t) em função da se<strong>para</strong>ção entre duas<br />

trajetórias (inicialmente próximas) no espaço <strong>de</strong> fases.<br />

O conjunto <strong>de</strong> equações (2.2) é <strong>um</strong> sistema dinâmico cujo campo vetorial é o produto J ∇H,<br />

usualmente <strong>de</strong>notado por XH(x) e chamado <strong>de</strong> campo vetorial hamiltoniano, isto é:<br />

XH(x) = J ∇H (2.3)<br />

Por não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r explicitamente do tempo, o campo vetorial XH(x) <strong>de</strong>fine <strong>um</strong> sistema<br />

dinâmico autônomo. Uma solução <strong>de</strong>ste sistema <strong>de</strong>termina <strong>um</strong>a trajetória no espaço <strong>de</strong><br />

fases <strong>de</strong> dimensão 2n – trajetória <strong>de</strong> fase ou órbita. Seja x (t) = (x1 (t),..., x2n (t)) T<br />

<strong>um</strong>a <strong>de</strong>ssas trajetórias cuja condição inicial é x0 = x (0) = (x1 (0) , . . ., x2n (0)) T . Agora<br />

consi<strong>de</strong>remos <strong>um</strong>a segunda trajetória y (t), inicialmente próxima a x (t), e o seguinte vetor:<br />

ξ (t) = y (t) − x (t) (2.4)<br />

Vemos que ξ (t) <strong>de</strong>screve a se<strong>para</strong>ção entre as duas trajetórias no espaço <strong>de</strong> fases no ins-<br />

tante t . Chamaremos x (t) <strong>de</strong> trajetória <strong>de</strong> referência e y (t) <strong>de</strong> trajetória perturbada,<br />

sendo ξ (t) a perturbação (ver Fig. 2.1). Derivando a equação (2.4) com respeito ao tempo,<br />

obtemos:<br />

˙ξ (t) = ˙y (t) − ˙x (t) = XH(y) − XH(x) (2.5)<br />

Ass<strong>um</strong>imos inicialmente que a se<strong>para</strong>ção entre as duas trajetórias <strong>de</strong> fase era pequena, como<br />

<strong>de</strong>sdobramento vamos expandir XH(y) até primeira or<strong>de</strong>m em torno x :<br />

<br />

<br />

XH(y) = XH(x + ξ) ≈ XH(x) + ∇XH(x + ξ) <br />

ξ<br />

ξ=0<br />

Ao substituirmos este último resultado na equação (2.5), obtemos o sistema que <strong>de</strong>screve a<br />

evolução do vetor ξ (t):<br />

<br />

<br />

˙ξ (t) = ∇XH(x) <br />

ξ (t) (2.6)<br />

x(t)


2. <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> 9<br />

Formalmente a dinâmica do vetor ξ ocorre no espaço tangente Tx(t)M do espaço <strong>de</strong> fa-<br />

ses M e, por isso, ξ é chamado <strong>de</strong> vetor tangente. O que acabamos <strong>de</strong> fazer é o procedimento<br />

usual <strong>de</strong> linearização utilizado ao estudarmos a estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sistemas dinâmicos não li-<br />

neares na vizinhança <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> equilíbrio. Notar, no entanto, que nestes casos a matriz<br />

jacobiana ∇XH(x) é calculada n<strong>um</strong> ponto específico ao passo que na equação (2.6) ela é<br />

calculada ao longo da trajetória x = x (t) não sendo, portanto, constante. Para enfatizar<br />

esta <strong>de</strong>pendência temporal, reescreveremos a equação (2.6) da seguinte maneira:<br />

<br />

<br />

˙ξ (t) = A(t) ξ (t) com: A(t) = ∇XH(x) <br />

<br />

x(t)<br />

(2.7)<br />

Para sermos mais precisos, <strong>de</strong>veríamos escrever A = A(t;x0) em virtu<strong>de</strong> da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> A<br />

em termos do gradiente <strong>de</strong> XH na trajetória x = x (t;x0) . No entanto, por simplicida<strong>de</strong>,<br />

explicitaremos apenas o t mas sem per<strong>de</strong>rmos <strong>de</strong> vista que a solução <strong>de</strong> (2.7) resulta n<strong>um</strong><br />

vetor ξ = ξ (t;x0, ξ 0).<br />

É oportuno comentarmos que, <strong>para</strong> o caso em que os elementos da<br />

matriz A(t) são periódicos, seria possível, em princípio, resolver o sistema (2.7) (Método <strong>de</strong><br />

Floquet, ver Meirovitch [5] , Ott [22] , entre outros). Contudo, periodicida<strong>de</strong> não constitui<br />

<strong>um</strong>a regra <strong>para</strong> sistemas hamiltonianos no geral.<br />

A evolução <strong>de</strong>talhada <strong>de</strong> <strong>um</strong> sistema constituído <strong>de</strong> muitas partículas (com muitos graus<br />

<strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>) é muito sensível a mudanças nas condições iniciais. Tais sistemas apresentam<br />

órbitas x (t) instáveis, com perturbações que crescem exponencialmente com o tempo:<br />

ξ (t) ∝ e λt<br />

(2.8)<br />

on<strong>de</strong> ξ é a norma euclidiana do vetor ξ que, <strong>de</strong> acordo com sua <strong>de</strong>finição (2.4), me<strong>de</strong> a<br />

se<strong>para</strong>ção entre as duas trajetórias como função do tempo no espaço <strong>de</strong> fases <strong>de</strong> dimensão 2n:<br />

ξ (t) =<br />

<br />

<br />

<br />

2n <br />

i= 1<br />

ξ 2<br />

i (t) (2.9)<br />

A equação (2.8) <strong>de</strong>screve <strong>um</strong> crescimento assintótico da norma dos vetores tangentes. Desta<br />

forma, <strong>de</strong>fine-se o <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> λ <strong>de</strong> acordo com o limite:<br />

λ = lim<br />

t → ∞<br />

1<br />

t<br />

ln ξ (t)<br />

ξ (0)<br />

(2.10)<br />

que fornece <strong>um</strong>a medida quantitativa <strong>para</strong> taxa assintótica <strong>de</strong> divergência exponencial entre<br />

duas trajetórias inicialmente próximas no espaço <strong>de</strong> fases. O inverso <strong>de</strong> λ possui dimensão<br />

<strong>de</strong> tempo, em particular λ −1 indica o menor intervalo <strong>de</strong> tempo que caracteriza a instabi-<br />

lida<strong>de</strong> dinâmica. A existência do limite mostrado em (2.10) é assegurado pelo teorema <strong>de</strong><br />

Ose<strong>de</strong>lec (ver [23,24]). O teorema <strong>de</strong> Ose<strong>de</strong>lec assegura também que, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da<br />

infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolhas possíveis <strong>para</strong> os vetores iniciais x0 e ξ 0 , o expoente λ po<strong>de</strong> ass<strong>um</strong>ir


10 2.2. <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo<br />

apenas <strong>um</strong> <strong>de</strong>ntre os 2n valores:<br />

λ1 ≥ λ2 ≥ · · · ≥ λ2n<br />

(2.11)<br />

O conjunto {λi} é chamado <strong>de</strong> espectro <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong>, estando cada λi associado a <strong>um</strong>a<br />

das 2n direções do espaço tangente. O espaço tangente, por sua vez, admite <strong>um</strong>a <strong>de</strong>com-<br />

posição em subespaços lineares:<br />

Tx(0) M = E1 ⊕ E2 ⊕ · · · ⊕ E2n<br />

<strong>de</strong> tal forma que <strong>um</strong> vetor inicial ξ 0 pertencente a Ei crescerá exponencialmente com o<br />

expoente λi (ou se contrairá, caso λi < 0).<br />

Os expoentes <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> não são <strong>um</strong>a exclusivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sistemas hamiltonianos, po<strong>de</strong>m<br />

ser <strong>de</strong>finidos <strong>para</strong> sistemas dinâmicos genéricos e <strong>para</strong> mapas. Contudo, existem proprieda<strong>de</strong>s<br />

importantes no espectro <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> que são particulares <strong>de</strong> sistemas hamiltonianos. Como<br />

exemplo, temos a simetria: λi = −λ2n−i+1, que resulta da estrutura simplética das equações<br />

<strong>de</strong> Hamilton (2.2). A soma sobre todo o espectro está relacionada com a taxa <strong>de</strong> expansão<br />

do vol<strong>um</strong>e do espaço <strong>de</strong> fases. Sendo δV (t) este vol<strong>um</strong>e, po<strong>de</strong>-se mostrar que:<br />

δV (t) = δV (0) exp<br />

<br />

t<br />

2n<br />

λi<br />

i =1<br />

<br />

como sistemas hamiltonianos são conservativos, no sentido <strong>de</strong> Liouville, o vol<strong>um</strong>e é preser-<br />

vado durante a evolução: δV (t) = δV (0), acarretando λi = 0 (ver mais <strong>de</strong>talhes no livro<br />

<strong>de</strong> Lichtenberg & Liberman [10] ).<br />

2.2 <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo<br />

O expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> <strong>de</strong>finido através do limite (2.10) po<strong>de</strong> ser calculado analiticamente<br />

<strong>para</strong> alguns casos , porém, na maioria das vezes, é obtido através <strong>de</strong> métodos n<strong>um</strong>éricos,<br />

como será discutido na próxima seção. Embora o limite pelo qual λ é <strong>de</strong>finido possa convergir<br />

<strong>para</strong> qualquer <strong>um</strong> dos 2n valores do espectro, na prática, a evolução da norma do vetor<br />

tangente <strong>para</strong> tempos longos é sensível apenas ao maior <strong>de</strong>ntre os expoentes, isto é, λ1. Isso<br />

ocorre pois <strong>um</strong>a condição inicial genérica ξ (0) terá <strong>um</strong>a componente diferente <strong>de</strong> zero no<br />

subespaço E1, que divergirá com o expoente λ1, dominando assintoticamente o crescimento<br />

<strong>de</strong> ξ (t):<br />

ξ (t) = e λ1t<br />

<br />

ξ1(0) 1 + ξ 2 2<br />

ξ 2 1<br />

e 2(λ2−λ1) t + · · · + ξ 2 2n<br />

ξ 2 1<br />

e2(λ2n−λ1) 1/2 t<br />

∼ e λ1t ξ1(0)<br />

Em outras palavras, escolhendo-se ξ (0) aleatoriamente, teremos λ = λ1 com probabilida<strong>de</strong><br />

<strong>um</strong>. Desta forma, o limite (2.10) <strong>de</strong>fine o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo que usaremos<br />

Ver, por exemplo, o cálculo <strong>para</strong> o mapa triangular no livro <strong>de</strong> Ferrara & C. do Prado [25], pág. 147.


2. <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> 11<br />

como sinônimo <strong>de</strong> λ1, expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> ou simplesmente λ. Essa característica terá<br />

implicações no <strong>de</strong>senvolvimento do mo<strong>de</strong>lo teórico que discutiremos no próximo capítulo.<br />

Figura 2.2: <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo <strong>para</strong> o mapa <strong>de</strong> Anosov (adaptado <strong>de</strong> [26]).<br />

2.2.1 Exemplo: Mapa <strong>de</strong> Anosov<br />

Um exemplo bastante ilustrativo <strong>de</strong> como a divergência <strong>de</strong> ξ (t) é dominada pelo expoente<br />

<strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo é dado pelo experimento n<strong>um</strong>érico realizado com o mapa <strong>de</strong> Anosov:<br />

x ′ 1 = 2x1 + x2 x ′ 2 = x1 + x2 (módulo 1)<br />

O mapa possui dois expoentes <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong>: λ1,2 ≈ ± 0.96242. O gráfico mostrado na<br />

figura 2.2 apresenta o resultado simulacional <strong>para</strong> a equação (2.10) (sem o limite) calculado<br />

com a dinâmica gerada pelo mapa <strong>de</strong> Anosov. A condição inicial escolhida foi:<br />

ξ (0) = c1 ξ1 (0) + c2 ξ2 (0)<br />

com c1 = 0 e c2 = 1, ou seja, iniciou-se a propagação da trajetória ao longo da direção que<br />

possui o menor expoente (a “pior” escolha). Iterando-se o mapa alg<strong>um</strong>as vezes, 15 vezes<br />

<strong>para</strong> precisão simples e 30 <strong>para</strong> dupla, erros n<strong>um</strong>éricos <strong>de</strong> arredondamento introduzem <strong>um</strong>a<br />

componente ao longo <strong>de</strong> ξ1, isto é, tornam c1 = 0, o que faz λ ten<strong>de</strong>r <strong>para</strong> λ1 <strong>para</strong> tempos<br />

longos (ver Benettin et al. [26] e Hénon [11] <strong>para</strong> mais <strong>de</strong>talhes).<br />

2.3 Método <strong>de</strong> Benettin<br />

Uma teoria analítica <strong>para</strong> obter o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> <strong>de</strong>ve ser capaz <strong>de</strong> reproduzir o<br />

resultado do limite (2.10) com o vetor ξ (t) calculado <strong>de</strong> acordo com a dinâmica subjacente<br />

ao problema. N<strong>um</strong>ericamente, o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo é calculado através do<br />

método <strong>de</strong> Benettin (ver Benettin et al. [24,26] ) que consiste em computar a trajetória <strong>de</strong>


12 2.3. Método <strong>de</strong> Benettin<br />

Figura 2.3: Ilustração da normalização periódica realizada sobre os vetores tangentes no <strong>de</strong>correr<br />

da simulação (adaptado <strong>de</strong> [10]).<br />

referência x (t) e a trajetória perturbada y (t) usando-se as equações <strong>de</strong> movimento que,<br />

<strong>para</strong> o nosso caso, são as equações <strong>de</strong> Hamilton (2.2). A partir <strong>de</strong>stas duas trajetórias,<br />

calcula-se a se<strong>para</strong>ção ξ = x − y <strong>para</strong> instantes <strong>de</strong> tempo discretos, obtendo-se assim a<br />

seqüência <strong>de</strong> vetores {ξ (δt) , ξ (2δt) , . . . , ξ (m δt) , . . .} que po<strong>de</strong> ser usada <strong>para</strong> estimar<br />

o limite mostrado a seguir:<br />

lim<br />

m → ∞<br />

1<br />

m δt<br />

ln ξ (m δt)<br />

ξ (0)<br />

(2.12)<br />

A seqüência <strong>de</strong> números obtida calculando-se a norma dos vetores tangentes nos instan-<br />

tes m δt aproxima-se assintoticamente <strong>de</strong> <strong>um</strong> valor constante conforme m cresce e é neste<br />

sentido que o limite na equação anterior <strong>de</strong>ve ser entendido, <strong>um</strong>a vez que o limite m → ∞<br />

é inacessível computacionalmente. Em <strong>um</strong> gráfico <strong>de</strong> λ contra m δt , o valor assintótico<br />

é estimado quando a curva torna-se aproximadamente horizontal, quando isso ocorre, a si-<br />

mulação é interrompida. O expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo é calculado realizando-se diversas<br />

simulações com condições iniciais ξ (0) aleatoriamente escolhidas e <strong>de</strong>pois efetuando-se <strong>um</strong>a<br />

média sobre todos os valores assintóticos obtidos:<br />

<br />

1<br />

λ =<br />

massδt ln ξ (mass<br />

<br />

δt)<br />

ξ (0)<br />

(2.13)<br />

on<strong>de</strong> mass indica o valor <strong>de</strong> m <strong>para</strong> o qual a norma do vetor tangente, e portanto λ, pára<br />

<strong>de</strong> crescer, isto é, mass é <strong>um</strong>a estimativa <strong>para</strong> o valor limite m → ∞ .<br />

Existe <strong>um</strong>a dificulda<strong>de</strong> na aplicação da equação (2.12) que ocorre <strong>de</strong>vido à divergência<br />

exponencial das trajetórias com o tempo, alg<strong>um</strong>as vezes resultando em overflows n<strong>um</strong>éricos<br />

e que torna a aproximação linear <strong>para</strong> a evolução do vetor ξ (t) ina<strong>de</strong>quada antes do li-<br />

mite aproximar-se <strong>de</strong> <strong>um</strong> valor assintótico. A fim <strong>de</strong> acompanhar a evolução da norma


2. <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> 13<br />

do vetor tangente por <strong>um</strong> período maior, realiza-se <strong>um</strong>a normalização periódica conver-<br />

tendo ξ (m δt) ao valor fixo inicial ξ (0) (ver Fig. 2.3). Desta forma, substitui-se a<br />

equação (2.12) como estimativa <strong>para</strong> o valor assintótico do expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo<br />

pelo limite a seguir:<br />

lim<br />

m → ∞<br />

1<br />

m δt<br />

m<br />

k =1<br />

ln<br />

ξ (k δt + δt)<br />

ξ (k δt)<br />

(2.14)<br />

A figura 2.4 apresenta diversas realizações da equação anterior, cada <strong>um</strong>a com condição<br />

inicial ξ (0) aleatoriamente escolhida, <strong>para</strong> dois valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> n<strong>um</strong>érica ρ 0 .<br />

Figura 2.4: <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo como função do tempo calculado através do método<br />

<strong>de</strong> Benettin <strong>para</strong> <strong>um</strong> sistema interagindo com <strong>um</strong> potencial do tipo Lennard-Jones.<br />

Os gráficos apresentam diversas realizações da equação (2.14) (sem o limite) <strong>para</strong><br />

dois valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> n<strong>um</strong>érica. Cada símbolo representa <strong>um</strong>a condição inicial<br />

distinta aleatoriamente escolhida. A curva horizontal é o valor médio calculado com<br />

a estimativa <strong>para</strong> o valor assintótico obtido em cada realização. Dados cedidos por<br />

C. Anteneodo.<br />

2.4 Médias temperada e recozida<br />

No próximo capítulo discutiremos o Método Estocástico, que é <strong>um</strong>a teoria analítica capaz <strong>de</strong><br />

obter o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo <strong>para</strong> <strong>um</strong> sistema hamiltoniano com muitos graus <strong>de</strong><br />

liberda<strong>de</strong>. Os resultados obtidos com a teoria serão com<strong>para</strong>dos com os valores n<strong>um</strong>éricos<br />

resultantes do Método <strong>de</strong> Bennetin que acabamos <strong>de</strong> analisar. No Método Estocástico, com<br />

a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contornarmos dificulda<strong>de</strong>s técnicas importantes, inverteremos a or<strong>de</strong>m entre<br />

a operação <strong>de</strong> média e o cálculo do logaritmo na equação (2.13), <strong>de</strong>finindo:<br />

λ ⋆ =<br />

1<br />

massδt ln<br />

<br />

ξ (mass δt)<br />

ξ (0)<br />

(2.15)<br />

Os gráficos das figuras 2.4 e 2.5 estão em unida<strong>de</strong>s reduzidas apropriadas <strong>para</strong> <strong>um</strong> sistema interagindo<br />

com <strong>um</strong> potencial do tipo <strong>Lennard–Jones</strong>. Ver <strong>de</strong>talhes mais adiante no capítulo 5 e particularmente no<br />

apêndice E.


14 2.4. Médias temperada e recozida<br />

Como veremos, a média teórica será <strong>um</strong>a média microcanônica. Chamaremos o expoente<br />

<strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> λ, calculado através da média do logaritmo, <strong>de</strong> temperado (quenched) e o<br />

expoente λ ⋆ , calculado através do logaritmo da média, <strong>de</strong> recozido (annealed). A va-<br />

lida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste procedimento assenta-se em testes n<strong>um</strong>éricos os quais, como mostrado nos<br />

gráficos da figura 2.5, resultam em valores bastante próximos <strong>para</strong> os expoentes λ e λ ⋆<br />

quando as simulações são realizadas <strong>para</strong> <strong>um</strong> sistema interagindo com <strong>um</strong> potencial do tipo<br />

<strong>Lennard–Jones</strong>, que é o sistema <strong>de</strong> nosso interesse.<br />

Figura 2.5: <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo como função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, com temperatura fixa,<br />

calculado através do Método <strong>de</strong> Bennetin <strong>para</strong> <strong>um</strong> sistema interagindo com <strong>um</strong><br />

potencial do tipo <strong>Lennard–Jones</strong>. O valor da temperatura é T = 1.50 em unida<strong>de</strong>s<br />

reduzidas. O gráfico apresenta os resultados <strong>para</strong> o expoente temperado λ<br />

(Eq. (2.13)) e recozido λ ⋆ (Eq. (2.15)). As incertezas são menores que os símbolos.<br />

Mais <strong>de</strong>talhes sobre a interação do sistema serão apresentados no capítulo 4 e a<br />

com<strong>para</strong>ção entre estes resultados e os obtidos através do Método Estocástico, no<br />

capítulo 6. Dados cedidos por C. Anteneodo, ver também [27] com resultados equivalentes.


Capítulo 3<br />

Método Estocástico<br />

Neste capítulo, discutiremos <strong>um</strong> método analítico <strong>para</strong> obter o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong> sistema hamiltoniano <strong>de</strong> muitos graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>. A teoria, chamada <strong>de</strong> Método Es-<br />

tocástico, foi apresentada em [1] e utilizada em aplicações em [2] e [3] , além da Dissertação<br />

<strong>de</strong> Mestrado [4] . Aqui seguiremos <strong>de</strong> perto o que foi exposto nestas quatro referências.<br />

3.1 <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> como média microcanônica<br />

Para <strong>um</strong>a função hamiltoniana quadrática nos momentos e com potencial U <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

exclusivamente das coor<strong>de</strong>nadas:<br />

H = 1<br />

2m<br />

n<br />

i = 1<br />

p 2 i + U (q1, . . . , qn) (3.1)<br />

a matriz A(t), que <strong>de</strong>termina a dinâmica do vetor tangente ξ (t), terá a seguinte estrutura:<br />

<br />

<br />

A(t) = ∇XH(x) <br />

O 1n/m<br />

=<br />

x(t) −V (t) O<br />

sendo V (t) = V (t;x0) a hessiana do potencial: matriz n × n cujos elementos são:<br />

Vij = ∂ 2 U<br />

∂qi∂qj<br />

(3.2)<br />

; i, j = 1, 2, . . . , n (3.3)<br />

Para referência futura, notemos que A(t) po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>composto na soma <strong>de</strong> duas matrizes<br />

como a seguir:<br />

<br />

A(t) = A0 + αA1 (t) =<br />

O 1n/m<br />

O O<br />

+<br />

O O<br />

−V (t) O<br />

(3.4)<br />

A matriz A0 , que in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do tempo, está associada a evolução <strong>de</strong> <strong>um</strong> sistema cuja<br />

hamiltoniana é puramente cinética – sem interação. Em todos os resultados subseqüentes<br />

adotaremos m = 1.<br />

É importante observarmos que a equação (3.3) exige que o potencial U seja ao menos<br />

duas vezes diferenciável no domínio <strong>de</strong> interesse e é neste sentido que a expressão suave foi<br />

15


16 3.2. Definição do superoperador A e da matriz <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ρ<br />

empregada na introdução. Por envolver a hessiana em sua construção, o Método Estocástico<br />

não se aplica, por exemplo, ao gás <strong>de</strong> esferas rígidas estudado por Krylov.<br />

Como discutido no capítulo 2, embora o vetor tangente ξ = ξ (t ;x0, ξ 0) <strong>de</strong>penda<br />

<strong>de</strong> ξ 0 = ξ (0), o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo é <strong>de</strong>terminado unicamente pela compo-<br />

nente <strong>de</strong> ξ 0 ao longo da direção associada a λ1 . Agora vamos ass<strong>um</strong>ir que <strong>para</strong> qual-<br />

quer condição inicial x0 , a trajetória <strong>de</strong> fase x (t) seja ergódica na superfície <strong>de</strong> energia<br />

H(q,p) = E = cte., acarretando na in<strong>de</strong>pendência da órbita x (t) com respeito a x0 , o<br />

mesmo ocorrendo com ξ e com λ. Para sistemas hamiltonianos com muitos graus <strong>de</strong> li-<br />

berda<strong>de</strong>, é esperado que as regiões do espaço <strong>de</strong> fases <strong>de</strong>scritas por <strong>um</strong>a distribuição <strong>de</strong><br />

probabilida<strong>de</strong> microcanônica (por <strong>um</strong>a medida microcanônica) sejam muito maiores do que<br />

as possíveis regiões regulares [7,12] . Desta forma, po<strong>de</strong>mos expressar o expoente <strong>de</strong> Lyapu-<br />

nov como <strong>um</strong>a média microcanônica com respeito às condições iniciais:<br />

λ = lim<br />

t → ∞<br />

1<br />

2t<br />

<br />

ln ξ (t;x0, ξ 0) 2<br />

(3.5)<br />

on<strong>de</strong> fizemos ξ 0 = 1 e usamos a <strong>de</strong>finição equivalente elevando a norma ao quadrado e<br />

dividindo pelo fator 2 por motivos que ficarão claros na próxima seção. Uma média sobre o<br />

logaritmo <strong>de</strong> <strong>um</strong>a função apresenta importantes dificulda<strong>de</strong>s técnicas, por isso, trocaremos<br />

<strong>para</strong> a média recozida:<br />

λ lim<br />

t → ∞<br />

1<br />

2t<br />

ln <br />

ξ (t;x0, ξ 0) 2<br />

(3.6)<br />

Formalmente po<strong>de</strong>mos obter <strong>um</strong>a relação entre as equações (3.5) e (3.6) utilizando o truque<br />

das réplicas, contudo estas duas expressões são passíveis <strong>de</strong> testes n<strong>um</strong>éricos e, como vimos<br />

na seção 2.4, ambos os expoentes possuem valores bastante próximos <strong>para</strong> <strong>um</strong>a interação do<br />

tipo <strong>Lennard–Jones</strong> (ver discussão sobre expoentes cozido e recozido e sobre a formulação do<br />

expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> no contexto da Mecânica Estatística em [28] e em suas referências).<br />

Ao tratarmos x0 como <strong>um</strong>a variável aleatória com proprieda<strong>de</strong>s estatísticas conhecidas<br />

(distribuição microcanônica), V (t;x0) <strong>de</strong>fine <strong>um</strong> processo estocástico e a equação (2.7)<br />

po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada <strong>um</strong>a equação diferencial estocástica. O parâmetro α na equação (3.4)<br />

quantifica a magnitu<strong>de</strong> das flutuações nos coeficientes <strong>de</strong> V (t). Ass<strong>um</strong>iremos que A1 (t) =<br />

A1 (t;x0) possui <strong>um</strong> tempo <strong>de</strong> (auto)correlação τc finito <strong>de</strong> modo que os elementos <strong>de</strong> A1 (ta)<br />

e A1 (tb) sejam estatisticamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes sempre que |ta − tb| τc , acarretando na<br />

fatoração dos momentos: 〈A1 (ta)A1 (tb)〉 = 〈A1 (ta)〉 〈A1 (tb)〉 .<br />

3.2 Definição do superoperador A e da matriz <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ρ<br />

Antes <strong>de</strong> aplicarmos os métodos utilizados na solução <strong>de</strong> equações diferenciais estocásticas,<br />

notemos, conforme a equação (3.6), que não é necessário conhecermos ξ (t) <strong>para</strong> o cálculo


3. Método Estocástico 17<br />

<strong>de</strong> λ, mas sim a sua norma. Baseado nisso, vamos construir a seguinte matriz:<br />

ξξ T ⎛ ⎞<br />

⎛<br />

ξ1<br />

ξ<br />

⎜ ⎟<br />

⎜ ξ2 ⎟<br />

⎜<br />

= ⎜ ⎟<br />

⎜ ⎟ ξ1 ξ2 · · · ξ2n = ⎜<br />

⎝ . ⎠<br />

⎝<br />

2 1 ξ1ξ2 · · · ξ1ξ2n<br />

ξ2ξ1 ξ 2 ⎞<br />

⎟<br />

2 · · · ξ2ξ2n ⎟<br />

.<br />

. . ..<br />

⎟<br />

. ⎠<br />

claro está que:<br />

Tr <br />

ξξ T<br />

<br />

ξ2n<br />

=<br />

2n<br />

i= 1<br />

ξ 2<br />

i<br />

= ξ2<br />

ξ2nξ1 ξ2nξ2 · · · ξ 2 2n<br />

Se <strong>de</strong>rivarmos com respeito ao tempo o produto ξξ T e utilizarmos (2.7), obtemos:<br />

d<br />

dt<br />

ξξ T = Aξξ T + ξξ T A T = A ξξ T<br />

(3.7)<br />

on<strong>de</strong> <strong>de</strong>finimos o superoperador linear A. Superoperador no sentido do objeto em que<br />

ele atua: ao passo que o operador linear A atua no vetor ξ, o superoperador A atua<br />

na matriz ξξ T . Em analogia com a mecânica quântica, chamaremos o produto ξξ T <strong>de</strong><br />

“matriz <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ”, <strong>de</strong>notando-o por ρ, ou seja:<br />

ρ(t) = ξ (t)ξ T (t)<br />

Desta forma, a equação (3.7) passa a ser escrita como:<br />

d<br />

dt ρ(t) = A (t) ρ(t) (3.8)<br />

e, conforme a equação (3.6), o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> em termos da média da matriz <strong>de</strong>nsi-<br />

da<strong>de</strong> se escreve:<br />

λ lim<br />

t → ∞<br />

1<br />

2t<br />

<br />

ln Tr ρ(t)<br />

= lim<br />

t → ∞<br />

1<br />

2t ln Tr ρ (t) <br />

(3.9)<br />

Como calcular a média <strong>de</strong> ρ(t) será discutido na próxima seção. Antes, notemos que a<br />

<strong>de</strong>composição mostrada em (3.4) <strong>para</strong> a matriz A(t) possui seu análogo também no caso do<br />

superoperador A(t). Com efeito, partindo <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>finição dada em (3.7) e utilizando (3.4),<br />

obtemos:<br />

Aρ = Aρ + ρA T = (A0 + αA1)ρ + ρ(A0 + αA1) T<br />

= A0 ρ + ρA T <br />

0 + α A1 ρ + ρA T 1<br />

=<br />

A0 + α A1<br />

<br />

<br />

ρ (3.10)<br />

No <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>ste capítulo, <strong>de</strong>finiremos outros objetos que são superoperadores. Todos


18 3.3. Método <strong>de</strong> van Kampen<br />

serão simbolizados em negrito e com chapéu “ ”. Ass<strong>um</strong>iremos que a exponencial <strong>de</strong> <strong>um</strong><br />

superoperador admite <strong>um</strong>a expansão em potências análoga ao caso matricial, por exemplo:<br />

e t b A =<br />

∞<br />

k =0<br />

t k<br />

k! A k = 12n + t A +<br />

t 2<br />

2! A 2 + · · ·<br />

sendo o primeiro termo da expansão igual a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> 12n em virtu<strong>de</strong> dos superoperadores<br />

serem aqui <strong>de</strong>finidos quando atuando em matrizes 2n ×2n. Desta forma, a exponencial<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong> superoperador quando aplicada a <strong>um</strong>a matriz 2n×2n qualquer Q po<strong>de</strong> ser obtida<br />

calculando-se termo a termo da expansão, resultado:<br />

e t b A Q = e tA Q e tA T<br />

3.3 Método <strong>de</strong> van Kampen<br />

Como havíamos comentado, tratando x0 como <strong>um</strong>a variável aleatória, a equação (2.7) ass<strong>um</strong>e<br />

o caráter <strong>de</strong> <strong>um</strong>a equação diferencial estocástica. No entanto, nosso interesse é estudar a<br />

evolução da matriz <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e, por isso, aplicaremos os métodos utilizados na solução<br />

<strong>de</strong> equações estocásticas à equação (3.8) <strong>para</strong> obter a média <strong>de</strong> ρ(t) e <strong>de</strong>pois calcular o<br />

expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> através <strong>de</strong> (3.9). Aqui, apresentaremos brevemente o que é tratado<br />

em <strong>de</strong>talhes e com inúmeros exemplos no livro [29] e no artigo <strong>de</strong> revisão [30] ambos <strong>de</strong><br />

autoria <strong>de</strong> N. G. van Kampen que fez contribuições muito importantes na área.<br />

3.3.1 Expansão em momentos<br />

Iniciaremos passando a equação (3.8) <strong>para</strong> a representação da interação associada a A0 como<br />

mostrado a seguir:<br />

ρ(t) = e t b A0 u (t) (3.11)<br />

Derivando a equação anterior com respeito ao tempo, utilizando (3.8) e a <strong>de</strong>composição <strong>de</strong> A<br />

mostrada em (3.10), obtemos a equação <strong>para</strong> a evolução da matriz u (t):<br />

d<br />

dt u (t) = αe−t b A0 A1 (t) e t b A0 u (t) = α L (t) u (t)<br />

on<strong>de</strong> a igualda<strong>de</strong> mais à direita <strong>de</strong>fine o superoperador L . Este último resultado possui a<br />

solução formal:<br />

u (t) =<br />

=<br />

t<br />

12n + α dt1<br />

0<br />

L (t1) + α 2<br />

t t1<br />

dt1 dt2<br />

0 0<br />

L (t1) <br />

L (t2) + · · · u (0)<br />

<br />

∞<br />

12n + α k<br />

t t1 tk−1<br />

dt1 dt2 · · · dtk<br />

0<br />

L (t1) L(t2) · · · <br />

L (tk) u (0)<br />

k =1<br />

0<br />

0


3. Método Estocástico 19<br />

Quando os objetos L (ta) e L (tb) comutam, po<strong>de</strong>mos esten<strong>de</strong>r todas as integrais <strong>de</strong> tk = 0<br />

até tk = t tendo o cuidado apenas <strong>de</strong> dividir o respectivo termo da série ‡ por k ! . No entanto,<br />

mesmo quando isso não ocorre, po<strong>de</strong>mos escrever:<br />

u (t) =<br />

<br />

12n +<br />

∞<br />

k =1<br />

α k<br />

k !<br />

t t t<br />

dt1 dt2 · · · dtk T<br />

0 0 0<br />

L (t1) L (t2) · · · L (tk)<br />

<br />

u (0) (3.12)<br />

on<strong>de</strong> introduzimos T[· · · ] que é o símbolo <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento temporal, sua função é or<strong>de</strong>nar<br />

os termos em or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>crescente <strong>de</strong> seus arg<strong>um</strong>entos temporais o que nos possibilita comutar<br />

o integrando. Explicitamente, o símbolo T [· · · ] realiza a seguinte operação:<br />

T L (t1) <br />

L (t2)<br />

=<br />

⎧<br />

⎨L<br />

(t1) L (t2) se t1 ≥ t2<br />

⎩L<br />

(t2) L (t1) se t1 < t2<br />

Po<strong>de</strong>mos ainda reescrever a equação (3.12) compactamente como a seguir:<br />

t<br />

u (t) = T exp α dt ′ <br />

L ′<br />

(t )<br />

<br />

u (0) (3.13)<br />

0<br />

Aparentemente este último resultado é suficiente <strong>para</strong> resolver o nosso problema, basta-<br />

ria tirarmos a média <strong>de</strong> u (t) e <strong>de</strong>pois voltarmos <strong>para</strong> a representação original usando a<br />

equação (3.11). Mas olhemos em mais <strong>de</strong>talhes a média <strong>de</strong> u (t):<br />

〈u (t)〉 =<br />

t<br />

12n + α dt1<br />

0<br />

<br />

L (t1)<br />

+ α 2<br />

t t1<br />

dt1 dt2<br />

0 0<br />

<br />

L (t1) <br />

L (t2) + · · · u (0) (3.14)<br />

on<strong>de</strong> usamos o fato <strong>de</strong> u (0) ser <strong>um</strong>a matriz não aleatória. Os termos sucessivos <strong>de</strong>sta<br />

série possuem potências crescentes não apenas do parâmetro α mas também do tempo,<br />

sendo válida, portanto, apenas <strong>para</strong> tempos curtos. Uma maneira rápida <strong>de</strong> enxergarmos<br />

este resultado é supor L estacionário, <strong>de</strong>sta forma teríamos o primeiro termo da or<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong> (αt) 0 , o segundo da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> (αt) 1 , o terceiro, (αt) 2 e assim por diante. Como o<br />

expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo é <strong>de</strong>finido no limite t → ∞, <strong>um</strong>a série em potências <strong>de</strong> αt<br />

não é a<strong>de</strong>quada.<br />

3.3.2 Expansão em c<strong>um</strong>ulantes<br />

A equação (3.14) <strong>para</strong> a média 〈u (t)〉 é <strong>um</strong>a expansão em momentos que fornece <strong>um</strong>a<br />

série em potências <strong>de</strong> (αt). Uma maneira <strong>de</strong> contornarmos este inconveniente é usarmos<br />

<strong>um</strong>a expansão em c<strong>um</strong>ulantes. Formalmente os c<strong>um</strong>ulantes são <strong>de</strong>finidos através da função<br />

‡ Basta lembrarmos que:<br />

t<br />

dt f (t)<br />

0<br />

2<br />

t t1<br />

= 2 dt1 dt2 f (t1)f (t2).<br />

0 0


20 3.3. Método <strong>de</strong> van Kampen<br />

geratriz <strong>de</strong> momentos (funcional <strong>para</strong> o nosso caso):<br />

<br />

exp −α<br />

t<br />

dt<br />

0<br />

′ B (t ′ )<br />

<br />

<br />

∞<br />

= exp (−α) k<br />

t t1 tk−1 <br />

dt1 dt2 · · · dtk B (t1) B (t2) · · · B (tk)<br />

0 0 0<br />

<br />

k =1<br />

Expandindo a exponencial do lado esquerdo <strong>de</strong>sta equação obtemos <strong>um</strong>a série em momentos<br />

análoga a (3.14). Após a expansão, tira-se o logaritmo natural <strong>de</strong> ambos os lados. Realiza-<br />

se <strong>um</strong>a nova expansão, agora da forma ln(x + 1) e com<strong>para</strong>-se as mesmas potências <strong>de</strong> α.<br />

Ao final <strong>de</strong>ste processo, obtém-se a hierarquia <strong>de</strong> equações que relaciona os momentos 〈 · 〉<br />

com os c<strong>um</strong>ulantes 〈〈 · 〉〉 cujo resultado <strong>para</strong> os dois primeiros termos é:<br />

B (t) = B (t) <br />

B (t1) B (t2) = B (t1)B(t2) + B (t1) B (t2) <br />

E as relações inversas se escrevem:<br />

B (t) = B (t) <br />

B (t1)B(t2) = B (t1) B (t2) − B (t1) B (t2) <br />

(3.15)<br />

Notemos na equação acima que o segundo c<strong>um</strong>ulante é a covariância. Esta relação nos<br />

mostra a conveniência em usarmos <strong>um</strong>a expansão em c<strong>um</strong>ulantes: quando o objeto B (ta)<br />

torna-se estatisticamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> B (tb), e estamos ass<strong>um</strong>indo <strong>para</strong> o nosso caso<br />

que isto ocorre <strong>para</strong> <strong>um</strong>a diferença |ta − tb| finita, os momentos se fatoram ao passo que<br />

os c<strong>um</strong>ulantes se anulam. É dito que os momentos possuem a proprieda<strong>de</strong> do produto e os<br />

c<strong>um</strong>ulantes a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> aglomerado (cluster). Embora não tenhamos explicitado mais<br />

termos na equação (3.15), a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> aglomerado se aplica a c<strong>um</strong>ulantes <strong>de</strong> qualquer<br />

or<strong>de</strong>m, ou seja, 〈〈B (t1)B(t2) · · · B (tk)〉〉 é nulo sempre que a seqüência temporal t1, t2, . . ., tk<br />

apresentar <strong>um</strong> hiato da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> τc.<br />

Vamos aplicar a expansão em c<strong>um</strong>ulantes à equação (3.13). Como dito, <strong>de</strong>ntro do<br />

símbolo <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento temporal po<strong>de</strong>mos comutar livremente os objetos L (t), além disso,<br />

a operação <strong>de</strong> média comuta com T[· · · ] . Desta forma, obtemos:<br />

u (t) = T<br />

<br />

exp<br />

<br />

α<br />

t<br />

dt1<br />

0<br />

<br />

L (t1)<br />

+ α 2<br />

t t1<br />

dt1 dt2<br />

0 0<br />

<br />

L (t1) L (t2)<br />

<br />

+ · · ·<br />

<br />

u (0)<br />

(3.16)<br />

A proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> aglomerado dos c<strong>um</strong>ulantes faz com que o primeiro termo na série no<br />

arg<strong>um</strong>ento da exponencial seja da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> αt , o segundo da or<strong>de</strong>m (αt) (ατc) e o termo<br />

geral da or<strong>de</strong>m (αt) (ατc) k−1 ; estamos lidando então com <strong>um</strong>a relação linear com o tempo. O<br />

Estamos ass<strong>um</strong>indo que os objetos B(t) comutam <strong>para</strong> tempos distintos. Po<strong>de</strong>mos também pensar neles<br />

neste momento como funções e não matrizes, sem perda <strong>de</strong> generalida<strong>de</strong>.


3. Método Estocástico 21<br />

produto (ατc) é chamado <strong>de</strong> número <strong>de</strong> Kubo, sendo o parâmetro perturbativo da expansão<br />

em c<strong>um</strong>ulantes. A hessiana V (t) apresenta invariância por translação temporal <strong>de</strong>vido à<br />

dinâmica hamiltoniana, tornando a média <strong>de</strong> L (t) estacionária e o c<strong>um</strong>ulante L (t1) L (t2) <br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte apenas da diferença t1 − t2 . Substituindo τ = t1 − t2 a equação (3.16) fica:<br />

u (t) = T<br />

<br />

exp<br />

<br />

αt L<br />

+ α 2 t<br />

t dτ<br />

0<br />

<br />

L (t) L (t − τ)<br />

<br />

+ · · ·<br />

<br />

u (0)<br />

Po<strong>de</strong>mos substituir o limite superior da integral em τ na equação anterior por t = ∞ , <strong>um</strong>a<br />

vez que o c<strong>um</strong>ulante se anula quando τ τc . Fazendo isso e passando <strong>para</strong> a representação<br />

original <strong>de</strong> acordo com a equação (3.11), obtemos a evolução da média da matriz <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

até segunda or<strong>de</strong>m na expansão em c<strong>um</strong>ulantes:<br />

ρ (t) = e t b Λ ρ (0) (3.17)<br />

on<strong>de</strong> utilizamos a seguinte <strong>de</strong>finição <strong>para</strong> o superoperador Λ:<br />

Λ = <br />

A0 + α A1<br />

+ α 2<br />

∞<br />

0<br />

dτ<br />

<br />

δ A1 (t)e τ bA0 δA1 (t − τ)e −τ <br />

bA0<br />

(3.18)<br />

Utilizamos também a abreviação: δ A1 (t) = A1 (t) − <br />

A1<br />

. O símbolo <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento<br />

temporal pô<strong>de</strong> ser dispensado pois, ao truncarmos a série na segunda or<strong>de</strong>m, o produto dos<br />

operadores L já se encontra em or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>crescente <strong>de</strong> seus arg<strong>um</strong>entos temporais.<br />

3.4 Média sobre vetores tangentes iniciais<br />

Com a expansão em c<strong>um</strong>ulantes, obtemos a evolução da média da matriz <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. O su-<br />

peroperador Λ não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do tempo, conseqüentemente o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo<br />

está relacionado com seus autovalores. Mais precisamente, λ é a meta<strong>de</strong> da maior parte real<br />

<strong>de</strong>ntre os autovalores do superoperador, relação que <strong>de</strong>corre ao substituirmos na equação (3.9)<br />

a solução <strong>para</strong> 〈ρ(t)〉 mostrada em (3.17). Para extrairmos os autovalores, buscaremos <strong>um</strong>a<br />

maneira <strong>de</strong> escrever explicitamente Λ como <strong>um</strong>a matriz, <strong>para</strong> isso, necessitaremos <strong>de</strong> <strong>um</strong>a<br />

base que o expanda. Como Λ é <strong>um</strong> superoperador, a base será formada por operadores, isto<br />

é, por matrizes. Iniciaremos escrevendo o seguinte resultado:<br />

e t b A0 tA0 tA<br />

Q = e Q e T 0 = <br />

12n + tA0 Q 12n + tA T <br />

0<br />

(3.19)<br />

on<strong>de</strong> Q é <strong>um</strong>a matriz 2n × 2n qualquer. A igualda<strong>de</strong> mais à direita vem ao notarmos<br />

que A0 é <strong>um</strong>a matriz nilpotente, isto é, A k 0 = 0 <strong>para</strong> k ≥ 2, resultado que po<strong>de</strong> ser<br />

diretamente obtido <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>finição em (3.4). Agora consi<strong>de</strong>remos <strong>um</strong>a matriz simétrica S<br />

também com 2n×2n entradas. Devido à simetria, a ação <strong>de</strong> qualquer superoperador sobre S


22 3.4. Média sobre vetores tangentes iniciais<br />

po<strong>de</strong> ser escrita como:<br />

ΛS = ΛS + SΛ T = ΛS + (ΛS) T<br />

Esta proprieda<strong>de</strong>, juntamente com a equação (3.19) e a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Λ dada em (3.18)<br />

fornece:<br />

ΛS = A0 + α 〈A1〉 S + α 2<br />

∞<br />

0<br />

<br />

dτ δA1 (t)<br />

<br />

δ A1 (t − τ)S + Sδ A T <br />

1 (t − τ)<br />

<br />

+ (· · ·) T<br />

on<strong>de</strong> (· · ·) T representa todos os termos anteriores transpostos. Definimos também:<br />

δ A1 (t − τ) = e τ A0 δA1 (t − τ) e− τ AT 0 = <br />

12n + τ A0 δA1 (t − τ) 12n − τ A T 0<br />

(3.20)<br />

Agora, substituindo na equação (3.20) as <strong>de</strong>finições das matrizes A0 e A1 (t) mostradas<br />

em (3.4), obtemos:<br />

ΛS =<br />

<br />

O 1n<br />

− V <br />

S + 2<br />

O<br />

+<br />

∞<br />

0<br />

∞<br />

0<br />

dτ<br />

O O<br />

τ −τ 2<br />

δV (t)δV (t ′ ) <br />

O<br />

<br />

O<br />

S +<br />

′ δV (t)δV(t )<br />

<br />

′ O O δV (t ) O<br />

dτ S<br />

δV(t) O O δV (t ′ <br />

τ 1n<br />

) −τ 2 <br />

+ (· · ·)<br />

−τ<br />

T (3.21)<br />

on<strong>de</strong> usamos δV (t) = V (t) − 〈V〉 e t ′ = t − τ ; evitamos também escrever explicita-<br />

mente τ 1n , certos <strong>de</strong> não haver confusão. Notemos que com está notação, o c<strong>um</strong>ulante, <strong>de</strong><br />

acordo com a equação (3.15), se escreve em função do momento:<br />

V (t)V (t ′ ) = δV(t)δV (t ′ ) <br />

Para tempos longos, o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo dominará. Isso significa que λ<br />

não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da orientação do vetor tangente inicial ξ (0) mesmo que este vetor tenha<br />

componentes diferentes <strong>de</strong> zero em diversas direções: o limite mostrado na equação (2.10)<br />

converge <strong>para</strong> λ1 , o maior <strong>de</strong>ntre os expoentes do espectro <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> (2.11). Isso nos dá a<br />

liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar <strong>um</strong>a média sobre <strong>um</strong> conjunto ortonormal <strong>de</strong> vetores tangentes iniciais<br />

apropriadamente escolhidos, por exemplo, <strong>um</strong>a média sobre as 2n direções ortogonais do<br />

espaço tangente. Como estamos interessados na matriz <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, vamos escrever:<br />

ρ (0) <br />

{ξ 0 } = ρ(0) <br />

{ρ0}<br />

= 1<br />

2n<br />

2n<br />

j =1<br />

ρ (j)<br />

0<br />

<br />

(3.22)


3. Método Estocástico 23<br />

on<strong>de</strong> as matrizes ρ (j)<br />

0 possuem a seguinte estrutura:<br />

ρ (1)<br />

0 = ξ (1)<br />

0 ξ (1)T<br />

0<br />

ρ (2)<br />

0 = ξ (2)<br />

0 ξ (2)T<br />

0<br />

=<br />

=<br />

⎛ ⎞<br />

1<br />

⎜<br />

⎜0.<br />

⎟<br />

⎝ ⎠<br />

0<br />

⎛ ⎞<br />

0<br />

⎜<br />

⎜1.<br />

⎟<br />

⎝ ⎠<br />

0<br />

<br />

1 0 · · · 0<br />

<br />

0 1 · · · 0<br />

=<br />

=<br />

⎛ ⎞<br />

1 0 · · · 0<br />

⎜<br />

⎜0<br />

0 · · · 0⎟<br />

⎝ ..<br />

⎟<br />

. . . . ⎠<br />

0 0 · · · 0<br />

⎛ ⎞<br />

0 0 · · · 0<br />

⎜<br />

⎜0<br />

1 · · · 0⎟<br />

⎝ . ⎟<br />

. . .. . ⎠<br />

0 0 · · · 0<br />

e assim sucessivamente até j = 2n. Desta forma, a equação (3.22) é <strong>um</strong>a média com pesos<br />

iguais <strong>para</strong> todas as direções. Essa escolha fornece:<br />

ρ (0) <br />

{ρ0}<br />

= 1<br />

2n 12n<br />

A média da matriz <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> n<strong>um</strong> instante t , por sua vez, passa a ser escrita como:<br />

ρ (t) = e bΛ t ρ(0) <br />

{ρ0}<br />

= 1<br />

2n e bΛ t 12n<br />

(3.23)<br />

Este último resultado nos possibilita restringir 〈ρ (t)〉 ao subespaço gerado pelas matrizes<br />

Λ k<br />

12n com k = 0, 1, 2. . . . Isso é mais claramente percebido ao escrevermos a expansão<br />

da exponencial como mostrado a seguir:<br />

e bΛ t =<br />

∞<br />

k =0<br />

t k<br />

k! Λ k<br />

= 12n + t Λ +<br />

t 2<br />

2! Λ 2<br />

Então, se consi<strong>de</strong>rarmos o subespaço gerado pela base β =<br />

resulta que 〈ρ(t)〉 estará neste subespaço (ver Fig. 3.1).<br />

+ · · · (3.24)<br />

<br />

12n , Λ12n , . . ., Λ k<br />

12n , . . .<br />

A questão que se coloca é: será necessário a base β completa, isto é, <strong>de</strong>veremos levar<br />

em conta todos os termos na expansão mostrada na equação (3.24)? Ou seja, o conjunto <strong>de</strong><br />

matrizes β é linearmente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte? Não seguiremos o caminho formal <strong>para</strong> respon<strong>de</strong>r<br />

esta questão, o que faremos será analisar a estrutura das matrizes obtidas através das suces-<br />

sivas aplicações do superoperador Λ sobre a matriz i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> 12n e buscar simplificações<br />

possíveis <strong>de</strong> forma a diminuir a dimensionalida<strong>de</strong> da base. Iniciaremos substituindo S por 12n<br />

na equação (3.21). O resultado é:<br />

Λ12n =<br />

<br />

O 1n − V <br />

1n − V <br />

<br />

+<br />

O<br />

+ 2<br />

∞<br />

0<br />

dτ<br />

<br />

O τ δV(t)δV (t − τ) <br />

τ δV (t) δV (t − τ) (1 − τ 2 ) δV(t) δV(t − τ) <br />

<br />

<br />

,<br />

(3.25)


24 3.4. Média sobre vetores tangentes iniciais<br />

Figura 3.1: Visão esquemática da média da matriz <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ρ (t) no subespaço expandido<br />

pelas matrizes Λ k 12n , k = 0, 1, 2, . . . .<br />

Para avançarmos na análise, <strong>de</strong>veremos avaliar com mais <strong>de</strong>talhes as médias envolvendo a<br />

hessiana V. Como antecipado na equação (3.3), a hessiana é <strong>um</strong>a matriz n ×n, on<strong>de</strong> n é o<br />

número <strong>de</strong> graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, cujos elementos envolvem as <strong>de</strong>rivadas segundas do potencial.<br />

A fim <strong>de</strong> facilitar a <strong>de</strong>scrição, vamos particularizar o resultado ass<strong>um</strong>indo que o sistema<br />

em análise seja constituído por N partículas sem estrutura em dimensão 3. Ass<strong>um</strong>iremos<br />

também que as partículas são idênticas, o que significa massas iguais no caso <strong>de</strong> partículas<br />

clássicas sem estrutura, fato que terá conseqüências mais adiante. Ao fazermos isso, po<strong>de</strong>mos<br />

associar as n = 3N coor<strong>de</strong>nadas generalizadas com o vetor posição das N partículas e<br />

escrever o potencial da seguinte maneira:<br />

U = U (q1, q2, q3, . . . , q3N) = U (r1, . . .,rN)<br />

sendo ri o vetor posição da partícula i , ou seja, |ri| 2 = x 2 i + y 2<br />

i + z 2<br />

i <strong>para</strong> <strong>um</strong> sistema<br />

cartesiano <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas. Fisicamente, <strong>um</strong> potencial que <strong>de</strong>penda apenas das coor<strong>de</strong>nadas<br />

<strong>de</strong> posição <strong>de</strong>screve a interação entre moléculas esfericamente simétricas, como as moléculas<br />

dos gases nobres (ver [31] <strong>para</strong> mais <strong>de</strong>talhes). Desta forma, po<strong>de</strong>mos escrever a matriz V


3. Método Estocástico 25<br />

como:<br />

V =<br />

⎛<br />

∂ 2 U<br />

∂q 2 1<br />

⎜ ∂<br />

⎜<br />

⎝<br />

2U ∂q2∂q1<br />

∂ 2U ∂q3∂q1<br />

.<br />

∂ 2U ∂ 2 U<br />

∂q1∂q2<br />

∂ 2 U<br />

∂q 2 2<br />

∂ 2 U<br />

∂q3∂q2<br />

.<br />

∂ 2 U<br />

∂ 2 U<br />

∂q1∂q3<br />

∂ 2U ∂q2∂q3<br />

∂ 2 U<br />

∂q 2 3<br />

.<br />

∂ 2 U<br />

· · ·<br />

· · ·<br />

· · ·<br />

.. .<br />

· · ·<br />

∂ 2 U<br />

∂q1∂q3N<br />

∂ 2 U<br />

∂q2∂q3N<br />

∂ 2 U<br />

∂q3∂q3N<br />

.<br />

∂ 2 U<br />

∂q3N∂q1 ∂q3N∂q2 ∂q3N∂q3 ∂q2 <br />

3N×3N Elementos<br />

3N<br />

<br />

on<strong>de</strong> Vqiqj são matrizes 3 × 3 <strong>de</strong>finidas por:<br />

Vqiqj = ∂ 2 U<br />

∂ ri ∂ rj<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

=<br />

⎛<br />

VqNq1VqNq2 · · · VqNqN<br />

⎞<br />

Vq1q1<br />

Vq1q2 · · · Vq1qN<br />

⎜<br />

⎟<br />

⎜Vq2q1<br />

Vq2q2 ⎜<br />

· · · ⎟ Vq2qN ⎟<br />

⎜ ..<br />

⎟ (3.26)<br />

⎝ . . . . ⎟<br />

⎠<br />

<br />

N×N Matrizes<br />

Concluímos, então, que o cálculo da média da matriz maior V, res<strong>um</strong>e-se ao cálculo da<br />

média das matrizes menores Vqiqj. Notemos que a matriz maior é simétrica com relação<br />

as matrizes menores, <strong>um</strong>a vez que Vqiqj = Vqjqi, embora estas matrizes menores não se-<br />

jam necessariamente simétricas, com exceção das pertencentes à diagonal . Observando a<br />

equação (3.25), vemos que também é necessário avaliarmos a covariância, isto é, a média do<br />

produto <strong>de</strong> hessianas em dois tempos distintos:<br />

δV (t)δV (t − τ) = V (t)V (t − τ) − V (t) V (t − τ) <br />

(3.27)<br />

O produto das médias, termo mais à direita na equação acima, é <strong>um</strong>a matriz 3N × 3N que<br />

também po<strong>de</strong> ser escrita em termos <strong>de</strong> matrizes menores 3 × 3. Estas matrizes menores<br />

escrevem-se:<br />

V (t) V (t − τ) <br />

qiqj<br />

=<br />

N <br />

Vqiqk (t)Vqkqj(t − τ) <br />

k =1<br />

(3.28)<br />

Situação semelhante ocorre com a média do produto, on<strong>de</strong> as matrizes menores 3×3 possuem<br />

a seguinte estrutura:<br />

V (t)V (t − τ) <br />

qiqj<br />

=<br />

N <br />

Vqiqk (t)Vqkqj(t − τ) <br />

k = 1<br />

(3.29)<br />

Nos referiremos às matrizes menores Vqiqj com i = j como pertencentes à diagonal da matriz maior V.<br />

Embora apenas os elementos da diagonal <strong>de</strong> Vqiqi estejam verda<strong>de</strong>iramente na diagonal <strong>de</strong> V.


26 3.5. Simetrias do potencial<br />

3.5 Simetrias do potencial<br />

Até este ponto, nenh<strong>um</strong>a suposição sobre a forma do potencial foi ass<strong>um</strong>ida. Sabemos<br />

apenas que U <strong>de</strong>screve a interação entre N partículas idênticas e sem estrutura. Existem,<br />

no entanto, simetrias que po<strong>de</strong>mos explorar. Iniciaremos ass<strong>um</strong>indo que U (r1, . . .,rN) seja<br />

invariante sobre permutação <strong>de</strong> seus arg<strong>um</strong>entos. Vamos ass<strong>um</strong>ir também invariância por<br />

translação:<br />

U (r1 + a, . . .,rN + a) = U (r1, . . . ,rN) (3.30)<br />

on<strong>de</strong> a é <strong>um</strong> vetor constante arbitrário. Um sistema isolado, isto é, on<strong>de</strong> não atuam forças<br />

externas, interagindo com <strong>um</strong> potencial invariante por translação, conserva o momento linear<br />

total (ver Lemos [32] ). Uma conseqüência da invariância translacional sobre as matrizes<br />

menores Vqiqj advém ao notarmos que, tendo U a proprieda<strong>de</strong> mostrada em (3.30), po<strong>de</strong>mos<br />

escrever:<br />

N<br />

j =1<br />

∂ U<br />

∂ rj<br />

acarretando:<br />

N<br />

j =1<br />

∂ 2 U<br />

∂ ri ∂ rj<br />

= −→ 0<br />

=<br />

N<br />

j =1<br />

Vqiqj = O (3.31)<br />

que será <strong>um</strong> resultado bastante utilizado mais à frente.<br />

Sob arg<strong>um</strong>entos bastante gerais (ver [31] e [33] ), po<strong>de</strong>mos escrever univocamente U<br />

como a soma <strong>de</strong> potenciais <strong>de</strong> s corpos:<br />

U (r1, . . .,rN) = Φ (1) +<br />

N−1 <br />

i= 1 j > i<br />

N<br />

Φ (2) (ri,rj) +<br />

N<br />

k > j > i<br />

Φ (3) (ri,rj,rk) + · · · (3.32)<br />

sendo os potenciais Φ (s) , s = 1, 2, . . . , N, também invariantes por translação e por per-<br />

mutações <strong>de</strong> seus arg<strong>um</strong>entos. Devido à invariância por translação, Φ (1) é <strong>um</strong>a constante,<br />

que po<strong>de</strong> ser tomada como zero reescalando-se o valor mínimo <strong>de</strong> U, e o potencial <strong>de</strong> dois<br />

corpos Φ (2) (ra,rb), ou potencial <strong>de</strong> pares, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> apenas <strong>de</strong> ra−rb . Ass<strong>um</strong>iremos também<br />

simetria por rotações. Seja R <strong>um</strong>a rotação euclidiana, se:<br />

Φ (s) (Rr1, . . . , Rrs) = Φ (s) (r1, . . .,rs)<br />

dizemos que Φ (s) é invariante por rotações. Neste caso, Φ (2) é esfericamente simétrico, isto<br />

Em virtu<strong>de</strong> da simetria translacional, Φ (s) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> s − 1 variáveis. Ver apêndice D on<strong>de</strong> esta<br />

proprieda<strong>de</strong> também é tratada.


3. Método Estocástico 27<br />

é, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da norma euclidiana <strong>de</strong> seu arg<strong>um</strong>ento:<br />

Φ (2) (ra,rb) = Φ (2) (|ra − rb|)<br />

A força <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> Φ (2) com a proprieda<strong>de</strong> acima é central e <strong>um</strong> sistema isolado interagindo<br />

com <strong>um</strong> potencial <strong>de</strong>ste tipo conserva o momento angular total.<br />

Os gases nobres são satisfatoriamente <strong>de</strong>scritos por <strong>um</strong> potencial <strong>de</strong> pares esfericamente<br />

simétrico. Em estudos mais <strong>de</strong>talhados, leva-se em conta o termo <strong>de</strong> três corpos Φ (3) cujo<br />

efeito nas proprieda<strong>de</strong>s termodinâmicas, mesmo nestes casos, po<strong>de</strong>m ser incluídos através<br />

<strong>de</strong> técnicas perturbativas (ver [31] ). Quando <strong>de</strong>sprezamos Φ (1) (<strong>um</strong>a constante) e todos os<br />

outros termos além <strong>de</strong> s = 2 na equação (3.32), obtemos o que com<strong>um</strong>ente é chamado <strong>de</strong><br />

<strong>um</strong> fluido simples: <strong>um</strong> sistema clássico composto por N partículas idênticas e sem estrutura<br />

interagindo via soma <strong>de</strong> potenciais <strong>de</strong> dois corpos esfericamente simétricos [34]. Então,<br />

tratando-se <strong>de</strong> <strong>um</strong> fluido simples, po<strong>de</strong>mos escrever:<br />

U (r1, . . .,rN) =<br />

N−1 <br />

a =1<br />

N<br />

Φ(|ra − rb|) (3.33)<br />

b >1<br />

Nos <strong>de</strong>teremos aqui neste tipo <strong>de</strong> sistema. Uma conseqüência imediata <strong>de</strong> trabalharmos<br />

com o potencial da forma (3.33) é ganharmos a simetria das matrizes menores Vqiqj mesmo<br />

quando i = j :<br />

Vqiqj<br />

<br />

ab = Vqiqj<br />

<br />

ba<br />

∀ i , j<br />

Nas equações subseqüentes, escreveremos simplesmente Φ no lugar <strong>de</strong> Φ (2) estando suben-<br />

tendida <strong>um</strong>a interação <strong>de</strong> pares.<br />

3.6 Médias da hessiana<br />

Retornemos a atenção novamente à média da hessiana. Com <strong>um</strong> potencial da forma (3.33),<br />

a matriz menor 3 × 3 Vqiqj se escreve (ver <strong>de</strong>talhes no apêndice C):<br />

Vqiqj = ∂ 2 U<br />

∂ ri ∂ rj<br />

= δij<br />

N<br />

b =1<br />

b = i<br />

∂ 2<br />

∂ r 2 i<br />

Avançando mais <strong>um</strong> pouco nos cálculos, obtemos:<br />

Vqiqj =<br />

⎧<br />

⎪⎨<br />

⎪⎩<br />

N<br />

b = 1<br />

b = i<br />

∂ 2 Φ(rib)<br />

∂ r 2 i<br />

− ∂ 2 Φ(rij)<br />

∂ r 2 i<br />

=<br />

N <br />

b = 1<br />

b = i<br />

Φ(|ri − rb|) − (1 − δij)<br />

f (rib) r ib r T ib + h(rib) 13<br />

∂ 2<br />

∂ r 2 i<br />

<br />

Φ(|ri − rj|) (3.34)<br />

se i = j<br />

= −f (rij) r ij r T ij − h(rij) 13 se i = j<br />

(3.35)


28 3.6. Médias da hessiana<br />

on<strong>de</strong> rab = |ra − rb| e 13 é a matriz i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> 3 × 3. Definimos também as funções<br />

auxiliares f (rab) e h(rab) que envolvem as <strong>de</strong>rivadas do potencial Φ(rab) como mostrado<br />

a seguir:<br />

h(rab) = 1<br />

O objeto r ab r T ab<br />

rab<br />

seguinte estrutura:<br />

dΦ(rab)<br />

drab<br />

r ab r T ab = (ra − rb)(ra − rb) T =<br />

e f (rab) = 1<br />

rab<br />

dh(rab)<br />

drab<br />

(3.36)<br />

é <strong>um</strong>a matriz simétrica 3 × 3 que, em coor<strong>de</strong>nadas cartesianas, possui a<br />

⎛<br />

(xa − xb)<br />

⎜<br />

⎝<br />

2<br />

(ya − yb) (xa − xb)<br />

(xa − xb)(ya − yb) (xa − xb)(za − zb)<br />

(ya − yb) 2<br />

(ya − yb)(za − zb)<br />

(za − zb) (xa − xb) (za − zb)(ya − yb) (za − zb) 2<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

Escrevendo xab = xa − xb com expressões análogas <strong>para</strong> as coor<strong>de</strong>nas y e z, obtemos a<br />

matriz r ab r T ab<br />

r ab r T ab =<br />

na forma em que será empregada nos cálculos subseqüentes:<br />

⎛<br />

⎜<br />

⎝<br />

x 2 ab xab yab xab zab<br />

yab xab y 2 ab yab zab<br />

zab xab zab yab z 2 ab<br />

Necessitamos calcular Vqiqj<br />

a seguinte forma:<br />

Vqiqj<br />

1<br />

=<br />

3 Tr <br />

Vqiqj 13<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

. Esta média, já adiantando o resultado, é <strong>um</strong>a matriz com<br />

(3.37)<br />

tanto <strong>para</strong> i = j quanto <strong>para</strong> i = j, <strong>de</strong>vido à simetria rotacional do potencial. Chamamos<br />

a atenção <strong>para</strong> a relação com a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> 13 na equação anterior, fato mais relevante no<br />

momento. Para <strong>de</strong>monstrarmos este resultado, olhemos a média envolvendo a matriz r ab r T ab .<br />

De acordo com a equação (3.35) <strong>de</strong>veremos calcular quantida<strong>de</strong>s como a seguir:<br />

<br />

f (rab)rab r T <br />

ab<br />

=<br />

<br />

f (rab)<br />

⎛<br />

⎜<br />

⎝<br />

x 2 ab xab yab xab zab<br />

yab xab y 2 ab yab zab<br />

zab xab zab yab z 2 ab<br />

⎞<br />

<br />

⎟<br />

⎠<br />

(3.38)<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do ensemble escolhido, o cálculo das médias em <strong>um</strong> sistema clássico<br />

envolve integrais sobre as variáveis <strong>de</strong> posição e momento. Em particular, a média mostrada<br />

na equação (3.38) po<strong>de</strong> se expressa da seguinte maneira:<br />

<br />

f (rab)rab r T <br />

ab<br />

=<br />

<br />

f (rab)r ab r T ab F (r1,p1, . . . ,rN,pN) d 3 r1 d 3 p1 . . . d 3 rN d 3 pN<br />

on<strong>de</strong> F (r1,p1, . . . ,rN,pN) é a distribuição <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> no espaço <strong>de</strong> fases, conforme<br />

discutido no apêndice D. Agora consi<strong>de</strong>remos apenas o elemento (1, 1) associado à diagonal


3. Método Estocástico 29<br />

da matriz r ab r T ab . No ensemble canônico , po<strong>de</strong>mos escrever:<br />

<br />

f (rab)rab r T <br />

ab<br />

11<br />

=<br />

<br />

f (rab)x 2 <br />

ab<br />

∝<br />

<br />

f (rab) x 2 ab f2q (ra,rb) d 3 ra d 3 rb<br />

sendo f2q (ra,rb) = f2q (rab) (fluido simples) a parte configuracional da função <strong>de</strong> distribuição<br />

reduzida <strong>de</strong> duas partículas. Vamos nos ater no termo mais à direita da equação anterior.<br />

Ao realizarmos a mudança das variáveis <strong>de</strong> integração <strong>de</strong> ra e rb <strong>para</strong> as coor<strong>de</strong>nadas<br />

relativas rab = ra − rb e <strong>de</strong> centro <strong>de</strong> massa Rab = (ra + rb)/2, e tendo em vista que o<br />

módulo do jacobiano <strong>de</strong>sta transformação é igual a <strong>um</strong>, obtemos:<br />

<br />

f (rab)rab r T <br />

ab<br />

11<br />

=<br />

<br />

f (rab)x 2 <br />

ab<br />

∝<br />

<br />

f (rab) x 2 ab f2q (rab) d 3 rab d 3 Rab<br />

Escrevendo xab = rab cosϕ senθ e d 3 rab = r 2 ab senθ dθ dϕdrab , on<strong>de</strong> θ e ϕ são as coor<strong>de</strong>-<br />

nadas esféricas usuais, a equação anterior fica:<br />

<br />

f (rab) x 2 <br />

ab<br />

∝<br />

<br />

d 3 Rab drab f (rab) r 4 ab f2q (rab)<br />

= 4π<br />

3<br />

<br />

2π π<br />

dϕ<br />

d 3 Rab drab f (rab) r 4 ab f2q (rab) ∝<br />

0<br />

0<br />

dθ cos 2 ϕ sen 3 θ =<br />

<br />

f (rab)r 2 <br />

ab<br />

Proce<strong>de</strong>ndo da mesma maneira com os outros elementos da diagonal, veremos que eles são<br />

iguais, ou seja:<br />

<br />

f (rab) x 2 <br />

ab<br />

=<br />

<br />

f (rab)y 2 <br />

ab<br />

=<br />

<br />

f (rab)z 2 <br />

ab<br />

= 1<br />

<br />

f (rab)r<br />

3<br />

2 <br />

ab<br />

Este resultado está em consonância com as condições físicas do problema <strong>um</strong>a vez que esta-<br />

mos lidando com <strong>um</strong> sistema que possui isotropia rotacional, não havendo, portanto, direção<br />

privilegiada no cálculo das médias ‡ . Arg<strong>um</strong>entos <strong>de</strong> simetria análogos são empregados, por<br />

exemplo, na <strong>de</strong>rivação das proprieda<strong>de</strong>s da distribuição <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Maxwell (ver<br />

Reif [35], entre outros).<br />

Vamos avaliar agora as médias envolvendo os elementos <strong>de</strong> fora da diagonal da ma-<br />

triz rab rT ab . Como antecipado através da equação (3.37), essas médias são nulas. Para<br />

enxergarmos melhor este resultado, consi<strong>de</strong>remos o elemento (1, 2):<br />

<br />

f (rab)rab r T <br />

ab<br />

12<br />

=<br />

<br />

f (rab)xab yab<br />

∝<br />

<br />

f (rab) xab yab f2q (rab) d 3 rab d 3 Rab<br />

Proce<strong>de</strong>ndo como antes, po<strong>de</strong>mos escrever: xab = rab cosϕ senθ e yab = rab senϕ senθ . Ao<br />

fazermos isso, notaremos que a parte angular da integral se anula. O mesmo ocorrendo com<br />

Por motivos técnicos e baseado na equivalência entre os ensembles no limite termodinâmico, nossos<br />

cálculos analíticos serão realizados no ensemble canônico. Ver seção 6.2.<br />

‡ Estamos <strong>de</strong>sprezando efeitos <strong>de</strong> superfície.


30 3.6. Médias da hessiana<br />

os outros elementos <strong>de</strong> fora da diagonal. Como resultado final, teremos:<br />

<br />

f (rab) xab yab<br />

=<br />

<br />

f (rab)xab zab<br />

Desta forma, a equação (3.38) fica:<br />

<br />

f (rab)rab r T <br />

ab<br />

=<br />

<br />

f (rab)<br />

=<br />

⎛<br />

⎜<br />

⎝<br />

<br />

f (rab) r 2 ab<br />

3<br />

=<br />

<br />

f (rab) yab zab<br />

x 2 ab xab yab xab zab<br />

yab xab y 2 ab yab zab<br />

zab xab zab yab z 2 ab<br />

e a média <strong>de</strong> (3.35) ass<strong>um</strong>e a seguinte estrutura:<br />

Vqiqj<br />

=<br />

⎧<br />

⎪⎨<br />

⎪⎩<br />

N<br />

b = 1<br />

b = i<br />

−<br />

<br />

f (rib)<br />

<br />

f (rij)<br />

r 2<br />

ib<br />

3<br />

r 2<br />

ij<br />

3<br />

⎛ ⎞<br />

1 0 0<br />

⎝0 1 0<br />

0 0 1<br />

= 0<br />

⎞<br />

<br />

⎟<br />

⎠ =<br />

⎠ = 1<br />

<br />

Tr f (rab)rab r<br />

3 T ab<br />

<br />

+ h(rib) 13 se i = j<br />

<br />

+ h(rij) 13 se i = j<br />

Assim obtivemos o resultado que fora adiantado na equação (3.37).<br />

<br />

13 (3.39)<br />

(3.40)<br />

Para <strong>um</strong> fluido simples, partículas idênticas e sem estrutura, as médias presentes na<br />

equação (3.40) não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do específico par <strong>de</strong> partículas sobre o qual ela é calculada.<br />

Por exemplo, consi<strong>de</strong>rando a função h em particular, esta in<strong>de</strong>pendência implica na seguinte<br />

igualda<strong>de</strong>:<br />

h(r12) = h(r13) = h(r47) = · · ·<br />

igualda<strong>de</strong> esta válida <strong>para</strong> todos os N(N − 1)/2 possíveis pares ab distintos entre N<br />

partículas idênticas. Esta equivalência estatística significa que, essencialmente, estamos li-<br />

dando com dois tipos <strong>de</strong> objetos: a média das matrizes menores Vqiqi da diagonal <strong>de</strong> V,<br />

todas com o mesmo valor n<strong>um</strong>érico e proporcionais a 13 in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da partícula i ,<br />

e a média das matrizes menores Vqiqj <strong>de</strong> fora da diagonal <strong>de</strong> V , todas também com o<br />

mesmo valor e proporcionais à i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do par ij . Vamos <strong>de</strong>notar a<br />

média das matrizes da diagonal como 〈Vq1q1〉 e as <strong>de</strong> fora da diagonal como 〈Vq1q2〉 , <strong>de</strong>sta<br />

<br />

, como veremos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da temperatura e da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. As constante <strong>de</strong> propor-<br />

As médias Vqiqj<br />

cionalida<strong>de</strong> serão na verda<strong>de</strong> funções <strong>de</strong>stas duas variáveis.


3. Método Estocástico 31<br />

forma, a média da hessiana se escreve:<br />

V =<br />

Ou, ainda:<br />

⎛<br />

⎜<br />

⎝<br />

Vq1q1<br />

Vq2q1<br />

.<br />

VqNq1<br />

⎞<br />

Vq1q2 · · · Vq1qN<br />

⎟<br />

Vq2q2 · · · ⎟ Vq2qN ⎟<br />

.. ⎟<br />

. . . ⎠<br />

<br />

VqNq2 · · · VqNqN<br />

=<br />

= 1<br />

3 Tr Vq1q1<br />

⎛ ⎞<br />

13 O · · · O<br />

⎜ ⎟<br />

⎜O<br />

13 · · · O⎟<br />

⎜<br />

⎝<br />

..<br />

⎟<br />

. . . . ⎠<br />

O O · · · 13<br />

+ 1<br />

3 Tr Vq1q2<br />

1<br />

V =<br />

3 Tr <br />

Vq1q1 13N + 1<br />

3 Tr <br />

Vq1q2 (Y3N − 13N) =<br />

= 1<br />

3 Tr <br />

Vq1q1 13N + 1<br />

3 Tr <br />

Vq1q2<br />

Y3N<br />

on<strong>de</strong> as matrizes Y3N e Y3N são <strong>de</strong>finidas como a seguir:<br />

Y3N =<br />

⎛ ⎞<br />

13 13 · · · 13<br />

⎜ ⎟<br />

⎜13<br />

13 · · · 13⎟<br />

⎜<br />

⎝<br />

..<br />

⎟<br />

. . . . ⎠<br />

13 13 · · · 13<br />

Notar que (Y3N) 2 = N Y3N , como conseqüência:<br />

e<br />

Y3N =<br />

<br />

Y3N<br />

2<br />

= (Y3N − 13N) 2 = (Y3N) 2 − 2Y3N + 13N =<br />

= (N − 2) Y3N + (N − 1)13N<br />

⎛ ⎞<br />

O 13 · · · 13<br />

⎜ ⎟<br />

⎜13<br />

O · · · 13⎟<br />

⎜<br />

⎝<br />

..<br />

⎟<br />

. . . . ⎠<br />

13 13 · · · O<br />

⎛ ⎞<br />

O 13 · · · 13<br />

⎜<br />

⎟<br />

⎜13<br />

O · · · 13⎟<br />

⎜<br />

⎝<br />

..<br />

⎟<br />

. . . . ⎠<br />

13 13 · · · O<br />

(3.41)<br />

(3.42)<br />

resultado que será usado mais adiante. Um outro resultado importante, que também será<br />

empregado em cálculos subseqüentes, é obtido da multiplicação da hessiana V com a ma-<br />

triz Y3N . Ao utilizarmos a invariância translacional <strong>de</strong> U, expressa através da equação (3.31),<br />

esta multiplicação resulta:<br />

VY3N = O<br />

Conseqüentemente:<br />

V Y3N = V (Y3N − 13N) = −V<br />

δV Y3N = V − V Y3N<br />

= V Y3N − V <br />

Y3N = −δV<br />

(3.43)<br />

on<strong>de</strong> a segunda equação acima advém <strong>de</strong> Y3N ser <strong>um</strong>a matriz constante, não sendo afetada


32 3.6. Médias da hessiana<br />

pela média. Notar também que, <strong>de</strong>vido à igualda<strong>de</strong> entre as N médias Vqiqi<br />

escrever:<br />

visto que:<br />

1<br />

3 Tr <br />

Vq1q1 13 = 1<br />

3N Tr V 13<br />

Tr V =<br />

N<br />

i =1<br />

Tr Vqiqi<br />

= N Tr Vq1q1<br />

<br />

, po<strong>de</strong>mos<br />

(3.44)<br />

resultado que po<strong>de</strong> ser diretamente obtido ao tirarmos o traço da equação (3.41). Ao com-<br />

binarmos a igualda<strong>de</strong> entre as médias das matrizes menores com a equação (3.31), obtemos:<br />

Vqiqi<br />

= −<br />

N<br />

j = i<br />

Vqiqj<br />

⇒ Vq1q1<br />

= − (N − 1) Vq1q2<br />

substituindo o lado direto da equação acima em (3.41) e utilizando (3.44), po<strong>de</strong>mos escrever:<br />

1<br />

V =<br />

3N Tr <br />

<br />

V 13N −<br />

1<br />

N − 1 <br />

Y3N<br />

<br />

(3.45)<br />

Retornemos a atenção agora a média do produto das hessianas. Como mostrado na<br />

equação (3.27), a covariância δV (t)δV (t − τ) , que envolve o produto das matrizes maio-<br />

res 3N × 3N, po<strong>de</strong> ser dividida em duas partes: <strong>um</strong>a envolvendo o produto entre as médias<br />

das matrizes menores 3×3, conforme equação (3.28), e outra envolvendo a média do produto,<br />

conforme equação (3.29). Pela proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> simetria <strong>de</strong> translação temporal do sistema,<br />

a média das matrizes Vqiqj é <strong>um</strong>a quantida<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do tempo. Isso nos possibilita<br />

escrever simplesmente:<br />

Vqiqk (t) Vqkqj (t − τ) = Vqiqk<br />

Vqkqj<br />

sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> explicitar a <strong>de</strong>pendência em t . Como a média <br />

Vqiqj é proporcional à<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> (ver Eq. (3.40)), temos que o produto entre as médias também será proporcional<br />

à i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Logicamente, a invariância por translação temporal afeta a hessiana como <strong>um</strong><br />

todo e não apenas as matrizes menores se<strong>para</strong>damente, ou seja:<br />

V (t) V (t − τ) = V 2<br />

Ao substituirmos o resultado mostrado em (3.45) na equação anterior, obtemos:<br />

V 2 =<br />

1<br />

3N Tr V 2 <br />

13N +<br />

<br />

1<br />

(N − 1) 2<br />

<br />

Y3N<br />

2<br />

−<br />

2<br />

N − 1 <br />

Y3N


3. Método Estocástico 33<br />

Agora, substituindo <br />

Y3N<br />

2<br />

<strong>de</strong> acordo com (3.42), vem:<br />

V 2 =<br />

1<br />

3N Tr V 2 N<br />

N − 1 13N −<br />

N<br />

(N − 1) 2 <br />

Y3N<br />

(3.46)<br />

A equação (3.46) é o resultado <strong>para</strong> o produto das médias; nos falta avaliar a média do<br />

produto das hessianas em dois instantes distintos: V (t)V (t − τ) . Semelhante ao resultado<br />

obtido <strong>para</strong> <br />

Vqiqj , a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> isotropia rotacional do nosso sistema torna a média<br />

do produto entre as matrizes menores também proporcional à i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, ou seja:<br />

V (t)V(t − τ) <br />

qiqj =<br />

N <br />

Vqiqk (t)Vqkqj(t − τ) =<br />

k =1<br />

N<br />

k =1<br />

1<br />

3 Tr Vqiqk (t)Vqkqj(t − τ) 13<br />

Não entraremos nos <strong>de</strong>talhes aqui (ver arg<strong>um</strong>entação no apêndice C). Desta forma, esta<br />

última equação juntamente com a equivalência estatística entre os pares <strong>de</strong> partículas fornece:<br />

<br />

V (t)V (t − τ) qiqj =<br />

⎧<br />

<br />

Vqiqi(t)Vqiqi(t<br />

⎪⎨<br />

⎪⎩<br />

′ ) N <br />

+ Vqiqk<br />

k = i<br />

(t)Vqkqi(t ′ ) <br />

i = j<br />

<br />

Vqiqi(t)Vqiqj(t ′ ) + Vqiqj(t)Vqjqj(t ′ ) N <br />

+ Vqiqk (t)Vqkqj(t ′ ) i = j<br />

=<br />

⎧<br />

⎪⎨<br />

⎪⎩<br />

k = i<br />

k = j<br />

1<br />

3 Tr<br />

<br />

Vq1q1(t)Vq1q1(t ′ ) + (N − 1) Vq1q2(t)Vq2q1(t ′ ) <br />

13 i = j<br />

1<br />

3 Tr<br />

<br />

2 Vq1q1(t)Vq1q2(t ′ ) + (N − 2) Vq1q2(t)Vq2q3(t ′ ) <br />

13 i = j<br />

O análogo da equação (3.45) <strong>para</strong> a média do produto das hessianas então se escreve:<br />

<br />

′ 1<br />

V (t)V(t ) =<br />

3 Tr<br />

<br />

Vq1q1(t)Vq1q1(t ′ ) + (N − 1) Vq1q2(t)Vq2q1(t ′ ) <br />

13N +<br />

+ 1<br />

3 Tr<br />

<br />

2 Vq1q1(t)Vq1q2(t ′ ) + (N − 2) Vq1q2(t)Vq2q3(t ′ ) <br />

Y3N<br />

(3.47)<br />

A equação (3.47) acima juntamente com as equações (3.45) e (3.46) são os três resultados<br />

mais importantes no momento. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da complexida<strong>de</strong> envolvida no cálculo<br />

dos objetos presentes nestas equações, vamos escrevê-las, por enquanto, simplesmente como:<br />

V = α1 13N + β1 Y3N e<br />

δV(t)δV (t − τ) = α2 13N + β2 Y3N<br />

(3.48)<br />

Faremos isso <strong>para</strong> realçar a <strong>de</strong>pendência com as matrizes 13N e Y3N , que nos será útil na<br />

próxima seção.


34 3.7. Base que expan<strong>de</strong> a média da matriz <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

3.7 Base que expan<strong>de</strong> a média da matriz <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

Agora estamos aptos a retomar à discussão sobre a dimensionalida<strong>de</strong> da base que expan<strong>de</strong><br />

a média da matriz <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ρ(t). Ao substituirmos na equação (3.25) os resultados<br />

<strong>para</strong> V (t) e δV (t)δV (t − τ) como mostrados em (3.48), obtemos:<br />

Λ12n = Λ16N =<br />

<br />

O (1 − α1)13N − β1 Y3N<br />

(1 − α1)13N − β1 Y3N<br />

<br />

+<br />

O<br />

+ 2<br />

∞<br />

0<br />

⎛<br />

dτ ⎝ <br />

τ<br />

<br />

O<br />

<br />

τ<br />

(1 − τ 2 )<br />

<br />

α213N − β2 Y3N<br />

α213N − β2 Y3N<br />

<br />

α213N − β2 Y3N<br />

Este resultado nos diz que a expansão da média da matriz <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> até primeira or<strong>de</strong>m<br />

em t (ver equação (3.23) e (3.24)) po<strong>de</strong> ser expressa da seguinte forma:<br />

1<br />

ρ(t) =<br />

6N e bΛ t<br />

16N = 1<br />

6N<br />

= a1<br />

<br />

13N O<br />

O O<br />

+a2<br />

<br />

O O<br />

O 13N<br />

<br />

16N + t <br />

Λ16N + · · · =<br />

<br />

+a3<br />

O<br />

13N<br />

13N<br />

O<br />

+a4<br />

<br />

O O<br />

O Y3N<br />

⎞<br />

⎠<br />

<br />

O<br />

+a5<br />

<br />

Y3N<br />

Y3N O<br />

(3.49)<br />

não nos preocuparemos com os objetos ai , focaremos, no momento, apenas nas matrizes.<br />

Esta última equação nos sugere que estas cinco matrizes formam <strong>um</strong>a base, que, até primeira<br />

or<strong>de</strong>m em t , expan<strong>de</strong> a média da matriz <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. No entanto, não <strong>para</strong>remos na primeira<br />

or<strong>de</strong>m. Vamos continuar consi<strong>de</strong>rando mais <strong>um</strong> termo na expansão. Para tanto, <strong>de</strong>veremos<br />

analisar a aplicação Λ sobre as cinco matrizes presentes na equação (3.49); como todas são<br />

simétricas, po<strong>de</strong>mos continuar utilizando a equação (3.21). Ao fazermos isso (os <strong>de</strong>talhes<br />

estão no apêndice A), notaremos que surgirá apenas mais <strong>um</strong>a matriz além das cinco que já<br />

aparecem até a primeira or<strong>de</strong>m, a saber:<br />

<br />

Y3N O<br />

O O<br />

(3.50)<br />

que também é simétrica. Além disso, a aplicação <strong>de</strong> Λ sobre esta nova matriz não resulta<br />

em nenh<strong>um</strong>a nova matriz. Isso quer dizer que o subespaço expandido por essas seis matrizes,<br />

as cinco presentes na equação (3.49) mais a mostrada em (3.50), é completo, no sentido <strong>de</strong><br />

que qualquer potência do superoperador Λ aplicada à i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> 16N po<strong>de</strong> ser escrito como<br />

<strong>um</strong>a combinação linear <strong>de</strong>las:<br />

Λ k<br />

16N =<br />

3<br />

i =1<br />

αi,k Ii +<br />

3<br />

βi,k Yi , k = 0, 1, 2, . . . (3.51)<br />

i =1


3. Método Estocástico 35<br />

on<strong>de</strong> passaremos a usar a seguinte <strong>de</strong>finição <strong>para</strong> as seis matrizes da base:<br />

I1 =<br />

Y1 =<br />

<br />

13N O<br />

O O<br />

<br />

Y3N O<br />

O O<br />

3.8 Elementos matriciais<br />

I2 =<br />

Y2 =<br />

<br />

O O<br />

O 13N<br />

<br />

O O<br />

O Y3N<br />

<br />

<br />

I3 =<br />

Y3 =<br />

<br />

O 13N<br />

13N O<br />

<br />

O<br />

<br />

Y3N<br />

Y3N O<br />

(3.52)<br />

Lembremos que o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> está relacionado com o autovalor <strong>de</strong> Λ que possui<br />

a maior parte real. Para obtermos os autovalores do superoperador, <strong>de</strong>vemos expressá-lo<br />

matricialmente em alg<strong>um</strong>a base. A equação (3.51) nos diz que a média da matriz <strong>de</strong>nsi-<br />

da<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser escrita como <strong>um</strong>a combinação linear das matrizes Ii e Yi . Em verda<strong>de</strong>, a<br />

equação (3.51) possui <strong>um</strong> significado mais importante do que po<strong>de</strong> aparentar. Como está<br />

<strong>de</strong>monstrado no apêndice B, a base formada pelas seis matrizes que aparecem nesta equação,<br />

constitui o subespaço relevante na diagonalização <strong>de</strong> Λ. Desta forma, nosso objeto <strong>de</strong> in-<br />

teresse passa a ser <strong>um</strong>a matriz 6 × 6 dada pelo superoperador Λ expresso na base β que<br />

passaremos a <strong>de</strong>notar como a seguir:<br />

β =<br />

<br />

Z1,Z2,Z3,Z4,Z5,Z6<br />

<br />

=<br />

<br />

I1,I2,I3, Y1, Y2, <br />

Y3<br />

(3.53)<br />

Pela <strong>de</strong>finição das seis matrizes dada em (3.52), notamos que os elementos da base são<br />

mutuamente ortogonais no sentido expresso a seguir:<br />

Tr <br />

Zj Z T i<br />

<br />

∝ δij<br />

i, j = 1, 2, . . . , 6<br />

Os produtos escalares diferentes <strong>de</strong> zero, também po<strong>de</strong>m ser diretamente calculados <strong>de</strong> (3.52),<br />

resultando:<br />

Tr <br />

Z1 ZT <br />

1<br />

Tr <br />

Z2 ZT <br />

2<br />

Tr <br />

Z3 ZT <br />

3<br />

= 3N Tr <br />

= 3N Tr <br />

= 6N Tr <br />

Z4 Z T 4<br />

Z5 Z T 5<br />

Z6 Z T 6<br />

<br />

<br />

<br />

= 3N (N − 1)<br />

= 3N (N − 1)<br />

= 6N (N − 1)<br />

(3.54)


36 3.8. Elementos matriciais<br />

Os 36 elementos <strong>de</strong> Λ com respeito a base β mostrada em (3.53) são então calculados <br />

usando:<br />

Λ ij =<br />

Tr ΛZj ZT i<br />

Tr <br />

Zi ZT i<br />

<br />

i, j = 1, 2, . . . , 6 (3.55)<br />

Chamaremos <strong>de</strong> Λ6×6 a matriz 6 × 6 que representa o superoperador Λ na base β . Orga-<br />

nizando a base na or<strong>de</strong>m em que aparece em (3.53), esta matriz possui a seguinte estrutura:<br />

Λ6×6 =<br />

⎛<br />

⎝ ΛII Λ IY<br />

Λ YI Λ YY<br />

⎞<br />

⎠ (3.56)<br />

on<strong>de</strong> Λ II , Λ IY , Λ YI e Λ YY são matrizes 3 × 3. Estas submatrizes estão associadas aos<br />

setores da base. Por exemplo, Λ II está associada ao setor I , sendo que o cálculo <strong>de</strong> seus<br />

nove elementos envolve apenas {I1,I2,I3} através da equação (3.55). Chamamos a atenção<br />

<strong>para</strong> a or<strong>de</strong>m das operações no n<strong>um</strong>erador da equação (3.55), o superoperador <strong>de</strong>ve sempre<br />

atuar primeiro na matriz à sua direita:<br />

ΛZj Z T i =<br />

<br />

ΛZj Z T i<br />

O resultado completo <strong>para</strong> todos os elementos <strong>de</strong> Λ6×6 encontra-se no apêndice A. Aqui,<br />

<strong>para</strong> ilustrar o procedimento, vamos calcular apenas dois <strong>de</strong>les. Comecemos por Λ11 . Pela<br />

equação (3.55), vemos que é necessário avaliarmos ΛZ1 . Como todas as matrizes da base<br />

são simétricas, po<strong>de</strong>mos usar (3.21) mais <strong>um</strong>a vez, resultando:<br />

ΛZ1 = ΛI1 = −<br />

Desta forma:<br />

ΛZ1 Z T 1 = ΛI1 I T 1<br />

<br />

O V<br />

V O<br />

= −<br />

+ 2<br />

∞<br />

0<br />

<br />

O O<br />

V O<br />

dτ<br />

<br />

+ 2<br />

O τ δV (t)δV (t ′ ) <br />

τ δV (t)δV (t ′ ) δV (t)δV (t ′ ) <br />

∞<br />

0<br />

dτ<br />

<br />

<br />

O O<br />

τ δV (t)δV(t ′ ) O<br />

(3.57)<br />

que é <strong>um</strong>a matriz <strong>de</strong> traço nulo, acarretando, pela equação (3.55), em Λ11 = 0. Consi<strong>de</strong>remos<br />

<strong>um</strong> exemplo mais ilustrativo: vamos calcular Λ21 . Po<strong>de</strong>mos aproveitar a equação (3.57) e<br />

Com<strong>para</strong> com o problema freqüentemente tratado em Mecânica Quântica. Seja A <strong>um</strong> operador linear<br />

e {|ϕn〉} <strong>um</strong>a base ortonormal. Neste caso, A = <br />

n,m Anm |ϕn〉 〈ϕm| com Anm = 〈ϕn| A |ϕm〉 =<br />

<br />

Tr A(|ϕn〉 〈ϕm|) T<br />

. Caso a base não seja ortonormal, mas apenas ortogonal, teremos: Anm =<br />

<br />

Tr A |ϕm〉 〈ϕn|<br />

que é análoga a equação (3.55). Ver, por exemplo, Cohen-Tannoudji, Vol. 1 pág. 203 [36].<br />

Tr[|ϕn〉 〈ϕn|]


3. Método Estocástico 37<br />

obter:<br />

ΛZ1 Z T 2 = ΛI1 I T 2 = −<br />

<br />

O V<br />

O O<br />

+ 2<br />

∞<br />

0<br />

dτ<br />

<br />

′ O τ δV (t)δV (t )<br />

O δV(t)δV (t ′ ) <br />

Então, substituindo este último resultado em (3.55) e usando (3.54), vem:<br />

Λ 21 =<br />

Tr ΛI1 I T 2<br />

Tr <br />

I2 I T 2<br />

<br />

= 2<br />

3N<br />

∞<br />

3.9 Aproximação isotrópica<br />

0<br />

dτ Tr δV (t)δV (t ′ ) <br />

A matriz Λ6×6 possui seis autovalores que necessitamos calcular <strong>para</strong> obtermos o expoente<br />

<strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong>. No entanto, três <strong>de</strong>stes autovalores são iguais a zero e os outros três, a menos<br />

<strong>de</strong> correções da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> N −1 , são os autovalores da matriz Λ II associada ao setor I da<br />

base (ver <strong>de</strong>monstração no apêndice A). Baseando neste resultado, doravante voltaremos<br />

nossa atenção apenas <strong>para</strong> a matriz Λ II , que passaremos a <strong>de</strong>notar por Λ3×3 , isto é:<br />

Λ3×3 = Λ II<br />

Ao processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scartar termos da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> N −1 e obter a equivalência entre as matri-<br />

zes Λ 6×6 e Λ 3×3 no que tange a seus autovalores, chamaremos <strong>de</strong> aproximação isotrópica.<br />

Formalmente, a aproximação isotrópica consiste em restringir o superoperador Λ ao setor I<br />

da base.<br />

Como comentamos na seção anterior, o cálculo completo <strong>de</strong> todos os 36 elementos <strong>de</strong> Λ6×6<br />

encontra-se no apêndice A. Os nove elementos da aproximação isotrópica que formam a<br />

matriz Λ3×3 são:<br />

Λ3×3 =<br />

⎛<br />

⎜<br />

⎝<br />

0<br />

2σ<br />

0 2<br />

2<br />

λ τ(1) c − 2σ 2<br />

λ τ(3) c − 2 µ<br />

−µ +2σ 2<br />

λ τ(2) c 1 − 2σ 2<br />

λ τ(3)<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

c<br />

(3.58)<br />

on<strong>de</strong> estamos usando as seguintes <strong>de</strong>finições (compare com os resultados <strong>para</strong> Λ11 e Λ21<br />

obtidos na seção anterior):<br />

e:<br />

µ = 1<br />

3N Tr V , σ 2<br />

λ<br />

τ (k+1)<br />

c<br />

=<br />

∞<br />

0<br />

= 1<br />

3N<br />

Tr <br />

(δV) 2<br />

(3.59)<br />

dτ τ k fc (τ) (3.60)


38 3.9. Aproximação isotrópica<br />

sendo fc (τ) a função <strong>de</strong> (auto)correlação normalizada:<br />

fc (τ) =<br />

1<br />

3Nσ 2<br />

λ<br />

Tr δV(0) δV (τ) <br />

(3.61)<br />

Vemos então que, na aproximação isotrópica, o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo está associado<br />

aos quatro parâmetros: µ e σ 2<br />

λ τ(k) c , k = 1, 2, 3. Os parâmetros µ e σ 2<br />

λ<br />

mente, a média e variância do processo estocástico V (t). O tempo característico τ (1)<br />

c<br />

são, respectiva-<br />

interpretado como o tempo <strong>de</strong> correlação <strong>de</strong> V (t), sendo fc (τ) a função <strong>de</strong> correlação<br />

relevante. Notemos que a normalização <strong>de</strong> fc (τ) é tal que:<br />

fc (0) =<br />

1<br />

3Nσ 2<br />

λ<br />

Tr δV (0) δV (0) = 1<br />

Para obtermos os autovalores da matriz Λ 3×3 mostrada em (3.58), po<strong>de</strong>mos calcular seu<br />

polinômio característico da maneira usual através da equação secular:<br />

Det <br />

Λ 3×3 − L13 = 0<br />

O resultado <strong>de</strong>sta última equação é:<br />

L 3 + a2 L 2 + a1 L + a0 = 0 , on<strong>de</strong>:<br />

⎧<br />

a0 = − 4σ<br />

⎪⎨<br />

2<br />

λ<br />

a1 = − 4σ 2<br />

λ<br />

⎪⎩<br />

a2 = 4σ 2<br />

λ<br />

τ (1)<br />

c<br />

τ (2)<br />

c<br />

τ (3)<br />

c<br />

+<br />

+<br />

<br />

<br />

µ − 2σ 2<br />

λ<br />

2σ 2<br />

λ<br />

τ (3)<br />

c<br />

<br />

(2)<br />

τ c<br />

2<br />

+ 4µ<br />

é<br />

4σ 2 (3)<br />

λ τ c<br />

(3.62)<br />

Dos três autovalores que resultam da solução do polinômio <strong>de</strong> terceiro grau <strong>para</strong> L, <strong>um</strong> é real<br />

e dois são complexos conjugados entre si (Λ3×3 é <strong>um</strong>a matriz real). Seja LMáx. o autovalor<br />

que possui a maior parte real; o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo será a meta<strong>de</strong> da parte real<br />

<strong>de</strong> LMáx. :<br />

λ = 1<br />

2 Re <br />

LMáx.<br />

No capítulo 6 calcularemos os parâmetros µ, σ 2<br />

λ<br />

(3.63)<br />

e τ(k)<br />

c . Como veremos, <strong>para</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s<br />

baixas o suficiente, o termo envolvendo o produto σ 2<br />

λ τ(1) c na matriz (3.58) será predominante<br />

em valor absoluto frente aos termos envolvendo σ 2<br />

λ τ(2) c , σ 2<br />

λ τ(3) c e µ. Mantendo apenas este<br />

termo na equação (3.62) e <strong>de</strong>pois usando (3.63), obtemos <strong>um</strong>a aproximação <strong>para</strong> o expoente<br />

<strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> alternativa à solução do polinômio característico completo:<br />

λ ≈<br />

<br />

σ 2<br />

λ τ(1)<br />

1/3 c<br />

2<br />

(3.64)


Capítulo 4<br />

<strong>Gás</strong> <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong><br />

Este capítulo é <strong>de</strong>dicado ao potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong>, o potencial <strong>de</strong> pares esfericamente<br />

simétrico utilizado em nosso trabalho. Discutiremos também as modificações necessárias ao<br />

método n<strong>um</strong>érico empregado nos capítulos subseqüentes.<br />

4.1 Potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong><br />

Embora tenhamos restringido a teoria <strong>de</strong>senvolvida no capítulo 3 a <strong>um</strong> fluido simples, que<br />

é <strong>um</strong> mo<strong>de</strong>lo com certo grau <strong>de</strong> i<strong>de</strong>alização (partículas clássicas idênticas, sem estrutura e<br />

interagindo via potencial <strong>de</strong> pares aditivo), usaremos <strong>para</strong> <strong>de</strong>screver a interação entre as<br />

partículas o potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong>, que é largamente empregado em aplicações físicas<br />

reais, tanto em fluidos – líquido ou gás (ver Hansen & McDonald [37] ), como em sólidos<br />

cristalinos (ver Ashcroft & Mermin [38] ). O potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong>, <strong>de</strong>finido pela<br />

seguinte equação:<br />

Φ lj σ 12 (r) = 4ε −<br />

r<br />

<br />

6<br />

σ<br />

r<br />

(4.1)<br />

é fortemente repulsivo a curtas distâncias, atrativo a longas e possui dois parâmetros livres.<br />

A equação (4.1) é <strong>um</strong> resultado semi-empírico: sua parte atrativa, proporcional a r −6 , pos-<br />

sui justificativa teórica, po<strong>de</strong> ser obtida através da Mecânica Quântica aplicada a átomos<br />

neutros e é chamada <strong>de</strong> interação <strong>de</strong> van <strong>de</strong>r Waals (ver Brans<strong>de</strong>n & Joachain [39], ver<br />

também [40] ), além <strong>de</strong> ir a zero mais rapidamente que r −3 , o que assegura a existência do<br />

limite termodinâmico em três dimensões (ver Ruelle [33] e Tsallis [21] ). A parte repulsiva,<br />

proporcional a r −12 , não possui justificativa teórica, havendo apenas a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu ex-<br />

poente ser maior que 6. O parâmetro constante ε correspon<strong>de</strong> ao valor mínimo do potencial<br />

e 2 1/6 σ dá a se<strong>para</strong>ção entre as partículas neste ponto <strong>de</strong> mínimo (quando Φ lj = 0, r = σ,<br />

ver figura 4.1). Usando 6 e 12 como os expoentes da parte atrativa e repulsiva, respecti-<br />

vamente, as proprieda<strong>de</strong>s termodinâmicas <strong>para</strong> os gases nobres Ne, Ar, Kr e Xe a baixas<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s, po<strong>de</strong>m ser reproduzidas pelo ajuste dos parâmetros ε e σ usando-se dados ob-<br />

tidos através <strong>de</strong> experimentos <strong>de</strong> espalhamento. Desvios da equação (4.1) em estudos mais<br />

precisos envolvendo gases nobres são discutidos no livro do Hansen & McDonald [37].<br />

39


40 4.2. Potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> modificado<br />

0<br />

− ε<br />

Φ LJ (r)<br />

Raio <strong>de</strong> Corte<br />

r = 0 σ 2 1/6 σ r c = 2.5 σ<br />

Figura 4.1: Potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> (ver Eq. (4.1)) com <strong>de</strong>staque <strong>para</strong> seus pontos importantes.<br />

rc = 2.5 σ é a distância que será usada como raio <strong>de</strong> corte nas simulações,<br />

conforme discutido no texto.<br />

Tabela 4.1: Parâmetros do potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> <strong>para</strong> alguns gases nobres (Retirado <strong>de</strong><br />

Ashcroft & Mermin [38]).<br />

Ne Ar Kr Xe<br />

ε (eV) 0.0031 0.0104 0.0140 0.0200<br />

σ ( ˚ A) 2.74 3.40 3.65 3.98<br />

4.2 Potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> modificado<br />

O potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> aproxima-se <strong>de</strong> zero conforme a se<strong>para</strong>ção entre as moléculas<br />

a<strong>um</strong>enta, sendo este valor alcançado apenas no limite r → ∞ . Isso é <strong>um</strong> inconveniente<br />

quando o intuito é realizar simulações baseadas no método da dinâmica molecular, que será<br />

discutido no próximo capítulo. Em dinâmica molecular, forças entre pares <strong>de</strong> partículas são<br />

explicitamente calculadas. Para <strong>um</strong> sistema constituído <strong>de</strong> N partículas, isso significa que<br />

existem N(N − 1)/2 pares distintos sobre o qual <strong>de</strong>ve-se calcular a força, o que <strong>de</strong>manda<br />

<strong>um</strong> gran<strong>de</strong> tempo computacional. Uma maneira <strong>de</strong> reduzir este tempo, é <strong>de</strong>finindo <strong>um</strong> raio<br />

<strong>de</strong> corte rc a partir do qual a interação seja zero, ou seja, trunca-se o potencial. No entanto,<br />

o truncamento gera <strong>um</strong>a <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> em rc (ver Fig. 4.2), o que também não é <strong>de</strong>sejado<br />

n<strong>um</strong>a simulação. Para contornar este inconveniente, <strong>de</strong>sloca-se o mínimo do potencial pelo<br />

valor da <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> gerada pelo truncamento, conforme a equação a seguir:<br />

Φ s (r) =<br />

⎧<br />

⎨Φlj<br />

(r) − Φlj (rc) se r ≤ rc<br />

⎩<br />

0 se r > rc<br />

r<br />

(4.2)<br />

on<strong>de</strong> “s” respon<strong>de</strong> por Shifted . Desta forma, obtém-se <strong>um</strong>a interação que se aproxima <strong>de</strong><br />

zero suavemente e <strong>para</strong> <strong>um</strong> raio finito, conforme o gráfico <strong>de</strong> baixo na figura 4.2.


4. <strong>Gás</strong> <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> 41<br />

0<br />

− ε<br />

0<br />

− ε<br />

− 0.01632 ε<br />

Raio <strong>de</strong> Corte<br />

σ 2 1/6 σ r<br />

rc = 2.5 σ<br />

Φ S (r)<br />

+ 0.01632 ε<br />

− (1 − 0.01632) ε<br />

Raio <strong>de</strong> Corte<br />

σ 2 1/6 σ r<br />

rc = 2.5 σ<br />

Figura 4.2: Acima: Potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> truncado. Perceba que ele não é contínuo no<br />

raio <strong>de</strong> corte. O valor da <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> <strong>para</strong> rc = 2.5 σ é Φ lj (rc) ≈ − 0.01632 ε<br />

como indicado. Abaixo: Potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> <strong>de</strong>slocado (ver Eq. (4.2)).<br />

Para r = σ , temos Φ s (σ) ≈ + 0.01632 ε. Para melhorar a visualização, a origem<br />

r = 0 está à esquerda da figura em ambos os gráficos.<br />

Um dos principais motivos <strong>de</strong> se buscar <strong>um</strong>a função que não possua <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>s,<br />

no que concerne aos cálculos n<strong>um</strong>éricos, resi<strong>de</strong> na conservação da energia. Um sistema<br />

<strong>de</strong>scrito por <strong>um</strong>a hamiltoniana da forma (3.1) conserva a energia, fato que não se observa<br />

em simulações mesmo usando-se apenas funções contínuas. Isso ocorre <strong>de</strong>vido às inerentes<br />

limitações computacionais quanto à precisão: os arredondamentos internos dos processadores<br />

transformam inevitavelmente funções contínuas em <strong>de</strong>scontínuas. O que se busca, então, é<br />

minimizar estes erros evitando-se introduzir funções que sejam a priori <strong>de</strong>scontínuas. Quanto


42 4.2. Potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> modificado<br />

aos erros <strong>de</strong> arredondamento internos e inevitáveis, busca-se <strong>um</strong>a relação <strong>de</strong> compromisso<br />

entre tempo <strong>de</strong> simulação e conservação da energia total: quando maior a precisão utilizada,<br />

melhores serão os resultados, porém com <strong>um</strong>a duração maior; havendo <strong>um</strong> limite nesta<br />

conservação associado à precisão máxima da máquina usada. É importante comentar que<br />

é permitido a energia flutuar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que as flutuações sejam limitadas e que, caso haja<br />

necessida<strong>de</strong>, seja possível realizar correções posteriores. Na série <strong>de</strong> trabalhos Computer<br />

“Experiments” on Classical Fluids <strong>de</strong> Verlet et al. [41–44], por exemplo, as simulações foram<br />

realizadas com o potencial apenas truncado, ou seja, <strong>de</strong>scontínuo. Voltaremos à discussão<br />

sobre conservação da energia no próximo capítulo.<br />

O potencial mostrado na equação (4.2) foi e é bastante utilizado em trabalhos que estudam<br />

proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sistemas tipo <strong>Lennard–Jones</strong> (e.g., [27,45] ). Embora ele seja contínuo, sua<br />

primeira <strong>de</strong>rivada (a força) não o é. Os objetos que necessitamos simular <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m, por<br />

exemplo, da função f (r) <strong>de</strong>finida em (3.36) que envolve a segunda <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> Φ(r).<br />

Optamos então por utilizar não o potencial (4.2), mas <strong>um</strong>a modificação, primeiramente<br />

proposta em [46] , que possua também a primeira <strong>de</strong>rivada contínua, a saber:<br />

Φ sf (r) =<br />

⎧<br />

⎪⎨ Φlj (r) − Φlj (rc) − 1<br />

2rc<br />

⎪⎩<br />

dΦ lj (r)<br />

dr<br />

<br />

<br />

2 2<br />

r − rc rc<br />

se r ≤ rc<br />

0 se r > rc<br />

(4.3)<br />

on<strong>de</strong> “sf ” respon<strong>de</strong> por Shifted–Force ; o Shifted vem do <strong>de</strong>slocamento realizado no po-<br />

tencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> original <strong>para</strong> <strong>de</strong>ixá-lo contínuo após o truncamento e o Force, do<br />

segundo <strong>de</strong>slocamento <strong>para</strong> <strong>de</strong>ixar a <strong>de</strong>rivada contínua, ou seja, a força (ver Allen & Til<strong>de</strong>s-<br />

ley [47] ). O gráfico da equação (4.3) é mostrado na figura 4.3. Para referência futura, as<br />

funções auxiliares h e f calculadas utilizando-se o potencial Φ sf (r) <strong>para</strong> r ≤ rc são dadas<br />

por:<br />

h(r) = 1<br />

r<br />

f (r) = 1<br />

r<br />

dΦ sf (r)<br />

dr<br />

dh(r)<br />

dr<br />

= − 24ε<br />

= 96ε<br />

<br />

2<br />

<br />

7<br />

12 6 σ σ<br />

−<br />

r 14 r 8<br />

<br />

12 6 σ σ<br />

− 2<br />

r 16 r 10<br />

<br />

+<br />

<br />

− 2<br />

σ 12<br />

r 14<br />

c<br />

+ σ 6<br />

r 8 c<br />

<br />

= ε<br />

σ 2 h∗ (r ∗ )<br />

= ε<br />

σ 4 f ∗ (r ∗ ) (4.4)<br />

on<strong>de</strong> o asterisco “*” indica unida<strong>de</strong>s reduzidas, conforme discutido no apêndice E.


4. <strong>Gás</strong> <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> 43<br />

0<br />

− ε<br />

Φ SF (r)<br />

+ 0.05727 ε<br />

− 0.9448 ε<br />

Raio <strong>de</strong> Corte<br />

σ 1.1228 σ r<br />

rc = 2.5 σ<br />

Figura 4.3: Potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> truncado, <strong>de</strong>slocado e <strong>de</strong>slocado na força<br />

(Shifted–Force), conforme equação (4.3). Este é o potencial utilizado em nossas<br />

simulações. Perceba que ele é contínuo no raio <strong>de</strong> corte rc = 2.5 σ, assim como sua<br />

primeira <strong>de</strong>rivada. Para melhorar a visualização, a origem r = 0 está à esquerda da<br />

figura.


44 4.2. Potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> modificado


Capítulo 5<br />

Dinâmica Molecular: Teoria<br />

Neste capítulo trataremos do método <strong>de</strong> simulação chamado Dinâmica Molecular. Daremos<br />

<strong>um</strong>a idéia geral sobre o assunto com ênfase na construção do programa principal, cujos<br />

resultados usaremos <strong>para</strong> testar elementos da teoria exposta no capítulo 3. A principal<br />

referência utilizada é o livro do Allen & Til<strong>de</strong>sley [47].<br />

5.1 Dinâmica Molecular<br />

O comportamento microscópico da matéria em seu estado sólido, líquido ou gasoso, normal-<br />

mente é simulado <strong>de</strong> duas maneiras: pelo método estocástico <strong>de</strong> Monte Carlo (MC) ou através<br />

do método <strong>de</strong>terminístico da Dinâmica Molecular (MD). Em nosso trabalho utilizamos si-<br />

mulações MD que possuem a vantagem <strong>de</strong> permitir o estudo <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>s dinâmicas,<br />

como a função <strong>de</strong> correlação fc (τ) <strong>de</strong>finida em (3.61). Simulações MD baseiam-se na<br />

evolução clássica, newtoniana, das trajetórias das partículas, isto é, consistem em computar<br />

a trajetória no espaço <strong>de</strong> fases <strong>de</strong> <strong>um</strong>a coleção <strong>de</strong> moléculas que individualmente obe<strong>de</strong>cem<br />

a leis clássicas do movimento. O ponto <strong>de</strong> partida no método da Dinâmica Molecular é<br />

<strong>um</strong>a <strong>de</strong>scrição microscópica precisa do sistema físico em análise. Como nosso interesse será<br />

simular <strong>um</strong> fluido simples, cujas partículas não possuem estrutura, <strong>um</strong>a <strong>de</strong>scrição precisa<br />

assenta-se na solução das equações <strong>de</strong> movimento <strong>para</strong> N partículas pontuais, interagindo<br />

aos pares <strong>de</strong> acordo com o potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> Φ sf (r) discutido no capítulo 4, não<br />

existindo a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incluir graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> internos, tais como rotação e vibração,<br />

como ocorre no estudo <strong>de</strong> moléculas complexas.<br />

5.2 Médias em simulações MD<br />

Médias <strong>de</strong> ensemble não são acessíveis em simulações MD. Uma quantida<strong>de</strong> A <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

das variáveis canônicas é avaliada, em Dinâmica Molecular, ao longo <strong>de</strong> <strong>um</strong>a trajetória no<br />

espaço <strong>de</strong> fases, <strong>de</strong> tal forma que a média acessível é <strong>um</strong>a média temporal:<br />

A <br />

Tempo<br />

= lim<br />

t → ∞<br />

1<br />

t<br />

t<br />

A (x (τ)) dτ (5.1)<br />

0<br />

on<strong>de</strong> utilizamos a notação do capítulo 2, <strong>de</strong>notando por x <strong>um</strong> ponto no espaço <strong>de</strong> fases.<br />

Supondo que a dinâmica seja ergódica, a média temporal da equação anterior é ass<strong>um</strong>ida<br />

45


46 5.3. Ensembles em simulações MD<br />

como idêntica à média no ensemble apropriado:<br />

A <br />

Tempo = A <br />

(5.2)<br />

Não é possível realizarmos <strong>um</strong>a simulação com duração infinita, como sugere a equação (5.1).<br />

Po<strong>de</strong>mos acompanhar a evolução do sistema por <strong>um</strong> período longo, porém finito. Desta<br />

forma, a igualda<strong>de</strong> (5.2), n<strong>um</strong>a simulação, é entendida no sentido aproximado a seguir:<br />

A ≈ A <br />

Tempo<br />

= 1<br />

tobs<br />

tobs<br />

A (x (t)) dt (5.3)<br />

0<br />

on<strong>de</strong> tobs é o tempo <strong>de</strong> observação, ou seja, a duração efetiva da simulação. Como veremos<br />

mais à frente, o intervalo t = [0, tobs] não correspon<strong>de</strong> ao tempo total da simulação, t = 0<br />

<strong>de</strong>marca o início da fase das medições, existindo todo <strong>um</strong> intervalo preliminar utilizado <strong>para</strong><br />

a equilibração do sistema.<br />

Discussão acerca da hipótese ergódica, no contexto das simulações computacionais, po<strong>de</strong><br />

ser encontrada no livro <strong>de</strong> Allen & Til<strong>de</strong>sley, citado mais acima, e no livro <strong>de</strong> Heermann [48].<br />

5.3 Ensembles em simulações MD<br />

Nossas simulações foram realizadas no ensemble microcanônico ou NV E, on<strong>de</strong> o número<br />

<strong>de</strong> partículas N, o vol<strong>um</strong>e V e a energia total E são mantidos fixos durante a evolução.<br />

Embora não seja o único possível, o ensemble microcanônico é o ensemble natural <strong>para</strong><br />

simulações em Dinâmica Molecular, <strong>um</strong>a vez que <strong>um</strong> sistema clássico, com a dinâmica <strong>de</strong>ter-<br />

minada pela hamiltoniana (3.1), conserva a energia e, n<strong>um</strong>a simulação MD convencional, as<br />

equações <strong>de</strong> movimento <strong>para</strong> <strong>um</strong> número N fixo <strong>de</strong> partículas são integradas n<strong>um</strong>ericamente<br />

em <strong>um</strong>a célula <strong>de</strong> vol<strong>um</strong>e V também fixo . Particular referência com discussão <strong>de</strong> como<br />

obter trajetórias no espaço <strong>de</strong> fases que respeitam o ensemble canônico ou NV T é o artigo<br />

<strong>de</strong> S. Nosé [49].<br />

5.3.1 Exemplo: Temperatura<br />

Para <strong>um</strong>a função hamiltoniana quadrática nas velocida<strong>de</strong>s, po<strong>de</strong>mos utilizar o teorema da<br />

equipartição da energia:<br />

1<br />

2 m<br />

N<br />

i =1<br />

v 2<br />

i (t) = 3<br />

2 NκBT (t) ⇒ T (t) = m<br />

3NκB<br />

N<br />

i =1<br />

v 2 i (t) (5.4)<br />

No ensemble microcanônico, a temperatura não é <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong>za fixa. Para obtermos a<br />

temperatura termodinâmica 〈T 〉 = T, <strong>de</strong>veremos, <strong>de</strong> acordo com a equação (5.3), efetuar<br />

<strong>um</strong>a média sobre a trajetória no espaço <strong>de</strong> fases associada à temperatura instantânea T (t).<br />

Como a trajetória gerada durante a simulação não é contínua, a média <strong>de</strong>ve ser calculada<br />

Rigorosamente, temos <strong>um</strong> subconjunto do ensemble microcanônico <strong>de</strong>notado por NV E P, pois, <strong>para</strong><br />

<strong>um</strong> sistema isolado, também há a conservação do momento linear total P.


5. Dinâmica Molecular: Teoria 47<br />

sobre valores discretos, isto é, sobre diversas medições <strong>de</strong> T (t). Se foram realizadas M<br />

medições no <strong>de</strong>correr da simulação, teremos:<br />

T ≈ T (t) <br />

Tempo<br />

= 1<br />

M<br />

M<br />

T (τ)<br />

τ = 1<br />

É oportuno mencionarmos o modo <strong>de</strong> calcularmos funções <strong>de</strong> correlação em <strong>um</strong>a si-<br />

mulação. Se M medições forem tomadas em intervalos <strong>de</strong> ∆t igualmente espaçados, teremos<br />

<strong>para</strong> a (auto)correlação não normalizada <strong>de</strong> <strong>um</strong>a <strong>de</strong>terminada quantida<strong>de</strong> A :<br />

A (0) A (n∆t) <br />

Tempo =<br />

1<br />

M − n<br />

M−n <br />

m= 1<br />

A (m ∆t) A ([m + n] ∆t) (5.5)<br />

com n = 0, 1, 2, . . . , < M. Esta equação será aplicada <strong>para</strong> obtermos fc (τ) (τ = n∆t ) no<br />

capítulo 6.<br />

É possível estimarmos <strong>um</strong>a incerteza estatística <strong>para</strong> os valores médios obtidos em si-<br />

mulações MD. Através das M medições <strong>de</strong> A, a variância, σ 2 (A), é calculada usando:<br />

σ 2 (A) = 1<br />

M<br />

M<br />

τ = 1<br />

2 2<br />

A (τ) − 〈A 〉Tempo = A <br />

Tempo<br />

− 〈A 〉2<br />

Tempo<br />

Se os resultados das medições forem estatisticamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, a variância da média<br />

será:<br />

σ 2 (〈A〉) = σ 2 (A)<br />

M<br />

O <strong>de</strong>svio padrão obtido através da variância da média, σ 2 (A)/M, é a estimativa mais<br />

simples <strong>para</strong> o erro estatístico dos resultados computacionais.<br />

5.4 Algoritmo <strong>de</strong> integração<br />

Um dos métodos mais utilizados <strong>para</strong> integração das equações <strong>de</strong> movimento é o algoritmo<br />

inicialmente empregado por Verlet no estudo das proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>um</strong> fluido interagindo com<br />

<strong>um</strong> potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> (Verlet, 1967 [41] ). O método consiste na solução das 3N<br />

equações acopladas <strong>de</strong> Newton: m ¨ri = Fi . Para <strong>de</strong>duzi-lo, realiza-se <strong>um</strong>a expansão em<br />

Taylor da posição em torno <strong>de</strong> δt = 0 <strong>para</strong> frente e <strong>para</strong> trás no tempo:<br />

ri (t ± δt) = ri (t) ± δt ˙ri (t) + 1<br />

2 δt 2 ¨ri (t) ± O δt 3


48 5.4. Algoritmo <strong>de</strong> integração<br />

Somando e subtraindo estas duas expressões, obtemos o algoritmo <strong>de</strong> Verlet:<br />

ri (t + δt) = 2ri (t) − ri (t − δt) + 1<br />

m δt 2 Fi (t) + O δt 4<br />

vi (t) = 1 <br />

ri (t + δt) − ri (t − δt)<br />

2δt<br />

+ O δt 2<br />

(5.6a)<br />

(5.6b)<br />

A velocida<strong>de</strong> v = ˙r não é necessária <strong>para</strong> computar a trajetória, porém ela entra no cálculo<br />

da energia. Perceba que o erro na posição é menor do que o da velocida<strong>de</strong> e que seu cálculo<br />

encontra-se sempre <strong>um</strong> passo na frente. Em nosso trabalho não utilizamos o algoritmo<br />

original <strong>de</strong> Verlet mas <strong>um</strong>a modificação <strong>de</strong>nominada Velocity Verlet <strong>de</strong> 1982. Embora sua<br />

aplicação seja <strong>um</strong> pouco mais complexa, pois envolve <strong>um</strong> passo a mais, o Velocity Verlet<br />

possui a vantagem <strong>de</strong> sincronizar a evolução da posição e da velocida<strong>de</strong> e diminuir erros <strong>de</strong><br />

arredondamentos. Sua estrutura é:<br />

ri (t + δt) = ri (t) + δtvi (t) + 1<br />

2m δt 2 Fi (t)<br />

vi (t + δt) = vi (t + δt/2) + 1<br />

2m δtFi (t + δt)<br />

sendo a velocida<strong>de</strong> no passo intermediário calculada através <strong>de</strong>:<br />

vi (t + δt/2) = vi (t) + 1<br />

2m δtFi (t)<br />

(5.7)<br />

Embora não seja <strong>um</strong> resultado imediato, o par <strong>de</strong> equações (5.7) que <strong>de</strong>fine o algoritmo<br />

Velocity Verlet, é equivalente à equação (5.6a) que fornece a trajetória no algoritmo <strong>de</strong><br />

Verlet original (ver [50] ). Discussão sobre os motivos que tornam os algoritmos <strong>de</strong> Verlet,<br />

ainda que simples, tão eficientes quanto esquemas <strong>de</strong> integração <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m maior, po<strong>de</strong> ser<br />

encontrada em [37]. No quadro a seguir é apresentado esquematicamente os três passos que<br />

implementam o Velocity Verlet em <strong>um</strong> programa:<br />

==============================================================<br />

Velocity Verlet<br />

==============================================================<br />

Inicialmente temos: r (t), v (t) e F(t) <strong>para</strong> as N partículas.<br />

1 - Calculamos r (t + δt) usando r (t), v (t) e F(t)<br />

Calculamos v (t + δt/2) usando v (t) e F(t)<br />

Agora temos: r (t + δt), v (t + δt/2) e F(t)<br />

2 - Calculamos F(t + δt) usando as distancias r (t + δt)<br />

Agora temos: r (t + δt), v (t + δt/2) e F(t + δt)<br />

3 - Calculamos v (t + δt) usando v (t + δt/2) e F(t + δt)<br />

Temos no final: r (t + δt), v (t + δt) e F(t + δt)<br />

==============================================================


5. Dinâmica Molecular: Teoria 49<br />

5.4.1 Escolha do passo δt<br />

A escolha do tamanho do passo δt <strong>de</strong> integração das equações do movimento é baseada<br />

na conservação da energia total. Cada algoritmo possui suas particularida<strong>de</strong>s no tocante à<br />

conservação da energia no <strong>de</strong>correr da simulação, mas, normalmente, quanto menor o δt ,<br />

melhor serão os resultados, isto é, menores serão as flutuações. Um passo muito gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong><br />

até mesmo resultar n<strong>um</strong> <strong>de</strong>slocamento secular da energia total.<br />

Tratando os átomos do sistema como esferas rígidas com diâmetro igual ao parâmetro<br />

<strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> σ (ver tabela 4.1), po<strong>de</strong>mos estimar o intervalo <strong>de</strong> tempo médio τ entre<br />

colisões sucessivas usando :<br />

τ =<br />

1<br />

√ 2 π d 2 ρ 0 vrms<br />

(5.8)<br />

on<strong>de</strong> d é o diâmetro, ρ 0 é a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> n<strong>um</strong>érica e vrms a velocida<strong>de</strong> quadrática média que,<br />

<strong>para</strong> o caso <strong>de</strong> <strong>um</strong>a distribuição maxwelliana <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s, a saber:<br />

<br />

m<br />

P (v, T) = 4π<br />

2πκBT<br />

3/2<br />

v 2 e −<br />

m v 2<br />

2κBT (5.9)<br />

só <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da temperatura: vrms = 3κBT/m . Se usarmos o parâmetro d e a massa m<br />

referentes ao Ar (dAr = σAr = 3.40 ×10 −10 m e mAr = 6.63 ×10 −26 Kg ), a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

ρ 0 = 1.27×10 28 /m 3 e a temperatura T = 179K , obtemos:<br />

τ ≈ 4.6 × 10 −13 s<br />

Um nível <strong>de</strong> conservação da energia aceitável <strong>para</strong> o Ar sob tais condições é obtido com<br />

passos <strong>de</strong> 10 −14 s, ou seja, <strong>um</strong>a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za menor que a estimativa <strong>para</strong> o tempo<br />

médio entre colisões sucessivas (resultado fisicamente razoável, ver [37] ).<br />

O cálculo que acabamos <strong>de</strong> realizar foi feito em unida<strong>de</strong>s físicas que, conforme discutido<br />

no apêndice E, não são convenientes em simulações computacionais; por isso, trabalharemos<br />

com unida<strong>de</strong>s reduzidas. Por exemplo, <strong>para</strong> o caso do Ar, ρ 0 = 1.27 ×10 28 /m 3 correspon<strong>de</strong><br />

à ρ ∗ 0 = 0.50 em unida<strong>de</strong>s reduzidas e T = 179.7K à T ∗ = 1.50 (ver tabela E.2 <strong>para</strong> <strong>um</strong>a<br />

com<strong>para</strong>ção entre unida<strong>de</strong>s físicas e reduzidas <strong>de</strong> diversas gran<strong>de</strong>zas <strong>para</strong> o Ar e Ne ).<br />

O tamanho do passo utilizado em nossas simulações foi δt ∗ = 0.001 que, continuando<br />

com o exemplo do Ar, correspon<strong>de</strong> à δt = 2.16 × 10 −15 s. Isso significa que <strong>um</strong>a simulação<br />

com <strong>um</strong> milhão <strong>de</strong> passos, duração típica das simulações aqui realizadas, correspon<strong>de</strong> a <strong>um</strong>a<br />

evolução real do sistema da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10 −9 s = 1ns.<br />

Para <strong>um</strong>a <strong>de</strong>dução intuitiva <strong>de</strong>sta expressão ver Nussenzveig [51], Pág. 256, <strong>para</strong> <strong>um</strong>a mais rigorosa, ver<br />

Sone [52], Pág. 551.


50 5.5. Condições <strong>de</strong> contorno periódicas e convenção da imagem mínima<br />

5.5 Condições <strong>de</strong> contorno periódicas e convenção da imagem mí-<br />

nima<br />

Simulações ocorrem em regiões <strong>de</strong>limitadas espacialmente, que possuem forma e tamanho<br />

a<strong>de</strong>quados. Po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar os limites como pare<strong>de</strong>s rígidas contra as quais os átomos<br />

coli<strong>de</strong>m quando r<strong>um</strong>am <strong>para</strong> o exterior. No caso <strong>de</strong> <strong>um</strong> sistema tridimensional homogêneo<br />

com N átomos e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>nte a <strong>um</strong> líquido ou gás, aproximadamente N 2/3<br />

<strong>de</strong>stes átomos estarão em regiões próximas as pare<strong>de</strong>s. Em sistemas macroscópicos isso<br />

implica que apenas <strong>um</strong>a pequena fração dos átomos sofrerá os efeitos das bordas, prevale-<br />

cendo então as proprieda<strong>de</strong>s referentes ao interior do sistema (proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> bulk ). Com<br />

efeito, <strong>para</strong> N da or<strong>de</strong>m do número <strong>de</strong> Avogadro apenas 1 a cada 10 8 átomos estará em<br />

regiões próximas às pare<strong>de</strong>s. Já o mesmo não ocorre <strong>para</strong> valores N típicos utilizados em<br />

simulações MD, que são da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10 2 e 10 3 átomos, N = 108 <strong>para</strong> o nosso caso par-<br />

ticular. Para estes valores, 50 % ou mais dos átomos encontram-se em regiões cujos efeitos<br />

das bordas são relevantes. A menos que o interesse seja estudar a influência das pare<strong>de</strong>s<br />

rígidas sobre o sistema, <strong>um</strong>a maneira <strong>de</strong> suplantá-las <strong>de</strong>ve ser buscada.<br />

Figura 5.1: Condições <strong>de</strong> contorno periódicas <strong>para</strong> <strong>um</strong> sistema em duas dimensões. Sempre que<br />

<strong>um</strong>a partícula sai (ou entra) da célula central, <strong>um</strong>a <strong>de</strong> suas imagens periódicas entra<br />

(ou sai) pelo lado oposto. Em duas dimensões, a caixa central é circundada por<br />

oito caixas idênticas; <strong>para</strong> <strong>um</strong> sistema tridimensional, teríamos 26 caixas cúbicas em<br />

contato com a célula central. Retirado <strong>de</strong> Allen & Til<strong>de</strong>sley [47].<br />

Para eliminar os efeitos da superfície e obter resultados mais próximos possíveis dos<br />

esperados <strong>para</strong> sistemas macroscópicos, são usadas condições <strong>de</strong> contorno periódicas, que<br />

limitam espacialmente o sistema, porém <strong>de</strong>ixando-o livre <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s rígidas. Inicialmente N<br />

átomos encontram-se n<strong>um</strong>a região com forma e tamanho particular. A caixa cúbica tem


5. Dinâmica Molecular: Teoria 51<br />

Figura 5.2: Ilustração da convenção da imagem mínima <strong>para</strong> <strong>um</strong> sistema bidimensional. A célula<br />

central possui cinco moléculas. A caixa tracejada, com a mesma forma e tamanho da<br />

caixa central, construída em torno da molécula 1, também possui cinco moléculas. A<br />

partícula 1 não interagirá com a partícula 5, mas sim com sua imagem mais próxima<br />

presente na célula C. O círculo tracejado representa o raio <strong>de</strong> corte. Retirado <strong>de</strong><br />

Allen & Til<strong>de</strong>sley [47].<br />

sido a escolha quase exclusiva em simulações computacionais, principalmente <strong>de</strong>vido à sua<br />

simplicida<strong>de</strong> geométrica. Condições <strong>de</strong> contorno periódicas são obtidas replicando-se a caixa<br />

inicial por todos os lados como mostrado na figura 5.1 <strong>para</strong> duas dimensões. Obtém-se<br />

assim <strong>um</strong> sistema <strong>de</strong> células idênticas que, a princípio, preenchem todo o espaço. Cada <strong>um</strong><br />

dos N átomos na célula central terá sua respectiva imagem nas células adjacentes, possuindo<br />

a mesma velocida<strong>de</strong> e a mesma posição relativa aos outros átomos. Desta forma, sempre<br />

que <strong>um</strong>a <strong>de</strong>terminada partícula sai (ou entra) da caixa central, <strong>um</strong>a <strong>de</strong> suas imagens entra<br />

(ou sai) pelo lado oposto, permanecendo fixo, portanto, o número N <strong>de</strong> átomos na região<br />

<strong>de</strong>limitada <strong>de</strong> interesse e, por conseguinte, também a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>.<br />

Quando aplicamos condições <strong>de</strong> contorno periódicas, cada átomo da célula central in-<br />

teragirá com todos os outros, isto é, com os N − 1 átomos que compartilham a mesma<br />

célula e com as imagens periódicas, incluindo a do próprio átomo, presentes nas infinitas<br />

réplicas da caixa central. Se o objetivo for calcular a energia potencial total <strong>para</strong> <strong>um</strong> sistema<br />

cujo potencial seja aditivo aos pares (Eq. (3.33)), condições <strong>de</strong> contorno periódicas implica-<br />

riam n<strong>um</strong>a soma infinita <strong>de</strong> termos. Esta inconveniência do método, na prática, acaba não<br />

existindo, pois freqüentemente lidamos com potenciais <strong>de</strong> curto alcance, possibilitando que<br />

a interação seja truncada quando a se<strong>para</strong>ção intermolecular ultrapassa <strong>um</strong>a <strong>de</strong>terminada<br />

distância <strong>de</strong> corte rc . Potencial <strong>de</strong> curto alcance, neste contexto, significa que a energia<br />

potencial total <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>de</strong>terminado átomo na posição ri é dominada pelas contribuições das


52 5.5. Condições <strong>de</strong> contorno periódicas e convenção da imagem mínima<br />

interações apenas dos átomos vizinhos que se encontram <strong>de</strong>ntro do raio <strong>de</strong> corte rc . O erro<br />

introduzido ao truncarmos a interação po<strong>de</strong> ser feito arbitrariamente pequeno com a escolha<br />

<strong>de</strong> rc suficientemente gran<strong>de</strong> [50] . No entanto, <strong>para</strong> mantermos a consistência com <strong>um</strong> outro<br />

importante ingrediente da simulação que é a convenção da imagem mínima ou do vizinho<br />

mais próximo, a distância <strong>de</strong> corte não <strong>de</strong>ve ultrapassar a meta<strong>de</strong> do lado L da caixa cúbica<br />

central, ou seja, rc ≤ L/2. A convenção da imagem mínima é ilustrada na figura 5.2. Ela<br />

consiste em consi<strong>de</strong>rar que <strong>um</strong>a <strong>de</strong>terminada partícula i da célula central interagirá sempre<br />

com a imagem mais próxima <strong>de</strong> qualquer outra partícula j ou com a própria partícula j<br />

pertencente à mesma célula. O efeito da convenção da imagem mínima é colocar qualquer<br />

partícula do sistema no centro <strong>de</strong> <strong>um</strong>a região com a mesma forma e tamanho da região<br />

<strong>de</strong> simulação original. Condições <strong>de</strong> contorno periódicas e a convenção da imagem mínima<br />

atuam em conjunto <strong>para</strong> fornecer ao sistema as proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interior <strong>de</strong> sistemas com<br />

gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> partículas.<br />

No quadro a seguir é ilustrado os passos <strong>para</strong> se implementar as condições <strong>de</strong> contorno<br />

periódicas, convenção da imagem mínima e a distância <strong>de</strong> corte em <strong>um</strong> programa (supondo<br />

<strong>um</strong>a caixa cúbica <strong>de</strong> lado L):<br />

==============================================================<br />

Condiç~oes <strong>de</strong> contorno periódicas:<br />

==============================================================<br />

Se xi > L/2, faça: xi = xi − L<br />

Se xi < −L/2, faça: xi = xi + L<br />

O mesmo <strong>para</strong> yi e zi com i varrendo as N partículas.<br />

==============================================================<br />

Convenç~ao da imagem mínima:<br />

==============================================================<br />

Se xij > L/2, faça: xij = xij − L<br />

Se xij < −L/2, faça: xij = xij + L<br />

O mesmo <strong>para</strong> yij e zij com i e j varrendo os N(N − 1)/2 pares<br />

distintos <strong>de</strong> partículas.<br />

==============================================================<br />

Raio <strong>de</strong> corte:<br />

==============================================================<br />

<br />

Se rij = x2 ij + y2 ij + z2 ij > rc, faça: Φ(rij) = 0<br />

==============================================================<br />

Conforme discutido no capítulo 4, a interação entre as N partículas do nosso sistema<br />

será regida pelo potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> <strong>de</strong>slocado, <strong>de</strong>slocado na força e truncado (ver<br />

Eq. (4.3)). Usaremos como raio <strong>de</strong> corte o valor rc = 2.5σ que, em unida<strong>de</strong>s reduzidas,<br />

correspon<strong>de</strong> a r ∗ c = rc/σ = 2.5. Nas seções subseqüentes, trabalharemos diretamente com<br />

unida<strong>de</strong>s reduzidas, sem, no entanto, manter explicitamente o asterisco “*”. Reforçamos<br />

que o apêndice E é <strong>de</strong>dicado à conversão entre unida<strong>de</strong>s físicas e reduzidas das gran<strong>de</strong>zas<br />

aqui presentes.


5. Dinâmica Molecular: Teoria 53<br />

5.6 Estrutura do programa<br />

Definido o método <strong>de</strong> simulação (Dinâmica Molecular), o ensemble (microcanônico), o al-<br />

goritmo <strong>de</strong> integração (Velocity Verlet), a forma da interação (potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong><br />

Shifted-Force ), e alg<strong>um</strong>as importantes técnicas subsidiárias (condições <strong>de</strong> contorno periódicas,<br />

convenção da mínima imagem e raio <strong>de</strong> corte) estamos aptos a iniciar os experimentos<br />

n<strong>um</strong>éricos. A estrutura do programa consistiu <strong>de</strong> três etapas principais:<br />

• Ajuste das condições iniciais.<br />

• Fase <strong>de</strong> equilibração.<br />

• Fase das medições<br />

5.6.1 Condições iniciais: posição, velocida<strong>de</strong> e temperatura<br />

Inicialmente os N = 108 átomos foram dispostos em pontos que formam <strong>um</strong>a estrutura <strong>de</strong><br />

re<strong>de</strong> FCC. A região <strong>de</strong> simulação escolhida foi <strong>um</strong>a caixa cúbica <strong>de</strong> lado L, vol<strong>um</strong>e V = L 3 .<br />

Variando o tamanho da caixa, mantendo N fixo, realizamos simulações <strong>para</strong> 14 valores<br />

distintos <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> compreendidos no intervalo ρ 0 = [0.01, 0.50]. A tabela 5.1 apresenta<br />

a relação entre o lado L da caixa e a respectiva <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>para</strong> alguns <strong>de</strong>stes valores e a<br />

figura 5.3 apresenta a disposição inicial das partículas <strong>para</strong> a situação <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> – a<br />

menor caixa.<br />

Tabela 5.1: Relação entre o lado L da caixa cúbica e a respectiva <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>para</strong> <strong>um</strong> número N<br />

fixo <strong>de</strong> partículas.<br />

L ρ 0<br />

22.104 0.01<br />

17.544 0.02<br />

15.326 0.03<br />

· · · · · ·<br />

6.463 0.40<br />

6.000 0.50<br />

Após o posicionamento inicial, <strong>um</strong> sorteio aleatório <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s foi realizado. A cada<br />

átomo foi atribuída <strong>um</strong>a velocida<strong>de</strong> inicial aleatória uniformemente distribuída no inter-<br />

valo [−1.0, 1.0]. A etapa seguinte foi fazer a velocida<strong>de</strong> do centro <strong>de</strong> massa igual zero,<br />

evitando assim que o sistema como <strong>um</strong> todo se mova:<br />

N<br />

vi = 0<br />

i=1<br />

Este resultado foi obtido reescalando-se a velocida<strong>de</strong> das N partículas <strong>de</strong> acordo com a


54 5.6. Estrutura do programa<br />

Figura 5.3: Posição inicial dos átomos em nossas simulações. A figuras mostram os N = 108<br />

átomos dispostos em pontos que formam <strong>um</strong>a re<strong>de</strong> FCC. O lado da caixa é L = 6.00<br />

que correspon<strong>de</strong> a ρ 0 = N/L 3 = 0.50, a maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> estudada, isto é, a menor<br />

caixa.<br />

equação a seguir:<br />

vi −→ vi − 1<br />

N<br />

N<br />

vi , i = 1, . . . , N<br />

i= 1<br />

O momento linear total <strong>para</strong> <strong>um</strong> sistema isolado é <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong>za conservada e, por isso, foi<br />

possível escolhermos a velocida<strong>de</strong> do centro <strong>de</strong> massa igual a zero. Fica garantido também<br />

que, <strong>um</strong>a vez sendo zero esta velocida<strong>de</strong>, este valor se manterá por toda a evolução sub-<br />

seqüente do sistema (ver Fig. 5.12 no final do capítulo).<br />

Atribuindo velocida<strong>de</strong> aos átomos, nosso sistema passa a ter <strong>um</strong>a temperatura ins-<br />

tantânea. Ao incluirmos os três vínculos associados à conservação do momento linear total,<br />

a temperatura instantânea será dada por:<br />

T (t) =<br />

1<br />

3(N − 1)<br />

N<br />

i =1<br />

v 2<br />

i (t) (5.10)<br />

Este último resultado é obtido a partir da equação (5.4) escrita em unida<strong>de</strong>s reduzidas.<br />

Embora, como discutido no apêndice E, a conversão entre unida<strong>de</strong>s físicas e reduzidas envolva<br />

expressões possuindo combinações entre os parâmetros dimensionais do sistema <strong>de</strong> variadas<br />

formas, po<strong>de</strong>mos, <strong>para</strong> todos os efeitos práticos, consi<strong>de</strong>rar estes parâmetros como iguais<br />

a <strong>um</strong>. Para o caso particular da passagem da equação (5.4) <strong>para</strong> a (5.10), bastaríamos<br />

tomar m = 1 e κB = 1.


5. Dinâmica Molecular: Teoria 55<br />

Com o propósito <strong>de</strong> modificar a temperatura <strong>para</strong> <strong>um</strong> valor controlado <strong>de</strong> referência,<br />

Tref. = 1.50 no caso, reescalamos as velocida<strong>de</strong>s novamente por <strong>um</strong> fator βT :<br />

on<strong>de</strong>:<br />

vi −→ βT vi , i = 1, . . ., N (5.11)<br />

βT =<br />

<br />

Tref.<br />

T (t) =<br />

<br />

3(N − 1)Tref.<br />

N 2<br />

i=1 vi (t)<br />

Agora nosso sistema possui velocida<strong>de</strong> do centro <strong>de</strong> massa nula e temperatura instantânea<br />

igual a Tref. . Nosso interesse será estudar o sistema com temperatura próxima a T = 1.50,<br />

<strong>para</strong> tanto, a operação acima <strong>de</strong> colocar o sistema n<strong>um</strong>a temperatura instantânea <strong>de</strong> re-<br />

ferência, será feita mais vezes no <strong>de</strong>correr da fase <strong>de</strong> equilibração.<br />

5.6.2 Fase <strong>de</strong> equilibração<br />

Entramos agora no período <strong>de</strong>stinado a equilibrar o sistema. A fase <strong>de</strong> equilibração consistiu<br />

em <strong>de</strong>ixar o sistema evoluir durante 500 000 passos com a velocida<strong>de</strong> das partículas ajustada<br />

<strong>de</strong> acordo com a equação (5.11) a cada passo. Os gráficos da figura 5.4 apresentam o compor-<br />

tamento da energia cinética, energia potencial e energia total (por partícula) <strong>para</strong> três valores<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> durante esta fase. Não existe <strong>um</strong> critério rigoroso que <strong>de</strong>fina a duração i<strong>de</strong>al<br />

<strong>para</strong> a fase <strong>de</strong> equilibração. Por tratar-se <strong>de</strong> <strong>um</strong> período <strong>de</strong> simulação cujos resultados não<br />

serão utilizados nos cálculos das médias termodinâmicas, po<strong>de</strong>mos, por exemplo, a<strong>um</strong>entar a<br />

temperatura instantânea além do valor <strong>de</strong> interesse, reescalando as velocida<strong>de</strong>s das partículas<br />

através da equação (5.11), com o objetivo <strong>de</strong> levar o sistema mais rapidamente ao equilíbrio,<br />

e <strong>de</strong>pois retornar <strong>para</strong> a temperatura <strong>de</strong> referência original. Uma segunda possibilida<strong>de</strong> é<br />

atribuir aos átomos <strong>um</strong>a velocida<strong>de</strong> inicial aleatória sorteada a partir <strong>de</strong> <strong>um</strong>a distribuição<br />

gaussiana e não uniforme como discutimos na seção anterior. Desta forma, iniciaríamos a<br />

simulação com o sistema já exibindo, no que tange à distribuição <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s, <strong>um</strong>a pro-<br />

prieda<strong>de</strong> do equilíbrio e po<strong>de</strong>ríamos diminuir o intervalo <strong>de</strong> equilibração. No entanto, não<br />

po<strong>de</strong>mos nos esquecer que, mesmo a partir <strong>de</strong> <strong>um</strong>a distribuição gaussiana <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s, é<br />

necessário esperar o sistema liquefazer (melting) <strong>um</strong>a vez que o posicionamento inicial dos<br />

átomos é <strong>um</strong>a estrutura <strong>de</strong> re<strong>de</strong> FCC. Para <strong>um</strong>a discussão mais <strong>de</strong>talhada a respeito do<br />

período <strong>de</strong> equilibração e sugestões <strong>de</strong> variáveis que po<strong>de</strong>m ser utilizadas como variáveis <strong>de</strong><br />

controle durante esta fase, ver seção 5.7.3, pág. 171, <strong>de</strong> Allen & Til<strong>de</strong>sley [47]. Um trabalho<br />

recente realizado com <strong>um</strong> sistema interagindo com <strong>um</strong> potencial do tipo <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong>,<br />

foi o <strong>de</strong> Romero-Bastida & Braun [27]. Nos seus estudos, também utilizando N = 108<br />

partículas e temperatura <strong>de</strong> referência T = 1.50, os autores, a partir <strong>de</strong> <strong>um</strong>a distribuição<br />

gaussiana <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>ixaram o sistema equilibrar por 100 000 passos.


56 5.6. Estrutura do programa<br />

2<br />

1<br />

0<br />

−1<br />

−2<br />

2<br />

1<br />

0<br />

−1<br />

−2<br />

2<br />

1<br />

0<br />

−1<br />

−2<br />

U<br />

4.2x10 5<br />

K<br />

K + U<br />

U<br />

4.2x10 5<br />

K<br />

K + U<br />

U<br />

4.2x10 5<br />

4.4x10 5<br />

4.4x10 5<br />

4.4x10 5<br />

4.6x10 5<br />

4.6x10 5<br />

4.6x10 5<br />

Fase <strong>de</strong> Equilibração<br />

4.8x10 5<br />

t (passos)<br />

Fase <strong>de</strong> Equilibração<br />

4.8x10 5<br />

t (passos)<br />

Fase <strong>de</strong> Equilibração<br />

4.8x10 5<br />

t (passos)<br />

5.0x10 5<br />

5.0x10 5<br />

5.0x10 5<br />

Fase das Medições<br />

5.2x10 5<br />

Fase das Medições<br />

5.2x10 5<br />

Fase das Medições<br />

5.2x10 5<br />

ρ 0 = 0.01<br />

5.4x10 5<br />

ρ 0 = 0.05<br />

5.4x10 5<br />

ρ 0 = 0.50<br />

5.4x10 5<br />

Figura 5.4: Comportamento da energia durante as fases <strong>de</strong> equilibração e medições <strong>para</strong> três<br />

valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Os gráficos mostram a energia cinética K , energia potencial U<br />

e a energia total por partícula, isto é, dividido por N = 108. A fase <strong>de</strong> equilibração<br />

consistiu <strong>de</strong> 500 000 passos, sendo a velocida<strong>de</strong> ajustada a cada passo <strong>de</strong> acordo<br />

com a equação (5.11). O ajuste da velocida<strong>de</strong> tem efeito sobre a energia cinética,<br />

que permanece fixa durante este período e começa a flutuar quando o sistema entra<br />

na fase das medições; o inverso ocorrendo com a energia total. Ver figura 5.9 mais<br />

a frente on<strong>de</strong> é apresentado a continuação temporal <strong>de</strong>stes três gráficos.


5. Dinâmica Molecular: Teoria 57<br />

5.6.3 Fase das medições<br />

Após a equilibração, o sistema passa a exibir as proprieda<strong>de</strong>s termodinâmicas do equilíbrio.<br />

Entramos, então, no período <strong>de</strong> produção, ou seja, a fase das medições. Nesta fase, <strong>de</strong>ixamos<br />

o sistema evoluir livremente, sem ajustar a temperatura, por mais <strong>um</strong> milhão <strong>de</strong> passos,<br />

excetuando as duas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s mais baixas, cuja fase das medições consistiu <strong>de</strong> três milhões<br />

<strong>de</strong> passos.<br />

As medições necessárias <strong>para</strong> o cálculo das médias temporais foram realizadas a cada 200<br />

passos. Para as duas menores <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s, a fase das medições teve <strong>um</strong>a duração <strong>de</strong> três<br />

milhões <strong>de</strong> passos, perfazendo <strong>um</strong> total <strong>de</strong> 15 000 medições. Para as <strong>de</strong>mais 12 <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s,<br />

este número foi 5 000 medições. Estas informações foram utilizadas na construção dos<br />

diversos gráficos apresentados a seguir.<br />

Nas figuras 5.5 e 5.6 são apresentadas, respectivamente, a trajetória <strong>de</strong> <strong>um</strong>a única<br />

partícula e o estado final do sistema após o encerramento da fase das medições <strong>para</strong> a<br />

maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> estudada (ρ 0 = 0.50). Na figura 5.7 é a apresentado o perfil da tempera-<br />

tura instantânea ao longo do tempo (ver Eq. (5.10)) <strong>para</strong> três valores típicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>.<br />

O valor da temperatura média <strong>para</strong> todas as 14 <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s analisadas será apresentado no<br />

próximo capítulo.<br />

Indícios do correto funcionamento do programa po<strong>de</strong>m ser obtidos medindo-se a veloci-<br />

da<strong>de</strong> das partículas. No equilíbrio, é esperado que o sistema exiba <strong>um</strong>a distribuição maxwel-<br />

liana <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s (ver Eq. (5.9)). Os gráficos da figura 5.8 apresentam os histogramas das<br />

velocida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> três valores típicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e também as distribuições <strong>de</strong> Maxwell <strong>de</strong><br />

velocida<strong>de</strong>s traçadas com as respectivas temperaturas médias. Como po<strong>de</strong>mos observar, o<br />

sistema, a partir <strong>de</strong> <strong>um</strong>a distribuição inicial uniforme <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s, alcançou a distribuição<br />

<strong>de</strong> equilíbrio esperada. Ver também a figura 5.12 no final do capítulo on<strong>de</strong> é confrontada a<br />

distribuição inicial <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s com a distribuição final.<br />

Na figura 5.9 é mostrada a continuação temporal dos gráficos apresentados na figura 5.4<br />

contendo o perfil da energia cinética, energia potencial e energia total, por partícula, <strong>para</strong> três<br />

valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Ao entrar na fase das medições, o ajuste da temperatura é interrompido<br />

e o sistema passa a evoluir com energia total constante (a menos <strong>de</strong> erros n<strong>um</strong>éricos). Como<br />

po<strong>de</strong>mos observar, a energia total permanece sem <strong>de</strong>slocamento secular, <strong>um</strong> outro indício<br />

do correto funcionamento do programa, como discutimos na seção 5.4.1. Na figura 5.10<br />

é apresentada a ampliação da energia total até a escala on<strong>de</strong> as flutuações passam a ser<br />

exibidas.<br />

Na figura 5.11 é apresentada a função <strong>de</strong> distribuição radial, que <strong>de</strong>notaremos por g2 (r),<br />

<strong>para</strong> três valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Superposto aos pontos obtidos com a simulação, encontra-se<br />

a aproximação analítica <strong>para</strong> baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s da função g2 (r) traçada com a respec-<br />

tiva temperatura média. Esta aproximação será empregada no próximo capítulo no cálculo<br />

analítico das médias termodinâmicas dos parâmetros do Método Estocástico. Sugestão <strong>de</strong><br />

algoritmo <strong>para</strong> a construção da função <strong>de</strong> distribuição radial po<strong>de</strong> ser encontrado no livro


58 5.6. Estrutura do programa<br />

<strong>de</strong> Allen & Til<strong>de</strong>sley [47] ou no livro <strong>de</strong> Frenkel & Smit [50]. Para <strong>um</strong>a abordagem teórica<br />

sobre o tema, ver o livro <strong>de</strong> Boon & Yip [53], o <strong>de</strong> Hansen & McDonald [37] entre outros.<br />

Ver mais <strong>de</strong>talhes a respeito da função <strong>de</strong> distribuição radial e sobre a aproximação <strong>para</strong><br />

baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s no apêndice D.<br />

Figura 5.5: Trajetória típica <strong>de</strong> <strong>um</strong>a única partícula durante a fase das medições<br />

<strong>para</strong> ρ 0 = 0.50, a maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> estudada. As figuras mostram a evolução<br />

da posição da partícula durante 60 000 passos. Os dados foram tomados a cada 10<br />

passos. Po<strong>de</strong>mos observar o efeito das condições <strong>de</strong> contorno periódicas.<br />

Figura 5.6: Posição final das N partículas. O gráfico apresenta <strong>um</strong>a “fotografia” do sistema<br />

ao final da fase das medições <strong>para</strong> a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ρ 0 = 0.50.


5. Dinâmica Molecular: Teoria 59<br />

1.6<br />

1.5<br />

1.4<br />

1.6<br />

1.5<br />

1.4<br />

1.6<br />

1.5<br />

1.4<br />

T (t)<br />

T = <br />

6.0x10 5<br />

T (t)<br />

T = <br />

6.0x10 5<br />

T (t)<br />

T = <br />

6.0x10 5<br />

8.0x10 5<br />

8.0x10 5<br />

8.0x10 5<br />

1.0x10 6<br />

1.0x10 6<br />

1.0x10 6<br />

1.2x10 6<br />

1.2x10 6<br />

1.2x10 6<br />

ρ 0 = 0.01<br />

1.4x10 6<br />

ρ 0 = 0.05<br />

1.4x10 6<br />

ρ 0 = 0.50<br />

1.4x10 6<br />

t (passos)<br />

t (passos)<br />

t (passos)<br />

Figura 5.7: Temperatura contra o tempo, obtida através da equação (5.10), durante a fase das<br />

medições <strong>para</strong> três valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. A linha tracejada correspon<strong>de</strong> à temperatura<br />

média calculada com medições realizadas a cada 200 passos. Para a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

mais baixa, ρ 0 = 0.01, cuja fase das medições teve <strong>um</strong>a duração maior, é mostrado<br />

apenas os primeiros 10 6 passos. A temperatura média <strong>para</strong> todas as 14 <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s<br />

estudadas é apresentada no próximo capítulo.


60 5.6. Estrutura do programa<br />

0.5<br />

0.4<br />

0.3<br />

0.2<br />

0.1<br />

0<br />

0.5<br />

0.4<br />

0.3<br />

0.2<br />

0.1<br />

0<br />

0.5<br />

0.4<br />

0.3<br />

0.2<br />

0.1<br />

0<br />

P(v, T) = 4 π (2 π T) −3/2 v 2 e −v2 / 2T<br />

ρ 0 = 0.01<br />

0 1 2 3 4 5 6<br />

P(v, T) = 4 π (2 π T) −3/2 v 2 e −v2 / 2T<br />

ρ 0 = 0.05<br />

0 1 2 3 4 5 6<br />

P(v, T) = 4 π (2 π T) −3/2 v 2 e −v2 / 2T<br />

ρ 0 = 0.50<br />

0 1 2 3 4 5 6<br />

Figura 5.8: Histograma da velocida<strong>de</strong> <strong>para</strong> três <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s distintas. As curvas correspon<strong>de</strong>m à<br />

distribuição <strong>de</strong> Maxweell <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s com as respectivas temperaturas médias.<br />

v<br />

v<br />

v


5. Dinâmica Molecular: Teoria 61<br />

2<br />

1<br />

0<br />

−1<br />

−2<br />

2<br />

1<br />

0<br />

−1<br />

−2<br />

2<br />

1<br />

0<br />

−1<br />

−2<br />

5.0x10 5<br />

5.0x10 5<br />

5.0x10 5<br />

Fase das Medições<br />

6.0x10 5<br />

Fase das Medições<br />

6.0x10 5<br />

Fase das Medições<br />

6.0x10 5<br />

U<br />

7.0x10 5<br />

K<br />

K + U<br />

U<br />

7.0x10 5<br />

K<br />

K + U<br />

U<br />

7.0x10 5<br />

8.0x10 5<br />

t (passos)<br />

8.0x10 5<br />

t (passos)<br />

8.0x10 5<br />

t (passos)<br />

9.0x10 5<br />

9.0x10 5<br />

9.0x10 5<br />

1.0x10 6<br />

1.0x10 6<br />

1.0x10 6<br />

ρ 0 = 0.01<br />

1.1x10 6<br />

ρ 0 = 0.05<br />

1.1x10 6<br />

ρ 0 = 0.50<br />

1.1x10 6<br />

Figura 5.9: Continuação temporal dos gráficos mostrados na figura 5.4. Ao entrar na fase<br />

das medições, o ajuste da temperatura é interrompido e o sistema passa a evoluir<br />

livremente. A energia total (por partícula) E = K + U permanece praticamente<br />

constante (a menos <strong>de</strong> erros n<strong>um</strong>éricos) durante este período. Os gráficos mostrados<br />

na figura 5.10 apresentam <strong>um</strong>a ampliação da energia total.


62 5.6. Estrutura do programa<br />

2.17228<br />

2.17226<br />

2.17224<br />

2.17222<br />

2.17220<br />

1.96690<br />

1.96688<br />

1.96686<br />

1.96684<br />

1.96682<br />

1.96680<br />

−0.23945<br />

−0.23950<br />

−0.23955<br />

−0.23960<br />

−0.23965<br />

−0.23970<br />

−0.23975<br />

K + U<br />

K + U<br />

K + U<br />

6.0x10 5<br />

6.0x10 5<br />

6.0x10 5<br />

8.0x10 5<br />

8.0x10 5<br />

8.0x10 5<br />

1.0x10 6<br />

t (passos)<br />

1.0x10 6<br />

t (passos)<br />

1.0x10 6<br />

t (passos)<br />

1.2x10 6<br />

1.2x10 6<br />

1.2x10 6<br />

ρ 0 = 0.01<br />

1.4x10 6<br />

ρ 0 = 0.05<br />

1.4x10 6<br />

ρ 0 = 0.50<br />

1.4x10 6<br />

Figura 5.10: Energia total por partícula durante a fase das medições. Os gráficos apresentam<br />

<strong>um</strong>a super ampliação da energia total mostrando sua flutuação. Flutuação relativa<br />

variando entre ∆E/E ∼ 10 −5 <strong>para</strong> a menor <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> estudada (ρ 0 = 0.01),<br />

até ∼ 10 −3 , <strong>para</strong> a maior (ρ 0 = 0.50).


5. Dinâmica Molecular: Teoria 63<br />

1.5<br />

1.0<br />

0.5<br />

0.0<br />

1.5<br />

1.0<br />

0.5<br />

0.0<br />

1.5<br />

1.0<br />

0.5<br />

0.0<br />

g 2 (r) = e − ΦSF (r) / T<br />

ρ 0 = 0.01 L caixa = 22.104<br />

0.0 1.0 2.0 rc = 2.5 3.0 r<br />

g 2 (r) = e − ΦSF (r) / T<br />

ρ 0 = 0.05 L caixa = 12.927<br />

0.0 1.0 2.0 rc = 2.5 3.0 r<br />

g 2 (r) = e − ΦSF (r) / T<br />

ρ 0 = 0.50 L caixa = 6.00<br />

0.0 1.0 2.0 rc = 2.5 3.0 r<br />

Figura 5.11: Função <strong>de</strong> distribuição radial <strong>para</strong> três <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s típicas estudadas. A curva<br />

contínua correspon<strong>de</strong> à aproximação <strong>para</strong> baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> g2 (r) traçada com<br />

a respectiva temperatura média. Conforme a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> a<strong>um</strong>enta, esta aproximação<br />

torna-se pior, resultado que terá implicações no próximo capítulo. Ver o apêndice D<br />

<strong>para</strong> <strong>um</strong>a discussão sobre a função <strong>de</strong> distribuição radial.


64 5.6. Estrutura do programa<br />

0.5<br />

0.4<br />

0.3<br />

0.2<br />

0.1<br />

0.0<br />

0.3<br />

0.2<br />

0.1<br />

0.0<br />

−1.0 −0.5 0.0 0.5 1.0<br />

v x , v y , v z<br />

ρ 0 = 0.50<br />

v x , v y , v z<br />

−4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4<br />

Figura 5.12: Histogramas com a velocida<strong>de</strong> inicial e final. O gráfico <strong>de</strong> cima apresenta a velocida<strong>de</strong><br />

inicial do sistema: distribuição uniforme no intervalo [−1.0, 1.0]. O sorteio<br />

uniforme foi realizado <strong>para</strong> cada componente vx , vy ,vz das N partículas. O<br />

gráfico mostra as três componentes no mesmo eixo. Conforme fora discutido, após<br />

o sorteio, a velocida<strong>de</strong> do centro <strong>de</strong> massa foi colocada igual a zero. O sistema<br />

então atravessou a fase <strong>de</strong> equilibração e entrou na fase das medições. Foram realizadas<br />

5 000 medições das velocida<strong>de</strong>s durante este período e com esses dados foi<br />

construído o gráfico <strong>de</strong> baixo. Como esperado, obtemos <strong>um</strong>a distribuição maxwelliana<br />

<strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s. A diferença entre o gráfico <strong>de</strong> baixe e aqueles mostrados<br />

anteriormente na figura 5.8 é que aqui construímos o histograma correspon<strong>de</strong>nte<br />

às componentes da velocida<strong>de</strong>, isto é, P (vx, T) = (2πT) −1/2 e −v 2 x /(2T) com expressões<br />

análogas <strong>para</strong> vy e vz , que nos mostra mais claramente que a velocida<strong>de</strong><br />

do centro <strong>de</strong> massa permanece igual a zero. Como no caso da distribuição uniforme,<br />

as três componentes foram adicionadas no mesmo eixo. A curva contínua<br />

foi traçada com temperatura média.


Capítulo 6<br />

Dinâmica Molecular: Aplicação<br />

The only computer experiments worth doing<br />

are those that yield a surprise!<br />

Dima Arnol’d citado em [9] , Pág. 274.<br />

Neste capítulo utilizaremos os resultados obtidos através do programa principal, construído<br />

no capítulo anterior, <strong>para</strong> estudarmos os elementos µ, σ 2<br />

λ<br />

6.1 Informações sobre a simulação<br />

e τ(k)<br />

c do Método Estocástico.<br />

Ao contrário da frase <strong>de</strong> Dima Arnol’d, reproduzida acima, nosso objetivo aqui é, digamos,<br />

bem mais singelo: com<strong>para</strong>r os resultados obtidos através da análise dos dados simulacionais<br />

com os analíticos. Os resultados n<strong>um</strong>éricos são nossos dados experimentais. No capítulo 5,<br />

discutimos como fora a construção do programa principal, capaz <strong>de</strong> fornecer os dados <strong>para</strong><br />

o cálculo dos parâmetros do Método Estocástico µ, σ 2<br />

λ<br />

o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong>.<br />

e τ(k)<br />

c , necessários <strong>para</strong> obtermos<br />

O programa principal foi construído <strong>para</strong> simular, através do método da Dinâmica Mo-<br />

lecular, <strong>um</strong> sistema constituído por N = 108 partículas idênticas e sem estrutura em <strong>um</strong>a<br />

caixa cúbica <strong>de</strong> vol<strong>um</strong>e V , inicialmente dispostas n<strong>um</strong>a estrutura FCC e interagindo com<br />

<strong>um</strong> potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> truncado em rc = 2.5, <strong>de</strong>slocado e <strong>de</strong>slocado na força<br />

(Shifted-Force ). Condições <strong>de</strong> contorno periódicas e a convenção da mínima imagem foram<br />

empregadas; o ensemble utilizado foi o ensemble microcanônico. Cada partícula recebeu <strong>um</strong>a<br />

velocida<strong>de</strong> inicial aleatória uniformemente distribuída no intervalo [−1.0, 1.0]. O sistema<br />

atravessou <strong>um</strong>a fase <strong>de</strong> equilibração <strong>de</strong> 5×10 5 passos na qual a velocida<strong>de</strong> foi reescalada<br />

a cada passo com o objetivo <strong>de</strong> levarmos a temperatura do sistema <strong>para</strong> <strong>um</strong> valor <strong>de</strong> re-<br />

ferência, no caso, T = 1.50. Estudamos <strong>um</strong> total <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s distintas compreendidas<br />

no intervalo ρ 0 = [0.01, 0.50], sendo a variação <strong>de</strong> ρ 0 <strong>de</strong>terminada pela variação do lado L<br />

da caixa, ou seja, N foi sempre mantido fixo.<br />

Após a fase <strong>de</strong> equilibração, <strong>de</strong>ixamos o sistema evoluir livremente. Entramos então na<br />

fase das medições, que teve <strong>um</strong>a duração <strong>de</strong> 1×10 6 passos, com exceção das duas menores<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s, 0.01 e 0.02, cuja fase das medições foi <strong>de</strong> 3×10 6 passos. Durante esta fase,<br />

realizamos medições das posições das N partículas a cada 200 passos, perfazendo <strong>um</strong> total<br />

<strong>de</strong> 15 000 medições <strong>para</strong> as duas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s mais baixas e 5 000 medições <strong>para</strong> as outras 12<br />

maiores. A velocida<strong>de</strong> e a energia também foram medidas (ver Fig. 5.8 e 5.9), utilizamos<br />

65


66 6.2. Equivalência entre ensembles<br />

estas informações no cálculo da temperatura média e <strong>para</strong> atestar o bom funcionamento<br />

do programa principal, contudo, apenas as posições entram no cálculo dos parâmetros µ,<br />

σ 2<br />

λ<br />

e τ(k)<br />

c . Os dados necessários <strong>para</strong> o cálculo da função <strong>de</strong> correlação fc (τ), que é <strong>um</strong>a<br />

gran<strong>de</strong>za dinâmica, foram tomados em intervalos mais curtos, como será discutido em mais<br />

<strong>de</strong>talhes na seção (6.5).<br />

6.2 Equivalência entre ensembles<br />

Como havíamos comentado na seção (5.3), o ensemble microcanônico ou NV E é o ensemble<br />

natural <strong>para</strong> simulações com o método da Dinâmica Molecular. Contudo, nossos cálculos<br />

analíticos, cujos resultados com<strong>para</strong>remos com os valores médios computacionais, serão efe-<br />

tuados no ensemble canônico ou NV T. Seguiremos essa abordagem <strong>de</strong>vido ao consi<strong>de</strong>rável<br />

a<strong>um</strong>ento da complexida<strong>de</strong> envolvida na passagem do ensemble microcanônico <strong>para</strong> o canônico<br />

em simulações MD, com o oposto ocorrendo com os cálculos analíticos. No entanto, no li-<br />

mite termodinâmico, on<strong>de</strong> N, V → ∞, porém N/V = ρ 0 = cte., existe a equivalência entre<br />

os ensembles, significando que o valor médio <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>de</strong>terminado observável A , calculado no<br />

ensemble on<strong>de</strong> N , V e E são constantes, será igual ao valor médio calculado no ensemble<br />

on<strong>de</strong> N, V e T são as quantida<strong>de</strong>s mantidas fixas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que E e T sejam consistentemente<br />

escolhidos <strong>de</strong> forma a termos 〈E〉 NV T = E.<br />

A equivalência entre os valores médios calculados em ensembles distintos, incluindo<br />

métodos <strong>de</strong> transformações entre eles em simulações, é discutido no livro <strong>de</strong> Allen & Til-<br />

<strong>de</strong>sley [47]. O livro <strong>de</strong> Hill [54], oferece <strong>um</strong>a abordagem mais formal sobre o tema e o livro<br />

<strong>de</strong> Salinas [55], apresenta a equivalência entre o ensemble microcanônico e o canônico no li-<br />

mite termodinâmico através do cálculo explícito <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>zas termodinâmicas <strong>para</strong> diversos<br />

sistemas (<strong>para</strong>magneto i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> spin 1/2, sólido <strong>de</strong> Einstein, etc).<br />

Nossas simulações foram realizadas com N = 108 partículas em <strong>um</strong> vol<strong>um</strong>e V fixo <strong>para</strong><br />

cada <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Decerto, N = 108 não é <strong>um</strong> número gran<strong>de</strong> o suficiente <strong>para</strong> acreditarmos<br />

na equivalência entre os ensembles a priori. A postura que adotamos aqui foi a <strong>de</strong> justifi-<br />

cativa a posteriori, isto é, sustentada nos resultados obtidos, que é <strong>um</strong>a atitu<strong>de</strong> usual tanto<br />

em simulações computacionais quanto em Mecânica Estatística teórica. Lembremos também<br />

que condições <strong>de</strong> contorno periódicas e a convenção da mínima imagem foram empregadas,<br />

duas técnicas que visam fornecer proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sistemas macroscópicos a sistemas com<br />

número limitado <strong>de</strong> partículas.<br />

6.3 Resultados <strong>para</strong> µ<br />

Iniciaremos relembrando a <strong>de</strong>finição µ dada em (3.59) da seção (3.9):<br />

µ = 1<br />

3N Tr V <br />

Agora, conforme fora discutido no capítulo 3, vamos escrever o traço envolvendo a matriz<br />

maior V, que possui 3N ×3N elementos, em termos das matrizes menores Vqiqj, com 3×3


6. Dinâmica Molecular: Aplicação 67<br />

elementos, resultando:<br />

µ = 1<br />

3N<br />

N<br />

i =1<br />

Tr Vqiqi<br />

<br />

(6.1)<br />

Neste ponto, po<strong>de</strong>ríamos utilizar a proprieda<strong>de</strong> da média das matrizes menores não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r<br />

da partícula específica sobre qual ela é calculada <strong>para</strong>, <strong>de</strong>sta forma, eliminar a soma em i<br />

na equação anterior. Não faremos isso no momento. Primeiramente obteremos <strong>um</strong>a equação<br />

que será utilizada nos cálculos n<strong>um</strong>éricos, <strong>de</strong>ixando a inclusão <strong>de</strong> resultados que são essen-<br />

cialmente analíticos <strong>para</strong> mais à frente. Este procedimento visa <strong>de</strong>ixar que os resultados<br />

teóricos esperados revelem-se através da própria simulação. Substituindo na equação (6.1)<br />

a expressão <strong>para</strong> a média 〈Vqiqi〉 mostrada em (3.40), obtemos:<br />

µ = 1<br />

3N<br />

N<br />

i =1<br />

N<br />

b =1<br />

b = i<br />

<br />

f (rib) r 2<br />

<br />

ib + 3h(rib)<br />

(6.2)<br />

As funções auxiliares f e h, que envolvem <strong>de</strong>rivadas do potencial, foram <strong>de</strong>finidas em (3.36),<br />

o resultado explícito <strong>para</strong> ambas utilizando-se o potencial Φ sf (r) é mostrado em (4.4).<br />

A equação (6.2) será calculada com os dados n<strong>um</strong>éricos. A média, portanto, é temporal,<br />

efetuada com as medições das posições das N partículas realizadas no <strong>de</strong>correr da simulação,<br />

conforme discutido na seção (6.1).<br />

Para obtermos <strong>um</strong> resultado teórico <strong>para</strong> µ, substituiremos a média temporal utilizada<br />

na simulação por <strong>um</strong>a média canônica efetuada sobre <strong>um</strong> sistema isotrópico constituído <strong>de</strong><br />

partículas idênticas e sem estrutura. As equações a seguir apresentam os passos que, a partir<br />

<strong>de</strong> (6.2), nos levam ao resultado analítico <strong>para</strong> µ:<br />

µ =<br />

=<br />

=<br />

=<br />

=<br />

1<br />

3N<br />

1<br />

3N<br />

1<br />

3N<br />

1<br />

3N<br />

1<br />

3N<br />

= 4π ρ 0<br />

3<br />

N<br />

i =1<br />

N<br />

i =1<br />

N<br />

b =1<br />

b = i<br />

N<br />

<br />

b =1<br />

b = i<br />

N!<br />

(N − 2)!<br />

<br />

<br />

f (rib) r 2<br />

<br />

ib + 3h(rib)<br />

d 3 r1 . . . d 3 rN<br />

<br />

d 3 r1 d 3 r2<br />

rc<br />

4π V<br />

0<br />

rc<br />

dr r 2<br />

0<br />

d 3 r1 . . .d 3 rN<br />

<br />

f (rib) r 2<br />

<br />

ib + 3h(rib) Fq (r1, . . . ,rN)<br />

<br />

f (r12) r 2 <br />

12 + 3h(r12) Fq (r1, . . .,rN)<br />

<br />

f (r12) r 2 <br />

12 + 3h(r12) f2q (r1,r2)<br />

dr12 r 2 12<br />

<br />

f (r12) r 2 2 N<br />

12 + 3h(r12)<br />

V 2 g2 (r12)<br />

<br />

f (r) r 2 <br />

+ 3h(r) g2 (r) (6.3)


68 6.3. Resultados <strong>para</strong> µ<br />

on<strong>de</strong> f2q (r1,r2) é a parte configuracional da função <strong>de</strong> distribuição reduzida <strong>de</strong> dois corpos,<br />

que em termos da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> n<strong>um</strong>érica ρ 0 = N/V e g2 (r) se escreve: f2q (r1,r2) = ρ 2 0 g2 (r12).<br />

Em nossos cálculos analíticos, utilizamos a aproximação <strong>para</strong> baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s da função<br />

<strong>de</strong> distribuição radial, a saber:<br />

g2 (r) ≈ e −<br />

Φ sf (r)<br />

T<br />

que nos auxilia a enxergar que µ é <strong>um</strong>a função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e da temperatura: µ = µ (ρ 0 , T).<br />

Os <strong>de</strong>talhes dos procedimentos empregados <strong>para</strong> chegarmos à equação (6.3), encontram-se<br />

no apêndice D, assim como <strong>um</strong>a breve discussão sobre a aproximação <strong>para</strong> baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s<br />

da função g2 (r).<br />

A Tabela 6.1 e o gráfico mostrado na figura 6.1 apresentam os resultados obtidos com<br />

a equação (6.2) (simulação) e (6.3) (teoria). Como po<strong>de</strong>mos perceber, o acordo entre os<br />

resultados diminui conforme a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> a<strong>um</strong>enta. Esta diferença é <strong>de</strong>vida ao emprego da<br />

aproximação <strong>para</strong> baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s da função g2 (r) que, conforme vimos na figura 5.11<br />

do capítulo anterior, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser <strong>um</strong>a boa aproximação com o a<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> ρ 0 . Os cálculos<br />

analíticos foram feitos, <strong>para</strong> cada <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, com a respectiva temperatura média obtida<br />

durante a simulação.<br />

Figura 6.1: Resultado teórico e simulacional <strong>para</strong> µ. Conforme a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> a<strong>um</strong>enta, o acordo<br />

entre teoria e simulação diminui. Esta diferença ocorre <strong>de</strong>vido ao emprego da<br />

aproximação <strong>para</strong> baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da função <strong>de</strong> distribuição radial nos cálculos<br />

analíticos.


6. Dinâmica Molecular: Aplicação 69<br />

Tabela 6.1: Resultado teórico e simulacional <strong>para</strong> µ . A primeira coluna apresenta as 14 <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s<br />

estudadas. Na segunda, vemos as respectivas temperaturas médias obtidas<br />

durante a simulação. Os cálculos analíticos foram realizados com estes valores <strong>de</strong><br />

temperatura.<br />

6.4 Resultados <strong>para</strong> σ 2<br />

λ<br />

µ<br />

ρ 0 T Simulação Teoria<br />

0.01 1.50 (2.44 ± 0.02)×10 0 2.46×10 0<br />

0.02 1.50 (4.88 ± 0.03)×10 0 4.93×10 0<br />

0.03 1.52 (7.35 ± 0.06)×10 0 7.39×10 0<br />

0.04 1.50 (9.82 ± 0.07)×10 0 9.85×10 0<br />

0.05 1.51 (1.21 ± 0.01)×10 1 1.23×10 1<br />

0.06 1.48 (1.46 ± 0.01)×10 1 1.48×10 1<br />

0.07 1.48 (1.71 ± 0.01)×10 1 1.72×10 1<br />

0.08 1.54 (1.97 ± 0.01)×10 1 1.97×10 1<br />

0.09 1.51 (2.21 ± 0.01)×10 1 2.22×10 1<br />

0.10 1.46 (2.44 ± 0.01)×10 1 2.46×10 1<br />

0.20 1.52 (4.93 ± 0.02)×10 1 4.93×10 1<br />

0.30 1.52 (7.67 ± 0.02)×10 1 7.40×10 1<br />

0.40 1.53 (10.67 ± 0.02)×10 1 9.86×10 1<br />

0.50 1.50 (14.25 ± 0.02)×10 1 12.32×10 1<br />

O procedimento empregado nesta seção será análogo ao que acabamos <strong>de</strong> fazer na seção<br />

anterior <strong>para</strong> o caso <strong>de</strong> µ: buscaremos duas expressões, <strong>um</strong>a que será empregada nas si-<br />

mulações e outra nos cálculos analíticos. A diferença resi<strong>de</strong> na maior complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> σ 2<br />

λ ,<br />

que nos obrigará a lidar com correlações (espaciais) <strong>de</strong> três corpos. Iniciaremos escrevendo<br />

a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> σ 2<br />

λ<br />

σ 2<br />

λ<br />

= 1<br />

3N<br />

conforme a equação (3.59):<br />

Tr <br />

(δV) 2<br />

Substituindo nesta última equação δV = V − 〈V〉, obtemos:<br />

σ 2<br />

λ = 1<br />

3N Tr<br />

<br />

V<br />

2 − V <br />

2<br />

= 1<br />

3N Tr V 2<br />

<br />

Parte 1<br />

Analisaremos cada <strong>um</strong>a das partes <strong>de</strong>stacadas se<strong>para</strong>damente.<br />

− 1<br />

3N Tr V 2<br />

<br />

Parte 2<br />

(6.4)


70 6.4. Resultados <strong>para</strong> σ 2<br />

λ<br />

6.4.1 Parte 1: Tr V 2 / 3N<br />

Escrevendo o traço da matriz maior V em termos das matrizes menores, obtemos <strong>para</strong> a<br />

Parte 1:<br />

1<br />

3N Tr V 2 = 1<br />

3N<br />

= 1<br />

3N<br />

N<br />

i =1<br />

N<br />

i =1<br />

Tr<br />

Tr<br />

⎡<br />

⎣<br />

N <br />

k = 1<br />

⎡<br />

<br />

⎢<br />

⎣<br />

Vqiqk Vqkqi<br />

VqiqiVqiqi<br />

Agora, substituindo o resultado <strong>para</strong> Vqiqk<br />

traço, obtemos:<br />

1<br />

3N Tr V 2 = 1<br />

3N<br />

On<strong>de</strong> <strong>de</strong>finimos:<br />

N<br />

i = 1<br />

⎧<br />

N<br />

⎪⎨ N<br />

a = 1<br />

a = i<br />

⎪⎩<br />

b =1<br />

b = i<br />

b = a<br />

<br />

+<br />

⎤<br />

⎦<br />

N <br />

k = 1<br />

k = i<br />

Vqiqk Vqkqi<br />

⎤<br />

<br />

⎥<br />

⎦<br />

mostrado em (3.35) e efetuando a operação do<br />

<br />

Γ (1)<br />

<br />

3q (ri,ra,rb)<br />

Γ (1)<br />

2q (ri,ra) = f 2 (ria)r 4<br />

ia + 2f (ria)h(ria)r 2<br />

ia + 3h 2 (ria)<br />

+ 2<br />

<br />

Γ (1)<br />

2q (ri,ra)<br />

Γ (1)<br />

3q (ri,ra,rb) = f (ria)f (rib)(ria · rib) 2 + f (ria)h(rib)r 2<br />

ia + h(ria)f (rib)r 2<br />

ib<br />

⎫<br />

⎪⎬<br />

⎪⎭<br />

(6.5)<br />

+ 3h(ria)h(rib)<br />

A equação (6.5) é o resultado simulacional <strong>para</strong> a Parte 1. O resultado teórico é obtido<br />

efetuando <strong>um</strong>a média canônica. Contudo, observando Γ (1)<br />

3q (ri,ra,rb) notamos que é necessário<br />

avaliarmos correlações que envolvem três partículas, fato que torna o procedimento<br />

<strong>para</strong> obter o resultado analítico <strong>um</strong> pouco mais complexo do que os passos mostrados <strong>para</strong><br />

chegarmos na equação (6.3) <strong>para</strong> o caso <strong>de</strong> µ. Aqui, <strong>para</strong> tratarmos das correlações <strong>de</strong> três<br />

corpos, utilizaremos a aproximação da superposição <strong>de</strong> Kirkwood que consiste em escrever a<br />

parte configuracional da função <strong>de</strong> distribuição reduzida <strong>de</strong> três corpos como o produto <strong>de</strong><br />

funções <strong>de</strong> dois corpos (ver [54,56] ), <strong>de</strong> acordo com a equação a seguir:<br />

f3q (r1,r2,r3) = 1<br />

ρ 3 0<br />

f2q (r1,r2)f2q (r1,r3)f2q (r2,r3) = ρ 3<br />

0 g2 (r12)g2 (r13)g2 (|r13 − r12|)<br />

on<strong>de</strong> na igualda<strong>de</strong> mais à direita escrevemos as funções <strong>de</strong> dois corpos em termos da função<br />

<strong>de</strong> distribuição radial. Desta forma, utilizando a aproximação da superposição <strong>de</strong> Kirkwood,<br />

a média analítica <strong>para</strong> a equação (6.5) se escreve:<br />

1<br />

3N Tr V 2 = 1<br />

3 ρ2<br />

<br />

0 d 3 r12 d 3 r13 Γ (1)<br />

3q (r12,r13) g2 (r12) g2 (r13) g2 (|r13 − r12|) +<br />

+ 2 4π ρ 0<br />

3<br />

<br />

dr12 r 2 12 Γ (1)<br />

2q (r12) g2 (r12)<br />

(6.6)


6. Dinâmica Molecular: Aplicação 71<br />

A figura 6.2 apresenta, <strong>para</strong> T = 1.50, o gráfico da Parte 1 e as contribuições em se<strong>para</strong>do do<br />

termo <strong>de</strong> dois e três corpos, mostrando que, <strong>para</strong> o intervalo <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nosso interesse,<br />

a contribuição <strong>de</strong> dois corpos é dominante.<br />

1.2x10 5<br />

9.0x10 4<br />

6.0x10 4<br />

3.0x10 4<br />

0.0<br />

T = 1.50<br />

Parte 1 = Tr / 3N<br />

2 corpos<br />

3 corpos<br />

0 0.1 0.2 0.3 0.4 ρ0 0.5<br />

Figura 6.2: Parte 1 <strong>de</strong> σ 2<br />

λ em função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>para</strong> T = 1.50. É mostrado também as<br />

contribuições do termo <strong>de</strong> dois e três corpos se<strong>para</strong>damente (ver Eq. (6.6)). Como<br />

po<strong>de</strong>mos observar, a contribuição do termo <strong>de</strong> dois corpos, que é o termo envolvendo<br />

<strong>um</strong>a integração sobre Γ (1)<br />

2q na equação (6.6), é dominante no intervalo <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

analisado.<br />

6.4.2 Parte 2: Tr 〈V〉 2 / 3N<br />

Proce<strong>de</strong>ndo como na Parte 1, temos:<br />

1<br />

3N Tr V 2 1<br />

=<br />

3N<br />

= 1<br />

3N<br />

N<br />

i =1<br />

N<br />

i =1<br />

Tr<br />

Tr<br />

⎡<br />

⎣<br />

⎡<br />

N<br />

k = 1<br />

Vqiqk<br />

Vqkqi<br />

⎢<br />

⎣ <br />

Vqiqi<br />

Vqiqi +<br />

⎤<br />

<br />

⎦ =<br />

N<br />

k = 1<br />

k = i<br />

Vqiqk<br />

Vqkqi<br />

Agora, substituindo a expressão <strong>para</strong> a média das matrizes menores, vem:<br />

1<br />

3N TrV 2 1<br />

=<br />

3N<br />

N<br />

i =1<br />

N<br />

a = 1<br />

a = i<br />

⎧<br />

⎪⎨<br />

⎪⎩<br />

N<br />

b =1<br />

b = i<br />

b = a<br />

Γ (2)<br />

3q (ri,ra,rb) + 2Γ (2)<br />

⎤<br />

⎥<br />

⎦<br />

2q (ri,ra)<br />

⎫<br />

⎪⎬<br />

⎪⎭<br />

(6.7)


72 6.4. Resultados <strong>para</strong> σ 2<br />

λ<br />

On<strong>de</strong> <strong>de</strong>finimos:<br />

Γ (2)<br />

2q (ri,rb) = Tr f (ria)r ia r T <br />

2<br />

ia<br />

<br />

+ 2<br />

f (ria)r 2<br />

ia<br />

Γ (2)<br />

3q (ri,ra,rb) = Tr f (ria)ria r T <br />

ia f (rib)rib r T <br />

ib<br />

<br />

+<br />

<br />

h(ria)<br />

f (rib)r 2<br />

ib<br />

<br />

<br />

h(ria)<br />

+<br />

<br />

f (ria)r 2<br />

ia<br />

<br />

+ 3 h(ria) h(rib)<br />

2 + 3 h(ria)<br />

<br />

h(rib) +<br />

(6.8)<br />

Existe <strong>um</strong>a sutileza que <strong>de</strong>vemos consi<strong>de</strong>rar ao calcularmos médias computacionais como<br />

as presentes no par <strong>de</strong> equações (6.8). Olhemos em mais <strong>de</strong>talhe <strong>um</strong>a <strong>de</strong>stas médias. Consi<strong>de</strong>remos,<br />

por exemplo, o último termo <strong>de</strong> Γ (2)<br />

2q (ri,rb) que envolve apenas a função h. Se<br />

no <strong>de</strong>correr da simulação forem realizadas M medições da posição, a média computacional<br />

<strong>de</strong>ste termo em particular <strong>de</strong>ve ser calculado como a seguir:<br />

N<br />

i=1<br />

N <br />

h(ria) 2 =<br />

a =1<br />

a = i<br />

N<br />

i =1<br />

N<br />

<br />

1<br />

M<br />

a =1<br />

a = i<br />

M<br />

h(ria (k))<br />

k =1<br />

2<br />

(6.9)<br />

on<strong>de</strong> mantivemos as somas em i e em a referentes à equação (6.7). Percebemos então<br />

que a média é calculada sobre <strong>um</strong> único par ia <strong>de</strong> partículas por vez, resultado que não<br />

ocorre na Parte 1 discutida mais acima nem em µ. Médias computacionais com esta carac-<br />

terística <strong>de</strong>vem ser efetuadas com <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> medições, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

obter, <strong>para</strong> <strong>um</strong> único par, <strong>um</strong>a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dados estatisticamente significante. Para isso,<br />

<strong>de</strong>ve-se acompanhar a evolução do sistema por <strong>um</strong> período (muito) maior. Para contornar<br />

esta dificulda<strong>de</strong>, utilizaremos <strong>um</strong>a técnica, sugerida em [47], que visa melhorar a acurácia es-<br />

tatística do resultado sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>um</strong>entar o número <strong>de</strong> medições. Modificaremos<br />

a equação (6.9) <strong>de</strong> forma a substituir a média calculada sobre <strong>um</strong> único par <strong>de</strong> partículas por<br />

<strong>um</strong>a média calculada sobre a soma <strong>de</strong> todos os pares com o resultado <strong>de</strong>vidamente dividido<br />

pelo número total <strong>de</strong> pares, como mostrado a seguir:<br />

N<br />

i = 1<br />

N <br />

h(ria) 2 =<br />

a = 1<br />

a = i<br />

−→<br />

1<br />

N(N − 1)<br />

N(N−1) termos<br />

<br />

N N <br />

h(ria) 2 i= 1<br />

N<br />

i =1<br />

a=2<br />

a = i<br />

N<br />

2 h(ria) =<br />

a =2<br />

a = i<br />

1<br />

N(N − 1)<br />

⎧<br />

⎪⎨<br />

⎪⎩<br />

1<br />

M<br />

N<br />

i =1<br />

N<br />

a = 2<br />

a = i<br />

M<br />

k = 1<br />

⎫<br />

⎪⎬<br />

h(ria (k))<br />

⎪⎭<br />

Modificação análoga foi realizada sobre todos os termos da Parte 2 presentes nas equações (6.8)<br />

ao calcularmos as médias computacionais.<br />

O resultado teórico <strong>para</strong> a Parte 2 <strong>de</strong> σ 2<br />

λ<br />

é obtido realizando a média canônica. Po<strong>de</strong>mos<br />

2


6. Dinâmica Molecular: Aplicação 73<br />

aproveitar a equação (3.46), <strong>de</strong>rivada no capítulo 3, <strong>para</strong> escrever:<br />

1<br />

3N Tr V 2 =<br />

N<br />

(N − 1) µ2 ≈<br />

<br />

4π ρ 0<br />

3<br />

rc<br />

dr r 2<br />

0<br />

<br />

f (r) r 2 <br />

2<br />

+ 3h(r) g2 (r)<br />

(6.10)<br />

on<strong>de</strong> <strong>de</strong>sprezamos termos da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1/N e utilizamos o resultado analítico <strong>para</strong> µ mos-<br />

trado em (6.3).<br />

O resultado teórico completo <strong>para</strong> σ 2<br />

λ<br />

é a diferença entre as equações (6.6) e (6.10).<br />

As simulações foram realizadas com a diferença das equações (6.5) e (6.7). Os resultados<br />

estão na figura 6.3 e Tabela 6.2, ver também a figura 6.4. Através das expressões analíticas<br />

<strong>para</strong> σ 2<br />

λ , po<strong>de</strong>mos observar que sua forma funcional possui a seguinte estrutura:<br />

σ 2<br />

λ (ρ 0 , T) = ρ 0 F1 (T) + ρ 2<br />

0 F2 (T) (6.11)<br />

nos mostrando que, <strong>para</strong> baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s, σ 2<br />

λ é aproximadamente linear com ρ 0 .<br />

Figura 6.3: Resultado teórico e simulacional <strong>para</strong> σ 2<br />

λ . A linha cheia foi obtida com a equação<br />

analítica <strong>para</strong> a temperatura fixa T = 1.50. Ver figura 6.4 com a continuação <strong>de</strong>ste<br />

resultado <strong>para</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s maiores.


74 6.4. Resultados <strong>para</strong> σ 2<br />

λ<br />

5.0x10 5<br />

2.5x10 5<br />

0.0<br />

−2.5x10 5<br />

σ 2<br />

λ<br />

Tabela 6.2: Resultado teórico e simulacional <strong>para</strong> σ 2<br />

λ .<br />

σ 2<br />

λ<br />

ρ 0 T Simulação Teoria<br />

0.01 1.50 (2.49 ± 0.04)×10 3 2.48×10 3<br />

0.02 1.50 (4.87 ± 0.06)×10 3 4.97×10 3<br />

0.03 1.52 (7.53 ± 0.14)×10 3 7.52×10 3<br />

0.04 1.50 (9.86 ± 0.15)×10 3 9.89×10 3<br />

0.05 1.51 (1.21 ± 0.02)×10 4 1.24×10 4<br />

0.06 1.48 (1.49 ± 0.02)×10 4 1.47×10 4<br />

0.07 1.48 (1.68 ± 0.02)×10 4 1.70×10 4<br />

0.08 1.54 (2.06 ± 0.02)×10 4 2.02×10 4<br />

0.09 1.51 (2.24 ± 0.02)×10 4 2.23×10 4<br />

0.10 1.46 (2.40 ± 0.02)×10 4 2.40×10 4<br />

0.20 1.52 (5.07 ± 0.04)×10 4 4.92×10 4<br />

0.30 1.52 (7.94 ± 0.05)×10 4 7.33×10 4<br />

0.40 1.53 (11.16 ± 0.05)×10 4 9.70×10 4<br />

0.50 1.50 (14.70 ± 0.06)×10 4 11.75×10 4<br />

T = 1.50<br />

0 0.50 2 4 6 8 ρ0 10<br />

Figura 6.4: Resultado analítico <strong>para</strong> σ 2<br />

λ <strong>para</strong> temperatura fixa T = 1.50. ρ0 = 0.50 é a maior<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>para</strong> a qual obtivemos resultados n<strong>um</strong>éricos. O gráfico nos mostra o efeito<br />

dramático sobre σ 2<br />

λ quando ρ0 aproxima-se <strong>de</strong> 10, indicando que ultrapassamos o<br />

limite <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> da aproximação da superposição <strong>de</strong> Kirkwood e da aproximação<br />

<strong>para</strong> baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s da função <strong>de</strong> distribuição radial.


6. Dinâmica Molecular: Aplicação 75<br />

6.5 Resultados <strong>para</strong> fc (τ)<br />

Nesta seção trataremos da função <strong>de</strong> correlação, que é <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong>za dinâmica, característica<br />

que a distingue dos parâmetros µ e σ 2<br />

λ . Iniciaremos olhando novamente a <strong>de</strong>finição fc (τ)<br />

apresentada na equação (3.61):<br />

fc (τ) =<br />

1<br />

3Nσ 2<br />

λ<br />

Tr δV(0) δV (τ) <br />

Substituindo a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> δV, obtemos:<br />

fc (τ) =<br />

1<br />

3Nσ 2<br />

λ<br />

Tr V (0)V(τ) −<br />

1<br />

3Nσ 2<br />

λ<br />

Tr V (0) V (τ) <br />

(6.12)<br />

(6.13)<br />

O termo mais à direita <strong>de</strong>sta última expressão é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> τ. Ele está relacionado<br />

com a Parte 2 <strong>de</strong> σ 2<br />

λ<br />

(ver Eq. (6.4)) e já foi calculado na seção anterior. Desta forma, vamos<br />

nos ater apenas ao termo da esquerda o qual, a menos do pré-fator, po<strong>de</strong> ser escrito como:<br />

Tr V(0)V(τ) =<br />

=<br />

N<br />

N<br />

i =1 k =1<br />

Tr Vqiqk (0)Vqiqk (τ)<br />

N<br />

<br />

Tr Vqiqi(0)Vqiqi(τ) +<br />

i =1<br />

N<br />

k = 1<br />

k = i<br />

Tr Vqiqk (0)Vqiqk (τ)<br />

Substituindo o resultado <strong>para</strong> Vqiqk mostrado em (3.35) em dois instantes <strong>de</strong> tempo distintos<br />

e efetuando a operação do traço, vem:<br />

Tr V(0)V(τ) =<br />

On<strong>de</strong> <strong>de</strong>finimos:<br />

N<br />

i =1<br />

⎧<br />

N<br />

⎪⎨ N <br />

<br />

Υ3q (ria (0),rib (τ))<br />

⎪⎩<br />

a = 1<br />

a = i<br />

b = 1<br />

b = i<br />

b = a<br />

<br />

+ 2 Υ2q (ria (0) ,ria (τ))<br />

Υ2q (ria (0) ,ria (τ)) = f (ria (0)) f (ria (τ))(ria (0) · ria (τ)) 2 + f (ria (0))h(ria (τ))r 2<br />

ia (0) +<br />

⎫<br />

⎪⎬<br />

+ f (ria (0))h(ria (τ))r 2<br />

ia (τ) + 3h(ria (0)) h(ria (τ))<br />

Υ3q (ria (0),rib (τ)) = f (ria (0)) f (rib (τ)) (ria (0) · rib (τ)) 2 + f (ria (0)) h(rib (τ))r 2<br />

ia (0) +<br />

+ h(ria (0)) f (rib (τ)) r 2<br />

ib (τ) + 3h(ria (0))h(rib (τ))<br />

Desta forma, obtivemos as expressões que, com as medições das posições realizadas no <strong>de</strong>cor-<br />

rer da simulação, nos possibilita calcular fc (τ1), fc (τ2),... <strong>de</strong> acordo com a equação (5.5).<br />

Para intervalos <strong>de</strong> tempo suficientemente longos, as posições inicial e final das partículas<br />

tornam-se <strong>de</strong>scorrelacionadas (o sistema per<strong>de</strong> a memória). Como resultado, a média do<br />

produto entre as hessianas se fatora, 〈V(0)V(τ)〉 = 〈V(0)〉 〈V(τ)〉, e a função <strong>de</strong> correlação,<br />

⎪⎭


76 6.5. Resultados <strong>para</strong> fc (τ)<br />

<strong>de</strong> acordo com sua <strong>de</strong>finição (6.13), se anula. Isso restringe a escolha do intervalo <strong>de</strong> tempo<br />

entre <strong>um</strong>a medição e outra <strong>para</strong> obtermos fc (τ). O cálculo dos valores médios referentes a µ<br />

e σ 2<br />

λ<br />

envolveu medições da posição a cada 200 passos. Para o nosso sistema, este intervalo<br />

entre medições se mostrou excessivamente gran<strong>de</strong> <strong>para</strong> obtermos a função <strong>de</strong> correlação, isto<br />

significa que 200 passos é suficiente <strong>para</strong> <strong>de</strong>scorrelacionar as posições e levar fc (τ) à zero.<br />

O intervalo a<strong>de</strong>quado <strong>para</strong> que o perfil <strong>de</strong> fc (τ) se revelasse foi <strong>de</strong> 2 passos.<br />

6.5.1 Aproximação gaussiana <strong>para</strong> fc (τ)<br />

Efetuar <strong>um</strong>a média analítica <strong>para</strong> obter <strong>um</strong> resultado explícito <strong>para</strong> fc (τ) como função<br />

<strong>de</strong> τ, é <strong>um</strong>a tarefa muito difícil, sobretudo quando a interação é dada por funções com<br />

razoável complexida<strong>de</strong>, como é o caso do potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> Φ sf (r) . Um possível<br />

caminho <strong>para</strong> lidar com sistemas não integráveis, seria realizar <strong>um</strong>a expansão da posição e<br />

obter <strong>um</strong>a solução em potências <strong>de</strong> τ, mas este método normalmente falha ao reproduzir o<br />

amortecimento da correlação [1] . A abordagem que adotamos aqui foi propor, a partir dos<br />

resultados da simulação, <strong>um</strong>a forma funcional <strong>para</strong> fc (τ) (ver o livro <strong>de</strong> Boon & Yip <strong>para</strong><br />

<strong>um</strong>a extensa discussão sobre funções <strong>de</strong> correlação no geral [53] ).<br />

A figura 6.5 apresenta a função <strong>de</strong> correlação, <strong>para</strong> três valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, obtida<br />

com os dados da simulação. Vemos também o melhor ajuste gaussiano. Não há motivos<br />

<strong>para</strong> acreditarmos que fc (τ) seja realmente gaussiana. Uma forma funcional com mais<br />

parâmetros livres , resultaria em <strong>um</strong> melhor ajuste. Contudo, <strong>um</strong>a função <strong>de</strong> Gauss apre-<br />

senta vantagens no tratamento analítico do problema, sem afetar <strong>de</strong> forma prepon<strong>de</strong>rante,<br />

mesmo com <strong>um</strong> ajuste não tão a<strong>de</strong>quado, os resultados subseqüentes. Uma vantagem ime-<br />

diata ao realizarmos <strong>um</strong>a aproximação gaussiana é ganharmos expressões simples <strong>para</strong> os<br />

tempos § característicos τ (k)<br />

c , com efeito:<br />

τ (k+1)<br />

c<br />

=<br />

∞<br />

0<br />

dτ τ k fc (τ) se fc (τ) = e −<br />

τ 2<br />

2σ 2<br />

τ ⇒<br />

⎧<br />

⎪⎨<br />

τ (1)<br />

c =<br />

⎪⎩ τ (3)<br />

c =<br />

π<br />

2 στ<br />

τ (2)<br />

c = σ 2 τ<br />

<br />

π<br />

2 σ 3 τ<br />

(6.14)<br />

Desta forma, po<strong>de</strong>mos obter στ através do ajuste dos dados da simulação e calcular os<br />

tempos τ (k)<br />

c . Este procedimento foi realizado, o resultado <strong>para</strong> as 14 <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s estudadas<br />

está na Tabela 6.3. A figura 6.5 apresenta fc (τ) <strong>para</strong> três valores típicos <strong>de</strong> ρ 0 juntamente<br />

com melhor ajuste gaussiano. Nas figura 6.7 e 6.6, po<strong>de</strong>mos observar que e a <strong>de</strong>pendência<br />

entre a função <strong>de</strong> correlação com a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> é pequena, o mesmo ocorrendo, portanto, com<br />

os tempos característicos.<br />

Ass<strong>um</strong>indo <strong>um</strong>a forma funcional gaussiana, é possível obtermos <strong>um</strong> resultado analítico<br />

explícito <strong>para</strong> os tempos τ (k)<br />

c . O primeiro passo é expandir a forma funcional proposta em<br />

b<br />

−aτ Por exemplo, fc (τ) = e com a e b como parâmetros livres.<br />

§ (1)<br />

Importante observarmos que apenas o parâmetro τ c possui dimensão <strong>de</strong> tempo.


6. Dinâmica Molecular: Aplicação 77<br />

torno <strong>de</strong> τ = 0:<br />

2 τ<br />

−<br />

fc (τ) = e 2σ 2 τ = 1 − 1<br />

2σ 2<br />

τ<br />

τ 2 + · · · (6.15)<br />

Agora, expandindo a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> fc (τ) (ver Eq. (6.12)) em torno <strong>de</strong> τ = 0, obtemos:<br />

fc (τ) = 1 −<br />

τ 2<br />

2 Tr ˙ V 2 (τ) <br />

τ=0<br />

+ · · · (6.16)<br />

Com<strong>para</strong>ndo as mesmas potências <strong>de</strong> τ em (6.15) e (6.16) e usando τ (1)<br />

c = π/2 στ,<br />

chegamos a <strong>um</strong> resultado explícito <strong>para</strong> o tempo <strong>de</strong> correlação:<br />

τ (1)<br />

c =<br />

<br />

2<br />

3Nπσ 2 Tr<br />

λ<br />

dV<br />

dt<br />

2 −1/2<br />

Através <strong>de</strong>sta última equação, seria possível realizamos <strong>um</strong>a média canônica <strong>para</strong> obtermos<br />

expressões analíticas <strong>para</strong> os tempos característicos (ver mais <strong>de</strong>talhes em [2, 4]). Porém,<br />

limitações <strong>de</strong> tempo não nos permitem seguir este caminho. O bom acordo obtido entre as<br />

médias analíticas e simulacionais <strong>para</strong> os parâmetros µ e σ 2<br />

λ , sobretudo <strong>para</strong> as <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s<br />

mais baixas, nos encoraja a encarar os parâmetros τ (k)<br />

c calculados através do ajuste gaussiano<br />

dos dados da simulação, como resultados confiáveis.<br />

Tabela 6.3: Parâmetro στ obtido do ajuste gaussiano <strong>de</strong> fc (τ) com os dados da simulação.<br />

Tempos característicos τ (k)<br />

c calculados <strong>de</strong> acordo com a equação (6.14).<br />

ρ0 T στ τ (1)<br />

c<br />

τ (2)<br />

c<br />

τ (3)<br />

c<br />

0.01 1.50 (4.69 ± 0.01)×10 −2 5.88×10 −2 2.20×10 −3 1.30×10 −4<br />

0.02 1.50 (4.11 ± 0.01)×10 −2 5.15×10 −2 1.69×10 −3 0.87×10 −4<br />

0.03 1.52 (3.97 ± 0.01)×10 −2 4.97×10 −2 1.57×10 −3 0.78×10 −4<br />

0.04 1.50 (4.44 ± 0.01)×10 −2 5.56×10 −2 1.97×10 −3 1.09×10 −4<br />

0.05 1.51 (4.15 ± 0.02)×10 −2 5.20×10 −2 1.72×10 −3 0.89×10 −4<br />

0.06 1.48 (3.73 ± 0.01)×10 −2 4.67×10 −2 1.39×10 −3 0.65×10 −4<br />

0.07 1.48 (3.93 ± 0.02)×10 −2 4.93×10 −2 1.54×10 −3 0.76×10 −4<br />

0.08 1.54 (3.98 ± 0.01)×10 −2 4.99×10 −2 1.59×10 −3 0.79×10 −4<br />

0.09 1.51 (3.92 ± 0.01)×10 −2 4.91×10 −2 1.54×10 −3 0.75×10 −4<br />

0.10 1.46 (4.07 ± 0.01)×10 −2 5.10×10 −2 1.65×10 −3 0.84×10 −4<br />

0.20 1.52 (4.37 ± 0.02)×10 −2 5.48×10 −2 1.91×10 −3 1.04×10 −4<br />

0.30 1.52 (4.04 ± 0.01)×10 −2 5.07×10 −2 1.63×10 −3 0.83×10 −4<br />

0.40 1.53 (3.98 ± 0.01)×10 −2 4.98×10 −2 1.58×10 −3 0.79×10 −4<br />

0.50 1.50 (4.13 ± 0.01)×10 −2 5.18×10 −2 1.71×10 −3 0.88×10 −4


78 6.5. Resultados <strong>para</strong> fc (τ)<br />

Figura 6.5: Funções <strong>de</strong> correlação obtidas através dos dados da simulação <strong>para</strong> três valores<br />

típicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Vemos também o melhor ajuste gaussiano.


6. Dinâmica Molecular: Aplicação 79<br />

Figura 6.6: Tempos característicos τ (k)<br />

c como função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> obtidos através do ajuste<br />

gaussiano da função <strong>de</strong> correlação fc (τ) (ver Eq. (6.14)). O gráfico <strong>de</strong> cima está<br />

em escala linear e o <strong>de</strong> baixo em escala logarítmica. Incertezas são da or<strong>de</strong>m do<br />

tamanho dos símbolos.


80 6.6. Cálculo <strong>de</strong> λ<br />

Figura 6.7: Os três gráficos da figura 6.5, <strong>para</strong> <strong>um</strong> maior intervalo <strong>de</strong> tempo, em <strong>um</strong>a mesmo<br />

sistema <strong>de</strong> eixos. Este gráfico conjunto nos auxilia a enxergar a fraca <strong>de</strong>pendência<br />

entre fc (τ) e ρ 0 <strong>para</strong> o intervalo <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> estudada.<br />

6.6 Cálculo <strong>de</strong> λ<br />

Agora dispomos <strong>de</strong> todos os elementos necessários <strong>para</strong> o cálculo do expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong>.<br />

Substituindo os valores dos parâmetros µ , σ 2<br />

λ<br />

e τ(k)<br />

c , <strong>para</strong> cada <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, no polinômio<br />

característico (3.62) e utilizando a equação (3.63), obtemos λ como função <strong>de</strong> ρ 0 . O re-<br />

sultado é apresentado na figura 6.8. Na mesma figura também é apresentando o expoente<br />

calculado <strong>de</strong> acordo com a aproximação (3.64) discutida no final do capítulo 3. Através<br />

da aproximação (3.64) é possível estimarmos a forma funcional explícita <strong>de</strong> λ como função<br />

da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>para</strong> <strong>um</strong>a temperatura fixa. Com efeito, <strong>de</strong>sprezando a <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> τ (1)<br />

c<br />

com ρ 0 e utilizando a equação (6.11) no limite ρ 0 → 0, obtemos:<br />

λ ≈<br />

<br />

σ 2<br />

λ τ(1)<br />

1/3 c<br />

2<br />

∝ ρ 1/3<br />

0<br />

Este último resultado nos será muito útil no próximo capítulo.<br />

(6.17)<br />

Na figura 6.8 po<strong>de</strong>mos observar três resultados <strong>para</strong> o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong>: simulação,<br />

teoria e teoria aproximada. Denominamos simulação os pontos obtidos utilizando os valores<br />

<strong>para</strong> os parâmetros µ, σ 2<br />

λ<br />

e τ(k)<br />

c retirados exclusivamente das simulações. Por sua vez,<br />

o resultado teoria foi obtido utilizando valores analíticos <strong>para</strong> os parâmetros µ e σ 2<br />

λ e


6. Dinâmica Molecular: Aplicação 81<br />

repetindo os resultados simulacionais <strong>para</strong> os parâmetros τ (k)<br />

c . Realizamos este procedimento<br />

pois, como discutimos na seção anterior, toda informação que dispomos referente aos tempos<br />

característicos τ (k)<br />

c é proveniente do ajuste gaussiano da função <strong>de</strong> correlação fc (τ) obtida<br />

a partir dos dados da simulação. Além da utilização dos mesmos valores <strong>para</strong> os tempos<br />

característicos, <strong>um</strong> outro fator com<strong>um</strong> entre os resultados simulação e teoria é que ambos<br />

foram obtidos através da solução do polinômio característico completo (3.62), diferentemente<br />

do resultado teoria aproximada.<br />

Figura 6.8: <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> em função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Simulação: todos os parâmetros<br />

obtidos através da simulação. Teoria: parâmetros µ e σ 2<br />

λ obtidos dos cálculos<br />

analíticos e os tempos τ (k)<br />

c , através da simulação. Ambos os gráficos construídos<br />

com a solução do polinômio característico (3.62) completo. Teoria aproximada:<br />

calculado com a aproximação do polinômio característico (3.64). Linha cheia correspon<strong>de</strong><br />

a λ ∝ ρ 1/3<br />

0 .<br />

Denominamos teoria aproximada os pontos obtidos <strong>de</strong> acordo com a aproximação <strong>para</strong> λ<br />

discutida no final do capítulo 3 cujo resultado repetimos na equação (6.17) mais acima.<br />

Através <strong>de</strong>sta aproximação, alternativa à solução do polinômio característico completo, o<br />

expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> é expresso em função apenas dos parâmetros σ 2<br />

λ<br />

e τ(1)<br />

c . Os pon-<br />

tos correspon<strong>de</strong>ntes ao resultado teoria aproximada presentes na figura 6.8 foram calculados<br />

utilizando os resultados analíticos <strong>para</strong> o parâmetro σ 2<br />

λ<br />

e os resultados do ajuste gaussi-


82 6.6. Cálculo <strong>de</strong> λ<br />

ano <strong>para</strong> τ (1)<br />

c . Sem dúvida, po<strong>de</strong>ríamos obter <strong>um</strong> quarto resultado <strong>de</strong>nominado simulação<br />

aproximada, cujos pontos seriam calculados através da aproximação (6.17) porém utilizando<br />

ambos os parâmetros σ 2<br />

λ<br />

e τ(1)<br />

c<br />

retirados da simulação. Contudo, o maior interesse na<br />

aproximação (6.17) resi<strong>de</strong> na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obtermos <strong>um</strong>a estimativa analítica <strong>para</strong> a<br />

forma funcional <strong>de</strong> λ como função <strong>de</strong> ρ 0 , e, <strong>para</strong> isso, é necessário empregarmos o resultado<br />

analítico <strong>para</strong> o parâmetro σ 2<br />

2<br />

λ . Ao utilizarmos a expressão analítica <strong>para</strong> σλ apresentada na<br />

equação (6.11) e <strong>de</strong>sprezarmos a <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> τ (1)<br />

c com a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, a aproximação (6.17)<br />

fornece, <strong>para</strong> temperatura fixa e baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s, a relação λ ∝ ρ 1/3<br />

0 . Como po<strong>de</strong>mos<br />

observar na figura 6.8, esta aproximação possui <strong>um</strong> bom acordo com os dois resultados<br />

obtidos a partir da solução do polinômio característico completo <strong>para</strong> as <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s mais<br />

baixas analisadas, mais precisamente, <strong>para</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s no intervalo ρ 0 < 0.10. Embora a<br />

aproximado (6.17) não seja o resultado mais preciso fornecido pelo Método Estocástico, a<br />

relação λ ∝ ρ 1/3<br />

0 obtida através <strong>de</strong>sta aproximação fornece <strong>um</strong> indicativo do comportamento<br />

do <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> como função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> que será bastante explorado no<br />

próximo capítulo.<br />

Por não dispormos <strong>de</strong> <strong>um</strong>a estimativa analítica <strong>para</strong> os tempos característicos τ (k)<br />

c , uti-<br />

lizaremos os resultados referentes às simulações, indicados como simulação na figura 6.8,<br />

como nossos “resultados teóricos” quando, no capítulo 7, realizarmos as com<strong>para</strong>ções entre<br />

os valores <strong>para</strong> λ obtidos pelo Método Estocástico com aqueles obtidos pelo método <strong>de</strong><br />

Benettin.


Capítulo 7<br />

Conclusões e discussões<br />

7.1 Com<strong>para</strong>ndo os resultados<br />

Todos os resultados que acabamos <strong>de</strong> obter no capítulo 6 referem-se ao Método Estocástico;<br />

são, portanto, nossos resultados teóricos. Aqui, com<strong>para</strong>remos esses resultados com os obti-<br />

dos através do método <strong>de</strong> Benettin discutido na seção 2.3 (ver Fig. 2.5). Simulações realizadas<br />

com o método <strong>de</strong> Benettin fornecem informações baseadas na <strong>de</strong>finição formal do expoente<br />

<strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> e <strong>um</strong>a teoria que almeje obtê-lo <strong>de</strong>ve ser capaz <strong>de</strong> reproduzir estas informações.<br />

Os gráficos mostrados na figura 7.1 apresentam o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> calculado <strong>de</strong><br />

acordo com o Método Estocástico (Teoria) e o obtido através do método <strong>de</strong> Benettin (Si-<br />

mulação) e duas curvas contínuas que nos auxiliarão na com<strong>para</strong>ção. Como fora comentado<br />

na introdução, os resultados obtidos com a teoria não reproduzem satisfatoriamente os resul-<br />

tados n<strong>um</strong>éricos. O Método Estocástico fornece, <strong>para</strong> temperatura fixa e baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s,<br />

<strong>um</strong>a relação aproximadamente dada por: λ ∝ ρ 1/3<br />

0 (ver Eq. (6.17)). A mesma relação é<br />

obtida com as simulações, contudo, neste caso, a constante <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong> é menor e<br />

o acordo permanece bom <strong>para</strong> todo o intervalo <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> analisado. Mais precisamente,<br />

as duas curvas contínuas mostradas na figura 7.1 encontram-se relacionadas como a seguir:<br />

λTeoria ≈ 3.2λSimulação<br />

A equação anterior não é rigorosa, mas nos ajuda a enxergar que o Método Estocástico é<br />

capaz <strong>de</strong> reproduzir globalmente o comportamento esperado <strong>para</strong> o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong><br />

máximo e que a diferença entre teoria e simulação é dada por <strong>um</strong> fator da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 3.<br />

83


84 7.1. Com<strong>para</strong>ndo os resultados<br />

Figura 7.1: <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> em função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> calculado com o Método Estocástico<br />

(Teoria) e com o Método <strong>de</strong> Benettin (Simulação). O Método Estocástico apresenta<br />

<strong>um</strong> bom acordo <strong>para</strong> baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s com a lei λTeoria = 17.2 ρ 1/3<br />

0 . As simulações<br />

com o Método <strong>de</strong> Benettin, por sua vez, fornecem <strong>um</strong>a relação λSimulação = 5.4 ρ 1/3<br />

0<br />

<strong>para</strong> <strong>um</strong> intervalo maior <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s. A figura <strong>de</strong> baixo mostra os mesmo resultados<br />

em escala log-log <strong>para</strong> melhor visualizarmos a relação λTeoria = 3.2 λSimulação entre<br />

as duas curvas.


7. Conclusões e discussões 85<br />

7.2 Analisando os resultados<br />

Nesta seção levantaremos alg<strong>um</strong>as questões que po<strong>de</strong>m estar relacionadas com a diferença<br />

entre os resultados esperados e aqueles obtidos com o Método Estocástico. Avaliaremos as<br />

aproximações empregadas na construção da teoria e alguns pontos que julgamos pertinentes<br />

discutir.<br />

7.2.1 Confiabilida<strong>de</strong> nos valores dos parâmetros<br />

O Método Estocástico relaciona o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo com os parâmetros µ , σ 2<br />

λ<br />

e τ (k)<br />

c . Po<strong>de</strong>mos questionar qual o grau <strong>de</strong> confiabilida<strong>de</strong> dos resultados obtidos <strong>para</strong> estes<br />

parâmetros no capítulo anterior. Com exceção dos tempos τ (k)<br />

c , obtivemos valores <strong>para</strong> µ<br />

e σ 2<br />

λ<br />

por dois caminhos distintos: cálculos analíticos no ensemble canônico e através <strong>de</strong><br />

simulações com Dinâmica Molecular no ensemble microcanônico. Como observamos nas<br />

figuras 6.1 e 6.3, e nas tabelas 6.1 e 6.2, o acordo entre as simulações e os cálculos analíticos<br />

é muito bom <strong>para</strong> as <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s mais baixas, indicando que os resultados <strong>para</strong> µ e σ 2<br />

λ<br />

são confiáveis. Conforme a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> a<strong>um</strong>enta, o acordo diminui, permanecendo bom até<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s próximas à ρ 0 = 0.30. Esta diferença ocorre, como discutimos, em virtu<strong>de</strong> do<br />

emprego da aproximação <strong>para</strong> baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s da função <strong>de</strong> distribuição radial nos cálculos<br />

analíticos, a qual, como mostram os gráficos da figura 5.11, trata-se <strong>de</strong> <strong>um</strong>a aproximação<br />

a<strong>de</strong>quada <strong>para</strong> as <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s baixas que analisamos porém não tão apropriada <strong>para</strong> as mais<br />

altas.<br />

Observemos também que o acordo obtido <strong>para</strong> µ e σ 2<br />

λ<br />

nas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s mais baixas<br />

analisadas, on<strong>de</strong> os erros cometidos ao introduzirmos a aproximação analítica <strong>para</strong> g2 (r)<br />

são menores, apóiam a com<strong>para</strong>ção que realizamos entre médias simulacionais no ensem-<br />

ble NV E e médias analíticas no ensemble NV T, indicando que N = 108, juntamente com<br />

as <strong>de</strong>mais técnicas empregadas nas simulações, é <strong>um</strong> número a<strong>de</strong>quado <strong>para</strong> utilizarmos a<br />

equivalência entre os ensembles no cálculo dos parâmetros do nosso sistema. Se <strong>de</strong>sejarmos<br />

resultados precisos <strong>para</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s maiores, <strong>de</strong>veremos lançar mão, no que diz respeito aos<br />

cálculos analíticos, <strong>de</strong> aproximações <strong>para</strong> a função <strong>de</strong> distribuição radial (e <strong>para</strong> a apro-<br />

ximação <strong>de</strong> Kirkwood) válidas neste regime, ou trabalharmos unicamente com resultados<br />

n<strong>um</strong>éricos. Entretanto, estabelecer a valida<strong>de</strong> da equivalência entre os ensembles e <strong>de</strong>termi-<br />

nar até qual valor <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> é seguro empregar a aproximação <strong>de</strong> g2 (r), nos permite obter<br />

a <strong>de</strong>pendência entre os parâmetros µ e σ 2<br />

λ como função <strong>de</strong> ρ0 . Por outro lado, <strong>de</strong>terminar<br />

<strong>um</strong>a <strong>de</strong>pendência análoga <strong>para</strong> o caso do expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do conhecimento<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong>a forma analítica explícita <strong>para</strong> τ (1)<br />

c , da qual não dispomos.<br />

Para estimarmos a relação λ ∝ ρ 1/3<br />

0 obtida no final do capítulo 6, <strong>de</strong>sprezamos a <strong>de</strong>pendência<br />

<strong>de</strong> τ (1)<br />

c com ρ0 , resultado que é fortemente corroborado pelas simulações: mesmo<br />

<strong>um</strong>a variação na <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> por <strong>um</strong> fator <strong>de</strong> 50 não alterou sensivelmente o perfil <strong>de</strong> fc (τ),<br />

como observamos na figura 6.7. Esta in<strong>de</strong>pendência com a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> por parte <strong>de</strong> fc (τ)<br />

e, por conseguinte, dos tempos τ (k)<br />

c po<strong>de</strong> ser interpretada através <strong>de</strong> arg<strong>um</strong>entos simples.<br />

A função <strong>de</strong> correlação <strong>de</strong> nosso interesse <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> exclusivamente das posições, conforme


86 7.2. Analisando os resultados<br />

seção 6.5. No regime on<strong>de</strong> a interação entre partículas é predominantemente através <strong>de</strong> co-<br />

lisões binárias, como é o nosso caso e como encontrá-se evi<strong>de</strong>nciado na figura 6.2, esperamos<br />

que a correlação entre posições seja <strong>um</strong>a função da velocida<strong>de</strong> das partículas. A velocida<strong>de</strong>,<br />

por sua vez, na média, só <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da temperatura. Desta forma, mantendo a temperatura<br />

fixa ou aproximadamente fixa, como foram as condições <strong>de</strong> nossas simulações, é esperado<br />

que fc (τ) não <strong>de</strong>penda da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, como <strong>de</strong> fato ocorreu.<br />

Uma questão pertinente a ser levantada diz respeito à qualida<strong>de</strong> do ajuste gaussiano. Até<br />

que ponto o ajuste gaussiano da função <strong>de</strong> correlação afetou os resultados? Po<strong>de</strong>mos respon-<br />

<strong>de</strong>r esta pergunta quantitativamente propondo <strong>um</strong> ajuste mais a<strong>de</strong>quado. Como exemplo,<br />

faremos <strong>um</strong> novo ajuste <strong>para</strong> os dois extremos <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s analisados, o extremo inferior<br />

on<strong>de</strong> ρ 0 = 0.01, e o superior on<strong>de</strong> ρ 0 = 0.50, porém, agora, utilizando <strong>um</strong>a função com dois<br />

parâmetros livres, a e b, <strong>de</strong> acordo com a equação a seguir:<br />

b<br />

fc (τ) = e−aτ (7.1)<br />

Ao realizarmos <strong>um</strong> ajuste que respeite a equação (7.1), per<strong>de</strong>mos as formas analíticas <strong>para</strong> os<br />

tempos τ (k)<br />

c como mostradas em (6.14) e que são válidas apenas <strong>para</strong> <strong>um</strong>a forma funcional<br />

gaussiana. Contudo, po<strong>de</strong>mos obter n<strong>um</strong>ericamente os valores das integrais que fornecem<br />

os tempos τ (k)<br />

c<br />

sem gran<strong>de</strong>s dificulda<strong>de</strong>s. Na figura 7.2 encontrá-se este novo ajuste <strong>para</strong><br />

os dois extremos <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Como po<strong>de</strong>mos observar, a forma funcional (7.1) é capaz <strong>de</strong><br />

reproduzir mais a<strong>de</strong>quadamente o perfil <strong>de</strong> fc (τ), entretanto, lembremos que os parâmetros<br />

que entram no cálculo do expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> são os tempos τ (k)<br />

c , sendo o mais importante<br />

o tempo τ (1)<br />

c e este, como mostrado na tabela 7.1, ass<strong>um</strong>e valores muito próximos em ambos<br />

os ajustes.<br />

Tabela 7.1: Tempo característico τ (1)<br />

c obtido através <strong>de</strong> dois ajustes distintos da função <strong>de</strong><br />

correlação fc (τ) <strong>para</strong> duas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s. O ajuste gaussiano é realizado em função<br />

apenas <strong>de</strong> <strong>um</strong> parâmetro livre: στ. O ajuste não gaussiano, realizado em função<br />

dos parâmetros a e b, resulta em <strong>um</strong> ajuste mais a<strong>de</strong>quado, contudo, o valor <strong>para</strong> o<br />

tempo τ (1)<br />

c que, em última análise, <strong>de</strong>termina o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong>, permanece<br />

praticamente inalterado.<br />

Ajuste gaussiano: fc (τ) = e −τ 2 /2σ 2 τ Ajuste não gaussiano: fc (τ) = e −aτb<br />

ρ0 στ τ (1)<br />

c a b τ (1)<br />

c<br />

0.01 4.69×10 −2 5.88×10 −2 1.22×10 2 1.77 5.90×10 −2<br />

0.50 4.13×10 −2 5.18×10 −2 0.87×10 2 1.57 5.26×10 −2<br />

Mesmo <strong>de</strong>scartando a qualida<strong>de</strong> do ajuste como origem da diferença observada, po<strong>de</strong>mos<br />

continuar questionando, <strong>um</strong>a vez que não dispomos <strong>de</strong> <strong>um</strong>a estimativa analítica, a confia-<br />

bilida<strong>de</strong> dos valores <strong>para</strong> os tempos τ (k)<br />

c<br />

obtidos da simulação. Aceitando como confiável<br />

o resultado <strong>para</strong> σ 2<br />

λ , po<strong>de</strong>mos avaliar qual o valor <strong>de</strong> <strong>um</strong> possível erro sobre τ(1)<br />

c que nos<br />

levaria a <strong>um</strong> melhor acordo entre teoria e simulação <strong>para</strong> λ. Uma diferença por <strong>um</strong> fator


7. Conclusões e discussões 87<br />

<strong>um</strong> pouco acima <strong>de</strong> 3 entre o resultado teórico e o observado <strong>para</strong> o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong>,<br />

resulta, pela equação (6.17), que τ (1)<br />

c <strong>de</strong>ve conter <strong>um</strong> erro por <strong>um</strong> fator da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 30, o<br />

qual é muito gran<strong>de</strong> <strong>para</strong> acreditarmos que a diferença seja atribuída exclusivamente a este<br />

parâmetro.


88 7.2. Analisando os resultados<br />

Figura 7.2: Ajuste não gaussiana da função <strong>de</strong> correlação. A figura apresenta dois dos três<br />

gráficos mostrados na figura 6.5 do capítulo anterior, mas, aqui, além do melhor<br />

ajuste gaussiano, vemos também o ajuste não gaussiano que, <strong>de</strong>vido aos seus dois<br />

parâmetros livres, é mais a<strong>de</strong>quado <strong>para</strong> reproduzir o perfil <strong>de</strong> fc (τ).


7. Conclusões e discussões 89<br />

7.2.2 Médias temperada, recozida e aproximação isotrópica<br />

Com <strong>um</strong>a alta confiabilida<strong>de</strong> nos resultados obtidos <strong>para</strong> os parâmetros µ, σ 2<br />

λ e τ (k)<br />

c ,<br />

po<strong>de</strong>mos discutir até que ponto as aproximações empregadas nas etapas do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da teoria relacionam-se com a diferença observada. A primeira aproximação que utilizamos<br />

foi a discutida na seção 3.1 e que consistiu em aproximar o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> verda<strong>de</strong>iro,<br />

ou temperado, pelo expoente recozido, comutando a or<strong>de</strong>m em que as operações <strong>de</strong> média e<br />

<strong>de</strong> logaritmo são efetuadas:<br />

λ = lim<br />

t → ∞<br />

1<br />

2t<br />

<br />

ln ξ (t;x0, ξ 0) 2<br />

lim<br />

t → ∞<br />

1<br />

2t<br />

ln <br />

ξ (t;x0, ξ 0) 2<br />

(7.2)<br />

O Método Estocástico é construído baseado no expoente recozido, portanto os resultados<br />

obtidos com a teoria são referentes ao expoente λ ⋆ , que não é o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong><br />

verda<strong>de</strong>iro λ. Embora exista <strong>um</strong>a relação formal entre ambos, é mais seguro aqui interpre-<br />

tarmos o expoente λ ⋆ não como <strong>um</strong>a aproximação <strong>de</strong> λ, mas como <strong>um</strong>a generalização. Desta<br />

forma, <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> questionar a valida<strong>de</strong> da aproximação (7.2) e passamos interpretá-la no<br />

sentido prático: <strong>para</strong> os sistemas que apresentam valores próximos <strong>para</strong> os expoentes λ e<br />

λ ⋆ , o Método Estocástico é capaz <strong>de</strong> fornecer <strong>um</strong>a estimativa <strong>para</strong> o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong><br />

verda<strong>de</strong>iro. Para o nosso sistema em particular, a proximida<strong>de</strong> entre os valores <strong>de</strong> λ e λ ⋆<br />

foi verificada, como observamos na figura 2.5 da seção 2.4. O mesmo resultado se repetiu<br />

<strong>para</strong> o caso do HMF [2] e do αXY [3] , o que torna o Método Estocástico <strong>um</strong>a teoria, em<br />

princípio, a<strong>de</strong>quada <strong>para</strong> estimar o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> λ <strong>para</strong> estes três sistemas.<br />

Conforme discutido nas seções 3.7 e 3.8, a base que expan<strong>de</strong> a média da matriz <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

é composta por seis matrizes. Como resultado, o Método Estocástico associa o expoente <strong>de</strong><br />

<strong>Lyapunov</strong> máximo com os autovalores <strong>de</strong> <strong>um</strong>a matriz 6 × 6 (ver Eq (3.56)). Esta <strong>de</strong>scrição<br />

em termos <strong>de</strong> seis matrizes é possível <strong>de</strong>vido à isotropia <strong>de</strong> nosso sistema, que nos permite<br />

expressar médias envolvendo a hessiana, presentes em matrizes originalmente com 6N × 6N<br />

elementos, como mostradas no par <strong>de</strong> equações (3.48). Na seção 3.9, discutimos a apro-<br />

ximação isotrópica que consiste em restringir à meta<strong>de</strong> a dimensão da base e que nos per-<br />

mite obter λ em função dos autovalores da matriz 3 × 3 apresentada na equação (3.58).<br />

Como comentamos na introdução, inicialmente suspeitávamos que <strong>para</strong> <strong>um</strong> sistema intera-<br />

gindo com <strong>um</strong> potencial do tipo <strong>Lennard–Jones</strong>, a aproximação isotrópica po<strong>de</strong>ria ser muito<br />

forte, resultado que nos obrigaria a buscar <strong>um</strong>a base maior. Contudo, como <strong>de</strong>monstrado no<br />

apêndice A, o erro cometido ao passarmos <strong>de</strong> <strong>um</strong>a <strong>de</strong>scrição em termos <strong>de</strong> <strong>um</strong>a matriz 6 × 6<br />

<strong>para</strong> <strong>um</strong>a 3×3 é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1/N, o qual não justifica a diferença observada nos resultados<br />

finais <strong>para</strong> o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong>.


90 7.2. Analisando os resultados<br />

7.2.3 Expansão em c<strong>um</strong>ulantes e número <strong>de</strong> Kubo<br />

Agora avaliaremos a aproximação que consistiu em truncar a expansão em c<strong>um</strong>ulantes na<br />

segunda or<strong>de</strong>m. Como discutido na seção 3.3, o parâmetro que regula a qualida<strong>de</strong> da ex-<br />

pansão em c<strong>um</strong>ulantes é o número <strong>de</strong> Kubo que <strong>de</strong>notaremos por η K . Na seção 3.3.2, vimos<br />

que o número <strong>de</strong> Kubo é dado pelo produto entre α , parâmetro que quantifica a magnitu<strong>de</strong><br />

das flutuações nos elementos da hessiana V (t), pelo tempo <strong>de</strong> autocorrelação τc entre estes<br />

elementos. Desta forma, com a notação da seção 3.3.2, temos que o número <strong>de</strong> Kubo é dado<br />

por (ατc) o qual, utilizando a notação da seção 3.9, passa a ser escrito como ατc = σλτ (1)<br />

c<br />

<strong>um</strong>a vez que τ (1)<br />

c é i<strong>de</strong>ntificado como o mais relevante tempo <strong>de</strong> correlação do sistema. Con-<br />

tudo, por tratar-se <strong>de</strong> <strong>um</strong>a expansão em c<strong>um</strong>ulantes não convencional, isto é, <strong>um</strong>a expansão<br />

em função <strong>de</strong> superoperadores que fornece resultados em termos matriciais, <strong>um</strong>a análise di-<br />

mensional revela (o número <strong>de</strong> Kubo, como parâmetro perturbativo, <strong>de</strong>ve ser adimensional)<br />

que, <strong>para</strong> o nosso caso particular, o número <strong>de</strong> Kubo <strong>de</strong>ve envolver o parâmetro τ (1)<br />

c elevado<br />

ao quadrado e não simplesmente o produto σλτ (1)<br />

c , explicitamente:<br />

η K = σλ<br />

<br />

(1) 2<br />

τ c<br />

Po<strong>de</strong>mos estimar o comportamento <strong>de</strong> η K como função a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> utilizando os resulta-<br />

dos do capítulo anterior. Substituindo σλ como mostrado na equação (6.11) e <strong>de</strong>sprezando<br />

a <strong>de</strong>pendência com ρ 0 do tempo τ (1)<br />

c , obtemos, <strong>para</strong> temperatura fixa e baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s,<br />

a seguinte relação:<br />

η K = σλ<br />

(1) 2 √<br />

τ c ∝ ρ0 (7.3)<br />

Este último resultado nos mostra que η K → 0 conforme ρ 0 diminui, indicando que o número<br />

<strong>de</strong> Kubo é <strong>um</strong> bom parâmetro perturbativo <strong>para</strong> estudos a baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s. Po<strong>de</strong>mos<br />

quantificar esta relação substituindo os valores <strong>de</strong> σλ e τ (1)<br />

c<br />

mostrados, respectivamente,<br />

nas tabelas 6.2 e 6.3 do capítulo anterior. O resultado é apresentado na tabela 7.2 e na<br />

figura 7.3 on<strong>de</strong> observamos que η K ass<strong>um</strong>e valores entre aproximadamente 0.2 <strong>para</strong> a menor<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> estudada (ρ 0 = 0.01), até <strong>um</strong> pouco além <strong>de</strong> 1, <strong>para</strong> a maior (ρ 0 = 0.50). Como<br />

são menores do que <strong>um</strong> sobre quase todo o intervalo <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> analisado, estes valores<br />

sugerem que estamos em <strong>um</strong> regime a<strong>de</strong>quado, ou seja, <strong>um</strong> regime <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> baixa o<br />

suficiente <strong>para</strong> truncarmos a expansão no segundo c<strong>um</strong>ulante. Entretanto, é importante<br />

observarmos que o número <strong>de</strong> Kubo apresentou <strong>um</strong>a variação relacionada por <strong>um</strong> fator da<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 6 entre seu menor e maior valor, indicando que o resultado <strong>para</strong> o expoente <strong>de</strong><br />

<strong>Lyapunov</strong> <strong>de</strong>veria piorar, em virtu<strong>de</strong> da redução da qualida<strong>de</strong> do truncamento, conforme a<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> a<strong>um</strong>enta. Mas, como mostrado na figura 7.1, essa piora não ocorreu. Em verda<strong>de</strong>,<br />

ao analisarmos com mais cuidado os dados notaremos que o acordo entre teoria e simulação<br />

a<strong>um</strong>entou com a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>.<br />

O número <strong>de</strong> Kubo sofrendo <strong>um</strong>a variação por <strong>um</strong> fator <strong>de</strong> aproximadamente 6 associada


7. Conclusões e discussões 91<br />

Tabela 7.2: Número <strong>de</strong> Kubo <strong>para</strong> alguns valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>.<br />

ρ 0<br />

η K<br />

0.01 0.17<br />

0.02 0.18<br />

0.03 0.21<br />

· · · · · ·<br />

0.30 0.72<br />

0.40 0.83<br />

0.50 1.03<br />

a <strong>um</strong>a variação na <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> por <strong>um</strong> fator <strong>de</strong> 50 e, ao mesmo tempo, o erro referente ao<br />

expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> permanecendo praticamente inalterado, é <strong>um</strong> resultado intrigante e<br />

não nos permite afirmar que o regime <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> analisado é ina<strong>de</strong>quado <strong>para</strong> aplicarmos<br />

o Método Estocástico. Contudo, po<strong>de</strong>mos explorar esta possibilida<strong>de</strong> arg<strong>um</strong>entado que os<br />

resultados <strong>de</strong>veriam melhorar conforme a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> diminui, com o acordo entre teoria e<br />

simulação <strong>para</strong> o expoente λ sendo alcançado quando η K passar a ass<strong>um</strong>ir valores, digamos,<br />

<strong>um</strong>a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za menores do que o menor resultado obtido, ou seja, <strong>para</strong> valores<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> tal que ηK < 0.17/10 ∼ 0.02. Ass<strong>um</strong>indo que o tempo τ (1)<br />

c permaneça<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> ρ 0 <strong>para</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s abaixo daquelas analisadas e utilizando a equação (7.3)<br />

como forma funcional <strong>para</strong> realizar <strong>um</strong> ajuste dos dados da figura 7.3, obtemos η K < 0.02<br />

<strong>para</strong> valores <strong>de</strong> ρ 0 < 0.0002. Este arg<strong>um</strong>ento sendo válido, o Método Estocástico forneceria<br />

resultados consistentes quando entrássemos em <strong>um</strong> regime <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s duas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong>za abaixo da menor <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> que analisamos.<br />

Porém, surge aqui <strong>um</strong> novo problema: mantendo a temperatura fixa, não há nenh<strong>um</strong>a<br />

justificativa analítica aparente <strong>para</strong> que a relação λ ∝ ρ 1/3<br />

0 , fornecida pela teoria, se modifique<br />

neste novo regime. Desta forma, mesmo a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> diminuindo, o Método Estocástico<br />

continuaria relacionando o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> com a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> através da mesma lei, o<br />

que entraria em contradição com o resultado <strong>para</strong> <strong>um</strong> gás diluído com interação <strong>de</strong> curto<br />

alcance obtido por Krylov (λ ∝ −ρ 0 lnρ 0 ) o qual fora confirmado por simulações (ver [8] e<br />

suas referências).


92 7.3. Consi<strong>de</strong>rações finais e perspectivas<br />

Figura 7.3: Número <strong>de</strong> Kubo como função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. A curva contínua representa o ajuste<br />

realizado com a forma funcional η K = a √ ρ 0 como sugerido pela teoria (ver<br />

Eq. (7.3)). O valor do parâmetro a obtido do ajuste é a ≈ 1.4, que nos permite<br />

extrapolar a curva <strong>para</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s menores daquelas analisadas e estimar<br />

que η K < 0.02 <strong>para</strong> valores <strong>de</strong> ρ 0 < 0.0002.<br />

7.3 Consi<strong>de</strong>rações finais e perspectivas<br />

Acreditamos, diante do que discutimos até este ponto, que o erro por <strong>um</strong> fator <strong>de</strong> aproxima-<br />

damente 3 entre os resultados teóricos e aqueles esperados <strong>para</strong> λ <strong>de</strong>corre da interrupção<br />

da expansão em c<strong>um</strong>ulantes. Entretanto, conferir arg<strong>um</strong>entos quantitativos a esta hipótese<br />

exigiria <strong>um</strong>a generalização da proposta inicial <strong>de</strong>ste trabalho. O primeiro passo neste sentido<br />

seria a re<strong>de</strong>finição do superoperador Λ como mostrado na equação (3.18) <strong>de</strong> forma a abarcar<br />

c<strong>um</strong>ulantes <strong>de</strong> or<strong>de</strong>ns superiores ao segundo. Po<strong>de</strong>ríamos interromper a série no terceiro ou<br />

no quarto c<strong>um</strong>ulante. O passo seguinte envolveria a generalização do resultado mostrado na<br />

equação (3.21), o qual, por sua vez, passaria a contar com médias envolvendo a hessiana em<br />

três, ou quatro, tempos distintos, tais como: 〈V(t1)V (t2)V(t3)〉. A média sobre os novos<br />

tensores <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m que surgiriam, continuaria sendo isotrópica, proporcional à 13 ,<br />

o que nos permitiria continuar trabalhando com a base <strong>de</strong> 6 matrizes mostrada em (3.53)<br />

na expansão da média da matriz <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> 〈ρ(t)〉. Contudo, <strong>um</strong>a posterior redução da di-<br />

mensão da base <strong>para</strong> 3, <strong>de</strong>ve ser avaliada com cuidado <strong>um</strong>a vez que, agora, os elementos Λ ij<br />

envolveriam, além dos parâmetros µ , σ 2<br />

λ<br />

e τ(k)<br />

c , novos objetos.


7. Conclusões e discussões 93<br />

Os procedimentos necessários <strong>para</strong> o aperfeiçoamento do Método Estocástico objetivando<br />

o cálculo do expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo <strong>para</strong> <strong>um</strong> gás <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> diluído são<br />

analiticamente bem <strong>de</strong>finidos e passíveis <strong>de</strong> serem realizados. Entretanto, as reais dificulda<strong>de</strong>s<br />

técnicas envolvidas nestes procedimentos nos obrigam a <strong>de</strong>ixar esta tarefa <strong>para</strong> <strong>um</strong> projeto<br />

futuro.


94 7.3. Consi<strong>de</strong>rações finais e perspectivas


Apêndice A<br />

Cálculos envolvendo Λ<br />

Neste apêndice <strong>de</strong>talharemos diversas passagens e afirmativas feitas no corpo da dissertação<br />

envolvendo o superoperador Λ e a base β .<br />

Para facilitar a leitura, lembremos <strong>de</strong> alguns resultados que serão utilizados e já foram<br />

discutidos. Comecemos pela base β , que é a base relevante na diagonalização <strong>de</strong> Λ . Sua<br />

<strong>de</strong>finição é:<br />

On<strong>de</strong>:<br />

β =<br />

I1 =<br />

Y1 =<br />

<br />

<br />

Z1,Z2,Z3,Z4,Z5,Z6<br />

<br />

13N O<br />

O O<br />

<br />

Y3N O<br />

O O<br />

=<br />

I2 =<br />

Y2 =<br />

<br />

I1,I2,I3, Y1, Y2, <br />

Y3<br />

<br />

O O<br />

O 13N<br />

<br />

O O<br />

O Y3N<br />

<br />

<br />

I3 =<br />

Y3 =<br />

<br />

O 13N<br />

13N O<br />

<br />

O<br />

<br />

Y3N<br />

Y3N O<br />

A ação <strong>de</strong> Λ sobre <strong>um</strong>a matriz simétrica genérica S é dada pela equação (3.21):<br />

<br />

ΛS<br />

O<br />

=<br />

−<br />

13N<br />

V (t) <br />

∞<br />

O<br />

S + 2 dτ<br />

O<br />

0 τ<br />

O<br />

−τ 2<br />

<br />

′ δV(t)δV (t )<br />

O<br />

<br />

O<br />

S+<br />

′ δV (t)δV(t )<br />

<br />

∞<br />

O O δV (t<br />

+ dτ S<br />

δV (t) O<br />

′ )<br />

O<br />

O<br />

δV(t ′ <br />

τ<br />

) −τ<br />

1n<br />

2 <br />

+ (· · ·)<br />

−τ<br />

T (A.1)<br />

0<br />

que po<strong>de</strong> ser usada com qualquer das matrizes Zi i = 1, . . . , 6, <strong>um</strong>a vez que todas são<br />

simétricas.<br />

95


96 A.1. β como base completa<br />

A.1 β como base completa<br />

Iniciaremos <strong>de</strong>monstrando que Λ atuando em qualquer matriz Zi da base, resulta n<strong>um</strong>a<br />

combinação linear <strong>de</strong> matrizes que também pertencem a base, isto é:<br />

ΛZj =<br />

6<br />

Ci Zi ; j = 1, . . . , 6 (A.2)<br />

i =1<br />

este resultado nos leva à equação (3.51) da seção 3.7, a saber:<br />

Λ k<br />

16N =<br />

6<br />

i =1<br />

Ci,k Zi =<br />

3<br />

i =1<br />

αi,k Ii +<br />

A.1.1 Cálculo <strong>de</strong> ΛZ1 , ΛZ2 e ΛZ3<br />

3<br />

βi,k Yi ; k = 0, 1, 2, . . .<br />

Substituindo S, respectivamente, por Z1 , Z2 e Z3 na equação (A.1), vem:<br />

<br />

O<br />

ΛZ1 = −<br />

V <br />

<br />

V O<br />

<br />

ΛZ2 = +<br />

O<br />

13N<br />

13N<br />

O<br />

ΛZ3 = 2<br />

<br />

13N O<br />

O − V <br />

<br />

+ 2<br />

− 2<br />

− 2<br />

∞<br />

0<br />

∞<br />

0<br />

∞<br />

A.1.2 Cálculo <strong>de</strong> ΛZ4 , ΛZ5 e ΛZ6<br />

0<br />

i =1<br />

<br />

O τ<br />

dτ<br />

δV (t)δV (t ′ ) <br />

τ δV (t)δV (t ′ ) δV (t)δV (t ′ ) <br />

<br />

dτ<br />

<br />

O O<br />

O τ 2 δV (t)δV (t ′ ) <br />

<br />

<br />

O τ<br />

dτ<br />

2 δV (t)δV (t ′ ) <br />

τ 2 δV (t)δV (t ′ ) <br />

<br />

O<br />

(A.3)<br />

Antes <strong>de</strong> substituirmos S por Z4 , Z5 e Z6 em (A.1), notemos que há <strong>um</strong> resultado bastante<br />

útil neste caso, que é <strong>um</strong>a conseqüência da invariância translacional do potencial, e que é<br />

dado pelo par <strong>de</strong> equações mostrado em (3.43):<br />

V Y3N = −V e δV Y3N = −δV (A.4)<br />

Desta forma, a aplicação Λ ao setor Y fornece:<br />

ΛZ4 =<br />

ΛZ5 =<br />

ΛZ6 = 2<br />

<br />

O V <br />

<br />

V O<br />

<br />

O <br />

Y3N<br />

Y3N O<br />

<br />

Y3N O<br />

O V <br />

<br />

− 2<br />

+ 2<br />

+ 2<br />

∞<br />

0<br />

∞<br />

0<br />

∞<br />

0<br />

<br />

O τ<br />

dτ<br />

δV (t)δV (t ′ ) <br />

τ δV (t)δV(t ′ ) δV (t)δV (t ′ ) <br />

<br />

dτ<br />

<br />

O O<br />

O τ 2 δV (t)δV (t ′ ) <br />

<br />

<br />

O τ<br />

dτ<br />

2 δV (t)δV (t ′ ) <br />

τ 2 δV (t)δV (t ′ ) <br />

<br />

O<br />

(A.5)


A. Cálculos envolvendo Λ 97<br />

Agora, se substituirmos nas seis equações (A.3) e (A.5) que acabamos <strong>de</strong> obter as médias<br />

das hessianas escritas como em (3.48), a saber:<br />

V = α1 13N + β1 Y3N e<br />

δV(t)δV (t − τ) = α2 13N + β2 Y3N<br />

notaremos que todas possuem a forma mostrada em (A.2), como queríamos <strong>de</strong>monstrar.<br />

A.2 Cálculo dos elementos matriciais Λij<br />

Nesta seção obteremos os 36 elementos <strong>de</strong> Λ com respeito a base β . Eles são calculados <strong>de</strong><br />

acordo com a equação (3.55):<br />

Λ ij =<br />

Tr ΛZj<br />

ZT i<br />

Tr <br />

Zi ZT i<br />

e organizados em submatrizes 3 × 3 como:<br />

Λ6×6 =<br />

⎛<br />

<br />

⎝ ΛII Λ IY<br />

Λ YI Λ YY<br />

i, j = 1, 2, . . . , 6 (A.6)<br />

Importante lembrarmos também das equações (3.54):<br />

Tr <br />

Z1 ZT <br />

1<br />

Tr <br />

Z4 ZT <br />

4<br />

e das <strong>de</strong>finições:<br />

= Tr <br />

= Tr <br />

µ = 1<br />

3N Tr V <br />

σ 2<br />

λ<br />

⎞<br />

⎠<br />

Z2 Z T 2<br />

Z5 Z T 5<br />

1<br />

=<br />

3N Tr(δV)<br />

2<br />

<br />

<br />

= 3N Tr <br />

= 3N (N − 1) Tr <br />

τ (k+1)<br />

c<br />

=<br />

fc (τ) =<br />

∞<br />

0<br />

1<br />

3Nσ 2<br />

λ<br />

Z3 Z T 3<br />

Z6 Z T 6<br />

<br />

<br />

dτ τ k fc (τ)<br />

= 6N<br />

= 6N (N − 1)<br />

Tr δV (0)δV (τ) <br />

(A.7)


98 A.2. Cálculo dos elementos matriciais Λij<br />

A.2.1 Cálculo da matriz Λ II<br />

Iniciaremos calculando os nove elementos associados ao setor I da base. Aproveitando o<br />

resultado <strong>para</strong> ΛZ1 mostrado em (A.3), vem :<br />

ΛZ1 Z T 1<br />

<br />

= −<br />

O O<br />

<br />

V O<br />

ΛZ1 Z T <br />

O<br />

2 = −<br />

V <br />

O O<br />

ΛZ1 Z T 3 = −<br />

<br />

V O<br />

O V <br />

<br />

+ 2<br />

+ 2<br />

+ 2<br />

∞<br />

0<br />

∞<br />

0<br />

∞<br />

Desta forma, os elementos da primeira coluna são:<br />

Λ 11 =<br />

Λ 21 =<br />

Λ 31 =<br />

Tr ΛZ1<br />

ZT 1<br />

Tr <br />

Z1 ZT 1<br />

Tr ΛZ1<br />

ZT 2<br />

Tr <br />

Z2 ZT 2<br />

Tr ΛZ1 Z T 3<br />

Tr <br />

Z3 Z T 3<br />

<br />

= 0<br />

<br />

=<br />

Agora usando ΛZ2 , temos:<br />

ΛZ2 Z T 1 =<br />

ΛZ2 Z T 2 =<br />

ΛZ2 Z T 3 =<br />

<br />

<br />

2<br />

3N<br />

0<br />

dτ<br />

<br />

<br />

O O<br />

τ δV (t)δV (t ′ ) O<br />

<br />

O τ<br />

dτ<br />

δV(t)δV (t ′ ) <br />

O δV (t)δV (t ′ ) <br />

<br />

<br />

τ<br />

dτ<br />

δV (t)δV (t ′ ) <br />

<br />

′ δV (t)δV (t )<br />

∞<br />

dτ Tr<br />

0<br />

δV (t)δV (t ′ ) = 2σ 2<br />

λ τ (1)<br />

c<br />

= − 2<br />

6N Tr V + 4<br />

6N<br />

<br />

O O<br />

13N O<br />

<br />

O 13N<br />

O O<br />

<br />

13N O<br />

O 13N<br />

= −µ +2σ 2<br />

λ τ(2) c<br />

<br />

− 2<br />

− 2<br />

− 2<br />

∞<br />

0<br />

∞<br />

0<br />

∞<br />

0<br />

<br />

O O<br />

dτ<br />

O O<br />

dτ<br />

dτ<br />

∞<br />

0<br />

O<br />

τ δV (t)δV (t ′ ) <br />

<br />

dτ τ Tr δV (t)δV(t ′ ) <br />

<br />

O O<br />

O τ 2 δV (t)δV (t ′ ) <br />

<br />

<br />

<br />

O O<br />

τ 2 δV (t)δV (t ′ ) O<br />

Lembremos que a or<strong>de</strong>m entre as operações é relevante, isto é: ΛZj Z T<br />

i =<br />

ΛZj<br />

<br />

Z T<br />

i .<br />

(A.8)


A. Cálculos envolvendo Λ 99<br />

e os elementos da segunda coluna:<br />

Λ 12 =<br />

Λ 22 =<br />

Λ 32 =<br />

Tr ΛZ2 ZT 1<br />

Tr <br />

Z1 ZT 1<br />

Tr ΛZ2 Z T 2<br />

Tr <br />

Z2 Z T 2<br />

Tr ΛZ2 ZT 3<br />

Tr <br />

Z3 ZT 3<br />

<br />

= 0<br />

<br />

= − 2<br />

3N<br />

<br />

=<br />

Tudo novamente usando ΛZ3 , temos:<br />

ΛZ3 Z T 1 = 2<br />

ΛZ3 Z T 2<br />

ΛZ3 Z T 3<br />

= 2<br />

<br />

13N O<br />

O O<br />

<br />

O O<br />

O − V <br />

<br />

<br />

= 2<br />

O<br />

−<br />

13N<br />

V <br />

O<br />

e os elementos da terceira coluna:<br />

<br />

Λ 13 =<br />

Λ 23 =<br />

Λ 33 =<br />

Tr ΛZ3<br />

ZT 1<br />

Tr <br />

Z1 ZT 1<br />

Tr ΛZ3 Z T 2<br />

Tr <br />

Z2 Z T 2<br />

Tr ΛZ3 Z T 3<br />

Tr <br />

Z3 Z T 3<br />

=<br />

<br />

∞<br />

0<br />

1<br />

6N Tr 16N = 6N<br />

6N<br />

− 2<br />

− 2<br />

− 2<br />

dτ τ 2 Tr δV (t)δV (t ′ ) = − 2σ 2<br />

λ τ (3)<br />

c<br />

∞<br />

0<br />

∞<br />

0<br />

∞<br />

0<br />

dτ<br />

<br />

= 1<br />

<br />

O O<br />

τ 2 δV (t)δV (t ′ ) O<br />

<br />

O τ<br />

dτ<br />

2 δV(t)δV (t ′ ) <br />

O O<br />

dτ<br />

2<br />

6N Tr 13N = 2 3N<br />

3N<br />

= − 2<br />

3N Tr V = − 2µ<br />

<br />

= − 4<br />

6N<br />

∞<br />

0<br />

(A.9)<br />

<br />

τ 2 δV (t)δV (t ′ ) <br />

O<br />

O τ 2 δV (t)δV (t ′ ) <br />

<br />

= 2<br />

dτ τ 2 Tr δV (t)δV(t ′ ) = − 2σ 2<br />

λ τ (3)<br />

c<br />

(A.10)<br />

Juntando os resultados mostrados em (A.8), (A.9) e (A.10) obtemos a matriz Λ II mos-<br />

trada em (3.58), que é a matriz mais importante do nosso trabalho e que havíamos <strong>de</strong>nomi-<br />

nado <strong>de</strong> Λ3×3 :<br />

Λ II = Λ3×3 =<br />

⎛<br />

⎜<br />

⎝<br />

0<br />

2σ<br />

0 2<br />

2<br />

λ τ(1) c − 2σ 2<br />

λ τ(3) c − 2 µ<br />

−µ +2σ 2<br />

λ τ(2) c 1 − 2σ 2<br />

λ τ(3)<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

c


100 A.2. Cálculo dos elementos matriciais Λij<br />

A.2.2 Cálculo das matrizes Λ IY e Λ YI<br />

Aqui não será necessário atravessarmos toda a bateria <strong>de</strong> contas da seção anterior. Vamos<br />

iniciar pela matriz Λ IY . Po<strong>de</strong>mos simplificar bastante os cálculos do setor misto IY ao<br />

notarmos que:<br />

Λ Yj = Λ0 Yj − ΛIj + Λ0 Ij<br />

(A.11)<br />

que é <strong>um</strong>a conseqüência do par <strong>de</strong> equações mostradas em (A.4). Λ 0 S é a matriz obtida ao<br />

fazermos V = δV (t) = δV (t ′ ) = O em (A.1). O resultado <strong>de</strong>ste procedimento quando S<br />

é <strong>um</strong>a das matrizes da base, é equivalente a colocarmos V = δV (t)δV (t ′ ) = O nas<br />

seis equações mostradas em (A.3) e (A.5). Em particular, <strong>para</strong> as três matrizes do setor Y,<br />

temos:<br />

Λ0 Y1 =<br />

<br />

O O<br />

O O<br />

E <strong>para</strong> as três do setor I :<br />

<br />

Λ0 I1 = −<br />

O O<br />

O O<br />

Λ0 Y2 =<br />

Λ0 I2 =<br />

<br />

O<br />

<br />

Y3N<br />

Y3N O<br />

<br />

O 13N<br />

13N O<br />

Λ0 Y3<br />

<br />

Y3N O<br />

= 2 (A.12)<br />

O O<br />

Λ0 I3 = 2<br />

<br />

13N O<br />

O O<br />

(A.13)<br />

Para obtermos Λ IY , <strong>de</strong>veremos calcular o traço das matrizes Λ Yj I T i (ver Eq. (A.6)). As<br />

matrizes Λ0 Yj mostradas em (A.12) possuem traço nulo, com o mesmo resultado valendo<br />

<strong>para</strong> Λ0 Yj I T i<br />

Tr Λ Yj I T i<br />

, como po<strong>de</strong> ser diretamente percebido. Desta forma, resulta <strong>de</strong> (A.11):<br />

<br />

= − Tr ΛIj I T i<br />

Dividindo ambos os lado por Tr Ii I T i<br />

Λ IY = −Λ II + Λ II<br />

0<br />

<br />

+ Tr Λ0 Ij I T i<br />

, vem:<br />

Explicitamente, a matriz Λ II<br />

0 é dada por (basta usar (A.6) com Λ0 no lugar <strong>de</strong> Λ e as<br />

equações (A.13)):<br />

Λ II<br />

0 =<br />

⎛ ⎞<br />

0 0 2<br />

⎝0 0 0⎠<br />

(A.14)<br />

0 1 0<br />

Agora olhemos Λ YI . Seguindo o mesmo raciocínio anterior, notaremos que:<br />

ΛIj Y T i = Λ0 Ij Y T i −<br />

<br />

Tr = 0<br />

ΛIj I T i + Λ0 Ij I T i


A. Cálculos envolvendo Λ 101<br />

As matrizes Λ0 Ij Y T i<br />

Tr ΛIj Y T i<br />

<br />

, como indicado, também possuem traço nulo, acarretando:<br />

= − Tr ΛIj I T i<br />

<br />

+ Tr Λ0 Ij I T i<br />

Deveremos dividir a equação anterior por Tr Yi Y T i<br />

tos ΛYI ij . No entanto, notemos que (ver Eqs. (A.7)):<br />

Tr Yi Y T i<br />

<br />

conseqüentemente:<br />

Λ YI =<br />

= (N − 1)Tr <br />

Ii I T i<br />

1<br />

<br />

−Λ<br />

N − 1<br />

II + Λ II<br />

<br />

0<br />

A.2.3 Cálculo da matriz Λ YY<br />

Ao usarmos a equação (A.11), obtemos:<br />

=<br />

<br />

1<br />

N − 1 ΛIY<br />

Λ Yj Y T i = Λ0 Yj Y T i − ΛIj Y T i + Λ0 Ij Y T i<br />

<br />

Tr = 0<br />

A matriz indicada na equação acima possui traço nulo, <strong>de</strong>sta forma:<br />

Tr Λ Yj Y T i<br />

<br />

= Tr Λ 0 Yj Y T i<br />

<br />

<br />

− Tr ΛIj Y T i<br />

<br />

(A.15)<br />

<strong>para</strong> obtermos os respectivos elemen-<br />

<br />

(A.16)<br />

(A.17)<br />

Já conhecemos o segundo termo do lado direito <strong>de</strong>sta última expressão (ver Eq. (A.15)). O<br />

primeiro po<strong>de</strong> ser escrito como:<br />

Tr Λ 0 Yj Y T i<br />

<br />

= (N − 1)Tr Λ0 Ij I T i<br />

<br />

Este resultado, embora envolva apenas calculos simples, não é imediato. O caminho <strong>para</strong><br />

obtê-lo é, digamos, in straightforward manner, isto é, realizar todos os cálculos <strong>de</strong> Λ0 Yj Yi<br />

e Λ0 Ij Ii <strong>para</strong> i, j = 1, 2, 3, tirar o traço e fazer a com<strong>para</strong>ção. Supondo isto tudo feito e<br />

tendo em vista a igualda<strong>de</strong> (A.16), a equação (A.17) fica:<br />

Tr Λ Yj Y T i<br />

Tr Yi Y T i<br />

<br />

=<br />

Tr Λ0 Ij I T i<br />

Tr <br />

Ii I T i<br />

<br />

−<br />

Tr ΛIj Y T i<br />

Tr Yi Y T i<br />

Desta forma, a matriz associada ao setor Y po<strong>de</strong> ser escrita como:<br />

Λ YY = Λ II<br />

0 − ΛYI = Λ II<br />

0<br />

− ΛII<br />

0<br />

− ΛII<br />

N − 1


102 A.3. Equivalência entre os autovalores das matrizes Λ3×3 e Λ6×6<br />

que era o resultado que faltava <strong>para</strong> terminarmos <strong>de</strong> compor o superoperador Λ na base β<br />

completa:<br />

Λ6×6 =<br />

⎛<br />

⎝ ΛII Λ IY<br />

Λ YI Λ YY<br />

⎞<br />

⎠ =<br />

⎛<br />

⎜<br />

⎝<br />

Λ II<br />

Λ II<br />

0 − Λ II<br />

N − 1<br />

Λ II<br />

Λ II<br />

0 − Λ II<br />

0 − ΛII<br />

⎞<br />

0 − Λ II<br />

⎟<br />

⎠ (A.18)<br />

N − 1<br />

A.3 Equivalência entre os autovalores das matrizes Λ3×3 e Λ 6×6<br />

Aqui <strong>de</strong>monstraremos a afirmativa feita na seção 3.9 <strong>de</strong> que os autovalores diferentes <strong>de</strong> zero<br />

da matriz Λ6×6 , <strong>de</strong>scontando-se correções da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> N −1 , são os mesmo da matriz Λ3×3 .<br />

Iniciaremos escrevendo a equação secular <strong>para</strong> Λ6×6 :<br />

<br />

Det Λ6×6 − L16<br />

⎛<br />

Λ<br />

⎜<br />

= Det ⎝<br />

II − L13<br />

Λ II<br />

0 − Λ II<br />

N − 1<br />

Λ II<br />

0 − ΛII<br />

Λ II<br />

0 − Λ II<br />

0 − Λ II<br />

N − 1<br />

− L13<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠ = 0 (A.19)<br />

Façamos a seguinte transformação, que não altera o valor do <strong>de</strong>terminante, nas linhas 4, 5 e 6<br />

da equação anterior:<br />

linha4,5, 6 −→ linha4,5, 6 +<br />

Esta transformação resulta:<br />

1<br />

N − 1 linha1,2, 3<br />

⎛<br />

Λ<br />

⎜<br />

Det ⎝<br />

II − L13 Λ II<br />

0 − Λ II<br />

Λ II<br />

0 − L13<br />

Λ<br />

N − 1<br />

II<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠ = 0<br />

0 − L13<br />

Agora, <strong>um</strong>a transformação semelhante nas colunas 1, 2 e 3:<br />

coluna1,2,3 −→ coluna1,2, 3 −<br />

1<br />

N − 1 coluna4, 5,6<br />

Acarretando:<br />

⎛<br />

⎜<br />

Det ⎝ ΛII − L13 − ΛII 0 − ΛII<br />

Λ<br />

N − 1<br />

II<br />

0 − Λ II<br />

O Λ II<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠ = 0<br />

0 − L13<br />

Desta forma, o <strong>de</strong>terminante da equação (A.19) se escreve:<br />

Det<br />

N<br />

N − 1 ΛII −<br />

1<br />

N − 1 ΛII<br />

<br />

0 − L13 Det Λ II<br />

<br />

0 − L13<br />

= 0


A. Cálculos envolvendo Λ 103<br />

Este último resultado nos mostra os três autovalores iguais a zero (ver Λ II<br />

0<br />

sendo os outros três obtidos <strong>de</strong>:<br />

Det<br />

N<br />

N − 1 ΛII −<br />

1<br />

N − 1 ΛII<br />

<br />

0 − L13<br />

<br />

≈ Det Λ II <br />

− L13<br />

= 0<br />

na Eq. (A.14)),<br />

on<strong>de</strong> ≈ significa que, relativamente, termos da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> N −1 foram <strong>de</strong>scartados acarre-<br />

tando a equivalência entre os autovalores <strong>de</strong> Λ 6×6 e Λ3×3 = Λ II .


104 A.3. Equivalência entre os autovalores das matrizes Λ3×3 e Λ6×6


Apêndice B<br />

Subespaço relevante na diagonalização <strong>de</strong> Λ<br />

Neste apêndice <strong>de</strong>monstraremos a afirmativa feita na seção 3.8 <strong>de</strong> que a base formada pe-<br />

las seis matrizes mostradas em (3.52) constitui o subespaço relevante na diagonalização do<br />

superoperador Λ.<br />

A aplicação <strong>de</strong> qualquer potência do superoperador Λ sobre a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> 16N , resulta<br />

(conforme apêndice A) n<strong>um</strong>a combinação linear envolvendo as seis matrizes Zm :<br />

Λ k<br />

16N =<br />

6<br />

m=1<br />

Conseqüentemente:<br />

Λ k+1<br />

16N =<br />

Cm,k Zm<br />

6<br />

m=1<br />

Cm,k ΛZm<br />

Po<strong>de</strong>mos reescrever a equação anterior como:<br />

Λ k+1<br />

16N =<br />

6<br />

m=1<br />

Cm,k+1 Zm<br />

Ao combinarmos a equação (B.3) acima com (B.2), obtemos:<br />

6<br />

m=1<br />

Cm,k+1 Zm =<br />

6<br />

Cm,k ΛZm<br />

m= 1<br />

(B.1)<br />

(B.2)<br />

(B.3)<br />

(B.4)<br />

Agora lembremos que as matrizes Zm possuem a relação ortogononalida<strong>de</strong> expressa a seguir:<br />

Tr <br />

Zm ZT <br />

n<br />

Tr <br />

Zn ZT n<br />

= δnm<br />

Ao efetuarmos o produto escalar em ambos os lados <strong>de</strong> (B.4) utilizando a equação anterior,<br />

105


106<br />

obtemos:<br />

6<br />

m=1<br />

Acarretando:<br />

Cn,k+1 =<br />

Cm,k+1 Tr <br />

Zm Z T n<br />

<br />

=<br />

6<br />

m=1<br />

6 Tr<br />

Cm,k<br />

m= 1<br />

ΛZm<br />

ZT n<br />

Tr <br />

Zn ZT n<br />

Cm,k Tr ΛZm Z T n<br />

⇒ Cn,k+1 Tr <br />

<br />

=<br />

6<br />

m=1<br />

<br />

Zn Z T n<br />

Λ nm Cm,k<br />

⇒<br />

<br />

=<br />

6<br />

m=1<br />

Cm,k Tr ΛZm Z T n<br />

on<strong>de</strong> usamos (3.55) que nos fornece os elementos Λ nm . Esta última equação po<strong>de</strong> ser posta<br />

convenientemente na forma vetorial a seguir:<br />

Ck+1 = Λ6×6 Ck<br />

que é a relação <strong>de</strong> recorrência da atuação da matriz Λ6×6 sobre os vetores Ck <strong>de</strong> (B.1).<br />

Desta forma:<br />

Ck = Λ k<br />

6×6 C0 ⇒ Cm,k = Λ k<br />

6×6 C0<br />

<br />

m<br />

Finalmente, a matriz <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> fica:<br />

ρ (t) =<br />

=<br />

=<br />

1<br />

6N<br />

1<br />

6N<br />

1<br />

6N<br />

∞<br />

k =0<br />

∞<br />

k =0<br />

6<br />

m=1<br />

t k<br />

k! Λ k<br />

16N = 1<br />

6N<br />

t k<br />

k!<br />

6<br />

m=1<br />

∞<br />

k = 0<br />

t k<br />

k!<br />

k<br />

Λ6×6 C0<br />

<br />

m Zm =<br />

<br />

tΛ6×6 e C0 m Zm<br />

6<br />

m= 1<br />

Cm,k Zm =<br />

Este último resultado nos diz que toda a informação necessária ao estudo da evolução da<br />

média da matriz <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ρ(t), está contida nas matrizes Zm e no superoperador Λ restrito<br />

ao subespaço expandido por estas seis matrizes.


Apêndice C<br />

Cálculos envolvendo o potencial<br />

Neste apêndice <strong>de</strong>rivaremos alguns resultados envolvendo o potencial que foram utilizados<br />

no corpo da dissertação.<br />

C.1 Cálculo da matriz Vqiqj<br />

Iniciaremos escrevendo a energia potencial total <strong>de</strong> interação entre as N partículas em termos<br />

do potencial <strong>de</strong> pares:<br />

U (r1, . . .,rN) =<br />

N−1 <br />

a =1<br />

N<br />

b >1<br />

Φ(ra,rb) = 1<br />

2<br />

N<br />

a =1<br />

N<br />

Φ(ra,rb) (C.1)<br />

on<strong>de</strong> a mudança na estrutura da soma é permitido <strong>de</strong>vido à simetria por permutação da<br />

função Φ, conforme fora discutido na seção 3.5. O gradiente <strong>de</strong> U é obtido calculando-se o<br />

gradiente do potencial <strong>de</strong> pares, que, em coor<strong>de</strong>nadas cartesianas, é dado por:<br />

∂ Φ(ra,rb)<br />

∂ ri<br />

= ∂ Φ(ra,rb)<br />

∂ xi<br />

ˆx +<br />

∂ Φ(ra,rb)<br />

∂ yi<br />

b = a<br />

ˆy +<br />

∂ Φ(ra,rb)<br />

∂ zi<br />

ˆz (C.2)<br />

Ao escrevermos explicitamente Φ como função das coor<strong>de</strong>nadas cartesianas, ou seja:<br />

Φ(ra,rb) = Φ(xa, ya, za , xb, yb, zb)<br />

imediatamente vemos que:<br />

∂ Φ(ra,rb)<br />

∂ xi<br />

= ∂ Φ(ra,rb)<br />

∂ xa<br />

δai +<br />

∂ Φ(ra,rb)<br />

∂ xb<br />

com resultados similares <strong>para</strong> as <strong>de</strong>rivadas com respeito a xi e yi . δab é o <strong>de</strong>lta <strong>de</strong> Kronecker<br />

usual. Desta forma, a equação (C.2) fica:<br />

∂ Φ(ra,rb)<br />

∂ ri<br />

= ∂ Φ(ra,rb)<br />

∂ ra<br />

δai +<br />

∂ Φ(ra,rb)<br />

∂ rb<br />

107<br />

δbi<br />

δbi<br />

(C.3)


108 C.1. Cálculo da matriz Vqiqj<br />

Ao substituirmos este último resultado na equação (C.1), obtemos:<br />

∂ U<br />

∂ ri<br />

= 1<br />

2<br />

N<br />

b =1<br />

b = i<br />

∂ Φ(ri,rb)<br />

∂ ri<br />

+ 1<br />

2<br />

N<br />

a = 1<br />

a = i<br />

∂ Φ(ra,ri)<br />

∂ ri<br />

= 1<br />

2<br />

N<br />

b = 1<br />

b = i<br />

∂<br />

∂ ri<br />

<br />

<br />

Φ(ri,rb) + Φ(rb,ri)<br />

Agora vamos aplicar mais <strong>um</strong>a vez o gradiente sobre U . Como as <strong>de</strong>rivadas comutam<br />

(funções contínuas e diferenciáveis), po<strong>de</strong>mos escrever:<br />

∂ 2 U<br />

∂ rj ∂ ri<br />

= 1<br />

2<br />

N<br />

b = 1<br />

b = i<br />

∂<br />

∂ ri<br />

∂<br />

∂ rj<br />

<br />

<br />

Φ(ri,rb) + Φ(rb,ri)<br />

<br />

(C.4)<br />

Ao usarmos o resultado mostrado em (C.3), notamos que a <strong>de</strong>rivada com respeito a rj na<br />

equação acima fica:<br />

∂<br />

∂ rj<br />

<br />

<br />

Φ(ri,rb) + Φ(rb,ri)<br />

Resultando:<br />

∂ 2 U<br />

∂ rj ∂ ri<br />

= 1<br />

2 δij<br />

N<br />

b = 1<br />

b = i<br />

∂ 2<br />

∂ r 2 i<br />

= δij<br />

∂<br />

∂ ri<br />

<br />

<br />

Φ(ri,rb) + Φ(rb,ri) + δbj<br />

<br />

<br />

Φ(ri,rb) + Φ(rb,ri) + 1<br />

2<br />

(1 − δij)<br />

∂<br />

∂ rb<br />

<br />

<br />

Φ(ri,rb) + Φ(rb,ri)<br />

∂ 2 <br />

<br />

Φ(ri,rj) + Φ(rj,ri)<br />

∂ri∂rj<br />

(C.5)<br />

on<strong>de</strong> o fator (1 − δij) presente no segundo termo se encarregará <strong>de</strong> selecionar i = j após o<br />

Kronecker δbi eliminar a soma sobre b na equação (C.4). Se Φ for invariante por translação<br />

espacial, como também fora discutido anteriormente, teremos:<br />

Φ(ra,rb) = Φ(ra − rb)<br />

acarretando:<br />

∂<br />

∂ ra<br />

Φ(ra − rb) = − ∂<br />

Φ(ra − rb)<br />

∂ rb<br />

Levando este resultado em (C.5) e <strong>de</strong>pois ass<strong>um</strong>indo simetria rotacional, ou seja:<br />

Φ(ra − rb) = Φ(|ra − rb|) = Φ(|rb − ra|)<br />

obtemos a equação (3.34) da seção 3.6:<br />

∂ 2 U<br />

∂ rj ∂ ri<br />

= Vqjqi = δij<br />

N<br />

b =1<br />

b = i<br />

∂ 2<br />

∂ r 2 i<br />

Φ(|ri − rb|) − (1 − δij)<br />

∂ 2<br />

∂ r 2 i<br />

Φ(|ri − rj|) (C.6)


C. Cálculos envolvendo o potencial 109<br />

A equação (C.6) que acabamos <strong>de</strong> obter, embora elegante, é pouco prática. Po<strong>de</strong>mos<br />

contornar este fato notando que gradiente <strong>de</strong> <strong>um</strong>a função esfericamente simétrica é dado<br />

por:<br />

∂ Φ(rib)<br />

∂ ri<br />

= ∂ Φ(rib)<br />

∂ rib<br />

∂ rib<br />

∂ ri<br />

Ao aplicarmos o gradiente novamente, obtemos:<br />

∂ 2 Φ(rib)<br />

∂ r 2 i<br />

= ∂ 2 Φ(rib)<br />

∂ r 2<br />

ib<br />

Se escrevermos rib = x 2 ib<br />

que, <strong>para</strong> i = b , temos:<br />

∂ rib<br />

∂ ri<br />

= ri − rb<br />

rib<br />

Conseqüentemente:<br />

∂ 2 rib<br />

∂ r 2 i<br />

= 1<br />

rib<br />

∂ rib<br />

∂ ri<br />

= rib<br />

rib<br />

2 ∂ rib<br />

+ ∂ Φ(rib)<br />

∂ ri<br />

+ y 2<br />

ib<br />

− (rib)(rib)<br />

r 3<br />

ib<br />

+ z 2<br />

ib =<br />

∂ rib<br />

<br />

∂ 2 rib<br />

∂ r 2 i<br />

(C.7)<br />

(xi − xb) 2 + (yi − yb) 2 + (zi − zb) 2 , vemos<br />

(C.8)<br />

Olhemos com mais atenção o gradiente presente na equação acima. Seu cálculo explícito é:<br />

∂ rib<br />

∂ ri<br />

=<br />

<br />

ˆx ∂<br />

∂ xi<br />

+ ˆy ∂<br />

∂ yi<br />

+ ˆz ∂<br />

<br />

<br />

(xi − xb) ˆx + (yi − yb) ˆy + (zi − zb) ˆz<br />

∂ zi<br />

= ˆx ˆx + ˆy ˆy + ˆzˆz = 13 (C.9)<br />

Ou seja, trata-se da matriz i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> 3 × 3. Desta forma, substituindo (C.8) em (C.7),<br />

obtemos:<br />

∂ 2 Φ(rib)<br />

∂ r 2 i<br />

= ∂ 2 Φ(rib)<br />

∂ r 2<br />

ib<br />

<br />

∂<br />

=<br />

2 Φ(rib)<br />

=<br />

1<br />

r 2<br />

ib<br />

1<br />

rib<br />

∂<br />

∂ rib<br />

∂ r 2<br />

ib<br />

<br />

(rib) (rib)<br />

r 2<br />

ib<br />

1<br />

rib<br />

− 1<br />

r 3<br />

ib<br />

∂ Φ(rib)<br />

∂ rib<br />

+ ∂ Φ(rib)<br />

∂ rib<br />

1<br />

rib<br />

13 − (rib)(rib)<br />

r 3<br />

ib<br />

<br />

∂ Φ(rib)<br />

(rib) (rib) + 1<br />

<br />

∂ rib<br />

(rib) (rib) + 1<br />

rib<br />

rib<br />

∂ Φ(rib)<br />

13<br />

∂ rib<br />

<br />

∂ Φ(rib)<br />

13<br />

∂ rib<br />

= f (rib) (rib)(rib) + h(rib) 13 (C.10)<br />

on<strong>de</strong> usamos as <strong>de</strong>finições das funções auxiliares f (r) e h(r) dadas em (3.36). A justa-


110 C.2. Isotropia da covariância<br />

posição <strong>de</strong> vetores (rib)(rib) é <strong>um</strong>a matriz. Po<strong>de</strong>mos enxergar sua estrutura escrevendo:<br />

(rib)(rib) = (ri − rb)(ri − rb) = (xib ˆx + yib ˆy + zibˆz) (xib ˆx + yib ˆy + zibˆz) =<br />

= x 2 ib ˆx ˆx + y 2<br />

ib ˆy ˆy + z 2<br />

ib ˆzˆz + xib yib ˆx ˆy + yib xib ˆy ˆx +<br />

=<br />

+ xib zib ˆxˆz + zib xib ˆzˆx + yib zib ˆyˆz + zib yibˆzˆy = (C.11)<br />

⎛<br />

⎜<br />

⎝<br />

x 2 ib xib yib xib zib<br />

yib xib y 2<br />

ib<br />

yib zib<br />

zib xib zib yib z 2<br />

ib<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

A notação utilizada na equação (C.11) acima e em (C.9) é a mesma empregada no conceito <strong>de</strong><br />

díada. Uma díada é <strong>um</strong>a justaposição <strong>de</strong> vetores com <strong>um</strong>a or<strong>de</strong>m específica, tal como ˆx ˆy , e<br />

<strong>um</strong> polinômio linear <strong>de</strong> díadas, como visto na equação (C.11), é <strong>um</strong>a diádica. Discussão sobre<br />

este objeto e sua relação com tensores cartesianos <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m po<strong>de</strong> ser encontrada<br />

no Nivaldo [32], Symon [57] ou na edição do Goldstein <strong>de</strong> 1980 [58], sendo a abordagem<br />

do Symon a mais <strong>de</strong>talhada. A terceira edição do livro do Goldstein, publicada no ano <strong>de</strong><br />

2001, abandonou o tratamento das díadas pois, segundo os próprios autores, trata-se <strong>de</strong><br />

<strong>um</strong>a notação <strong>de</strong> uso restrito. Aqui, substituiremos a justaposição pela notação mais natural<br />

envolvendo o vetor transposto, ou seja: (rab)(rab) = r ab r T ab .<br />

Finalmente ao substituirmos a equação (C.10) em (C.6), obtemos:<br />

Vqiqj =<br />

⎧<br />

⎪⎨<br />

⎪⎩<br />

N<br />

b = 1<br />

b = i<br />

∂ 2 Φ(rib)<br />

∂ r 2 i<br />

− ∂ 2 Φ(rij)<br />

∂ r 2 i<br />

=<br />

N <br />

b =1<br />

b = i<br />

f (rib) r ib r T ib + h(rib) 13<br />

<br />

se i = j<br />

= −f (rij) r ij r T ij − h(rij) 13 se i = j<br />

que é a equação (3.35). Procedimento análogo ao empregado <strong>para</strong> chegarmos neste último<br />

resultado no leva à matriz (3.2).<br />

C.2 Isotropia da covariância<br />

Na seção 3.6, realizamos o cálculo da média das matrizes menores Vqiqj <strong>para</strong> <strong>um</strong> poten-<br />

cial <strong>de</strong> pares esfericamente simétrico e constatamos que eram proporcionais à i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

(ver Eq. (3.37)). Aqui iremos arg<strong>um</strong>entar que a média do produto entre as matrizes menores<br />

em dois instantes distintos também é proporcional a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, ou seja:<br />

V (t)V(t − τ) <br />

qiqj =<br />

N <br />

Vqiqk (t)Vqkqj(t − τ) =<br />

k =1<br />

N<br />

k =1<br />

1<br />

3 Tr Vqiqk (t)Vqkqj(t − τ) 13<br />

Para τ = 0, po<strong>de</strong>mos seguir os mesmos passos que nos levaram à <br />

Vqiqj ∝ 13 , <strong>para</strong> obtermos<br />

também VqiqkVqkqj <br />

∝ 13 . No outro extremo temporal, ou seja, <strong>para</strong> τ → ∞ ,<br />

a média do produto se fatora, Vqiqk (t)Vqkqj(t − τ) = <br />

Vqiqk<br />

Vqkqj , e ganhamos nova-


C. Cálculos envolvendo o potencial 111<br />

mente a relação com a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Nos falta avaliar a situação intermediária.<br />

Para o caso 0 < τ < ∞ encontramos as mesmas dificulda<strong>de</strong>s discutidas na seção 6.5.1<br />

referentes a se obter <strong>um</strong>a forma analítica <strong>para</strong> a função <strong>de</strong> correlação fc (τ). Contudo, po-<br />

<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar arg<strong>um</strong>entos mais gerais, associados ao cálculo <strong>de</strong> médias sobre sistemas<br />

espacialmente homogêneos, que é o nosso interesse (fluido simples). Para tais sistemas, que<br />

possuem simetria rotacional e translacional do potencial <strong>de</strong> pares, médias <strong>de</strong> ensemble cal-<br />

culadas no equilíbrio <strong>de</strong>vem ser isotrópicas. Para o caso <strong>de</strong> <strong>um</strong>a média sobre <strong>um</strong> tensor<br />

<strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m como Vqiqk (t)Vqkqj(t − τ) , <strong>de</strong>veremos obter <strong>um</strong> tensor isotrópico <strong>de</strong><br />

segunda or<strong>de</strong>m, isto é, <strong>de</strong>veremos obter <strong>um</strong> resultado proporcional a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> 13 . Expli-<br />

citamente:<br />

resultando:<br />

Vqiqk (t)Vqkqj(t − τ) = a13<br />

a = 1<br />

3 Tr Vqiqk (t)Vqkqj(t − τ) 13<br />

Discussão acerca da isotropia <strong>de</strong> tensores recebe particular tratamento em referências que<br />

abordam o princípio <strong>de</strong> Curie, por exemplo, no livro <strong>de</strong> D. Evans & P. Morriss [59] e no<br />

<strong>de</strong> S. <strong>de</strong> Groot & P. Mazur [60] . Ver também a tese <strong>de</strong> doutoramento <strong>de</strong> Barnett [15] e os<br />

artigos <strong>de</strong> Barnett et al. [16,17] com aplicação utilizando matrizes <strong>de</strong> Hesse Vqiqk similares<br />

às aqui presentes.


112 C.2. Isotropia da covariância


Apêndice D<br />

Função <strong>de</strong> distribuição radial<br />

Neste apêndice trataremos dos métodos empregados nos cálculos das médias <strong>de</strong> ensemble<br />

realizados no corpo da dissertação. As referências principais utilizadas foram o livro <strong>de</strong><br />

Balescu [56] e <strong>de</strong> Hill [54].<br />

D.1 Função <strong>de</strong> distribuição reduzida<br />

Inicialmente consi<strong>de</strong>remos <strong>um</strong>a função dinâmica arbitrária b, <strong>de</strong> <strong>um</strong> sistema <strong>de</strong> N partículas<br />

idênticas e sem estrutura, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das 6N variáveis canônicas, isto é:<br />

b = b (q1, p1, . . ., q3N, p3N) = b (r1,p1, . . .,rN,pN) (D.1)<br />

Vamos agora introduzir a seguinte notação combinada:<br />

xi = (ri,pi)<br />

Observar a diferença com a notação utilizada no capítulo 2; aqui também não será necessário<br />

pensarmos matricialmente. Conseqüentemente, a equação (D.1) fica:<br />

b = b (x1, . . .,xN)<br />

Para <strong>um</strong> sistema constituído <strong>de</strong> N partículas idênticas, b é <strong>um</strong>a função simétrica com<br />

respeito à permutação <strong>de</strong> qualquer par <strong>de</strong> partículas:<br />

b (x1, . . .,xj, . . .,xk, . . .,xN) = b (x1, . . .,xk, . . . ,xj, . . . ,xN)<br />

Funções dinâmicas com esta característica, em verda<strong>de</strong>, são as únicas que possuem relevância<br />

física, além <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rem ser escritas, <strong>de</strong> forma unívoca, da seguinte maneira:<br />

b = b0 +<br />

N<br />

i =1<br />

N−1 <br />

b1 (xi)+<br />

i = 1 j > i<br />

N<br />

N−s <br />

b2 (xi,xj)+··· +<br />

113<br />

j1 = 1<br />

<br />

· · ·<br />

N−s+1<br />

j2 > j1<br />

N<br />

js > js−1<br />

bs (xj1,xj2, . . .,xjs) +<br />

+ · · · + bN (x1, . . .,xN) (D.2)


114 D.1. Função <strong>de</strong> distribuição reduzida<br />

Sendo bs <strong>um</strong>a função simétrica e não aditiva das s variáveis x1, . . .,xs e b0 <strong>um</strong>a constante.<br />

Normalmente bs é referida como função dinâmica irredutível <strong>de</strong> s partículas. No caso <strong>de</strong> b1,<br />

a simetria implica em b1 (xi) = b1 (xj) <strong>para</strong> qualquer i e j.<br />

O valor médio (<strong>de</strong> ensemble) da função dinâmica b, representado por 〈b〉, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da dis-<br />

tribuição <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> no espaço <strong>de</strong> fases F (x1, . . .,xN) que, <strong>de</strong> acordo com a mecânica<br />

estatística clássica <strong>de</strong> equilíbrio, <strong>de</strong>termina o estado estatístico do sistema. O valor médio<br />

<strong>de</strong> b é calculado usando-se F como peso <strong>de</strong> acordo com a equação a seguir:<br />

〈b〉 =<br />

<br />

d 3 x1 . . . d 3 xN b (x1, . . .,xN) F (x1, . . .,xN)<br />

Com as N partículas idênticas, a função F, assim como b, também possui simetria por<br />

permutação:<br />

F (x1, . . . ,xj, . . .,xk, . . .,xN) = F (x1, . . . ,xk, . . . ,xj, . . . ,xN)<br />

Sendo construída <strong>de</strong> forma a ser normalizada:<br />

<br />

d 3 x1 . . .d 3 xN F (x1, . . .,xN) = 1 (D.3)<br />

Ao usarmos a <strong>de</strong>composição mostrada na equação (D.2) <strong>para</strong> o cálculo <strong>de</strong> 〈b〉, o primeiro<br />

termo, isto é, a constante b0, fornece:<br />

〈b0〉 = b0<br />

<br />

d 3 x1 . . .d 3 xN F (x1, . . .,xN) = b0<br />

<strong>de</strong>vido à normalização <strong>de</strong> F. A contribuição do termo seguinte, advinda da função dinâmica<br />

irredutível <strong>de</strong> <strong>um</strong>a partícula, se escrever:<br />

N<br />

i = 1<br />

b1 (xi)<br />

<br />

=<br />

<br />

d 3 x1 . . . d 3 xN<br />

N<br />

i =1<br />

b1 (xi)<br />

<br />

= N<br />

<br />

F (x1, . . .,xN) =<br />

d 3 x1 . . .d 3 xN b1 (x1) F (x1, . . .,xN) (D.4)<br />

on<strong>de</strong> a última passagem só foi possível pois as N integrais na soma possuem o mesmo valor<br />

n<strong>um</strong>érico <strong>de</strong>vido à simetria <strong>de</strong> F por permutações. Vamos agora introduzir <strong>um</strong> novo objeto:<br />

<br />

f1 (x1) = N<br />

d 3 x2 . . .d 3 xN F (x1, . . .,xN) (D.5)<br />

f1 (x1) é <strong>de</strong>nominada função <strong>de</strong> distribuição reduzida <strong>de</strong> <strong>um</strong>a partícula. Po<strong>de</strong>mos, então,<br />

reescrever a equação (D.4) como:<br />

N<br />

i =1<br />

b1 (xi)<br />

<br />

<br />

= N<br />

d 3 x1 . . . d 3 xN b1 (x1) F (x1, . . .,xN) =<br />

<br />

d 3 x1 b1 (x1) f1 (x1)


D. Função <strong>de</strong> distribuição radial 115<br />

Olhemos agora o valor médio do termo geral na expansão <strong>de</strong> b :<br />

<br />

=<br />

d 3 x1 . . .d 3 xN<br />

N!<br />

(N − s)!s!<br />

⎡<br />

⎣ 1<br />

s!<br />

<br />

N<br />

N<br />

· · ·<br />

j1 = 1 j2 = j1<br />

N<br />

js = js−1<br />

⎤<br />

bs (xj1,xj2, . . .,xjs) ⎦ F (x1, . . . ,xN) =<br />

d 3 x1 . . .d 3 xN bs (x1, . . . ,xs) F (x1, . . . ,xN) =<br />

= 1<br />

s!<br />

<br />

d 3 xs+1 . . . d 3 xN bs (x1, . . . ,xs) fs (x1, . . .,xs) (D.6)<br />

on<strong>de</strong> usamos a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> simetria <strong>de</strong> F e <strong>de</strong> bs por permutação ‡ . Foi <strong>de</strong>finida também<br />

a função <strong>de</strong> distribuição reduzida <strong>de</strong> s partículas:<br />

fs (x1, . . .,xs) =<br />

N!<br />

(N − s)!<br />

<br />

d 3 xs+1 . . . d 3 xN F (x1, . . . ,xN) (D.7)<br />

que fisicamente representa a distribuição <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> associada a encontrar s, entre<br />

as N partículas do sistema, nas posições <strong>de</strong> fase x1 , . . .,xs. Não estando, necessariamente,<br />

a partícula i vinculada à posição xi, daí a normalização <strong>de</strong> fs ser diferente <strong>de</strong> 1:<br />

<br />

d 3 x1 . . .d 3 xs fs (x1, . . . ,xs) =<br />

N!<br />

(N − s)!<br />

D.2 Sistemas espacialmente homogêneos<br />

A função <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> <strong>um</strong>a partícula, f1 (x1), é a mais simples <strong>de</strong>ntre as funções geradas<br />

pela equação (D.7). Ela representa a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> associada a encontrarmos<br />

qualquer <strong>um</strong>a das N partículas do sistema na posição <strong>de</strong> fase x1 = (r1,p1). No caso<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong> cristal, f1 (x1) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá da estrutura da re<strong>de</strong>, mas <strong>para</strong> <strong>um</strong> fluido uniforme e<br />

isotrópico, todos os pontos r1 <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>um</strong> vol<strong>um</strong>e V são equivalentes. Sistemas com esta<br />

proprieda<strong>de</strong> são chamados <strong>de</strong> espacialmente homogêneos e suas proprieda<strong>de</strong>s físicas locais<br />

(intensivas), tais como temperatura, pressão e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, são iguais em todos os pontos<br />

do espaço. Matematicamente, <strong>um</strong> sistema espacialmente homogêneo apresenta invariância<br />

translacional da função <strong>de</strong> distribuição reduzida:<br />

fs (r1 + a, . . . ,rs + a,p1, . . .,ps) = fs (r1, . . .,rs,p1, . . . ,ps) (D.8)<br />

sendo a <strong>um</strong> vetor constante arbitrário. Para tais sistemas, fs (x1, . . . ,xs) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> s − 1<br />

variáveis <strong>de</strong> posição. Em particular, f1 (x1) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> apenas do momento. Com efeito, em<br />

vista da equação (D.8), usando a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> f1 (ver Eq. (D.5)) e a normalização <strong>de</strong> F (ver<br />

<br />

‡ Notar que trocamos a estrutura da soma:<br />

i=1 j > i<br />

(· · ·) = 1<br />

2!<br />

<br />

(· · ·)<br />

i=1 j = i<br />

Não existe <strong>um</strong>a diferença substancial entre líquido e gás como na clara distinção que há entre sólido e<br />

fluido. Referimo-nos como fluido ambos os estados, líquido ou gás, sendo a diferença entre eles essencialmente<br />

<strong>um</strong>a diferença na <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, excetuando regiões próximas à transição [31,61].


116 D.2. Sistemas espacialmente homogêneos<br />

Eq. (D.3)), temos:<br />

<br />

d 3 x1 f1 (x1) = ρ 0<br />

<br />

d 3 r1 d 3 p1 f1p (p1) = N<br />

Exigindo que f1p (p1) seja normalizado, d 3 p1f1p (p1) = 1, notamos que ρ 0 é a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

n<strong>um</strong>érica, isto é, ρ 0 = N/V , que é constante <strong>para</strong> <strong>um</strong> fluido homogêneo. Po<strong>de</strong>mos escrever<br />

então:<br />

f1 (x1) = f1 (r1,p1) = ρ 0 f1p (p1) (D.9)<br />

sendo f1p (p1) a função distribuição do momento † (ou moment<strong>um</strong>).<br />

Um exemplo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo que exibe a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong> espacial é o gás i<strong>de</strong>al,<br />

cuja hamiltoniana, por <strong>de</strong>finição, é puramente cinético:<br />

H(x1, . . .,xN) = H (r1,p1, . . . ,rN,pN) = 1<br />

2m<br />

N<br />

i=1<br />

p 2 i<br />

(D.10)<br />

Para enxergarmos esta característica, vamos escrever, no ensemble canônico, a função <strong>de</strong><br />

distribuição clássica <strong>para</strong> a hamiltoniana completa:<br />

F (x1, . . .,xN) =<br />

=<br />

<br />

<br />

−β H(x1,...,xN) e<br />

d 3 x1 . . .d 3 −β H(x1,...,xN)<br />

xN e<br />

e−β PN i=1 p 2 i /2m −β U(r1,...,rN) e<br />

d 3 p1 . . .d 3 pN e −β P N<br />

i=1 p 2 i /2m<br />

= Fq (r1, . . .,rN) Fp (p1, . . .,pN)<br />

<br />

d 3 r1 . . .d 3 −β U(r1,...,rN)<br />

rN e<br />

(D.11)<br />

on<strong>de</strong> na última passagem se<strong>para</strong>mos F como o produto entre sua parte configuracional, Fq,<br />

e a parte <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos momentos, Fp. Portanto, a função <strong>de</strong> distribuição reduzida <strong>de</strong> <strong>um</strong>a<br />

partícula <strong>para</strong> a hamiltoniana mostrada em (D.10) é:<br />

<br />

f1 (x1) = N<br />

= N<br />

d 3 x2 . . . d 3 xN F (x1, . . .,xN) =<br />

V N−1<br />

V N<br />

<br />

e −β p 2 1 /2m<br />

d 3 p1 e −β p 2 1 /2m<br />

= ρ 0 f1p (p1)<br />

em acordo com a equação (D.9). Continuando com o exemplo do gás i<strong>de</strong>al e seguindo o<br />

mesmo procedimento, obtemos <strong>para</strong> a função <strong>de</strong> distribuição reduzida <strong>de</strong> duas partículas o<br />

† No equilíbrio, f1p (p) é a distribuição <strong>de</strong> Maxwell: f1p (p) = (2πmκBT) −3/2 e<br />

−p 2<br />

2mκBT .


D. Função <strong>de</strong> distribuição radial 117<br />

seguinte resultado:<br />

f2 (x1,x2) = N (N − 1)<br />

= ρ 2<br />

0<br />

N−2 V<br />

V N f2p (p1,p2) =<br />

<br />

1 − 1<br />

<br />

f2p (p1,p2) ≈ ρ<br />

N<br />

2<br />

0 f2p (p1,p2)<br />

on<strong>de</strong> <strong>de</strong>sprezamos termos da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1/N. Na situação não i<strong>de</strong>al, potencial U diferente <strong>de</strong><br />

zero, o resultado não é tão simples como mostrado na equação anterior, no entanto, po<strong>de</strong>mos<br />

usá-lo como mo<strong>de</strong>lo. Para sistemas homogêneos, <strong>de</strong>vido à proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> invariância trans-<br />

lacional, f2 (x1,x2) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> apenas da distância entre as duas partículas (<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> apenas<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong>a variável <strong>de</strong> posição):<br />

f2 (x1,x2) = f2 (r1,r2,p1,p2) = f2 (|r1 − r2|,p1,p2)<br />

Em vista da equação (D.11), po<strong>de</strong>mos se<strong>para</strong>r a parte <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do momento da configu-<br />

racional como a seguir:<br />

f2 (r12,p1,p2) = f2q (r12)f2p (p1,p2)<br />

on<strong>de</strong> r12 = |r1 − r2|. Para o gás i<strong>de</strong>al, a parte configuracional é <strong>um</strong>a constante, isto<br />

é, f2q (r12) = ρ2 0 . Convencionou-se usar este resultado como parâmetro, e escrever:<br />

f2q (r12) = ρ 2<br />

0 g2 (r12) (D.12)<br />

sendo g2 (r) <strong>de</strong>nominada função <strong>de</strong> distribuição radial. A função <strong>de</strong> distribuição radial<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e da temperatura e não po<strong>de</strong> ser obtida através da medição direta <strong>de</strong><br />

quantida<strong>de</strong>s termodinâmicas. Contudo, g2 (r) po<strong>de</strong> ser obtida através <strong>de</strong> experimentos <strong>de</strong><br />

difração <strong>de</strong> nêutrons ou Raios–X (ver [31], [61], entre outros).<br />

Agora, aplicaremos o que acabamos <strong>de</strong> discutir <strong>para</strong> obtermos a média analítica <strong>de</strong> µ<br />

empregada no capítulo 6. Utilizando a equação (D.6) com s = 2, temos:<br />

µ = 1<br />

3N<br />

= 1<br />

3N<br />

N<br />

N<br />

i= 1 b = i<br />

N!<br />

(N − 2)!<br />

<br />

f (rib) r 2<br />

<br />

ib + 3h(rib)<br />

<br />

<br />

d 3 x1 . . .d 3 xN<br />

<br />

f (rib) r 2<br />

<br />

ib + 3h(rib) F (x1, . . .,xN)<br />

Como a média é calculada sobre funções que só <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da posição, po<strong>de</strong>mos utilizar (D.11)<br />

<strong>para</strong> escrever:<br />

µ = 1<br />

3N<br />

= 1<br />

3N<br />

<br />

N!<br />

(N − 2)!<br />

<br />

d 3 r1 d 3 r2<br />

d 3 r1 . . . d 3 rN<br />

<br />

f (rib) r 2<br />

ib<br />

<br />

f (r12) r 2 <br />

12 + 3h(r12) f2q (r1,r2)<br />

<br />

+ 3h(rib) Fq (r1, . . .,rN)


118 D.3. Aproximação <strong>para</strong> baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> g2 (r)<br />

Trocando as variáveis <strong>de</strong> integração <strong>de</strong> r1 e r2 <strong>para</strong> as coor<strong>de</strong>nadas relativas e <strong>de</strong> centro <strong>de</strong><br />

massa, e usando (D.12), obtemos:<br />

µ = 4π ρ 0<br />

3<br />

rc<br />

dr r 2<br />

que é a equação (6.3) da seção 6.3.<br />

0<br />

<br />

f (r) r 2 <br />

+ 3h(r) g2 (r)<br />

D.3 Aproximação <strong>para</strong> baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> g2 (r)<br />

Em nossos cálculos analíticos do capítulo 6, utilizamos a aproximação <strong>para</strong> baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s<br />

da função <strong>de</strong> distribuição radial:<br />

g2 (r) ≈ e−β Φ(r)<br />

(D.13)<br />

que é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> ρ 0 . Po<strong>de</strong>mos obter <strong>um</strong>a intuição física <strong>para</strong> esta aproximação. Para<br />

<strong>um</strong> potencial <strong>de</strong> pares esfericamente simétrico, a pressão é relacionada com g2 (r) <strong>de</strong> acordo<br />

com a equação a seguir:<br />

P<br />

κBT = ρ 2π<br />

0 −<br />

3κBT ρ2<br />

0<br />

∞<br />

0<br />

dr r<br />

3 dΦ(r)<br />

dr<br />

g2 (r) (D.14)<br />

Notemos que <strong>para</strong> Φ(r) = 0, recuperamos a equação <strong>de</strong> estado <strong>para</strong> o gás i<strong>de</strong>al. Agora<br />

vamos escrever a expansão do virial:<br />

P<br />

κBT = ρ0 +B(T) ρ2<br />

0 +C(T) ρ3<br />

0 + · · · (D.15)<br />

O segundo virial, B (T), é dado por:<br />

B(T) = 2π<br />

∞<br />

0<br />

dr r 2<br />

<br />

1 − e −βΦ(r)<br />

= − 2π<br />

3κBT<br />

∞<br />

0<br />

dr r<br />

3 dΦ(r)<br />

dr<br />

e −βΦ(r)<br />

on<strong>de</strong> na última passagem realizamos <strong>um</strong>a integração por partes. Agora vamos supor <strong>um</strong>a<br />

expansão <strong>de</strong> g2 (r) em potenciais da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>:<br />

g2 (r) = g (0)<br />

2 (r) + ρ 0 g (1)<br />

2 (r) + ρ 2<br />

0 g(2)<br />

2 (r) + · · · (D.16)<br />

Substituindo este último resultado em (D.14) e <strong>de</strong>pois com<strong>para</strong>ndo as mesmas potências<br />

<strong>de</strong> ρ 0 com a expansão do virial (D.15), obtemos <strong>para</strong> g (0)<br />

2 (r) :<br />

g (0)<br />

2 (r) = lim<br />

ρ0 →0 g2 (r) = e−β Φ(r)<br />

Desta forma, a aproximação (D.13) correspon<strong>de</strong> ao limite ρ 0 → 0 na expansão (D.16) que<br />

está relacionada a <strong>de</strong>sprezarmos todas as correções além do segundo virial em (D.15). Ver<br />

figura D.1 com os gráficos da aproximação <strong>para</strong> baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s da função <strong>de</strong> distribuição


D. Função <strong>de</strong> distribuição radial 119<br />

radial <strong>para</strong> os potenciais Φ lj (r) e Φ sf (r).<br />

Encerraremos este apêndice reproduzindo <strong>um</strong> ilustrativo trecho do livro <strong>de</strong> Balescu (R. Ba-<br />

lescu [56], Pág. 232) a respeito da função g2 (r), por ele <strong>de</strong>notata por n2 (r):<br />

1.5<br />

1.0<br />

0.5<br />

0.0<br />

“The rea<strong>de</strong>r must be warned at this stage against the distressing variety of nota-<br />

tions and names found in the literature in this field. Often n2 is called a correlation<br />

function; in some papers our n2 is <strong>de</strong>noted g2, in others ν2 is <strong>de</strong>noted by g2 ,<br />

and so on. The rea<strong>de</strong>r is advised to check carefully the notation before reading any<br />

paper; (...)”<br />

T * = k B T / ε = 1.50<br />

Φ LJ<br />

Φ SF<br />

0.0 1.0 2.0 = 2.5 3.0 r / σ<br />

r * c<br />

g 2 (r) = e − Φ(r) / k B T<br />

Figura D.1: Aproximação <strong>para</strong> baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s da função <strong>de</strong> distribuição radial <strong>para</strong> dois<br />

potenciais distintos. Φ lj (r) correspon<strong>de</strong> ao potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> original<br />

e Φ sf (r) ao potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong> Shifted-Force (ver Cap. 4). Para <strong>um</strong>a<br />

melhor com<strong>para</strong>ção, não truncamos a interação.


120 D.3. Aproximação <strong>para</strong> baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> g2 (r)


Apêndice E<br />

Unida<strong>de</strong>s reduzidas<br />

Existem diversas vantagens em não utilizarmos unida<strong>de</strong>s físicas em simulações computacio-<br />

nais. Des<strong>de</strong> evitar trabalharmos com números que possuam elevadas potências <strong>de</strong> 10, como<br />

é com<strong>um</strong> na escala atômica (veja a constante <strong>de</strong> Boltzmann: κB = 1.38 × 10 −23 J/K ), pas-<br />

sando pela simplificação das equações <strong>de</strong> movimento, acarretada pela absorção dos parâmetros<br />

do mo<strong>de</strong>lo na própria <strong>de</strong>finição das novas unida<strong>de</strong>s, que é <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong> vantagem quando pen-<br />

samos na estrutura do programa em si; e o fato <strong>de</strong> conferir ao sistema em estudo a proprieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> scaling [62]. Scaling no sentido <strong>de</strong> que <strong>um</strong> único mo<strong>de</strong>lo é capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver <strong>um</strong>a classe<br />

<strong>de</strong> problemas <strong>um</strong>a vez que gran<strong>de</strong>zas medidas em unida<strong>de</strong>s reduzidas po<strong>de</strong>m ser reescaladas<br />

<strong>para</strong> unida<strong>de</strong>s físicas a<strong>de</strong>quadas ao problema em questão, evitando-se, assim, a realização <strong>de</strong><br />

simulações duplicadas. A esta proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> scaling dá se o nome <strong>de</strong> lei ou princípio dos<br />

estados correspon<strong>de</strong>ntes [47,63] e aplicá-se quando o potencial <strong>de</strong> interação entre pares tem<br />

a forma v (r) = εf (r/σ), caso do potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong>, e po<strong>de</strong> ser usado tanto <strong>para</strong><br />

<strong>de</strong>screver proprieda<strong>de</strong>s termodinâmicas quanto estruturais e dinâmicas † do sistema: <strong>um</strong>a<br />

varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> combinações entre ρ, T, ε e σ correspon<strong>de</strong>m ao mesmo estado em unida<strong>de</strong>s<br />

reduzidas.<br />

A seguir é apresentada, <strong>de</strong> forma intuitiva, a <strong>de</strong>finição das unida<strong>de</strong>s reduzidas <strong>para</strong> as<br />

gran<strong>de</strong>zas presentes neste trabalho. Na tabela E.1 temos <strong>um</strong> res<strong>um</strong>o e a tabela E.2 apresenta<br />

<strong>um</strong>a com<strong>para</strong>ção entre valores físicos e reduzidos <strong>de</strong> alguns parâmetros <strong>para</strong> o caso do Ar<br />

e Ne. É importante observarmos que estas <strong>de</strong>finições não são únicas, pequenas diferenças<br />

existem, no entanto, as aqui adotadas, são as mais freqüentemente presentes na literatura<br />

contemporânea.<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> massa<br />

Como estamos lidando com <strong>um</strong> sistema constituído com apenas <strong>de</strong> tipo <strong>de</strong> átomo, vamos<br />

escolher como unida<strong>de</strong> fundamental <strong>de</strong> massa m a massa <strong>de</strong> <strong>um</strong> único átomo mi, isto<br />

é, m = mi = 1. Como conseqüência, o momento pi e a velocida<strong>de</strong> vi <strong>de</strong> <strong>um</strong> átomo<br />

tornam-se n<strong>um</strong>ericamente idênticos, assim como a aceleração e a força. Fazendo isso, a<br />

† A energia média é exemplo <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> termodinâmica, a função <strong>de</strong> distribuição radial, <strong>de</strong> estrutural<br />

e a função <strong>de</strong> correlação, <strong>de</strong> dinâmica.<br />

121


122<br />

massa <strong>de</strong> <strong>um</strong>a partícula em unida<strong>de</strong>s reduzidas se escreve:<br />

m ∗ i = mi<br />

m<br />

= 1<br />

Conseqüentemente, temos <strong>para</strong> a massa total M do sistema:<br />

M =<br />

N<br />

i =1<br />

mi = mN ⇒ M ∗ = M<br />

m<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento<br />

= N<br />

Partindo do potencial <strong>de</strong> <strong>Lennard–Jones</strong>, é imediato que:<br />

Φ lj σ 12 (r) = 4ε −<br />

r<br />

<br />

6<br />

σ<br />

r<br />

Este resultado nos sugere escrever:<br />

Φ lj (r ∗ ) = 4ε<br />

<br />

1<br />

(r∗ 1<br />

12 −<br />

)<br />

(r ∗ ) 6<br />

<br />

= 4ε<br />

<br />

1<br />

(r/σ)<br />

12 −<br />

1<br />

(r/σ) 6<br />

<br />

on<strong>de</strong> r ∗ = r/σ. Temos assim o σ como unida<strong>de</strong> fundamental <strong>de</strong> comprimento.<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vol<strong>um</strong>e<br />

(E.1)<br />

Utilizando σ como unida<strong>de</strong> fundamental <strong>de</strong> comprimento, segue que a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vol<strong>um</strong>e<br />

é σ 3 , ou seja:<br />

V ∗ = V<br />

σ 3<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

A unida<strong>de</strong> fundamental <strong>para</strong> a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (n<strong>um</strong>érica) é a inversa da do vol<strong>um</strong>e, com efeito:<br />

ρ 0 = N<br />

V<br />

= 1<br />

σ 3<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia<br />

N<br />

V ∗ = ρ∗ 0<br />

σ 3<br />

Partindo da equação (E.1), po<strong>de</strong>mos escrever:<br />

Φ lj (r ∗ ) = 4ε<br />

<br />

1<br />

(r∗ 1<br />

12 −<br />

)<br />

(r ∗ ) 6<br />

<br />

⇒ Φlj (r ∗ )<br />

ε<br />

Temos então o ε como unida<strong>de</strong> fundamental <strong>de</strong> energia.<br />

= Φ ∗lj (r ∗ ) = 4<br />

<br />

1<br />

(r∗ 1<br />

12 −<br />

)<br />

(r ∗ ) 6


E. Unida<strong>de</strong>s reduzidas 123<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tempo<br />

Vamos escrever a segunda lei <strong>de</strong> Newton <strong>para</strong> o potencial <strong>de</strong> Lennard-Jones:<br />

F = −∇Φ lj (r) ⇒ m d2 r<br />

dt2 <br />

= − 4ε −12<br />

“Reduzindo” a posição, vem:<br />

m σ d2<br />

dt 2<br />

<br />

r<br />

σ<br />

= 24ε<br />

σ<br />

Agora, “reduzindo” o tempo:<br />

mσ 2<br />

ε<br />

<br />

d2 r∗ dt2 = d2 r∗ <br />

dt∗2 = 24<br />

2<br />

13 −<br />

(r/σ)<br />

1<br />

(r/σ) 7<br />

<br />

(r/σ)<br />

(r/σ)<br />

2<br />

(r∗ 1<br />

13 −<br />

)<br />

(r ∗ ) 7<br />

12 6 σ σ<br />

+ 6<br />

r 13 r 7<br />

<br />

r<br />

r<br />

on<strong>de</strong> t ∗ = t/( mσ 2 /ε). Temos mσ 2 /ε como nossa unida<strong>de</strong> fundamental <strong>de</strong> tempo.<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong><br />

Sendo σ e mσ 2 /ε as unida<strong>de</strong>s fundamentais <strong>de</strong> comprimento e tempo respectivamente,<br />

segue que a velocida<strong>de</strong> em unida<strong>de</strong>s reduzidas se escreve:<br />

v = dr<br />

dt =<br />

ε<br />

m<br />

dr ∗<br />

dt ∗ ⇒ v∗ =<br />

m<br />

ε v<br />

Segue então que ε/m é a nossa unida<strong>de</strong> fundamental <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>.<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> temperatura<br />

Vamos escrever o teorema da equipartição da energia:<br />

K = 3<br />

2 NκB T = 1<br />

2 m<br />

N<br />

i = 1<br />

“Reduzindo” a velocida<strong>de</strong>, temos:<br />

K = 3<br />

2 NκB T = 1<br />

2 ε<br />

“Reduzindo” a energia:<br />

K<br />

ε<br />

3 κBT<br />

= N<br />

2 ε<br />

= 1<br />

2<br />

N<br />

i =1<br />

N<br />

i =1<br />

v 2<br />

i<br />

v ∗2<br />

i<br />

<br />

r ∗<br />

r ∗<br />

v ∗2<br />

i ⇒ K ∗ = 3<br />

2 NT ∗ = 1<br />

2<br />

N<br />

i= 1<br />

v ∗2<br />

i


124<br />

on<strong>de</strong> T ∗ = T/(ε/κB). Temos então ε/κB como unida<strong>de</strong> fundamental <strong>de</strong> temperatura.<br />

Notemos que a energia total E em unida<strong>de</strong>s reduzidas se escreve:<br />

E ∗ = K ∗ + U ∗ = 1<br />

2<br />

N<br />

i =1<br />

v ∗2<br />

i +<br />

N<br />

<br />

1<br />

4<br />

(r∗ 1<br />

12 −<br />

)<br />

i < j<br />

(r ∗ ) 6<br />

Por sua vez, a distribuição <strong>de</strong> Maxwell <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s, utilizada no capítulo 5, em unida<strong>de</strong>s<br />

reduzidas fica:<br />

3/2 m<br />

P (v, T) = 4π v<br />

2πκBT<br />

2 2 m v <br />

−<br />

e 2κBT ∗ ∗ ∗ 1<br />

−→ P (v , T ) = 4π<br />

2πT ∗<br />

3/2 v ∗2 e −<br />

v∗2 2T ∗<br />

on<strong>de</strong> P ∗ (v ∗ , T ∗ ) = P (v ∗ , T ∗ )/ ε/m .<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pressão<br />

Para <strong>um</strong> gás i<strong>de</strong>al, temos:<br />

PV = NκB T ⇒ P = ρ 0 κB T<br />

Passando todas a variáveis acima <strong>para</strong> unida<strong>de</strong>s reduzidas, obtemos:<br />

P ∗ = ρ ∗<br />

0 T ∗ =<br />

σ 3<br />

ε P<br />

Temos então ε/σ 3 como unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pressão.<br />

Tabela E.1: Relação entre unida<strong>de</strong>s físicas e reduzidas.<br />

r ∗ = r<br />

σ<br />

T ∗ = κBT<br />

ε<br />

ρ ∗ 0 = σ 3 ρ 0<br />

h ∗ (r ∗ ) =<br />

µ ∗ =<br />

t ∗ =<br />

<br />

<br />

ε<br />

t<br />

m σ 2<br />

V ∗ = V<br />

σ 3<br />

P ∗ =<br />

σ 2<br />

ε h(r) f ∗ (r ∗ ) =<br />

σ 2<br />

ε<br />

Φ ∗lj (r ∗ ) = Φlj (r ∗ )<br />

ε<br />

µ σ∗2<br />

λ<br />

σ 3<br />

ε P<br />

σ 4<br />

ε<br />

f (r)<br />

4 σ 2 = σ<br />

ε 2 λ<br />

g ∗ 2 (r ∗ ) = g2 (r)


E. Unida<strong>de</strong>s reduzidas 125<br />

Tabela E.2: Unida<strong>de</strong>s físicas e reduzidas <strong>de</strong> alg<strong>um</strong>as gran<strong>de</strong>zas <strong>de</strong> interesse <strong>para</strong> os gases<br />

nobres Ar e Ne . Consi<strong>de</strong>ramos <strong>um</strong> único valor <strong>de</strong> temperatura, T ∗ = 1.50,<br />

e três valores típicos <strong>para</strong> a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Pressão estimada com a lei dos gases<br />

i<strong>de</strong>ais, PV = NκBT, tempo médio entre colisões sucessivas τ, através da<br />

equação (5.8). Em nossas simulações, utilizamos δt ∗ = 0.001 como passo <strong>de</strong> integração.<br />

Ar Ne<br />

σ 3.40 × 10 −10 m 2.74 × 10 −10 m<br />

ε 1.65 × 10 −21 J 5.00 × 10 −22 J<br />

m 6.63 × 10 −26 Kg 3.34 × 10 −26 Kg<br />

T ∗ 1.50 1.50<br />

T ∼ 179K ∼ 54K<br />

δt ∗ 0.001 (1 passo) 0.001<br />

δt 2.16 × 10 −15 s 2.24 × 10 −15 s<br />

v ∗ rms 2.12 2.12<br />

vrms ∼ 335 m/s ∼ 260 m/s<br />

ρ ∗ 0 0.01 0.01<br />

ρ 0 2.54 × 10 26 /m 3 4.86 × 10 27 /m 3<br />

τ ∗ 10.6 (∼ 10 000 passos) 10.6<br />

τ 2.28×10 −11 s 2.38 × 10 −11 s<br />

P ∗ 0.015 0.015<br />

P 6.3×10 5 N/m 2 ∼ 6.3atm 3.6 × 10 5 N/m 2 ∼ 3.6atm<br />

ρ ∗ 0 0.05 0.05<br />

ρ 0 1.27 × 10 27 /m 3 2.43 × 10 27 /m 3<br />

τ ∗ 2.12 (∼ 2 000 passos) 2.12<br />

τ 4.58 × 10 −12 s 4.75 × 10 −12 s<br />

P ∗ 0.075 0.075<br />

P 3.1×10 6 N/m 2 ∼ 31atm 1.8 × 10 6 N/m 2 ∼ 18atm<br />

ρ ∗ 0 0.50 0.50<br />

ρ 0 1.27 × 10 28 /m 3 2.43 × 10 28 /m 3<br />

τ ∗ 0.21 (∼ 200 passos ) 0.21<br />

τ 4.58 × 10 −13 s 4.75 × 10 −13 s<br />

P ∗ 0.75 0.75<br />

P 3.1×10 7 N/m 2 ∼ 310atm 1.8 × 10 7 N/m 2 ∼ 180atm


126


Apêndice F<br />

Programas utilizados<br />

• O programa principal <strong>de</strong>scrito no capítulo 5 teve como principal referência o livro <strong>de</strong><br />

Allen & Til<strong>de</strong>sley [47]. Tanto ele como os <strong>de</strong>mais programas utilizados no capítulo 6<br />

foram escritos em linguagem FORTRAN. As sugestões <strong>de</strong> subrotinas dadas no livro<br />

<strong>de</strong> Allen & Til<strong>de</strong>sley (as microfiches), que foram <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> neste trabalho,<br />

po<strong>de</strong>m ser encontradas no seguinte en<strong>de</strong>reço eletrônico:<br />

http://www.ccl.net/cca/software/SOURCES/FORTRAN/allen-til<strong>de</strong>sley-book/<br />

• No Windows, os códigos foram compilados utilizando os programas do Force Project<br />

<strong>de</strong>senvolvido e mantido gratuitamente por Guilherme Lepsch. Os arquivos binários<br />

<strong>para</strong> as três versões (G77, G95 e GFortran) po<strong>de</strong>m ser encontrados em:<br />

http://www.lepsch.com/<br />

• Gráficos simples, apenas apresentando dados e contendo funções <strong>de</strong>finidas, foram feitos<br />

alguns com o Gnuplot versão 4.4 e outros com OriginPro versão 8.0 como po<strong>de</strong>m ser<br />

diretamente distinguidos. Os ajustes gaussianos da função <strong>de</strong> correlação realizados no<br />

capítulo 6 foram feitos com o OriginPro e os ajustes não gaussianos do capítulo 7, no<br />

Gnuplot.<br />

• Os cálculos analíticos presentes em diversos pontos da dissertação, particularmente o<br />

cálculo das médias presentes no capítulo 6, que utilizamos como com<strong>para</strong>ção com as<br />

médias MD, foram efetuados no Maple versão 13.0.<br />

127


128


Referências Bibliográficas<br />

[1] R. O. Vallejos & C. Anteneodo. Theoretical estimates for the largest lyapunov exponent<br />

of many-particle systems. Phys. Rev. E, 66(2):021110, Aug (2002). 1, 3, 4, 15, 76<br />

[2] C. Anteneodo; R. N. P. Maia & R. O. Vallejos. <strong>Lyapunov</strong> exponent of many-particle<br />

systems: Testing the stochastic approach. Phys. Rev. E, 68(3):036120, Sep (2003). 1,<br />

4, 15, 77, 89<br />

[3] R. O. Vallejos & C. Anteneodo. Largest lyapunov exponent of long-range xy systems.<br />

Physica A: Statistical Mechanics and its Applications, 340(1-3):178–186, September<br />

(2004). 1, 4, 15, 89<br />

[4] R. N. Púpio Maia. Dinâmica e termodinâmica do mo<strong>de</strong>lo xy <strong>de</strong> alcance infinito.<br />

Dissertação <strong>de</strong> Mestrado, Centro Brasileiro <strong>de</strong> Pesquisas Físicas–CBPF, (Rio <strong>de</strong> Ja-<br />

neiro 2004). 1, 15, 77<br />

[5] L. Meirovitch. Methods of Analytical Dynamics. McGraw–Hill, (New York, 1970). 1, 9<br />

[6] N. S. Krylov. Works on the Foundations of Statistical Physics. Princeton University<br />

Press, (Princeton, 1979). 2<br />

[7] L. Casetti; M. Pettini & E. G. D. Cohen. Geometric approach to hamiltonian dynamics<br />

and statistical mechanics. Physics Reports, 337:238–341, (2000). 2, 3, 16<br />

[8] R. van Zon; H. van Beijeren & Ch. Dellago. Largest lyapunov exponent for many particle<br />

systems at low <strong>de</strong>nsities. Phys. Rev. Lett., 80(10):2035–2038, Mar (1998). 2, 91<br />

[9] J. Ford. The Fermi-Pasta-Ulam problem: Paradox turns discovery. Physics Reports,<br />

213:271–310, May (1992). 2, 65<br />

[10] A. J. Lichtenberg & M. A. Liberman. Regular and Stochastic Motion: Applied Mathe-<br />

matical Sciences 38. Springer-Verlag, (New York, 1983). 3, 10, 12<br />

[11] M. Hénon. N<strong>um</strong>erical exploration of hamiltonian systems. In Chaotic Behaviour of<br />

<strong>de</strong>terministic systems: Les Houches 1981 Session XXXVI. North-Holland, (1983). 3, 11<br />

[12] L. Casetti; M. Cerruti-Sola; M. Modugno; G. Pettini; M. Pettini & R. Gatto. Dynamical<br />

and statistical properties of hamiltonian systems with many <strong>de</strong>grees of freedom. La<br />

Rivista <strong>de</strong>l Nuovo Cimento, 22(1):1–74, January (1999). 3, 16<br />

129


130 Referências Bibliográficas<br />

[13] V. Latora; A. Rapisarda & S. Ruffo. Chaos and statistical mechanics in the hamiltonian<br />

mean field mo<strong>de</strong>l. Physica D: Nonlinear Phenomena, 131(1-4):38–54, (1999). 3<br />

[14] L. Casetti & A. Macchi. Geometric dynamical observables in rare gas crystals. Phys.<br />

Rev. E, 55(3):2539–2545, Mar (1997). 3<br />

[15] D. M. Barnett. <strong>Lyapunov</strong> Exponents of Many Body Systems. PhD thesis, The University<br />

of Texas At Austin, May (1995). 3, 111<br />

[16] D. M. Barnett; T. Tajima; K. Nishihara; Y. Ueshima & H. Furukawa. <strong>Lyapunov</strong><br />

exponent of a many body system and its transport coefficients. Phys. Rev. Lett.,<br />

76(11):1812–1815, Mar (1996). 3, 111<br />

[17] D. M. Barnett & T. Tajima. Fluctuations and the many-body lyapunov exponent. Phys.<br />

Rev. E, 54(6):6084–6092, Dec (1996). 3, 111<br />

[18] A. Torcini; Ch. Dellago & H. A. Posch. Comment on “lyapunov exponent of a many<br />

body system and its transport coefficients”. Phys. Rev. Lett., 83(13):2676, Sep (1999).<br />

3<br />

[19] D. M. Barnett; T. Tajima & Y. Ueshima. Barnett et al. reply:. Phys. Rev. Lett.,<br />

83(13):2677, Sep (1999). 3<br />

[20] C. Anteneodo & C. Tsallis. Breakdown of exponential sensitivity to initial conditions:<br />

Role of the range of interactions. Phys. Rev. Lett., 80(24):5313–5316, Jun (1998). 4<br />

[21] C. Tsallis. Introduction to Nonextensive Statistical Mechanics: Approaching a Complex<br />

World. Springer, (New York, 2009). 4, 39<br />

[22] E. Ott. Chaos in Dynamical Systems. Cambridge University Press, (Cambridge, 1993).<br />

9<br />

[23] J.-P. Eckmann & D. Ruelle. Ergodic theory of chaos and strange attractors. Rev. Mod.<br />

Phys., 57(3):617–656, Jul (1985). 9<br />

[24] G. Benettin; L. Galgani & J.-M. Strelcyn. Kolmogorov entropy and n<strong>um</strong>erical experi-<br />

ments. Phys. Rev. A, 14(6):2338–2345, Dec (1976). 9, 11<br />

[25] N. Ferrara & C. do Prado. Caos: <strong>um</strong>a Introdução. Edgard Blücher, (São Paulo, 1994).<br />

10<br />

[26] G. Benettin; L. Galgani; A. Giorgilli & J.-M. Strelcyn. <strong>Lyapunov</strong> characteristic expo-<br />

nents for smooth dynamical systems and for hamiltonian systems; a method for compu-<br />

ting all of them. Part 1: Theory & Part 2: N<strong>um</strong>erical application. Meccanica, 15:9–20<br />

& 21–30, (1980). 11


Referências Bibliográficas 131<br />

[27] M. Romero-Bastida & E. Braun. <strong>Lyapunov</strong> mo<strong>de</strong>s in three-dimensional lennard-jones<br />

fluids. Journal of Physics A: Mathematical and Theoretical, 41(37):375101, (2008). 14,<br />

42, 55<br />

[28] S. Tanase-Nicola & J. Kurchan. Statistical-mechanical formulation of lyapunov expo-<br />

nents. Journal of Physics A: Mathematical and General, 36(41):10299, (2003). 16<br />

[29] N. G. Van Kampen. Stochastic Processes in Physics and Chemistry. North Holland,<br />

3 a Ed., (Amsterdam, 2007). 18<br />

[30] N. G. Van Kampen. Stochastic differential equations. Physics Reports, 24(3):171–228,<br />

(1976). 18<br />

[31] J. A. Barker & D. Hen<strong>de</strong>rson. What is “liquid”? un<strong>de</strong>rstanding the states of matter.<br />

Rev. Mod. Phys., 48(4):587–671, Oct (1976). 24, 26, 27, 115, 117<br />

[32] N. A. Lemos. Mecânica Analítica. Editora Livraria da Física, (São Paulo, 2004). 26,<br />

110<br />

[33] D. Ruelle. Statistical mechanics: rigorous results. Benjamin, (New York, 1969). 26, 39<br />

[34] N. Sator. Clusters in simple fluids. Physics Reports, 376:1–39, February (2003). 27<br />

[35] F. Reif. Fundamentals of Statistical and Thermal Physics. McGraw-Hill – McGraw-Hill<br />

Series in Fundamentals of Physics, (New York, 1965). 29<br />

[36] C. Cohen-Tannoudji; B. Diu & F. Laloë. Quant<strong>um</strong> Mechanics Vol. 1. John Wiley, (New<br />

York, 1977). 36<br />

[37] J. P. Hansen & I. R. McDonald. Theory of Simple Liquids. Aca<strong>de</strong>mic Press Elsevier,<br />

3 a Ed., (Amsterdam, 2006). 39, 48, 49, 58<br />

[38] N. W. Ashcroft & N. D. Mermin. Solid State Physics. Brooks/Cole, (Belmont, 1976).<br />

39, 40<br />

[39] B. H. Brans<strong>de</strong>n & C. J. Joachain. Physics of Atoms and Molecules. Prentice Hall,<br />

2 a Ed., (New York, 2003). 39<br />

[40] D. Chandler; J. D. Weeks & H. C. An<strong>de</strong>rsen. Van <strong>de</strong>r waals picture of liquids, solids,<br />

and phase transformations. Science, 220 (4599):787–794, (1983). 39<br />

[41] L. Verlet. Computer “experiments”on classical fluids. i. thermodynamical properties of<br />

lennard-jones molecules. Phys. Rev., 159(1):98–103, Jul (1967). 42, 47<br />

[42] L. Verlet. Computer “experiments”on classical fluids. ii. equilibri<strong>um</strong> correlation functi-<br />

ons. Phys. Rev., 165(1):201–214, Jan (1968). 42


132 Referências Bibliográficas<br />

[43] D. Levesque & L. Verlet. Computer “experiments”on classical fluids. iii. time-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<br />

self-correlation functions. Phys. Rev. A, 2(6):2514–2528, Dec (1970). 42<br />

[44] D. Levesque; L. Verlet & J. Kürkijarvi. Computer “experiments”on classical fluids. iv.<br />

transport properties and time-correlation functions of the lennard-jones liquid near its<br />

triple point. Phys. Rev. A, 7(5):1690–1700, May (1973). 42<br />

[45] B. Smit. Phase diagrams of lennard-jones fluids. The Journal of Chemical Physics,<br />

96(11):8639–8640, (1992). 42<br />

[46] S. D. Stoddard & J. Ford. N<strong>um</strong>erical experiments on the stochastic behavior of a<br />

lennard-jones gas system. Phys. Rev. A, 8(3):1504–1512, Sep (1973). 42<br />

[47] M. P. Allen & D. J. Til<strong>de</strong>sley. Computer simulation of liquids. Oxford University Press,<br />

(Oxford, 1987). 42, 45, 50, 51, 55, 58, 66, 72, 121, 127<br />

[48] D. W. Heermann. Computer Simulation Methods in Theoretical Physics. Springer-<br />

Verlag, 2 a Ed., (Berlin, 1990). 46<br />

[49] S. Nosé. A molecular dynamics method for simulations in the canonical ensemble.<br />

Molecular Physics, 52(2):255–268, (1984). 46<br />

[50] D. Frenkel & B. Smit. Un<strong>de</strong>rstanding Molecular Simulation: From Algorithms to Ap-<br />

plications (Computational Science Series, Vol 1). Aca<strong>de</strong>mic Press, 2 a Ed., (London,<br />

2002). 48, 52, 58<br />

[51] H. M. Nussenzveig. Curso De Física Básica 2 – Fluidos, Oscilações e Ondas, Calor.<br />

Edgard Blücher, 3 a Ed., (São Paulo, 1996). 49<br />

[52] Y. Sone. Molecular Gas Dynamics: Theory, Techniques, and Applications (Mo<strong>de</strong>ling<br />

and Simulation in Science, Engineering and Technology). Birkhäuser Boston, (Boston,<br />

2007). 49<br />

[53] J. P. Boon & S. Yip. Molecular Hydrodynamics. Dover, (New York, 1991). 58, 76<br />

[54] T. L. Hill. Statistical Mechanics: Principles and Selected Applications. McGraw-Hill<br />

Book Company – The McGraw-Hill Series in Advanced Chemistry, (New York, 1956).<br />

66, 70, 113<br />

[55] S. R. A. Salinas. Introdução à Física Estatística. Edusp, 2 a Ed., (São Paulo, 1999). 66<br />

[56] R. Balescu. Equilibri<strong>um</strong> and nonequilibri<strong>um</strong> Statistical Mechanics. John Wiley & Sons,<br />

(New York, 1975). 70, 113, 119<br />

[57] K. R. Symon. Mecânica. Editora Campus, (Tradução <strong>de</strong> G. Brand Batista), (Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, 1982). 110


Referências Bibliográficas 133<br />

[58] H. Goldstein. Classical Mechanics. Addison Wesley, 2 a Ed., (Massachusetts, 1980). 110<br />

[59] D. J. Evans & G. P. Morris. Statistical Mechanics of Nonequilibri<strong>um</strong> Liquids. Cambridge<br />

University Press, 2 a Ed., (Cambridge, 2008). 111<br />

[60] S. R. <strong>de</strong> Groot & P. Mazur. Non-Equilibri<strong>um</strong> Thermodynamics. Dover, (New York,<br />

1984). 111<br />

[61] J. W. Halley. Statistical Mechanics: From First Principles to Macroscopic Phenomena.<br />

Cambridge Univ. Press, (Cambridge, 2006). 115, 117<br />

[62] D. C. Rapaport. The Art of Molecular Dynamics Simulation. Cambridge Univ. Press,<br />

2 a Ed., (Cambridge, 2004). 121<br />

[63] E. Helfand & S. A. Rice. Principle of corresponding states for transport properties. J.<br />

Chem. Phys., 32:1642, June (1960). 121

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!