Expoente de Lyapunov para um Gás de Lennard–Jones - CBPFIndex
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2 1.1. <strong>Expoente</strong> <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> e caos<br />
quando o sistema é integrável, neste caso, as trajetórias são regulares e o sistema é estável.<br />
Existem, no entanto, sistemas que não são integráveis mas, sob <strong>de</strong>terminadas circunstâncias,<br />
po<strong>de</strong>m apresentar previsibilida<strong>de</strong> no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> sua evolução, são alg<strong>um</strong>as vezes chamados<br />
<strong>de</strong> quasi-integráveis. Sistemas hamiltonianos integráveis ou quasi-integráveis são exceções,<br />
sobretudo quando lidamos com <strong>um</strong> número elevado <strong>de</strong> graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, prevalecendo,<br />
nestes casos, a não integrabilida<strong>de</strong>. De maneira geral, sistemas não integráveis são instáveis,<br />
sensíveis a perturbações, apresentando divergência exponencial <strong>de</strong> trajetórias no espaço <strong>de</strong><br />
fases ao longo do tempo. Uma maneira <strong>de</strong> quantificar a divergência exponencial, em outras<br />
palavras, <strong>de</strong> quantificar a sensibilida<strong>de</strong> do sistema quanto às condições iniciais, é através do<br />
expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong>. O expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> fornece a taxa <strong>de</strong> divergência no espaço<br />
<strong>de</strong> fases entre duas trajetórias que no instante t = 0 encontram-se muito próximas e, por<br />
ser <strong>um</strong>a quantida<strong>de</strong> assintótica, isto é, formalmente <strong>de</strong>finida no limite t → ∞, caracteriza<br />
a instabilida<strong>de</strong> intrínseca do sistema. Sistemas dinâmicos hamiltonianos com expoente <strong>de</strong><br />
<strong>Lyapunov</strong> máximo positivo são caóticos.<br />
Concomitantemente aos esforços empreendidos na tentativa <strong>de</strong> se obter soluções <strong>de</strong>ter-<br />
minísticas precisas <strong>para</strong> sistemas não integráveis, havia por parte <strong>de</strong> alguns cientistas, <strong>de</strong>ntre<br />
eles Fermi, interesse na direção até certo ponto contrária. A instabilida<strong>de</strong> dos sistemas ha-<br />
miltonianos seria a conexão entre o <strong>de</strong>terminismo das equações que <strong>de</strong>finem a dinâmica com<br />
a Mecânica Estatística Clássica <strong>de</strong> Equilíbrio. Na década <strong>de</strong> 1940, <strong>um</strong>a importante con-<br />
tribuição neste sentido veio através do trabalho <strong>de</strong> N. S. Krylov que utilizou a divergência<br />
exponencial <strong>de</strong> trajetórias próximas <strong>para</strong> explicar o comportamento irreversível da Mecânica<br />
Estatística [6, 7]. Baseado em arg<strong>um</strong>entos geométricos e na teoria cinética, Krylov foi ca-<br />
paz <strong>de</strong> relacionar o expoente <strong>de</strong> <strong>Lyapunov</strong> máximo com a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>para</strong> <strong>um</strong> gás <strong>de</strong> esferas<br />
rígidas. A expressão obtida por Krylov, λ ∝ −ρ 0 lnρ 0 , foi <strong>de</strong>rivada sobre bases mais formais<br />
mais <strong>de</strong> 50 anos <strong>de</strong>pois por van Beijeren & Dorfman, porém ainda inspiradas nos princípios<br />
da teoria cinética (ver [8] e suas citações).<br />
Um problema em particular que teve gran<strong>de</strong> importância no <strong>de</strong>senvolvimento subseqüente<br />
da conexão entre sistemas não integráveis e a Mecânica Estatística foi a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> oscilado-<br />
res <strong>de</strong> Fermi-Pasta-Ulam (FPU), analisado por meio <strong>de</strong> simulações n<strong>um</strong>éricas na década <strong>de</strong><br />
1950. Os resultados surpreen<strong>de</strong>ntes obtidos estimularam <strong>um</strong>a série <strong>de</strong> outras investigações<br />
e <strong>um</strong>a posterior associação com o teorema KAM (ver revisão sobre a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> FPU em<br />
J. Ford [9]). Mas o trabalho que provavelmente mais contribuiu <strong>para</strong> elucidar questões<br />
relacionadas à previsibilida<strong>de</strong>, integrabilida<strong>de</strong> e instabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sistemas dinâmicos seja o<br />
<strong>de</strong> Hénon & Heiles empreendido na década <strong>de</strong> 1960. Analisando as superfícies <strong>de</strong> secção <strong>de</strong><br />
Poincaré <strong>para</strong> a hamiltoniana que hoje possui os seus nomes, Hénon & Heiles mostraram que<br />
<strong>um</strong> sistema po<strong>de</strong> apresentar previsibilida<strong>de</strong> do movimento sob <strong>de</strong>terminadas circunstâncias<br />
mesmo sem ser integrável, e o mesmo sistema seria completamente imprevisível, ou caótico,<br />
sob outras. Os estudos <strong>de</strong> Gustavson, também com a hamiltoniana <strong>de</strong> Hénon & Heiles,<br />
mostraram que os tratamentos perturbativos eram ina<strong>de</strong>quados e o confronto com os resul-<br />
tados <strong>para</strong> o sistema <strong>de</strong> Toda obtidos por Ford, mostraram que, sob nenh<strong>um</strong>a circunstância,