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Publicação da Associação Mineira - AMP

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apresentação <strong>da</strong> última versão<br />

<strong>da</strong> Classificação de Transtornos<br />

Mentais e de Comportamento<br />

<strong>da</strong> CID-10, torna este conjunto<br />

classifi­catório também asexuado<br />

(lembrando que a pulsão<br />

sexual se situa como conceito<br />

exatamente entre o psíquico<br />

e o somático), sem qualquer<br />

relação com as diferenças ou<br />

com a linguagem, com to<strong>da</strong>s<br />

as conseqüências que isso<br />

acarreta na clínica.<br />

A teima em persistir neste<br />

objetivismo e “rigor científico”<br />

purista acaba provocando um<br />

rigor mortis, com a extinção <strong>da</strong><br />

clínica, do paciente enquanto<br />

sujeito e do psiquiatra enquanto<br />

clínico, desconhecendo que<br />

a queixa do paciente é feita de<br />

inibição, sintoma e angústia.<br />

Filha de Psique e do biológico,<br />

a Psiquiatria é mesmo mestiça,<br />

sonho e pó, multifaceta<strong>da</strong>,<br />

dividi<strong>da</strong>, tão demasia<strong>da</strong>mente<br />

humana quanto nós. Lembrando<br />

Charcot, “a teoria é boa,<br />

mas não impede que as coisas<br />

aconteçam”: a prática sempre<br />

deve anteceder às elaborações<br />

teóricas; se esta ordem se<br />

inverte, a clínica se transforma<br />

em um leito de Procusto,<br />

onde <strong>da</strong>dos sobre o paciente<br />

são selecionados para caberem<br />

dentro desta ou <strong>da</strong>quela<br />

concepção. A inversão destes<br />

valores deixa em seu rastro<br />

inúmeras mutilações. Também<br />

a consideração do sintoma<br />

deve ir além <strong>da</strong> objetivação <strong>da</strong><br />

ciência, considerando este fenômeno<br />

sempre presente, mas<br />

nem sempre bem conduzido,<br />

que é a transferência. Nunca<br />

é demais lembrar que a clínica,<br />

o psiquiatra, o paciente e<br />

seu sintoma caminham juntos,<br />

às vezes tropeçando em um<br />

impossível de suportar, que<br />

nem sempre a objetivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

ciência pode apreender.<br />

Para a discussão e a resposta<br />

a estes impasses propomos<br />

estas questões: como fica a singulari<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> clínica do sujeito<br />

no trabalho coletivo dos novos<br />

dispositivos de assistência?<br />

Qual o papel do psiquiatra no<br />

novo modelo or ga nizacional de<br />

equipe multi disciplinar para a<br />

condução do processo clínico?<br />

A adesão ao tratamento<br />

é maior nesse modelo que no<br />

tradicional?<br />

Como traçar propostas claras<br />

para a avaliação sistemática<br />

de políticas e de programas de<br />

saúde mental? O novo modelo<br />

assistencial oferece respostas<br />

consistentes às deman<strong>da</strong>s, levando<br />

em conta os usuários, os<br />

seus familiares, as instituições<br />

e os trabalhadores de saúde<br />

mental?<br />

O que têm a nos dizer hoje<br />

as neurociências, a psicanálise<br />

e a psiquiatria social sobre as<br />

psicoses e nossas velhas neuroses?<br />

O cotidiano atual nos<br />

traz novas formas de adoecer.<br />

Como a psiquiatria responde a<br />

essas novas reali<strong>da</strong>des psíquicas<br />

desvela<strong>da</strong>s?<br />

Esperamos que o congresso<br />

nos possibilite uma discussão<br />

proveitosa dessas questões tão<br />

fun<strong>da</strong>mentais para nossa prática.<br />

Que possamos extrair <strong>da</strong><br />

nossa experiência e <strong>da</strong> teoria<br />

que nos norteia novas contribuições.<br />

A ciência, a ética e<br />

a subjetivi<strong>da</strong>de são diretrizes<br />

fun<strong>da</strong>mentais para o advir de<br />

uma boa clínica, com um bom<br />

uso dos recursos terapêuticos –<br />

os psicofármacos, a Psicanálise<br />

e os dispositivos organizacionais,<br />

desde a internação até as<br />

oficinas profissionalizantes, e<br />

um bom destino para os achados<br />

neurobiológicos, trazendo<br />

a possibili<strong>da</strong>de de fazer surgir<br />

no paciente o sujeito e o ci<strong>da</strong>dão<br />

responsável.<br />

Assim, nosso congresso<br />

terá conseqüências e estará<br />

justificado.<br />

Psiquiatra/Psicanalista<br />

Coordenadora <strong>da</strong> Comissão de Publicações <strong>da</strong> <strong>AMP</strong><br />

Membro <strong>da</strong> Comissão Organizadora do XXIIICBP<br />

PÁGINA 27

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