A VOZ DO TRABALHADOR

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! Salário justo sim, violência não! VA- Com a já conhecida Campanha da Fraternidade, a Igreja insiste neste ano de 1983 a olharmos e agirmos sobre o grave problema da violência que aflige a humanidade inteira. O convite não é tanto para ver- mos a violência estampada em jor- nais, Tv e rádio, onde vemos o irmão matando e roubando do irmão e sen- do jogado na cadeia. O convite é para olharmos a causa disso tudo. Dentro da realidade do trabalho, nós podemos ver a violência silencio- sa que aflige o peão e o bóia-fria que trabalham quase como escravos no latifúndio que não ê deles, como tam- bém o operário na cidade que neste ano vê a violência da redução do seu salário e a violência do emprego ameaçado. E a violenta ameaça sobre a vida, a saúde e a comida de milhões de crianças, adolescentes e adultos. Diante desta realidade, a resposta poderá ser a união e ação conjunta de todos os trabalhadores para le- vantar a sua voz, denunciar e rejei- tar a Lei de Segurança Nacionaí, como principal causa de todas as vio- lências. Ela só serviu até hoje para sustentar nosso modelo econômico inviável que só serviu para acumular os bens, o çapjtal e a produção nas mãos cie alguns, deixando além disso uma dívida de 90 bilhões de dó- lares. É por esta razão que| se tornou tão urgente no Brasil o grito da Igre ja: "Fraternidade sim, violência não" CARTAS DENÚNCIAS O PRESENTE DE NATAL DA REFRIPAR Recebemos uma carta de um companheirq da Refrigeração Paraná, contando o presente de natal, que foi a demissão de 250 companheiros. Ele falava que "todos esperáva- mos uma cesta de nata» no dia 23 de novembro para podermos alegrar um pouco o natal de nossos familiares". O motivo alegado pela demissão é a "baixa da produção". O companheiro pergunta: "como pode baixar a produção de uma grande empresa, se dentro de um ano conseguiu cons- truir um novo barracão, para ampliar a fábrica? E além disso, a Refrigera- ção Paraná comprou no ano passado a empresa Pereira Lopes (que produz a Lavinha, Gelomat e a Climax) de São Paulo". O Companheiro conclui) fazendo uma nova pergunta: "Então trabalhador, fica a pergunta: foi mesmo a baixa da produção ou mais um golpe das multinacionais? SINDICALIZE-SE ALo COMPANHEIROS: Metalúrgicos, Marceneiros e da Construção Civil. Neste ano tem eleição em seu sindicato. Participe. Sindicalize-se Já para poder votar, escolher a sua nova di- retoria. Compareça ao seu sindicato! É seu direito!
,.. E o chumbo chegou! Companheiros. Infelizmente acertamos! Confor- me anunciamos no mês de dezem- bro, o chumbo veio grosso e pesa- do. Lá se vão nossos 10%.' Menos ali- mento na mesa de milhões de brasileiros — justamente os mais pobres. Menos recursos, menos vida! Se alguém tenta assaltar uma pessoa, roubando-lhe, em qeral há uma reação; às vezes até violenta- mente. Ninguém fica quieto. No en- tanto, nós trabalhadores brasileiros em menos de um ano sofremos as- saltos: — aumento da contribuição com a Previdência Social. — E agora os 10% do INPC. E qual foi a nossa reação? Co- mentários, lamentações e algumas iniciativas lá e cá, de protesto de reações... Desse jeito, logo vem mais chumbo. E cada vez mais grosso. Só exis- te uma saída para isso: fazer crescer o nível de consciência de classe, dos direitos dos trabalhadores. É tarefa do cristão lutar pela justiça. Quem se omite falta com seu dever. Vamos começar a mudar. É sim- ples. Comece a se reunir com 09 companheiros de serviço. Nos finais de semanas ou à noite. Peça orientação da Pastoral Opçrária. O telefone é 223-5095. Procure o seu vigário, pe- ça a ele uma sala ou um espaço para se reunir. LEIS TRABALHISTAS VOCÊ SABE O QUE Ê IWPC? INPC é o índice Nacional de Pre- ços ao consumidor. É com base no INPC que é feito o reajuste salarial. O INPC é calculado pelo IBGE (instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com base no preço de uma cesta de gêneros alimentícios, que aumenta conforme o custo de vida. Só que a inflação em 1982 foi de 99,7% e o INPC foi de 97,8%. Por- tanto, o trabalhador perdeu no ano 2% do salário no cálculo sobre o ín- dice. ' Existem ainda outros problemas como a diminuição do índice nos meses em que há mais trabalhadores em reajuste semestral e redistribuição nos meses seguintes. REFLEXÃO Jesus e o trabalho Hoje em dia verríõs muitos trabalhadores cansados. É o resultado de 8, 10, 12 horas de trabalho pesa- do. O pior de tudo além de trabalhar é policiado pelos patrões e não recebe o fruto do trabalho. A sociedade do tempo de Jesus era muito difícil. A terra era de pou- cos. A lei era feita pelos ricos. Por isso os patrões queriam a todo cus- to mandar nos trabalhadores. Aí Je- sus, como era trabalhador, não acei- tou. Ele propôs a partilfia dos bens. ■Uma sociedade onde U(TI irmão res- peitasse o outro. E Cristo é claro: o caminho da libertação da escravidão é esse: trabalhador tem que amar outro trabalhador: formar comunidade: a lei é essa: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei... não vos chamo de empregado, mas amigo..." (Jo 15, 12 - 15). j Jesus quer que todos recebam o^ fruto de seu trabalho. O suor de seu rosto. É prçciso que todos partici- pem no seu bairro na luta pelo trabalho, pelo salário digno de quem trabalha e quer trabalhar.
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