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A língua não é uma uniformida<strong>de</strong>; ela é uma unida<strong>de</strong> composta pela diversida<strong>de</strong>, isto<br />
é, pela varieda<strong>de</strong> lingüística. Tais varieda<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> três tipos:<br />
a) diatópicas; b) diafásicas; c) diastráticas 1 .<br />
Dentre este corpus, temos a norma culta, também chamada <strong>de</strong> língua padrão. É<br />
consi<strong>de</strong>rada geralmente como a única varieda<strong>de</strong> correta da língua e associada tipicamente<br />
aos conteúdos <strong>de</strong> prestígio. Segundo Maurizio Gnerre (1987), “uma varieda<strong>de</strong> vale o que<br />
valem na socieda<strong>de</strong> seus falantes”. Leia-se, as varieda<strong>de</strong>s que correspon<strong>de</strong>m à língua nãopadrão<br />
são usadas por pessoas <strong>de</strong> baixa renda, <strong>de</strong> pouca ou nenhuma escolarização, <strong>de</strong><br />
meios rurais, <strong>de</strong> regiões distantes dos gran<strong>de</strong>s centros econômicos.<br />
Desta forma, tais varieda<strong>de</strong>s ten<strong>de</strong>m a ser sempre consi<strong>de</strong>radas inferiores a uma<br />
outra <strong>de</strong> maior prestígio, ou pior, é muito comum serem consi<strong>de</strong>radas erradas. Entretanto, a<br />
noção <strong>de</strong> erro está atrelada sempre a uma impossibilida<strong>de</strong> quanto ao uso <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada<br />
coisa. Se a língua não-padrão é usada por tanta gente e comunica com coerência e eficiência<br />
aos grupos que a utilizam e aos <strong>de</strong>mais grupos, a noção <strong>de</strong> erro torna-se ina<strong>de</strong>quada quando<br />
a ela se refere.<br />
O termo língua é comumente associado à escrita, todavia um não é sinônimo do<br />
outro. Tal confusão é fruto das informações equivocadas passadas pela tradição escolar.<br />
Por conseguinte, como no Brasil acesso à escola relaciona-se a po<strong>de</strong>r econômico e político,<br />
confere-se à escrita uma autorida<strong>de</strong> superior àquela que ela realmente tem. Historicamente,<br />
a língua padrão é a língua dos vencedores, dos que mandam, sendo a escrita um registro<br />
da fala.<br />
Sendo assim, a elite escolhe conscientemente a língua merecedora <strong>de</strong> registro, que<br />
é a norma culta, como paradigma para as <strong>de</strong>mais. Por isso que ela é chamada <strong>de</strong> lingua<br />
padrão. Diz-se que tal mo<strong>de</strong>lo é central na i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional, enquanto portadora <strong>de</strong> uma<br />
tradição e <strong>de</strong> uma cultura. Todavia, não será essa uma visão preconceituosa e<br />
discriminatória, já que pressupõe que todo aquele que não usa a língua padrão não é<br />
historicamente portador <strong>de</strong> tradição e cultura?<br />
Nossa cultura é <strong>de</strong> caráter grafocêntrica, pois a nossa socieda<strong>de</strong>, em <strong>de</strong>trimento da<br />
oralida<strong>de</strong>, supervaloriza o uso da escrita e aqueles que já se apropriaram <strong>de</strong>ste conhecimento.<br />
Entretanto, vale ressaltar que na maior parte dos povos mo<strong>de</strong>rnos, somente uma parcela<br />
(às vezes, mínima) da socieda<strong>de</strong> tem na escrita um elemento essencial da vida. Além disso,<br />
há muitos povos que sequer utilizam tal modalida<strong>de</strong> da língua. Outro fator curioso é que até<br />
mesmo as pessoas escolarizadas usam menos a escrita do que a oralida<strong>de</strong> em seu cotidiano.<br />
Nos dois textos abaixo, perceba a diferença entre um texto oral e um texto escrito.<br />
11º) diferenças no espaço geográfico, ou VARIAÇÕES DIATÓPICAS (falares locais, variantes regionais e,<br />
até, intercontinentais).<br />
2º) diferenças entre camadas socioculturais, ou VARIAÇÕES DIASTRÁTICAS (nível culto, língua padrão,<br />
nível popular, etc.);<br />
3º) diferenças entre os tipos <strong>de</strong> modalida<strong>de</strong> expressiva, ou VARIAÇÕES DIAFÁSICAS (língua falada, língua<br />
escrita, língua literária, linguagens especiais, linguagem dos homens, linguagem das mulheres, etc.).<br />
CUNHA, Celso; CINTA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporânea. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Nova<br />
Fronteira, 1999.<br />
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