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“Apesar de um novo discurso, exemplos como o pai levar
o filho ao pediatra são ainda exceções quando a valiamos
os números”, explica. “Entre todas as crianças
que atendo diariamente, apenas entre 3% e 5% delas
são acompanhadas pelo pai”, contabiliza o pediatra
Jair Kuhn. O psicoterapeuta Zenon Lotufo concorda. Para
ele, ao se repartir a tarefa de sustento financeiro do
lar, o ideal seria também uma divisão das tarefas domésticas.
“De qualquer forma, em termos gerais, nessa
divisão de encargos ainda cabe prioritariamente
aos maridos cuidar do ganha-pão e às mulheres, dedicar-se
às crianças”, acredita.
Três fases difíceis
Adolescência, maternidade e climatério são três pe -
ríodos significativos na vida de toda mulher , caracterizados
por mudanças biológicas complexas e por
importantes alterações inter pessoais. Mas a maternidade
é a que gera maior expectativa e ansiedade.
Basta lembrar que as meninas treinam desde muito
cedo para serem boas mães. “ A sociedade deter mina
um modelo de mãe perf eita, uma imagem romanceada
da mater nidade construída ao longo dos
últimos séculos”, observa. Segundo ela, parece inconcebível
que a mãe tenha qualquer tipo de pensamento
que não seja considerado bom, ou que sinta
necessidade de um tempo para se cuidar , para ler,
descansar ou qualquer outra atividade em que o filho
não esteja incluído.
Consultoria: Dra. Maria Regina Domingues de Azevedo, psicóloga
da Faculdade de Medicina do ABC; Zenon Lotufo Jr, doutor em
Ciências da Religião, psicoterapeuta e um dos coordenadores do
curso Espiritualidade no Aconselhamento e na Terapia do Instituto
de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São
Paulo; Olga Inês Tessari, psicóloga clínica de São Paulo; Jair M.
Kuhn, pediatra de Santo André; e edição de 19 de abril da Revista
Época, Editora Globo.