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ceita era da cozinheira de Leonardo, que, apesar de<br />

garantir que jamais pro vara a delícia, afirmava também<br />

ser ela “ideal para acompanhar pratos de car ne”.<br />

Além de auxiliar na cura de doenças, as geleias e compotas<br />

também tinham como objetivo aliviar as dores<br />

da alma, acreditavam muitos povos antigos. Essa história<br />

deixou de ser lenda quando a ciência contemporânea<br />

compro vou que o açúcar é um alimento que<br />

ajuda a combater o stress e a ansiedade. A dra. Judith<br />

Wurtman, pesquisadora do Massachusetts Institute of<br />

Technology, revelou em suas pesquisas que os carboidratos,<br />

como os açúcares e os amidos, têm efeito calmante.<br />

E nem precisa de muito para que isso aconteça.<br />

Bastam 40 g a 60 g de geleia no café da manhã,<br />

por exemplo, para ajudar seu cérebro a produzir serotonina,<br />

um neurotransmissor que regula o bom humor<br />

e eleva o estado de ânimo.<br />

Alquimia vegetal<br />

Mas quem transformou em arte medicinal a tarefa de<br />

fazer doces foi nada menos do que o médico, astrólogo<br />

e alquimista Michel de Nostre-Dame, mais conhecido<br />

por Nostradamus (1503-1566). Interessado no<br />

estudo das plantas e seus ef eitos na cura das doenças,<br />

ele foi estudar em Milão, Itália, com um boticário<br />

especializado em compotas e geleias curativas. De<br />

volta à França, sua receita de geleia de marmelo valeu<br />

até elogios do papa da época por sua doçura celestial.<br />

A obra de Nostradamus apresenta trinta receitas de<br />

compotas, geleias e xaropes de frutos diversos, até com<br />

quantidades apropriadas e indicações para cada uma<br />

delas. Como valor terapêutico, as receitas do alquimi sta<br />

não se re velaram grande coisa, porém a grand e importância<br />

do trabalho está no fato de ter tor nado acessível<br />

às pessoas do po vo delícias que, até então, só<br />

eram reser vadas aos nobres. Principalmente em uma<br />

época em que o açúcar ainda era bastante caro e raro.<br />

A vez da jabuticaba<br />

Com a expansão da produção de açúcar e a e volução<br />

dos utensílios, a arte das conservas tornou-se cada vez<br />

mais popular e chegou ao Brasil pelos livros de recei-<br />

Coop Revista | 13 | Maio <strong>2009</strong><br />

GELEIAS PARA O ANO INTEIRO<br />

Você pode usar todos os tipos de fr utas macias e<br />

maduras, como mangas, framboesas, morangos, goiabas,<br />

bananas, peras ou maçãs, cortadas em pedaços<br />

pequenos. Meça as fr utas em xícaras de chá ao<br />

colocá-las em uma panela grande.<br />

Mantenha sempre a mesma proporção: para cada 2 xícaras<br />

de fr utas picadas, use 1/4 de xícara de água (a<br />

menos que a fr uta tenha bastante suco, como o abacaxi,<br />

a framboesa e o morango). Cozinhe as fr utas até que<br />

fiquem bem macias. Acrescente, então, 1 xícara de<br />

açúcar para cada 2 xícaras de fr uta. Misture bem e deixe<br />

ferver durante 15 a 20 minutos, até ficar fir me. Para<br />

saber se está no ponto, despeje uma quantidade<br />

pequena de geleia sobre um prato frio. Após alguns<br />

minutos, empurre-a com o dedo. Se ela enr ugar e formar<br />

uma crosta, está pronta. Caso contrário, ferva durante<br />

mais tempo e tente no vamente. Você talvez precise<br />

acrescentar mais açúcar. Você pode juntar suco de meio<br />

limão à sua geleia, independentemente da fr uta. A pectina<br />

contida no limão ajuda a dar a aparência vítrea.<br />

Para preservar a geleia por mais tempo, use vidros com<br />

tampa de rosca. Depois de bem limpos, coloque sobre<br />

um pano de prato e jogue água f ervente (inclusive na<br />

tampa). Encha com a compota ainda quente e f eche<br />

bem. Assim você vai criar vácuo e manter a qualidade<br />

do produto. Espere esfriar e guarde.<br />

tas de nossos colonizadores por tugueses. As conservas<br />

doces, famosas na Ilha da Madeira, muitas vezes<br />

enriquecidas com especiarias europeias e orientais como<br />

amêndoas, anis, gengibre, coentro seco, foram aos<br />

poucos se adaptando e ganhando sabores mais tropicais.<br />

Por aqui, a por tuguesa que usa va maçãs, peras<br />

e pêssegos para fazer suas conser vas passou a se<br />

valer do mamão verde e do coco. No lugar de cerejas<br />

e ameixas, jabuticabas, enquanto o amendoim substituía<br />

nozes e amêndoas. Nas grandes fazendas ou nas<br />

minas coloniais, a culinária ganha va uma cara no va,<br />

de acordo com a região, seus produtos disponíveis e<br />

as características dos po vos presentes, fossem eles<br />

africanos, portugueses ou índios.<br />

Fontes: Alimentação, Saúde e Sociabilidade. A Arte de Conservar<br />

e Confeitar os F rutos (séculos XV-XVIII), de Leila Mezan Algran-<br />

tisite; sites Pratique Leite e www.correiogourmand.com.br

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