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zonte habitual dos antropólogos bra - Mariza Peirano

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166 <strong>Mariza</strong> G. S. <strong>Peirano</strong><br />

do em Oxford por Srinivas, daí tendo nascido o contato entre Dumont<br />

e Evans-Pritchard.) O primeiro deles, datado de 1951, descreve<br />

a estrutura social de uma aldeia Mysore, baseado em pesquisa de<br />

campo realizada em 1948. Seguiu-se outro, sobre a mesma pesquisa,<br />

publicado em coletânea editada por McKim Marriot, em 1955, com<br />

o título Vilúzge lndia. Ainda neste mesmo ano, Srinivas publicou,<br />

em The Eastem Anlhropologist, outro artigo no qual defende o estudo<br />

de aldeias como uma resposta a questões metodológicas: nas<br />

aldeias é possível ao pesquisador observar a funcionalidade das diferentes<br />

partes de uma sociedade. Enfatiza, ainda, que o estudo de<br />

uma aldeia permite compreender a vida rural na índia em geral,<br />

ultrapassando, assim, a etnografia pura e simples.<br />

Nesta época da Índia recém-independente, Srinivas comenta<br />

que, sendo do interesse do governo o bem-estar da população e <strong>dos</strong><br />

camponeses em particular, é na aldeia que se pode entender como as<br />

castas de uma determinada área formam uma hierarquia. Uma coisa é<br />

a vivência das castas na realidade da aldeia; outra, a hierarquia conceptualizada<br />

na idéia de vama2. Assim, diz ele, "no esquema de<br />

vama existem apenas quatro castas em toda a Índia, cada uma delas<br />

ocupando um lugar definido e imutável, enquanto no nível existencial<br />

a única coisa definida é que todas as castas locais formam uma<br />

hierarquia" (Srinivas, 1955b:224).<br />

A hierarquia das castas, ressalta Srinivas, é incerta, especialmente<br />

nas posições intermediárias: cada casta tenta argumentar que<br />

tem posição superior àquela na qual é alocada pelas castas mais próximas.<br />

Esta observação faz com que seja possível pensar-se em mobilidade<br />

de castas num determinado período de tempo e questionar a<br />

rigidez do sistema de vama. Embora o sistema de castas seja mais<br />

complexo que varna, este último, no entanto, ajuda a fazer os fatos<br />

de casta inteligíveis em toda a fndia, tomando-os mais simples, diretas<br />

e estáveis e, supostamente, váli<strong>dos</strong> em qualquer parte do país<br />

(Srinivas, 1955b:224).<br />

Há ainda mais um ponto que evidencia a importância do estudo<br />

de campo em aldeias: ele elimina o ponto de vista predominante en-<br />

2. V ama tem o significado de 'cor' ou estado (no sentido que a palavra tinha na França do<br />

Antigo Regime). A teoria v&lica das V0171QS compreende a hierarquia de quatro categorias:<br />

os brimanes, os lcshatriyas, os vaishyas e os shudms, às quais podem aer acrescen·<br />

!adas os intocáveis. Ver Dumont, 1966, especialmente o J9 capftulo.

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