18.04.2013 Views

zonte habitual dos antropólogos bra - Mariza Peirano

zonte habitual dos antropólogos bra - Mariza Peirano

zonte habitual dos antropólogos bra - Mariza Peirano

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

222 <strong>Mariza</strong> G. S. <strong>Peirano</strong><br />

Apesar deste diagnóstico pessimista de Madan, os tlltimos anos<br />

dão ao leitor urna idéia oposta: de 1983 a 1986, os artigos publica<strong>dos</strong><br />

em "For a sociology of India" parecem respirar um ar de serena<br />

maturidade. Neste período, <strong>dos</strong> quatro artigos publica<strong>dos</strong>, dois foram<br />

escritos por <strong>antropólogos</strong> indianos (Saberwal, 1983 e Venugopal,<br />

1986), houve uma contribuição inglesa (Burgbart, 1983) e outra<br />

alemã (Kantowsky, 1984).<br />

Há uma nova diferença, contudo, entre autores europeus e indianos:<br />

os europeus agora fazem questão de explicitar o seu envolvimento<br />

na discussão, referindo-se a autores ou temas desenvolvi<strong>dos</strong><br />

anteriormente. Burghart, por exemplo, propõe uma alternativa à visão<br />

totalizadora de Dumont, sugerindo que urna abordagem "intracultural"<br />

poderia produzir a sociologia das diversas Índias, no plural,<br />

que Dumont não fez. Já Kantowsky elege como interlocutores os<br />

indianos Madan e Uberoi, a quem pretende seguir na tentativa a que<br />

se propõe de analisar o quanto Weber devia à sua origem germânica.<br />

Procurando se aproximar da tradição hindu que estudou, Kantowsky<br />

sugere que Weber não ousou escrever um livro sobre religião na Índia<br />

porque teria reconhecido a dificuldade de fazer corresponder a<br />

lógica a-histórica indiana (que admite o par "botbland") ao pensamento<br />

histórico ocidental (baseado na lógica "either/or").<br />

No caso <strong>dos</strong> <strong>antropólogos</strong> indianos, a novidade é que as contribuições<br />

recentes não pretendem somar-se ao passado, mas, de maneira<br />

diferente, elas forjam um novo tópico: a reavaliação da disciplina<br />

feita na Índia. Saberwal, por exemplo, fala sobre o mundo<br />

acadêmico indiano em geral no qual a antropologia se insere, <strong>dos</strong><br />

mais de cinqüenta departamentos que oferecem títulos de mestrado e<br />

alguns de doutorado, <strong>dos</strong> mais importantes periódicos e do fato de<br />

que é em Delhi e em torno da ativa Delhi Sociological Association<br />

que se rellne o maior m1mero de especialistas. Crítico da formação<br />

intelectual na Índia, para Saberwal o doutoramento é urna soft experience,<br />

já que o pesquisador trabalha na sua própria língua e na sua<br />

região de origem. A facilidade continua no momento da profissionalização,<br />

quando de novo os laços de parentesco e de casta são operantes.<br />

O resultado é a atitude passiva e a falta de competitividade<br />

existente entre os cientistas sociais. Já o artigo de Venugopal é crítico<br />

em outra direção: ele volta ao passado para rever a ideologia de<br />

G. S. Ghurye em relação ao hinduísmo. Para este autor clássico, elo

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!