zonte habitual dos antropólogos bra - Mariza Peirano
zonte habitual dos antropólogos bra - Mariza Peirano
zonte habitual dos antropólogos bra - Mariza Peirano
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
20 <strong>Mariza</strong> G. S. <strong>Peirano</strong><br />
A terceira parte do livro reúne três trabalhos sobre a pesquisa<br />
comparativa entre o desenvolvimento da antropologia na Índia e no<br />
Brasil. O primeiro capítulo desta parte do livro (Cap. 7: "A Índia<br />
das aldeias e a fndia das castas") procura apresentar a o<strong>bra</strong> de M. N.<br />
Srinivas - decano da antropologia indiana, aluno de Radcliffe<br />
Brown e Evans-Pritchard - através de um contraste com os trabalhos<br />
de Louis Dumont. Neste processo, indico como o diálogo com<br />
sociólogos indianos (e com Srinivas em particular) influenciou o<br />
trabalho de Dumont, aspecto desconhecido ou pouco apreciado no<br />
Brasil, nós que lemos Dumont como autor paradigmático francês. O<br />
capítulo seguinte (Cap. 8: "Are you Catholic?") tem um tom informal<br />
e pretende ser um relato de viagem, onde reflexões teóricas e<br />
perplexidades éticas são combinadas e comentadas a partir do confronto<br />
da experiência acadêmica <strong>bra</strong>sileira e indiana. Este texto foi<br />
escrito imediatamente após o meu retomo da Índia e, nele, inspirome<br />
em trabalhos de dois cientistas sociais indianos. Um deles é J. P.<br />
S. Uberoi, antropólogo sikh, aluno de Max Gluckman, que hoje<br />
procura um universalismo alternativo no estudo de clássicos europeus,<br />
assim questionando a autoridade e exclusividade com que o<br />
Ocidente se auto-explica. O outro é Ashis Nandy, cientista social<br />
que combina antropologia com história, psicologia social, sociologia,<br />
numa mistura bem indiana da reflexão social de inspiração gandhiana.<br />
Finalmente, o capítulo que conclui a terceira parte (Cap. 9:<br />
"Diálogos, debates e embates") analisa a trajetória da revista Contributions<br />
to lndian Sociology, fundada em 1957 por Louis Dumont<br />
e David Pocock na Europa e que, dez anos depois, transmigra para a<br />
Índia, passando para as mãos de editores indianos. O ensaio trata<br />
especificamente do debate "For a Sociology of lndia", publicado na<br />
revista por mais de trinta anos, e que inclui contribuições diversas<br />
de <strong>antropólogos</strong>, historiadores e sociólogos, originários tanto <strong>dos</strong><br />
centros hegemónicos da disciplina quanto de contextos nativos da<br />
antropologia (isto é, ingleses, franceses, indianos, neozelandeses,<br />
alemães, etc.). Este diálogo difícil ilustra o processo através do qual<br />
foi possível se desenvolver, na Índia, uma ciência social cosmopolita,<br />
mas indiana.<br />
O livro fecha com uma conclusão (Cap. 10: "Uma antropologia<br />
no plural"), onde procuro refletir teoricamente sobre a relação<br />
entre perspectivas teóricas e o meio histórico e sociocultural no qual