Tutela Colectiva em Portugal: Uma breve resenha - Verbo Jurídico
Tutela Colectiva em Portugal: Uma breve resenha - Verbo Jurídico
Tutela Colectiva em Portugal: Uma breve resenha - Verbo Jurídico
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
RODRIGO REIS MAZZEI TUTELA COLECTIVA EM PORTUGAL: UMA BREVE RESENHA<br />
verbojuridico.net | 18<br />
inadmisibles el derecho de acceso a la justicia, por lo que sólo será constitucional<br />
permitirles el aprovechamiento del caso juzgado favorable y que nunca los afecte el<br />
caso juzgado desfavorable”. 41<br />
5.3. O controle da legitimidade popular<br />
Os critérios elencados anteriormente não são suficientes para garantir que, numa ação popular, os<br />
autores proponentes da d<strong>em</strong>anda sejam considerados legítimos. Os doutrinadores portugueses<br />
ressaltam que a legitimidade popular está sujeita a um duplo controle, o primeiro feito através de<br />
um caráter formal (análise dos requisitos previstos no art. 2º da LAP), e o segundo feito<br />
substancialmente, através da observância de como o autor exerce a representação no processo. No<br />
sentido, segundo Miguel Teixeira de Sousa:<br />
“A representação assumida pelo autor popular deve ser analisada considerando dois<br />
fatores: esta representação permite que todos os titulares do interesse difuso<br />
benefici<strong>em</strong> do resultado da ação popular, mas, ao mesmo t<strong>em</strong>po, a ausência daqueles<br />
titulares desta acção pode favorecer que o autor assuma condutas prejudiciais aos<br />
interesses daqueles titulares e a falta de controlo do d<strong>em</strong>andante sobre o seu<br />
advogado também pode conduzir a que este mandatário não defenda adequadamente<br />
os interesses daqueles titulares. Na primeira situação, há um conflito (endógeno) entre<br />
os titulares do interesse difuso; no segundo, há um conflito (exógeno) entre o<br />
mandatário do autor popular e os titulares do interesse difuso.” 42<br />
A segunda fase de controle – a ‘substancial’ – pode ser exercida de duas formas:<br />
a) Pelo Ministério Público, que, percebendo estar o autor praticando atos lesivos <strong>em</strong> relação<br />
aos interesses <strong>em</strong> causa, pode substituí-lo, assumindo assim o pólo ativo da relação<br />
processual, conforme autoriza o artigo 16º, n. 3 da Lei da Ação Popular; ou<br />
b) pelo juiz que, fundado <strong>em</strong> motivações de cada caso concreto, pode restringir, apesar da<br />
procedência do pedido, os efeitos da coisa julgada às partes da ação. Em outros termos, o<br />
magistrado pode, naquele processo, não reconhecer a tutela de qualquer interesse difuso ou<br />
coletivo.<br />
41 José Lebre de Freitas, La acción popular <strong>em</strong> el derecho português, in Antonio Gidi; Eduardo Ferrer McGregor(Coords.),<br />
Procesos colectivos: la tutela de los derechos difusos colectivos e individuales <strong>em</strong> uma perspectiva comparada, México: Porrúa,<br />
2003, p. 393.<br />
42 Miguel Teixeira de Sousa, A legitimidade popular na tutela dos interesses difusos, cit., p. 232.