18.04.2013 Views

Tradução de Ester Cortegano - Saída de Emergência

Tradução de Ester Cortegano - Saída de Emergência

Tradução de Ester Cortegano - Saída de Emergência

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Menos <strong>de</strong> um minuto <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> passar pelas portas com a indicação<br />

<strong>de</strong> SAÍDA, Daisy voltou a entrar no corredor. A rapariga do casaco acolchoado<br />

já não rondava o quadro <strong>de</strong> avisos.<br />

Espreitando pela janela <strong>de</strong> vidro da entrada exterior da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

cuidados intensivos, Daisy viu-a parada junto à segunda porta, a que dava<br />

para a enfermaria em si.<br />

A enfermeira simpática estava a falar com ela, e a rapariga chorava<br />

como se o seu coração se fosse <strong>de</strong>sfazer. Sentindo-se absurdamente ciumenta,<br />

Daisy percebeu que a enfermeira estava a ser tão simpática para a<br />

rapariga acolchoada como tinha sido para ela, só que, em vez <strong>de</strong> lhe oferecer<br />

uma boa chávena <strong>de</strong> chá, esten<strong>de</strong>u-lhe um lenço <strong>de</strong> papel.<br />

Foi nessa altura que Daisy viu a ligadura à volta do pulso da rapariga<br />

acolchoada.<br />

Encostando-se à porta exterior <strong>de</strong> forma a fazê-la abrir apenas uma<br />

nesga, Daisy ouviu a enfermeira dizer numa voz calorosa e tranquilizadora:<br />

— Lamento muito, querida, mas não po<strong>de</strong> entrar. Só os familiares são<br />

autorizados.<br />

A rapariga estava consternada. Se não estivesse a chorar, seria bonita,<br />

reparou Daisy automaticamente. Por outro lado — e talvez não fosse apropriado,<br />

naquelas circunstâncias, mas não conseguiu impedir-se <strong>de</strong> o pensar<br />

—, a rapariga era bonita, mas não tão bonita como ela.<br />

Daisy <strong>de</strong>sencostou-se da porta, <strong>de</strong>ixando-a fechar novamente. Agora é<br />

que precisava mesmo <strong>de</strong> ar puro. Estava também na hora <strong>de</strong> ligar realmente<br />

a Hector, em vez <strong>de</strong> apenas fi ngir que ligava a Hector. Ele já <strong>de</strong>via estar a<br />

pensar on<strong>de</strong> se metera a sua fi lha.<br />

O estado <strong>de</strong> Steven <strong>de</strong>teriorou-se durante a noite. Pelas onze horas da manhã<br />

seguinte, <strong>de</strong> boca seca e a cabeça a fl utuar com a falta <strong>de</strong> sono, Daisy<br />

<strong>de</strong>u por si a ser retirada da unida<strong>de</strong> e conduzida para o gabinete das más<br />

notícias. Percebia-se que era o gabinete das más notícias porque tinha ca<strong>de</strong>iras<br />

confortáveis.<br />

O médico, que estaria por volta dos cinquenta anos e usava uma camisa<br />

branca amarrotada <strong>de</strong>baixo da bata imaculadamente branca, disse:<br />

— Sr.ª Standish, lamento muito. Efetuámos a segunda série <strong>de</strong> exames<br />

e eles confi rmaram aquilo que já temíamos. O seu marido sofreu uma lesão<br />

na cabeça extremamente grave. Não existem sinais <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> cerebral.<br />

Meu Deus.<br />

Meu Deus.<br />

— Ok — anuiu Daisy e olhou para a janela. Chovia fortemente lá fora.<br />

— Então, basicamente, ele está morto.<br />

— Receio que sim.<br />

20

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!