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Tradução de Ester Cortegano - Saída de Emergência

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— Desculpe. — Friamente, Daisy dirigiu-se a Dev Tyzack. — Mas não<br />

está a ajudar em nada aqui. Na verda<strong>de</strong>, está a ser verda<strong>de</strong>iramente ofensivo.<br />

Se queremos resolver este assunto, precisa <strong>de</strong> se acalmar e <strong>de</strong> parar <strong>de</strong><br />

lançar acusações <strong>de</strong>scabidas ao meu pessoal. No que me diz respeito, o seu<br />

amigo Dominic é a parte culpada nesta história. Alguma vez lhe ocorreu ir<br />

lançar alguma acusação na outra direção?<br />

Oh, céus, pensou Tara, petrifi cada. Daisy estava a <strong>de</strong>scontrolar-se, estava<br />

a pisar o risco. Viu os seus olhos iluminados <strong>de</strong> fúria, os seus punhos<br />

cerrados, e ela parecia prestes a esmurrar o homem. Ainda se ia meter no<br />

mais terrível dos problemas, e as repercussões seriam horrendas.<br />

Aquilo, evi<strong>de</strong>ntemente, ocorrera também a Dev Tyzack. Um sorriso<br />

trocista revirava-lhe os cantos da boca, aquela mesma boca que Tara achara<br />

há pouco tão atraente. Bem, mudara <strong>de</strong> opinião.<br />

— Isso não é uma coisa muito profi ssional, vinda <strong>de</strong> uma diretora <strong>de</strong><br />

hotel, pois não?<br />

— Talvez não — replicou Daisy — mas estou a ser honesta. Se se mostra<br />

ofensivo, eu digo-lhe que está a ser ofensivo.<br />

— Não tem medo <strong>de</strong> acabar por ter <strong>de</strong> ir procurar outro emprego? —<br />

Dev Tyzack ergueu uma sobrancelha trocista.<br />

— Não hei <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>spedida por causa disto, isso garanto-lhe. Tenho o<br />

total apoio do proprietário.<br />

— A sério? Está cheia <strong>de</strong> sorte. E quem é o proprietário, posso perguntar?<br />

— Tendo fi ngido surpresa, ele permitiu que o seu olhar se <strong>de</strong>sviasse<br />

para uma fotografi a emoldurada sobre a secretária. Era um retrato<br />

<strong>de</strong> grupo on<strong>de</strong> fi gurava Daisy como adolescente, dobrada <strong>de</strong> riso entre os<br />

seus pais. Bronzeados e com um ar saudável, os três celebravam a Passagem<br />

<strong>de</strong> Ano nas ilhas Caimão, e era a fotografi a preferida <strong>de</strong> Daisy. — Ah,<br />

já estou a ver — disse Dev Tyzack. — O proprietário <strong>de</strong>ste hotel é Hector<br />

MacLean, que é, por acaso, o seu pai. Agora compreendo como conseguiu<br />

este emprego.<br />

Tara não aguentava mais. Tinha o estômago às voltas como uma máquina<br />

<strong>de</strong> lavar roupa. Ela era inocente, mas sentia-se culpada. E se não fosse<br />

tão inocente como julgava? Talvez estivesse apenas a inventar <strong>de</strong>sculpas<br />

patéticas para evitar ter <strong>de</strong> admitir que nunca <strong>de</strong>veria ter ido com Dominic<br />

para o pavilhão.<br />

Pior ainda, Daisy parecia cada vez mais homicida. E havia um enorme<br />

corta-papel <strong>de</strong> bronze em cima da secretária, para não mencionar o agrafador<br />

<strong>de</strong> aspeto feroz que disparava agrafes como uma Kalashnikov.<br />

A rezar para Daisy não começar mesmo a dispará-la como uma Kalashnikov,<br />

Tara levou uma mão à boca, balbuciou um «Com licença, acho<br />

que vou vomitar» e correu para a porta.<br />

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