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q u e m c o n h e c e e s t a h i s t ó r i a<br />
r e v i s t a t j d f t<br />
Criação do Programa<br />
Memória do TJDFT<br />
Há um ditado popular que diz que<br />
Um país sem memória é um país<br />
sem história. Atento a essa realidade e<br />
preocupado em não incorrer nesse erro,<br />
o TJDFT decidiu criar, por meio das Portarias<br />
Conjuntas nºs 51/2005 e 17/2007,<br />
o Programa Memória do Tribunal de Justiça<br />
do Distrito Federal e dos Territórios,<br />
que engloba as atividades do Centro de<br />
Memória Digital e dos Espaços Históricos<br />
e Culturais do TJDFT.<br />
O Programa foi uma iniciativa do então<br />
Vice-Presidente, Desembargador Eduardo<br />
Oliveira, que se aposentou em dezembro<br />
de 2007 e continuou com total apoio<br />
da atual administração.<br />
O cEntro dE mEmória digital<br />
será um portal na internet que abordará<br />
a história e o desenvolvimento do Poder<br />
Judiciário no DF. Por intermédio de<br />
modernos meios de comunicação associados<br />
às novas tecnologias de informação,<br />
o Centro vai preencher uma lacuna<br />
de memória existente, possibilitando o<br />
maior acesso da comunidade às informações<br />
sobre a trajetória do TJDFT, desde<br />
a sua inauguração.<br />
O site será dinâmico. Apresentará<br />
curiosidades, documentos e imagens,<br />
e será também um ambiente interativo<br />
que motive os usuários a conhecerem<br />
e, quem sabe, também participarem da<br />
construção da história do Tribunal. Assim,<br />
o TJDFT poderá exercer sua responsabilidade<br />
social, valorizando a memória<br />
institucional e coletiva no âmbito do Dis-<br />
trito Federal.<br />
O portal também vai disponibilizar<br />
aos internautas o Programa de História<br />
Oral. Neste link, estarão disponíveis entrevistas<br />
com personagens que participaram<br />
de alguma forma da trajetória do<br />
Tribunal. Seus depoimentos, somados,<br />
vão auxiliar na constituição de acervo<br />
que colabore com a recuperação da história<br />
da Instituição.<br />
Como parte integrante do Programa<br />
Memória do TJDFT está a criação, após a<br />
inauguração do Bloco A, do Espaço Histórico<br />
Cultural do TJDFT, que será dotado<br />
de acervo próprio, proveniente de um<br />
fundo documental vasto constituído de livros,<br />
documentos, fotos e filmes, além de<br />
coleções e conjuntos documentais provenientes<br />
de doações e/ou permutas com<br />
outras instituições e arquivos privados.<br />
O Tribunal já conta, atualmente, com<br />
dois Espaços Históricos Culturais: o de<br />
Ceilândia, inaugurado em abril de 2007, e<br />
o de Taguatinga, inaugurado em dezembro<br />
do mesmo ano. Os Espaços, por meio<br />
de documentos e fotos, contam um pouco<br />
da história das cidades e da atuação do<br />
Judiciário junto às comunidades.<br />
Para uma maior organização dos trabalhos,<br />
foi criado o Conselho Gestor do<br />
Programa Memória. O Conselho Gestor<br />
tem na sua formação o Vice-Presidente<br />
do TJDFT como Presidente; a Desembargadora<br />
aposentada Maria Thereza de<br />
Andrade Braga Haynes, o Juiz de Direito<br />
Flávio Fernando Almeida da Fonseca e<br />
o Juiz de Direito aposentado Sebastião<br />
Rios como membros efetivos, além do<br />
apoio técnico da Secretaria de Gestão<br />
Documental, da Secretaria de Informática<br />
e da Assessoria de Comunicação<br />
Social.<br />
O Conselho tem como atribuições<br />
promover o resgate e a conservação das<br />
peças que reflitam a trajetória de atuação<br />
do Poder Judiciário do DF; aprovar<br />
os critérios de acumulação, organização,<br />
preservação e disponibilização das peças<br />
que irão compor o acervo histórico<br />
permanente do Tribunal; fomentar a realização<br />
e divulgação de eventos culturais,<br />
dentre outras ações.<br />
Outra atribuição do Conselho diz respeito<br />
à promoção de intercâmbio com<br />
outras instituições e com programas similares<br />
no país e no exterior, particularmente<br />
os ligados à memória da atividade<br />
judiciária e ao gerenciamento da localização<br />
e arrecadação, quando possível,<br />
de material de interesse do Programa.<br />
Nesse mesmo sentido, cabe ao Conselho<br />
fomentar a realização e divulgação de<br />
eventos com o objetivo de preservar e<br />
incentivar a cultura jurídica de um modo<br />
geral.<br />
O TJDFT entende que devido à importância<br />
desta Corte no cenário brasileiro,<br />
sua história merece ser recuperada,<br />
recontada, conservada e difundida,<br />
ampliando conceitos e definições que se<br />
apresentam cada vez mais vinculados à<br />
memória afetiva da sociedade.<br />
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primeiro tribunal brasileiro na<br />
O capital do país foi instalado em<br />
Salvador, em 1607, com o nome de Tribunal<br />
de Relação. Alguns historiadores<br />
colocam o Tribunal de Justiça do Distrito<br />
Federal e Territórios, como o mais antigo<br />
da história, por ser o primeiro Tribunal<br />
da capital do país. É inegável que a história<br />
do Tribunal de Justiça do Distrito<br />
Federal e Territórios remonta daquele<br />
tribunal. Entretanto, com a transferência<br />
da capital para Brasília, houve um rompimento<br />
com o antigo Tribunal, então<br />
instalado no Rio de Janeiro. Sua extinção<br />
propiciou a criação de uma nova corte de<br />
justiça em Brasília, o Tribunal de Justiça<br />
do Distrito Federal e Territórios, que não<br />
era continuação do Tribunal do Rio de<br />
Janeiro e de Salvador. Esse enfoque é o<br />
que deve prevalecer, devido aos aspectos,<br />
uma vez que era necessário garantir<br />
a questão orçamentária que adviria<br />
da transferência da Capital e a garantia<br />
do direito do princípio constitucional aos<br />
magistrados da inamovibilidade.<br />
Toda essa preocupação era justificável<br />
na época, uma vez que existia a interpretação<br />
constitucional de que quando<br />
se tratasse de transferência de Justiça,<br />
os integrantes do antigo Poder Judiciário<br />
do Distrito Federal poderiam requerer<br />
a disponibilidade de seus cargos, o<br />
que inviabilizaria a consolidação do novo<br />
Poder Judiciário na Capital do País, além<br />
de inviabilizar o Judiciário do Estado da<br />
Guanabara.<br />
A idéia da mudança da capital do<br />
Brasil foi defendida em 1789, por Tiradentes.<br />
Na época ele propunha a transferência<br />
para a Vila de São João Del Rei,<br />
interior de Minas. Foi o passo inicial, uma<br />
longa e quase interminável trajetória. A<br />
idéia da interiorização da capital, já no<br />
Planalto Central, foi defendida por figuras<br />
conhecidas da nossa história, como o<br />
jornalista Hipólito José da Costa, fundador,<br />
em Londres, do Correio Braziliense,<br />
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em 1808, quando enfocou na edição de<br />
1813 a questão. No curso, surge a adesão<br />
de figuras de peso como a de José<br />
Bonifácio de Andrada e Silva, patriarca<br />
da Independência. Dele teria partido a<br />
sugestão de dar à futura cidade o nome<br />
de Brasília. O historiador Francisco Adolfo<br />
de Vanhargem, o Visconde de Porto<br />
Seguro, tornou-se ardoroso defensor da<br />
idéia, chegando, em 1877, aos 61 anos,<br />
em lombo de burro, a realizar uma penosa<br />
viagem ao Planalto Central, a fim de<br />
conferir o local onde deveria ser a capital.<br />
Em 1891 os constituintes republicanos<br />
inseriram no texto constitucional o principio<br />
da mudança da capital, consagrado<br />
nas constituições que se seguiram.<br />
A longa caminhada para transferência<br />
da Capital culminou no Governo do<br />
presidente Juscelino Kubitschek, que<br />
após eleito e em viagem ao Planalto<br />
Central, em 18 de abril de 1956, assinou,<br />
às cinco e meia da manhã, na cidade de<br />
Anápolis, a mensagem encaminhada ao<br />
Congresso Nacional, propondo medidas<br />
para mudança da capital da república.<br />
Finalmente a transferência deu-se m<br />
21 de abril de 1960. Com Brasília nascia<br />
a Justiça do novo Distrito Federal. No<br />
dia 20 de abril de 1960 deu-se a última<br />
sessão do Tribunal de Justiça do antigo<br />
Distrito Federal, no Rio de Janeiro. E no<br />
dia seguinte a Justiça do Rio de Janeiro<br />
passou a ser um órgão da Justiça do Estado<br />
da Guanabara.<br />
O Tribunal de Justiça do Distrito Fe-<br />
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r e v i s t a t j d f t<br />
Um<br />
história<br />
pouco<br />
da nossa<br />
deral e dos Territórios foi instalado em<br />
Brasília no dia 5 de setembro de 1960,<br />
na forma da Lei nº 3754/60. Por essa<br />
lei, a magistratura da nova capital ficou<br />
composta por sete desembargadores, 6<br />
juízes titulares, 5 juízes substitutos e 6<br />
varas: uma Cível, duas de Fazenda Pública,<br />
uma de Família, Órfãos, Menores e<br />
Sucessões e duas Criminais, permitindo<br />
que desembargadores e juízes de outros<br />
Estados viessem transferidos para cá.<br />
Como o quadro da magistratura continuava<br />
incompleto, o Tribunal realizou em<br />
outubro de 1960 o seu primeiro concurso<br />
para juiz substituto, trazendo para Brasília<br />
candidatos de diversas partes do<br />
Brasil.<br />
Brasília era uma cidade sem fórum.<br />
Nessa época, o Tribunal funcionava no<br />
quinto e sexto andares do bloco seis, na<br />
Esplanada dos Ministérios, e lá permaneceu<br />
durante nove anos. O prédio era dividido<br />
com outros Tribunais que também<br />
não dispunham de sede própria.<br />
No quinto andar alojavam-se todas<br />
as unidades da Secretaria, os gabinetes<br />
da Presidência e da Vice-Presidência, a<br />
Corregedoria e a Sala de Sessões, onde<br />
funcionavam o Pleno e as duas únicas<br />
Turmas. Havia, ainda, uma sala denominada<br />
Sala das Becas, equipada com<br />
poltronas e mesa de reuniões, uma vez<br />
que os membros do Tribunal não dispunham<br />
de gabinete individual. A biblioteca<br />
e o Salão Nobre já abrigavam o precioso<br />
acervo de arte do TJDFT.<br />
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