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r e v i s t a t j d f t m a i o - j u n h o - j u l h o - a g o s t o - 2 0 0 8

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24<br />

i n f â n c i a e d a j u v e n t u d e n o d f<br />

r e v i s t a t j d f t<br />

Uma História<br />

Bem Contada<br />

a o T r a n s i Ta r P e l a s i n s Ta l a ç õ e s d a va r a d a i n F â n C i a e d a J u v e n T u d e d o d F, P e r C e b e - s e d e i m e d i aT o q u e a<br />

J u s T i ç a a n d a d e m ã o s d a d a s C o m a m o d e r n i d a d e . a P ó s Pa s s a r P o r a m P l a r e F o r m a , a va r a n e m Pa r e C e a m e s m a .<br />

b a l C õ e s d e i n F o r m a ç õ e s e s T r aT e g i C a m e n T e i n s Ta l a d o s e a d a P Ta d o s à r e d e d e i n F o r m á T i C a ; a m P l a s a l a d e<br />

e s P e r a e s e u s T e l e v i s o r e s ; T r ê s s a l a s d e a u d i ê n C i a s C o m s i s T e m a d e r e C o n h e C i m e n T o a d i s T â n C i a e s e m P r e<br />

m u i Ta , m u i Ta g e n T e C i r C u l a n d o . m a s a m e m ó r i a d a va r a e s T á b e m g u a r d a d a . e s T á r e v e l a d a P e l o s d e Ta l h e s q u e<br />

s e d e i x a m n o Ta r a o o l h a r aT e n T o , C o m o a s P l a C a s “ J u i z a d o d e m e n o r e s ” e “ va r a d a i n F â n C i a e d a J u v e n T u d e ”<br />

q u e C o n v i v e m h a r m o n i C a m e n T e i n d i C a n d o a s u a s e d e , u m P r é d i o b a i x o a o e s T i l o d a é P o C a d e s u a C o n s T r u ç ã o .<br />

é q u e a v i J , C o m o é C h a m a d a , F a z q u e s T ã o d e P r e s e rva r a s u a h i s T ó r i a . u m a h i s T ó r i a q u e r e m o n Ta a 1 9 6 0 , C o m<br />

a C r i a ç ã o d a va r a d e F a m í l i a , ó r F ã o s , m e n o r e s e s u C e s s õ e s n a e s T r u T u r a d a J u s T i ç a d e P r i m e i r a i n s T â n C i a d o<br />

d F, v i n d o a T e r J u r i s d i ç ã o ú n i C a s o m e n T e P e l o d e C r e T o - l e i n . 1 1 3 , d e 2 5 / 0 1 / 1 9 6 7 , d a l av r a d o g e n e r a l C a s T e l l o<br />

b r a n C o , q u a n d o F o i C r i a d a a va r a d e m e n o r e s d o d i s T r i T o F e d e r a l , s o b a T i T u l a r i d a d e d o J u i z J o r g e d u a r T e<br />

d e a z e v e d o . o T e r r e n o q u e h o J e a b r i g a a aT u a l s e d e s i T u ava - s e n a a n T i g a “ F a z e n d a b a n a n a l ” , n a o C a s i ã o<br />

d e s T i n a d a a o s e T o r d a s g r a n d e s á r e a s n o r d e s T e , a a s a n o r T e . C o m o e s TaT u T o d a C r i a n ç a e d o a d o l e s C e n T e<br />

r e C e b e u a d e n o m i n a ç ã o d e va r a d a i n F â n C i a e d a J u v e n T u d e C o m C o m P e T ê n C i a e s P e C i a l i z a d a d e s C r i Ta P e l o<br />

a r T . 1 4 8 , q u e a b o l i u d e v e z a n o m e n C l aT u r a P e J o r aT i va “ m e n o r e s ” , a d o Ta n d o a T e n d ê n C i a m u n d i a l d a d o u T r i n a<br />

d a P r o T e ç ã o i n T e g r a l , C o n s i s T e n T e n a C o n C e P ç ã o d e q u e o e s Ta d o d e v e T r aTa r , C o m P r i o r i d a d e a b s o l u Ta ,<br />

C r i a n ç a s e a d o l e s C e n T e s C o m o s u J e i T o s e m C o n d i ç ã o P e C u l i a r d e d e s e n v o lv i m e n T o .<br />

o s 4 0 a n o s d e e x i s T ê n C i a d a v i J e s T ã o d e Ta l h a d o s e m u m l i v r o e d i Ta d o n a g e s T ã o d o J u i z T i T u l a r d a v i J , d r .<br />

r e n aT o r o d o va l h o s C u s s e l , q u e v e m e s C r e v e n d o m a i s u m C a P í T u l o d e s s e e n r e d o . s e g u n d o e s T e J u i z d e e s P í r i T o<br />

e m P r e e n d e d o r e v i s i o n á r i o , “ a C a s a q u e n ã o r e s P e i Ta a s u a h i s T ó r i a , n ã o r e s P e i Ta o s e u T r a b a l h o . ” n a s l i n h a s<br />

a b a i x o , d r . r e n aT o F a l a d e s u a e x P e r i ê n C i a d e s d e 2 0 0 2 , q u a n d o a s s u m i u a T i T u l a r i d a d e d a v i J - d F, d a aT u a ç ã o<br />

d a J u s T i ç a i n F a n T o - J u v e n i l e d o s P r o J e T o s e m a n d a m e n T o .<br />

Como a CompetênCia da ViJ-dF é<br />

estruturada internamente?<br />

A organização interna da VIJ está definida<br />

e sustentada em três eixos de atuação<br />

que se intercomunicam harmonicamente,<br />

sob a subordinação do Juiz Titular<br />

da Vara. No eixo judicial, exercido pelo<br />

cartório, é gerenciada toda a tramitação<br />

processual tanto na área cível, como<br />

infracional e nos procedimentos especiais<br />

(medidas de proteção aplicadas<br />

às crianças e adolescentes em situação<br />

de risco). Pelo eixo da equipe interprofissional,<br />

prevista pelos arts. 150 e 151<br />

do ECA, perpassa o trabalho de assessoramento<br />

técnico ao juiz, com relatórios<br />

e pareceres ou mesmo verbalmente em<br />

audiências. Os profissionais das áreas<br />

de psicologia, pedagogia e assistência<br />

social têm ainda a competência legal de<br />

e n t r e v i s t a c o m o j u i z t i t u l a r d a V I J , R e n a t o S c u s s e l<br />

aconselhamento, orientação, prevenção<br />

entre outros. Insere-se nessa seara a<br />

atuação dos Comissários da Infância e<br />

da Juventude, designados pelo Juiz.<br />

Enfim, para propiciar o suporte<br />

necessário a esta infra-estrutura, encontra-se<br />

o eixo administrativo, que é<br />

responsável por processar os atos administrativos<br />

por meio de setores aptos a<br />

lidar com compras e licitações; almoxarifado,<br />

informática, transporte, oficina,<br />

contabilidade e orçamento. Essa estrutura<br />

peculiar da VIJ-DF, preconizada<br />

pela Lei de Organização Judiciária do DF<br />

e ECA, decorre da condição particular de<br />

ser uma unidade gestora de recursos do<br />

Tribunal.<br />

a Vara da inFânCia e da JuVentude<br />

do distrito Federal se diFerenCia<br />

por ser uma unidade Gestora de<br />

reCursos do tJdFt. Quais os bene-<br />

FíCios trazidos para o públiCo Que<br />

atende?<br />

Por ser uma Vara especializada, regida<br />

pelos princípios legais de proteção integral,<br />

prioridade absoluta com a criança<br />

e o adolescente, é razoável que a própria<br />

legislação estabeleça mecanismos<br />

para que a administração de sua infraestrutura<br />

seja enxuta, mais célere, ágil<br />

e transparente, favorecendo assim o<br />

atendimento jurisdicional das questões<br />

infanto-juvenis do DF. Desse modo, havendo<br />

uma rubrica dentro do orçamento<br />

do TJDFT e, portanto, com autonomia<br />

limitada, permite-se a demonstração<br />

clara perante os organismos internacionais<br />

e a União, de que estão sendo bem<br />

aplicados os investimentos públicos destinados<br />

à promoção do bem-estar das<br />

m a i o - j u n h o - j u l h o - a g o s t o - 2 0 0 8<br />

crianças e dos adolescentes, segundo as<br />

regras mínimas das nações Unidas para<br />

a Administração da Justiça, da Infância e<br />

da Juventude (Regras de Beijing).<br />

Vossa exCelênCia entende Que a<br />

atuação do Juiz da inFânCia e da<br />

JuVentude se esGota na prestação<br />

JurisdiCional?<br />

De forma alguma. A atuação do próprio<br />

Poder Judiciário, em todos os seus segmentos,<br />

assume um papel social ao se<br />

aproximar da comunidade e, ao fazer<br />

isso, humaniza a prestação jurisdicional.<br />

Temos como bons exemplos a mediação<br />

de conflitos familiares, a defesa do consumidor,<br />

a defesa da mulher (Lei Maria<br />

da Penha), as lides de menor potencial<br />

ofensivo abraçadas pelos Juizados Especiais.<br />

Com isso, temos a clara visão de<br />

que é importante a participação do Poder<br />

Judiciário em todas essas questões. E há<br />

uma tendência internacional consistente<br />

em que a Justiça da Infância e da Juventude<br />

deve ser administrada no marco geral<br />

de justiça social para todos os jovens,<br />

de forma que contribua tanto para a sua<br />

proteção, como para a manutenção da<br />

paz e da ordem da sociedade.<br />

De sua parte, a VIJ procura se engajar<br />

em todos os movimentos e iniciativas<br />

dentro da comunidade em que atua,<br />

mostrando e avaliando todos os índices<br />

e estatísticas referentes aos processos<br />

aqui analisados.<br />

Temos como exemplos de boa integração<br />

da Vara com a Rede de Atendimento<br />

à Criança e ao Adolescente do DF,<br />

os convênios com Universidades e Instituições<br />

para cumprimento de Medidas<br />

de Prestação de Serviço à Comunidade;<br />

as publicações editadas pela VIJ sobre<br />

orientações dirigidas aos Abrigos e à<br />

Rede Hospitalar, com vistas a responder<br />

às questões que envolvem o atendimento<br />

infanto-juvenil; o e-mail "fale conosco"<br />

da nossa página da internet; as palestras<br />

ministradas por nossos profissionais às<br />

escolas, hospitais e a todos aqueles que<br />

lidam com esse público.<br />

Vale ainda destacar a importância do<br />

papel desempenhado pela VIJ-DF, muitas<br />

vezes tomado como referência pelas<br />

justiças estaduais e representações internacionais.<br />

Recentemente tivemos as<br />

visitas de colegas magistrados da Costa<br />

Rica e República Dominicana, que, por<br />

estarem em período de reforma de sua<br />

m a i o - j u n h o - j u l h o - a g o s t o - 2 0 0 8<br />

legislação juvenil, vieram ao Brasil para<br />

conhecer nosso sistema e aproveitaram<br />

para conhecer também o funcionamento<br />

do sistema da capital federal, considerado<br />

avançado.<br />

a ViJ atua preVentiVamente Junto<br />

ao seu públiCo-alVo?<br />

Atua preventivamente. Não só através de<br />

palestras, orientações, convênios, mas<br />

também por meio da atuação dos Comissários<br />

da Infância e da Juventude, que<br />

fiscalizam shows e eventos, levando os<br />

adolescentes às suas famílias, quando<br />

estão em situação de risco. Outra frente<br />

de trabalho é o da Comissão de Fiscalização<br />

e Orientação às Entidades de Abrigo,<br />

cujos técnicos têm a função eminentemente<br />

pedagógica de esclarecimento e<br />

acompanhamento das crianças e adolescentes<br />

abrigados.<br />

Quais os proJetos em andamento na<br />

ViJ?<br />

Vale destacar a Rede Solidária Anjos<br />

do Amanhã, projeto idealizado em 2006<br />

e em pleno vapor, que representa uma<br />

teia de proteção aos direitos infantojuvenis.<br />

Grupos, empresas, organismos<br />

e iniciativas individuais voluntariamente<br />

se cadastraram para atender aos diversos<br />

tipos de necessidades de crianças e<br />

adolescentes que vivem em abrigos ou<br />

estão cumprindo medida socioeducativa<br />

ou mesmo vinculados a alguma instituição<br />

cadastrada na Rede, como beneficiária<br />

de suas ações, a exemplo de algumas<br />

creches. Já firmamos diversas parcerias,<br />

podendo destacar colaboradores como a<br />

Casa Thomas Jefferson, VERTAX e SE-<br />

NAC, que oferecem bolsas de estudos e<br />

cursos aos jovens.<br />

Há ainda o acompanhamento da VIJ<br />

junto às genitoras que pretendem dar<br />

seu filho à adoção, com a finalidade de<br />

garantir a proteção e integridade do nascituro<br />

e assim evitar que bebês sejam<br />

abandonados, comercializados ou adotados<br />

à margem da legalidade. Esta prática<br />

abrange o pré-natal, o parto e o processo<br />

de adoção, tudo dentro dos lindes da lei.<br />

O procedimento, adotado desde fevereiro<br />

de 2006, abre caminho e estabelece<br />

alguns parâmetros semelhantes ao anteprojeto<br />

de lei do parto anônimo, encampado<br />

pelo IBDFAM – Instituto Brasileiro<br />

de Direito de Família.<br />

i n f â n c i a e d a j u v e n t u d e n o d f<br />

r e v i s t a t j d f t<br />

Temos ainda o atendimento humanizado<br />

aos jurisdicionados que aguardam<br />

as audiências e o atendimento pelos<br />

setores técnicos. A sala de espera foi<br />

recentemente ampliada para comportar<br />

o dobro de pessoas. Lá, elas assistem<br />

a vídeos institucionais em televisores e<br />

é servido um lanche. Além disso, a VIJ<br />

distribui aos mais carentes vales-transporte.<br />

Já estamos executando o reconhecimento<br />

a distância, onde a vítima que<br />

está na sala de audiência pode identificar<br />

o agressor que está sendo filmado<br />

em sala contígua à cela, sem temer pela<br />

sua segurança.<br />

Na esfera judicial, finalizamos o<br />

projeto de desmembramento dos processos<br />

infracionais. As execuções de<br />

MSE impostas aos adolescentes estão<br />

independentes dos processos instrutórios<br />

de infração. A partir da Carta de<br />

Sentença de Execução, formam-se novos<br />

autos individualizados de Execução de<br />

Medida, por adolescente, o que favorece<br />

a tramitação própria e desvinculada da<br />

fase de conhecimento e a unificação das<br />

medidas aplicadas a um mesmo infrator,<br />

respeitando-se o histórico pessoal em<br />

cada caso.<br />

Já estamos acertando o nosso passo<br />

dentro da Tecnologia da Informação proposta<br />

pelo TJDFT. Os processos já estão<br />

incluídos no Sistema de Informática idealizado<br />

para todos os cartórios, faltando<br />

apenas alguns módulos do SISTJ – Gráfico.<br />

Além disso, não podemos deixar de<br />

ressaltar as reformas e obras, que propiciaram<br />

a readequação de todo o espaço<br />

físico da Vara, para melhor atender ao<br />

grande público que aqui transita. Agora,<br />

estamos redimensionando e organizando<br />

o arquivo, uma vez que todos os processos<br />

desde a instalação da VIJ encontram-se<br />

aqui na Vara.<br />

Dando continuidade ao resgate da<br />

história da VIJ-DF, que completou 40<br />

anos de existência em 2007, foi editado<br />

um livro que contou a sua trajetória. Estaremos<br />

em breve inaugurando um foyer<br />

com a galeria de todos os Juízes que<br />

passaram pela Vara, com a finalidade de<br />

honrar a memória do trabalho missionário<br />

que se cumpriu ao longo desses anos.<br />

Imbuído do resgate das raízes, afirmo<br />

que a Casa que não respeita a sua história,<br />

não respeita o seu trabalho.<br />

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