A força publicitária das mascotes junto ao público-alvo criança
A força publicitária das mascotes junto ao público-alvo criança
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alimentação de berço. A empresa diversificou a sua linha de produtos, mas o ninho ainda<br />
é o seu carro-chefe.<br />
Já o clérigo de chapéu, fraque e colete da boa aveia Quaker, mascote criada em<br />
1877 que os brasileiros conheceram nos anos 20 em embalagens nas cores vermelha e<br />
preta, simbolizava a pureza do alimento. Quakers eram cristãos protestantes de rígida<br />
moral, engajados no movimento de libertação dos escravos. Puritanos identificados pelo<br />
traje clerical que o produto acabaria perenizando.<br />
Sucesso também de outras <strong>mascotes</strong> mais novas que apaixonam consumidores,<br />
como o tigre da Kellogg’s, desenhado em 1950, ou o similar da Esso, criado em 1959.<br />
Outras <strong>mascotes</strong> como a gotinha da Esso, o soldado Flit, do inseticida do mesmo<br />
nome, o Speedy Alka-Seltzer, o leão da Metro e, para citar uma mascote nacional, o bom<br />
e simpático elefante da Cica, desenhado e licenciado por Mauricio de Souza em 1968.<br />
Uma mascote não bem aceita pelo <strong>público</strong> foi aquela que representa a voracidade<br />
do poder <strong>público</strong>, a crueldade do Estado com o cidadão: a mascote em forma de um<br />
Leão de dentes afiados criada por encomenda da Receita Federal nos anos 70.<br />
São inúmeros personagens como o Zé Gotinha, uma gota gigante que simboliza a<br />
prevenção de doenças através da vacinação e que é amigo da <strong>criança</strong>da, o Urubu, do<br />
Flamengo, que simboliza o time e a torcida deste clube de futebol carioca, o Frango de<br />
Capacete, que lembra a empresa Sadia e o seu principal produto (PINHO, 1996).<br />
Nos anos 60, com o auge do rock-and-roll, o pacifismo e a revolução sexual, foi<br />
criado a mascote Ronald McDonald, conhecido hoje por <strong>criança</strong>s do mundo inteiro. Além<br />
de ser reconhecido imediatamente, também o é sua ligação com a rede de fast-food.<br />
Como exemplo, temos, também, os coelhos <strong>mascotes</strong> da marcas de pilhas<br />
Energizer e Duracell. Não só transmitem os valores da marca, mas representam o<br />
principal benefício do produto – pilhas de longa duração. Uma disputa obrigou as<br />
empresas a uma separação de mercados: nos Estados Unidos o coelho é usado pela<br />
Energizer, que foi a primeira a utilizar sua imagem no país.<br />
No mercado Europeu, ocorreu o inverso, sendo a imagem da mascote atribuída a<br />
Duracell. O coelho da Energizer foi introduzido <strong>ao</strong> mercado em 1989, enquanto o da<br />
Duracell já estrelava comercias europeus desde 1974.<br />
A cerveja Brahma veiculou intensa campanha <strong>publicitária</strong> mostrando uma<br />
tartaruga viciada em cerveja que embarcava para a Coréia e o Japão para torcer pelo<br />
Brasil durante a Copa do Mundo de 2002, levando na bagagem nada menos que um<br />
caminhão de cerveja.<br />
Tomando como outro exemplo de um produto de consumo, a Assolan, uma lã de aço, que no começo de<br />
2002, resgatou sua marca numa categoria que tem um concorrente que é sinônimo e se apresentou, primeiro para<br />
o consumidor e depois para o próprio varejo brasileiro, como sendo uma opção. Entre as alterações<br />
promovi<strong>das</strong> pela nova estratégia está a criação da mascote de Assolan, em janeiro de<br />
2003, começou-se a trabalhar a idéia de tornar a Assolan a melhor opção, com um<br />
trabalho criativo no qual aparece a mascote cantando, interagindo com o consumidor,<br />
uma embalagem com olhos, vida e personalidade (CADENA, 2005).<br />
Além de sedimentar uma marca e seus produtos a mascote tem a função de<br />
alegrar e seduzir o <strong>público</strong> com suas performances.<br />
O con<strong>junto</strong> de valores que as marcas representam é mais evidente no caso de<br />
produtos onde as <strong>mascotes</strong> em forma de bonecos ou desenhos animados ganharam vida<br />
própria se sobrepondo à simples logotipia. A publicidade vem tentando cada vez mais,<br />
conquistar o <strong>público</strong> com produtos e propagan<strong>das</strong> miraculosas, levando <strong>ao</strong> desejo de<br />
consumir.<br />
A propaganda é, portanto, uma forma institucionalizada de evasão,<br />
consensualmente autorizada, socialmente legitimada e eticamente permitida, então,<br />
cabe à empresa considerar as obrigações éticas e morais na hora de criar um<br />
personagem para a associação de sua marca. Porém, seu poder de persuasão também<br />
tem limites e o excesso de exposição também pode gerar um impacto negativo <strong>junto</strong> à<br />
opinião pública.<br />
2 A CARACTERIZAÇÃO E O USO DAS MASCOTES