Prosa 1 - Academia Brasileira de Letras
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Alberto Venancio Filho<br />
Mas o <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong>finitivo foi <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis no discurso inaugural:<br />
“Não é preciso <strong>de</strong>finir esta instituição. Iniciada por um moço e completada<br />
por moços, a <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> nasce como alma nova e naturalmente ambiciosa.”<br />
Lúcio <strong>de</strong> Mendonça tinha na época quarenta e três anos, o que na socieda<strong>de</strong> patriarcal<br />
<strong>de</strong> então era consi<strong>de</strong>rado moço. Havia vários outros ainda mais moços,<br />
mas nenhum <strong>de</strong>les tivera qualquer influência na criação da instituição. Assim, po<strong>de</strong>-se<br />
interpretar que Machado <strong>de</strong> Assis na sua discreção habitual quisera dizer que<br />
o (moço) Lúcio <strong>de</strong> Mendonça iniciara a instituição, completada por moços como<br />
Rodrigo Octavio, Pedro Rabelo, Magalhães <strong>de</strong> Azeredo e outros.<br />
Machado <strong>de</strong> Assis, em carta <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1899 a Lúcio <strong>de</strong> Mendonça,<br />
dando conta da próxima realização <strong>de</strong> sessão e eleição do sucessor do Viscon<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Taunay, escreve: “Conto com você que é o pai da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> e espero que<br />
não falte.”<br />
A correspondência entre Machado e Nabuco é extensa. Em 12 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />
1900, escrevia Nabuco a Machado <strong>de</strong> Assis:<br />
“Não <strong>de</strong>ixe morrer a <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong>. V. hoje tem obrigação <strong>de</strong> reuni-la e tem<br />
meios para isso, ninguém resiste a um pedido seu. Será preciso que morra<br />
mais algum acadêmico para haver outra sessão? Que papel representamos<br />
nós então? Foi para isso, para morrermos, que o Lúcio e V. nos convidaram?<br />
Não, meu caro, reunamo-nos (não conte por ora comigo, esperemos<br />
pelo telefone sem fios) para conjurar o agoiro, é muito melhor. Trabalhemos<br />
todos vivos.”<br />
Dirigindo-se a Machado <strong>de</strong> Assis em 28 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1901, ao receber a<br />
comunicação <strong>de</strong> que a <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> obtivera se<strong>de</strong>, respon<strong>de</strong>: “O Lúcio <strong>de</strong>ve estar<br />
muito satisfeito com a instalação da sua ‘Companhia’.”<br />
Em carta a Graça Aranha <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1907, diria: “Acabo <strong>de</strong> ler que<br />
o Ferrero (Guilhermo) passou pelo Rio e o nosso Machado foi buscar a bordo.<br />
O Lúcio <strong>de</strong> Mendonça <strong>de</strong>ve sentir-se ufano - fez uma criação, a <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong><br />
é hoje uma instituição nacional.”<br />
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