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Prosa 1 - Academia Brasileira de Letras

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Alberto Venancio Filho<br />

– Vença, pedi-lhe, a primeira impressão contrária à novida<strong>de</strong>, vagamente<br />

ridícula, por efeito da convenção, da superstição <strong>de</strong>mocrática e revolucionária<br />

que o<strong>de</strong>ia as aca<strong>de</strong>mias e todas as semelhantes manifestações do gênio<br />

artístico; o<strong>de</strong>ia-as com o estúpido sentimento igualitário que levou a Revolução<br />

Francesa a abolir a criação <strong>de</strong> Richelieu, que só anos <strong>de</strong>pois ressuscitou.<br />

Estúpido, disse e repito; pois que haverá menos inteligente e racional<br />

que intrometer a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática no domínio da arte, esfera essencialmente<br />

privilegiada e <strong>de</strong> exceção?<br />

Não se afigure, pois, estranha a fundação <strong>de</strong> uma <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>de</strong> <strong>Letras</strong> em<br />

plena República, nem venham chicanar com o nome. É bem certo que, na<br />

forma da lei, podíamos constituir-nos extra-oficialmente; mas não é mau,<br />

antes convém, por mais <strong>de</strong> uma razão, que sejamos instituto oficial, como se<br />

trata do ‘culto externo’ da Arte, torna-se indispensável tal ou qual solenida<strong>de</strong>,<br />

que faltaria à associação livre; tentativas <strong>de</strong>sta última forma têm falhado,<br />

umas após outras, o que já é boa razão para ensaiar coisa diversa; a feição<br />

oficial impressiona mais e melhor o vulgo, quer dizer, a generalida<strong>de</strong> do público,<br />

assegurando aos homens <strong>de</strong> letras outro respeito, que, numa civilização<br />

imperfeita como a nossa, ainda não conseguem plenamente pelo esforço<br />

individual ou das meras socieda<strong>de</strong>s literárias.<br />

E há, <strong>de</strong> envolta com o interesse da classe dos literatos, o próprio interesse<br />

da República: é belo e útil que esta se mostre amiga dos bons espíritos e<br />

da mais nobre das artes; e não é dos menores resultados que se hão <strong>de</strong> colher<br />

do novo instituto o congraçamento das mais bem dotadas inteligências nacionais<br />

numa obra comum e <strong>de</strong>sinteressada, numa cooperação que promoverá,<br />

naturalmente, o apagamento e a suavização das vivas antinomias, que a<br />

luta política abre, aprofunda e envenena.<br />

[...] A primeira objeção, que naturalmente ocorre, é a <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> pessoal.<br />

Não a temos. E, para <strong>de</strong>monstrar a minha afirmação, mostrei ao ministro<br />

uma lista <strong>de</strong> nomes, em número superior ao necessário para compor o quadro<br />

<strong>de</strong> sócios da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong>, que terá quarenta membros, como a francesa,<br />

mas apenas trinta efetivos, e <strong>de</strong>z correspon<strong>de</strong>ntes.<br />

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