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Prosa 1 - Academia Brasileira de Letras

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tesquieu; elaboraram uma Constituição, a primeira escrita no mundo sob forma<br />

metódica, pois a do estagirita seria inaplicável, e, sem alterá-la em substância, conservaram<br />

até hoje as liberda<strong>de</strong>s herdadas da Inglaterra, rigorosamente institucionalizadas<br />

nos Estados Unidos. “O presi<strong>de</strong>nte dos Estados Unidos é”, diz Harold J.<br />

Lask, “ao mesmo tempo, mais e menos do que um rei; ele é também ao mesmo<br />

tempo, mais e menos do que um primeiro ministro. Quanto mais cuidadosamente<br />

é estudada a sua função, mais aparece o seu caráter único. Estamos, na verda<strong>de</strong>, capacitados<br />

a criticar os resultados da sua atuação e, particularmente, po<strong>de</strong>mos comparar<br />

tais resultados com as conseqüências <strong>de</strong>correntes da atuação <strong>de</strong> outros sistemas.<br />

Devemos, porém, sempre ter em mente que a transplantação <strong>de</strong> métodos <strong>de</strong><br />

outros países para o solo americano po<strong>de</strong>ria, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> toda a possibilida<strong>de</strong> humana,<br />

produzir resultados bastante diferentes daqueles que seus partidos os <strong>de</strong>sejavam<br />

prever; a<strong>de</strong>mais, o sistema parlamentar britânico tinha sido diferentemente<br />

adotado em cada país, do mesmo modo a fe<strong>de</strong>ração americana sofreu modificações<br />

<strong>de</strong>cisivas na sua transferência para outras regiões.” 22<br />

Os Estados Unidos e o Canadá oferecem na América o exemplo único da<br />

constituição institucional do Estado. “Com a capacida<strong>de</strong> genial que têm os anglo-saxões<br />

<strong>de</strong> extrair do caso particular a norma geral, lograram os constituintes<br />

<strong>de</strong> Filadélfia criar a figura do presi<strong>de</strong>nte, que adotaram e transmitiram aos<br />

outros povos da América”, diz Afonso Arinos <strong>de</strong> Melo Franco. 23 O presi<strong>de</strong>ncialismo<br />

americano é, porém, uma criação dos Fundadores, não uma transplantação.<br />

“Não há, diz ainda Harold J. Laski, instituição estrangeira com a<br />

qual, num sentido básico, ele possa ser comparado, porque não há instituição<br />

estrangeira com ele comparável.” 24 O regime presi<strong>de</strong>ncial foi adotado por<br />

toda a América, com exceção do Canadá, que se conserva monarquia britânica,<br />

mas na realida<strong>de</strong> é ele diferente na América luso-hispanofone da sua vigência<br />

na América anglofone. Nos Estados Unidos o regime foi naturalmente insti-<br />

44<br />

João <strong>de</strong> Scantimburgo<br />

22 Harold J. Laski, The American Presi<strong>de</strong>ncy. New York: The Universal Library, 1940, passim.<br />

23 Afonso Arinos <strong>de</strong> Melo Franco, Estudos e Discursos. São Paulo: Editora Comercial, s/d, passim.<br />

24 Harold J. Laski, id., ib., passim.

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