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(Sérgio Túlio Generoso de Mattos - DISSERTACAO) - Biblioteca ...

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3. FORMULAÇÕES TEÓRICAS DA NOÇÃO DE INTERESSE<br />

3.1. O interesse <strong>de</strong>spertado e polarizado<br />

Na história da educação, a noção <strong>de</strong> interesse esteve associada a várias perspectivas na<br />

renovação escolar. Algumas formulações compreendiam que o interesse teria uma<br />

característica <strong>de</strong> pré-existência, sendo possível apenas acordá-lo para que manifestasse.<br />

Outras consi<strong>de</strong>ravam o ambiente como fator prepon<strong>de</strong>rante, seja como uma força externa ou<br />

como condição <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> para o interesse. De certa forma, essas duas perspectivas, as<br />

quais estão em pólos opostos, ou no sujeito ou no ambiente, indicam que bastaria algum tipo<br />

<strong>de</strong> estímulo para que o interesse fosse <strong>de</strong>spertado. Como veremos ao longo do nosso estudo, a<br />

perspectiva do interesse <strong>de</strong>spertado talvez constitua-se como um dos pontos centrais na<br />

discussão sobre a noção <strong>de</strong> interesse.<br />

Nesse sentido, antes <strong>de</strong> a<strong>de</strong>ntrarmos às formulações teóricas sobre a noção <strong>de</strong> interesse, faz-se<br />

necessário compreen<strong>de</strong>rmos um pouco mais sobre o interesse <strong>de</strong>spertado e também sobre o<br />

interesse polarizado, uma vez que ambos estão muito presentes nas teorias que serão<br />

analisadas.<br />

Em Sobre a pedagogia 5 , Kant afirmava que “em nossa alma há qualquer coisa que chamamos<br />

<strong>de</strong> interesse”. Caberia, então, à educação “fazer os jovens conhecerem esse interesse para que<br />

eles possam por ele se animar” (KANT, 2002, p.106). Consi<strong>de</strong>rando o enunciado kantiano, na<br />

obra A lei biogenética e a escola activa (1952), Ferrière faz uma <strong>de</strong>talhada análise da relação<br />

entre o movimento escolanovista e o interesse. Segundo Ferrière, a escola tradicional não<br />

consi<strong>de</strong>rava “suficientemente a personalida<strong>de</strong> física e psíquica da criança” assim como não a<br />

preparava “para a vida prática”. Esse “velho sistema”, afirma Ferrière, “obriga-a [a criança] a<br />

uma imobilida<strong>de</strong> quase completa, durante horas e horas”, além do que impõe à criança horas<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação a um programa preestabelecido por uma “longínqua autorida<strong>de</strong> escolar”<br />

(FERRIÈRE, 1952, p.14). Na análise <strong>de</strong> Ferrière, a criança tem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mover-se, <strong>de</strong><br />

5 Segundo Sny<strong>de</strong>rs, a obra pedagógica <strong>de</strong> Kant po<strong>de</strong> parecer “produção menor”. Entretanto, apesar <strong>de</strong> não ter<br />

atingido “o renome das três ‘críticas’”, a pedagogia kantiana teria exercido gran<strong>de</strong> influência no século XIX, a<br />

qual buscava no “filósofo do Dever os fundamentos justificativos <strong>de</strong> uma educação leiga” (SNYDERS, 1977,<br />

p.324).<br />

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