(Sérgio Túlio Generoso de Mattos - DISSERTACAO) - Biblioteca ...
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<strong>de</strong> uma recíproca relação <strong>de</strong> mudança, com a segunda temos o que se estabelece entre os<br />
elementos da relação.<br />
Ainda sobre a experiência, em A criança e o programa escolar, Dewey faz um importante<br />
discernimento entre o aspecto lógico e psicológico da experiência, que viria a se tornar muito<br />
caro à Anísio Teixeira em Pequena introdução à filosofia da educação – a escola progressiva<br />
ou a transformação da escola. O aspecto lógico da experiência, afirma Dewey, é aquele que<br />
diz respeito à organização e sistematização das matérias a serem estudadas pelos alunos, e que<br />
tem como principal orientação a “mentalida<strong>de</strong> adulta” que, por estar tão familiarizada com<br />
uma <strong>de</strong>terminada “or<strong>de</strong>m lógica”, divi<strong>de</strong> e fraciona o mundo infantil. Segundo Dewey, as<br />
escolas que adotam o aspecto lógico da experiência estariam como a afirmar:<br />
ignoremos e combatamos mesmo as particularida<strong>de</strong>s individuais, as fantasias e as<br />
experiências pessoais da criança. São exatamente essas coisas que <strong>de</strong>vemos evitar e<br />
eliminar. Como educadores, nossa tarefa é precisamente substituir aquelas impressões<br />
fugazes e superficiais por uma realida<strong>de</strong> estável e lógica (DEWEY, 1959a, p.54).<br />
No que diz respeito à organização psicológica, Dewey consi<strong>de</strong>ra as tendências e inclinações<br />
do mundo infantil associadas às próprias experiências, ou seja, trata-se <strong>de</strong> uma perspectiva da<br />
centralida<strong>de</strong> na personalida<strong>de</strong> da criança, aspecto que muito marcou o movimento renovador.<br />
Segundo Dewey, a organização psicológica relaciona-se aos fatos com os quais a criança se<br />
viu envolvida e que para ela tem um lugar original; são por ela organizados e reorganizados a<br />
partir <strong>de</strong> suas experiências. Nas palavras <strong>de</strong> John Dewey, “somente os laços vitais da afeição e<br />
<strong>de</strong> sua própria ativida<strong>de</strong> pren<strong>de</strong>m e unem a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas experiências sociais” (DEWEY,<br />
1959a, p.52).<br />
Fazer o discernimento entre o aspecto lógico e psicológico não significa, em Dewey, nem o<br />
abandono da “organização lógica” e nem a adoção pura e simples da “organização<br />
psicológica” uma vez que são “mutuamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes”. A organização lógica ocupa uma<br />
posição significativa no processo <strong>de</strong> crescimento daquele que tem suas próprias experiências,<br />
pois, ao mesmo tempo em que mostra os benefícios que se po<strong>de</strong> ter no futuro com o esforço<br />
do passado, também mostra que é apenas um estágio do <strong>de</strong>senvolvimento da experiência, e<br />
que não é <strong>de</strong>terminante. Segundo Dewey, as matérias formuladas logicamente precisam ser<br />
restauradas em termos psicológicos, isto é, “trazer à luz as experiências individuais e<br />
imediatas que lhes <strong>de</strong>ram origem e que lhes dão sentido” (DEWEY, 1959a, p.70).<br />
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