(Sérgio Túlio Generoso de Mattos - DISSERTACAO) - Biblioteca ...
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<strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> enviar um ensaio ao jornal e pe<strong>de</strong> a Harris “conselho sobre o modo <strong>de</strong> encarar sua<br />
própria carreira” (MILLS, 1968, p.294). Nesse momento, Dewey ainda não sabia a<br />
importância que o pensamento <strong>de</strong> Harris teria para as suas próprias formulações teóricas, pois<br />
a teoria do esforço <strong>de</strong>senvolvida por Harris se tornaria um dos pólos para a sua noção <strong>de</strong><br />
interesse.<br />
Assim, em 1895, Dewey apresenta o texto O interesse em relação à vonta<strong>de</strong>, que mais tar<strong>de</strong><br />
ficaria conhecido como Interesse e esforço, marco inicial da sua noção <strong>de</strong> interesse. Na<br />
análise <strong>de</strong> Lourenço Filho, a noção do interesse <strong>de</strong>weyana é constituída por dois aspectos,<br />
pois, para Dewey, “interesse e esforço não se contrapõe um ao outro”, uma vez que são “duas<br />
faces <strong>de</strong> uma mesma realida<strong>de</strong>”. O que Dewey chama <strong>de</strong><br />
interesse é o aspecto interno da experiência, o que move o educando e assim é por ele<br />
sentido; o que chama esforço é o aspecto externo pelo qual po<strong>de</strong>mos observar a<br />
situação funcional resultante. Na realida<strong>de</strong>, não há interesse sem dispêndio <strong>de</strong> energia,<br />
em ação continuada para alcançar um alvo; reciprocamente, o esforço é o interesse em<br />
ação, sob forma ativa, ou dinâmica (LOURENÇO FILHO, 2002, p.296).<br />
Nesse sentido, síntese nos parece ser a palavra mais a<strong>de</strong>quada para <strong>de</strong>screver a noção <strong>de</strong><br />
interesse em Dewey. Segundo Claparè<strong>de</strong>, no texto The reflex arc concept in psychology, <strong>de</strong><br />
1896, 6 Dewey mostra que, “na conduta <strong>de</strong> um ser, a unida<strong>de</strong> primordial não é nem a sensação<br />
nem a reação, e sim a ‘função’, a síntese dos dois” (CLAPARÈDE, 1940, p.28). O que<br />
po<strong>de</strong>mos observar é que em Dewey não há isoladamente nem a teoria do interesse e nem a<br />
teoria do esforço, mas uma síntese <strong>de</strong> ambas.<br />
A obra O meu credo pedagógico (1897) traz a idéia <strong>de</strong> síntese que tão bem caracteriza a<br />
noção <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong> Dewey. Vejamos:<br />
É necessário não ce<strong>de</strong>r aos interesses nem reprimi-los. Reprimir os interesses significa<br />
colocar o adulto na situação <strong>de</strong> criança e enfraquecer assim a curiosida<strong>de</strong> e vivacida<strong>de</strong><br />
existentes; significa ainda suprimir o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> iniciativa e eliminar o interesse. Ce<strong>de</strong>r<br />
ao interesse é substituir o transitório pelo permanente. O interesse é sempre indício <strong>de</strong><br />
um po<strong>de</strong>r subjacente; o importante é <strong>de</strong>scobrir este po<strong>de</strong>r. Ce<strong>de</strong>r ao interesse significa<br />
malograr esse trabalho <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta, o que terá como resultado certo a substituição<br />
do capricho pelo verda<strong>de</strong>iro interesse. (DEWEY, 1976, p.63).<br />
6 Conforme Claparè<strong>de</strong>, “DEWEY, The reflex arc concept in psychology, Psychol. Rev., 1896”. (CLAPARÈDE,<br />
1940, p.28 - Nota 37).<br />
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