(Sérgio Túlio Generoso de Mattos - DISSERTACAO) - Biblioteca ...
(Sérgio Túlio Generoso de Mattos - DISSERTACAO) - Biblioteca ...
(Sérgio Túlio Generoso de Mattos - DISSERTACAO) - Biblioteca ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Na interpretação <strong>de</strong> Hernan<strong>de</strong>z Ruiz, a ativida<strong>de</strong> espontânea citada por Herbart <strong>de</strong>ve ser<br />
compreendida como tendo um caráter mental, pois é um processo psíquico concomitante entre<br />
os passos formais e os quatro momentos nos quais o interesse se <strong>de</strong>senvolve: atenção, espera,<br />
<strong>de</strong>manda e ação, os quais estão em conexão pela apercepção e a atenção. A atenção ocorre<br />
como resultado daquilo que é observado quando o interesse é <strong>de</strong>spertado no indivíduo. A<br />
espera se dá quando aquilo que é observado apaga ou obscurece o que é antigo e não afim.<br />
Como não há uma forma imediata <strong>de</strong> associação, a consciência entra em um estado <strong>de</strong> espera<br />
aguardando que a consciência <strong>de</strong>sperte essa possibilida<strong>de</strong>. Como se trata <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> para<br />
uma nova associação, a mente, no futuro, fará uma exigência, a qual Herbart chamou <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>manda. Finalmente, “a <strong>de</strong>manda, quando se po<strong>de</strong> servir dos órgãos, manifesta-se em ação”<br />
(HERNANDEZ RUIZ, 1960, p.29).<br />
Assim como ocorre na multiplicida<strong>de</strong> do interesse, Herbart também conceitua o interesse por<br />
oposições (HERNANDEZ RUIZ, 1960; FRITZSCH, 1932). Para Herbart, o interesse não se<br />
assemelha ao apetite e à vonta<strong>de</strong>, pois, ao contrário <strong>de</strong>sses, aquele não dispõe do objeto, mas<br />
<strong>de</strong>le <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, uma vez que ocupa uma posição intermediária. Segundo Gomes, Herbart<br />
compreen<strong>de</strong> que<br />
somos, com efeito, interiormente ativos enquanto nos interessamos por alguma coisa,<br />
mas exteriormente passivos até que o interesse se transforme em apetite ou em<br />
vonta<strong>de</strong>. O interesse ocupa um lugar intermediário entre o mero contemplar e o<br />
conceber. Esta observação ajuda a precisar uma diferença a que é importante aten<strong>de</strong>r,<br />
a saber: o objeto do interesse nunca po<strong>de</strong> ser o mesmo que do apetite. Com efeito, o<br />
apetite, enquanto po<strong>de</strong> conceber, aspira a algo <strong>de</strong> futuro, que não possui ainda; pelo<br />
contrário, o interesse <strong>de</strong>senvolve-se na observação e é conexo com a coisa presente<br />
observada (GOMES, 2003, p.XXXII).<br />
Como foi visto, é a instrução que completa as representações adquiridas na experiência e no<br />
“trato social”. Em Herbart, essas duas representações também são o ponto <strong>de</strong> partida para sua<br />
classificação <strong>de</strong> seis tipos <strong>de</strong> interesse: empírico, simpático, especulativo, social, estético e<br />
religioso, todas caracterizadas por sua unilateralida<strong>de</strong>. Assim, a experiência correspon<strong>de</strong>ria ao<br />
interesse empírico e, segundo Herbart, apresenta-se como unilateral quando acolhe apenas a<br />
classe <strong>de</strong> objetos já experimentados, excluindo os <strong>de</strong>mais. O “trato social” correspon<strong>de</strong>ria ao<br />
interesse simpático, que também é unilateral quando se limita ao universo <strong>de</strong> relações do<br />
indivíduo, permitindo-o viver apenas com pessoas da mesma classe social, compatriotas ou<br />
familiares, <strong>de</strong>sprezando outros homens.<br />
40