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(Sérgio Túlio Generoso de Mattos - DISSERTACAO) - Biblioteca ...

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Não po<strong>de</strong>mos nos esquecer que na teoria do interesse também há uma <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> energia<br />

para a realização das ativida<strong>de</strong>s. Mas, no entendimento <strong>de</strong> Dewey, esse seria um tipo <strong>de</strong><br />

energia que muito se diferencia daquela que ele compreen<strong>de</strong> como a<strong>de</strong>quada. Segundo<br />

Dewey, a teoria do interesse procura envolver artificialmente a criança com diversões e<br />

prazeres momentâneos, que, no fundo é mera “dissipação <strong>de</strong> energia” (DEWEY, 1959a, p.86).<br />

Recorrer a algo externo a criança para que ela se mantenha atenta é, ao mesmo tempo, excitá-<br />

la e <strong>de</strong>sviar a energia que ela empenharia na relação com o mundo. Encerrada a excitação<br />

inicia-se a apatia, ou seja, a teoria do interesse torna a criança <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> sugestões<br />

externas a ela para agir.<br />

É nesse sentido que, para Dewey, o interesse das crianças “não é alguma coisa que esteja<br />

quietamente esperando que a acor<strong>de</strong>m e excitem <strong>de</strong> fora” (DEWEY, 1959a, p.98 - grifos<br />

nosso). Tanto “acordar” quanto “excitar” são perspectivas negadas na noção do interesse<br />

<strong>de</strong>weyana, pois se na primeira supõe-se a pré-existência <strong>de</strong> algo, pois bastaria acordá-la, na<br />

segunda tornaria a criança <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> algo externo a ela.<br />

A fim <strong>de</strong> melhor caracterizar os erros e confusões das teorias do interesse e do esforço, há, em<br />

Interesse e esforço, duas passagens que ilustram bem o que Dewey quer significar.<br />

Primeiramente, Dewey nos lembra da velha e conhecida prática escolar <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar a criança<br />

presa <strong>de</strong>pois do horário da aula, a fim <strong>de</strong> fixar um <strong>de</strong>terminado conteúdo. Segundo Dewey,<br />

essa seria uma prática da teoria do esforço, e assim justifica, em nota <strong>de</strong> rodapé:<br />

Tenho ouvido afirmar com toda serieda<strong>de</strong> que uma criança <strong>de</strong>tida <strong>de</strong>pois da aula, para<br />

estudar, muitas vezes adquire um interesse pela aritmética ou a gramática ou<br />

geografia, que não tinha antes, provando-se assim a superiorida<strong>de</strong> da teoria da<br />

“disciplina”[esforço], contra a do interesse. (DEWEY, 1959a, p.103 - N.A. 1).<br />

No mesmo sentido, Dewey afirma que, “o velho método inglês <strong>de</strong> fazer seguir <strong>de</strong> um<br />

‘cascudo’ cada sílaba em latim, é um processo da mesma natureza, pelo qual se procurava<br />

<strong>de</strong>spertar interesse nas dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssa língua” (DEWEY, 1959a, p.103 – grifo nosso).<br />

Nesses dois exemplos, fica claro a pressuposição <strong>de</strong> algo pré-existir e, por isso, necessitar ser<br />

<strong>de</strong>spertado. No primeiro caso, foi usada a teoria do esforço para justificar a manutenção da<br />

criança <strong>de</strong>pois da aula, quando efetivamente procurou-se <strong>de</strong>spertar um interesse, ou seja, é a<br />

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