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Factores Críticos de Sucesso no Mercado do Vinho em Portugal e a ...

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<strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong> <strong>no</strong> <strong>Merca<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> <strong>em</strong><br />

<strong>Portugal</strong> e a Sustentabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sector Vitivinícola<br />

Rui Filipe Ferreira Car<strong>de</strong>ira<br />

Dissertação para obtenção <strong>do</strong> Grau <strong>de</strong> Mestre <strong>em</strong><br />

Engenharia e Gestão e Industrial<br />

Júri<br />

Presi<strong>de</strong>nte: Prof. Luís Ta<strong>de</strong>u<br />

Orienta<strong>do</strong>ra: Prof. Teresa L<strong>em</strong>os<br />

Arguente: Prof. Mira Amaral<br />

Set<strong>em</strong>bro 2009


Sumário Executivo<br />

Esta dissertação caracteriza-se como sen<strong>do</strong> um estu<strong>do</strong> exploratório ao Sector <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> <strong>em</strong><br />

<strong>Portugal</strong>. T<strong>em</strong> como missão, a pretensão <strong>de</strong> ser uma primeira abordag<strong>em</strong> ao estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />

vinho português, para além <strong>de</strong> constituir uma análise crítica <strong>do</strong> Sector, com especial ênfase nas<br />

pequenas e médias <strong>em</strong>presas, que constitu<strong>em</strong> o grosso <strong>do</strong> sector. Preten<strong>de</strong> também ser uma base<br />

para a realização <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s futuros, <strong>em</strong> especial estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> carácter quantitativo. Através da<br />

realização <strong>de</strong> entrevistas profundas a um grupo <strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>res e da análises <strong>de</strong> mapas cognitivos<br />

resultantes <strong>de</strong>ssas mesmas entrevistas, foi possível i<strong>de</strong>ntificar quatro <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Merca<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong>, que <strong>de</strong>verão ser as áreas prioritárias <strong>do</strong>s agentes <strong>do</strong> sector: i) Estimular o acesso<br />

a vinho a copo, ii) Aumentar esforços <strong>de</strong> Marketing, Publicida<strong>de</strong> e Promoção, iii) Tornar o vinho<br />

mais perceptível e presente na vida <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res me<strong>no</strong>s frequentes, iv) Melhorar o Serviço<br />

<strong>do</strong>s Restaurantes. A análise <strong>de</strong> mapas cognitivos possibilita, <strong>de</strong> forma sistémica e holística, uma<br />

construção da realida<strong>de</strong>, tal como os consumi<strong>do</strong>res a perceb<strong>em</strong>. A análise estratégica permitiu ainda:<br />

1) propôr uma segmentação baseada numa estratificação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>em</strong> segmentos <strong>de</strong> preço cruzada<br />

com o conhecimento e interesse que os consumi<strong>do</strong>res possu<strong>em</strong>; 2) analisar a internacionalização das<br />

<strong>em</strong>presas e <strong>do</strong>s seus merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> maior potencial; 3) i<strong>de</strong>ntificar a i<strong>no</strong>vação, a diversificação e a<br />

formação <strong>de</strong> alianças, como outros factores importantes para o sector. As conclusões <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong><br />

serão úteis a to<strong>do</strong>s os agentes económicos, incluin<strong>do</strong> às entida<strong>de</strong>s públicas responsáveis pela<br />

regulação, promoção e representação <strong>de</strong> agentes <strong>do</strong> sector.<br />

Palavras-chave: <strong>Vinho</strong>, Consumi<strong>do</strong>res Portugueses, <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong>,<br />

Mapas Cognitivos, Segmentação<br />

2


Índice<br />

I.Introdução ...................................................................................................................................... 6<br />

II.História <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> ................................................................................................... 8<br />

III.Esta<strong>do</strong> da Arte ........................................................................................................................... 10<br />

1.Comportamento <strong>de</strong> Consumo – A <strong>de</strong>cisão na compra ......................................................... 10<br />

2.Qualida<strong>de</strong> <strong>no</strong> <strong>Vinho</strong> ............................................................................................................... 12<br />

3.Segmentação <strong>do</strong>s <strong>Merca<strong>do</strong></strong>s <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> ................................................................................. 14<br />

4.Novas Tendências ................................................................................................................. 16<br />

Caracterização <strong>de</strong> um Estu<strong>do</strong> Exploratório ............................................................................... 18<br />

IV.Caracterização <strong>de</strong> uma <strong>em</strong>presa <strong>do</strong> Sector ........................................................................... 18<br />

Casa Agrícola da Quinta <strong>do</strong> Falcão ......................................................................................................... 18<br />

V.Análise Estratégica <strong>do</strong> Sector .................................................................................................. 24<br />

1.Análise <strong>do</strong> Ambiente Exter<strong>no</strong> ................................................................................................ 25<br />

2. O <strong>Merca<strong>do</strong></strong> Português .......................................................................................................... 30<br />

3.Ritmo da mudança tec<strong>no</strong>lógica ............................................................................................. 34<br />

4.I<strong>no</strong>vação ................................................................................................................................ 35<br />

5.Diversificação ........................................................................................................................ 36<br />

6.Segmentação ........................................................................................................................ 37<br />

7.Internacionalização................................................................................................................ 42<br />

V.Estu<strong>do</strong> Qualitativo <strong>do</strong>s Consumi<strong>do</strong>res Portugueses <strong>de</strong> <strong>Vinho</strong> ............................................ 56<br />

1.Introdução .............................................................................................................................. 56<br />

2.Determinação <strong>do</strong>s FCS <strong>no</strong> <strong>Merca<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> ...................................................................... 59<br />

3.Discussão sobre <strong>Factores</strong> Criticos <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong> propostos ................................................... 70<br />

4. Análise Qualitativa das Entrevistas ...................................................................................... 75<br />

5.Segmentação Proposta e as Características <strong>do</strong>s Entrevista<strong>do</strong>s .......................................... 77<br />

VI.Conclusões Finais ............................................................................................................................... 77<br />

1.Análise S.W.O.T. – Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats ................................... 78<br />

2.Conclusões ............................................................................................................................ 78<br />

3.Notas finais ............................................................................................................................ 83<br />

VII.Bibliografia ........................................................................................................................................... 84<br />

VIII.Anexos .................................................................................................................................................. 86<br />

A1.Processo Produtivo <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> .............................................................................................. 87<br />

A2. História <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> (capítulos restantes) .............................................................................. 93<br />

A3.Guião das Entrevistas ......................................................................................................... 96<br />

A4.Da<strong>do</strong>s resultantes da Análise aos Mapas Cognitivos ......................................................... 98


Índice <strong>de</strong> Figuras<br />

<strong>de</strong>fined.<br />

Ilustração 1 - Diagrama da Ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Valor da Quinta <strong>do</strong> Falcão ........................................... 23<br />

Figura 1 - Distribuição <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> painel <strong>de</strong> entrevista<strong>do</strong>s................................................... 59<br />

Figura 2 - Distribuição <strong>de</strong> Género <strong>do</strong> painel <strong>de</strong> entrevista<strong>do</strong>s ................................................. 59<br />

Figura 5 - Resulta<strong>do</strong>s da Análise Central ................................................................................. 61<br />

Figura 3 - Ex<strong>em</strong>plo <strong>do</strong> significa<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma ligação. .................................................................. 60<br />

Figura 4 - Ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> um loop ................................................................................................ 60<br />

Figura 6 - Mapa Cognitivo Agrega<strong>do</strong>, <strong>em</strong> formato A3 <strong>no</strong> Anexo 4Error! Bookmark <strong>no</strong>t<br />

Figura 7 – Resulta<strong>do</strong>s da Análise <strong>de</strong> Domínio ......................................................................... 63<br />

Figura 8 - Conceitos Relevantes .............................................................................................. 64<br />

Figura 9 - Lista <strong>de</strong> <strong>Factores</strong>-Chave .......................................................................................... 65<br />

Figura 10 - Conjunto Hierárquico "Reconhec<strong>em</strong> a qualida<strong>de</strong> técnica <strong>do</strong> Bag-in-Box" ............ 66<br />

Figura 11 - Conjunto Hierárquico <strong>de</strong> "Não gostam <strong>de</strong> comprar Bag-in-Box" ........................... 66<br />

Figura 12 - Conjuntos <strong>de</strong> <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong> .......................................................... 68<br />

Figura 13 - <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong> ................................................................................ 68<br />

Ilustração 1 - Mapa Agrega<strong>do</strong> original <strong>em</strong> construção ............................................................. 61


I.Introdução<br />

O presente estu<strong>do</strong> foi elabora<strong>do</strong> <strong>no</strong> âmbito da conclusão da fase <strong>de</strong> Dissertação <strong>do</strong> Mestra<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> Engenharia e Gestão Industrial.<br />

A dissertação iniciou-se <strong>em</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 2007 mas fruto <strong>de</strong> contingências externas teve que<br />

ser interrompida, ten<strong>do</strong>-se reinicia<strong>do</strong> <strong>em</strong> Maio <strong>de</strong> 2009 e da<strong>do</strong> o lapso <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>corri<strong>do</strong>, mas<br />

também <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao diagnóstico <strong>do</strong> probl<strong>em</strong>a a tratar, foi necessário proce<strong>de</strong>r<strong>em</strong>-se a alguns ajustes<br />

<strong>no</strong> âmbito e objectivos, o que acontece frequent<strong>em</strong>ente num estu<strong>do</strong> exploratório (Malhotra, Cap. 3,<br />

”Marketing research”). Durante este perío<strong>do</strong> alonga<strong>do</strong> foi possível ter a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consultar<br />

uma literatura extensa e <strong>de</strong> fazer várias visitas a a<strong>de</strong>gas, vinhas, feiras, ao Forum <strong>do</strong> Sector <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong><br />

e da Vinha 2007, que resultou num enriquecimento <strong>do</strong> conhecimento sobre o sector e sobre a<br />

t<strong>em</strong>ática <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong>.<br />

A dissertação insere-se na área científica <strong>de</strong> Gestão Estratégica e Marketing Estratégico e<br />

trata-se <strong>de</strong> um estu<strong>do</strong> exploratório ao Sector <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> que preten<strong>de</strong> ser uma análise estratégica <strong>do</strong><br />

sector, avaliar quais são os factores críticos <strong>de</strong> sucesso <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> vinho <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> e fazer<br />

uma primeira abordag<strong>em</strong> à caracterização <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r português através da segmentação <strong>do</strong><br />

merca<strong>do</strong>, t<strong>em</strong>a que por si só po<strong>de</strong>ria ser objecto <strong>de</strong> uma dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong>.<br />

O estu<strong>do</strong> ambiciona avaliar <strong>de</strong> forma sistémica, coerente e robusta, todas as dimensões da<br />

activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma <strong>em</strong>presa vitivinícola numa tentativa <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar os <strong>de</strong>safios que se apresentam<br />

ao sector, para além <strong>de</strong> analisar as principais tendências seguidas e as estratégias críticas para o<br />

sucesso das <strong>em</strong>presas <strong>no</strong> sector e dan<strong>do</strong> especial atenção à segmentação <strong>do</strong> <strong>Merca<strong>do</strong></strong> e à<br />

Internacionalização.<br />

Pela falta <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Marketing (exist<strong>em</strong> muitos que estão protegi<strong>do</strong>s pelo segre<strong>do</strong><br />

comercial) concretamente foca<strong>do</strong>s <strong>no</strong> consumo <strong>de</strong> vinho, <strong>em</strong> especial <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, mas também <strong>no</strong><br />

resto <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, houve a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> caracterizar o consumo, <strong>no</strong>meadamente, <strong>no</strong> que diz<br />

respeito aos factores e critérios que possibilitam a escolha <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res.<br />

O estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r Português está pouco <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>, muito porque, <strong>em</strong>bora seja um<br />

sector <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> peso na Eco<strong>no</strong>mia <strong>do</strong> país, trata-se <strong>de</strong> um sector muito marca<strong>do</strong> pela tradição.<br />

Adicionalmente, os processos produtivos e <strong>de</strong> distribuição são <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já tão críticos e absorventes da<br />

maior parte <strong>do</strong> esforço e <strong>do</strong>s recursos das <strong>em</strong>presas – trata-se <strong>de</strong> um sector <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> por pequenas<br />

e médias <strong>em</strong>presas - que a abordag<strong>em</strong> e a atenção aos assuntos <strong>do</strong> Marketing e da I<strong>no</strong>vação têm<br />

si<strong>do</strong> praticamente negligencia<strong>do</strong>s, utilizan<strong>do</strong>-se a intuição para o <strong>de</strong>senvolvimento da estratégia das<br />

<strong>em</strong>presas.<br />

A pesquisa bibliográfica efectuada centrou-se na segmentação <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vinho,<br />

Qualida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>cisão <strong>no</strong> consumo <strong>de</strong> vinho e ainda <strong>em</strong> e<strong>no</strong>turismo.<br />

A dissertação divi<strong>de</strong>-se <strong>em</strong> duas partes distintas mas compl<strong>em</strong>entares. A primeira parte focar-<br />

se-á <strong>em</strong> aspectos da caracterização estratégica <strong>do</strong> sector, com um foco nas <strong>em</strong>presas <strong>de</strong> pequena e<br />

média dimensão, por ser<strong>em</strong> as mais propensas ao risco e com me<strong>no</strong>r capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta aos<br />

probl<strong>em</strong>as, mas também por ser<strong>em</strong> bastante representativas da maioria <strong>do</strong>s opera<strong>do</strong>res <strong>do</strong> sector.<br />

5


Para percebermos melhor o mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong>stas <strong>em</strong>presas, o aspecto produtivo e ainda<br />

po<strong>de</strong>rmos utilizar um ex<strong>em</strong>plo representativo, utilizámos a <strong>em</strong>presa “Casa Agrícola da Quinta <strong>do</strong><br />

Falcão” como objecto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>. Foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s alguns contactos com a <strong>em</strong>presa, que<br />

possibilitaram a observação <strong>de</strong> uma campanha <strong>de</strong> vindimas.<br />

A segunda parte da dissertação apresenta um estu<strong>do</strong> qualitativo, através <strong>do</strong> qual foi possível<br />

<strong>de</strong>terminar os <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong> <strong>do</strong> <strong>Merca<strong>do</strong></strong>, centra<strong>do</strong>s <strong>no</strong> consumi<strong>do</strong>r final Português.<br />

Estu<strong>do</strong> esse que tinha como objectivo a <strong>de</strong>terminação da forma como o consumi<strong>do</strong>r avalia um vinho<br />

nas suas vertentes, qualida<strong>de</strong> e valor percebi<strong>do</strong>, e também quais os factores que mais influenciam na<br />

<strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> compra e consumo. Basea<strong>do</strong> na análises <strong>de</strong> mapas cognitivos, permitiu uma análise<br />

sistémica e holística <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, permitin<strong>do</strong> que as conclusões sejam sustentadas nas<br />

inter-relações complexas entre os factores que não são possíveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar através da análise<br />

quantitativa tradicional.<br />

De realçar que o estu<strong>do</strong> qualitativo preten<strong>de</strong> ser uma primeira abordag<strong>em</strong> à caracterização <strong>do</strong><br />

comportamento <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r português o que possibilitará futuros <strong>de</strong>senvolvimentos e<br />

investigações sobre o t<strong>em</strong>a com estu<strong>do</strong>s mais alarga<strong>do</strong>s e envolven<strong>do</strong> também avaliações<br />

quantitativas.<br />

Como conclusões, listar<strong>em</strong>os hipóteses a testar <strong>no</strong> futuro sobre a caracterização <strong>do</strong>s<br />

comportamentos <strong>de</strong> consumo <strong>do</strong>s portugueses e também sob possíveis <strong>de</strong>senvolvimentos <strong>de</strong><br />

estratégias a<strong>de</strong>quadas à PMEs <strong>no</strong> sector vitivinícola português, para além <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rações sobre a<br />

totalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sector e que impliqu<strong>em</strong> a sua sustentabilida<strong>de</strong>.<br />

Objectivos principais:<br />

Resumin<strong>do</strong>, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> introduzi<strong>do</strong>s, a dissertação terá como objectivos principais:<br />

1) Introduzir a Segmentação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

2) Determinação <strong>do</strong>s <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong> (FCS) <strong>no</strong> <strong>Merca<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> <strong>em</strong><br />

<strong>Portugal</strong>, pela análise <strong>do</strong> comportamento <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res. Os FCS, <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s como<br />

(Rockart, 1979) competências críticas para a organização. São áreas <strong>de</strong> actuação sobre<br />

as quais as priorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser focadas, são ainda pontos chave que, pelos quais a<br />

organização po<strong>de</strong> conhecer sucesso ou cuja falta representa uma ameaça.<br />

Os objectivos secundários da dissertação são:<br />

I) Desenvolvimento <strong>de</strong> uma análise estratégica <strong>no</strong> Sector Vitivinícola, particularmente,<br />

às pequenas e médias <strong>em</strong>presas. Esta análise é feita através <strong>de</strong> uma matriz “2x2”,<br />

cruzan<strong>do</strong> Forças e Fraquezas com Oportunida<strong>de</strong>s e Ameaças e procuran<strong>do</strong> estratégias<br />

ou linhas <strong>de</strong> acção para: alavancar as forças e reduzir as fraquezas, aproveitan<strong>do</strong><br />

oportunida<strong>de</strong>s e preparan<strong>do</strong> o sector para as ameaças.<br />

II) Análise da estratégia <strong>de</strong> promoção e expansão <strong>do</strong>s vinhos portugueses.<br />

6


Capítulo II<br />

História <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong><br />

<strong>Portugal</strong> é um país <strong>em</strong> que a produção <strong>de</strong> vinho s<strong>em</strong>pre foi uma tradição, estan<strong>do</strong> liga<strong>do</strong> à<br />

história <strong>do</strong> país e marcan<strong>do</strong> algumas fases importantes da História, fundamentalmente pela sua<br />

importância económica enquanto sector importante para a Eco<strong>no</strong>mia nacional. É pois natural que<br />

essa mesma ligação e tradição tenham influencia<strong>do</strong> e continu<strong>em</strong> a influenciar o mo<strong>do</strong> como os<br />

Portugueses percepcionam e consom<strong>em</strong> vinho. Por essa mesma razão torna-se interessante saber<br />

alguns factos sobre a história <strong>do</strong> sector <strong>no</strong> país e perceber <strong>de</strong> que forma é que o vinho faz parte da<br />

cultura portuguesa. No Anexo 2, é apresenta<strong>do</strong> um capítulo que correspon<strong>de</strong> aos perío<strong>do</strong>s anteriores<br />

aos <strong>de</strong>scritos <strong>em</strong> baixo.<br />

O Século XX<br />

Com a crise da filoxera, o sector <strong>do</strong> vinho <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> entrava <strong>no</strong> século XX praticamente<br />

fali<strong>do</strong> (Mayson, 2005). Durante alguns a<strong>no</strong>s, a instabilida<strong>de</strong> política, com sucessivos gover<strong>no</strong>s, a<br />

Primeira Gran<strong>de</strong> Guerra e a crise económica não ajudaram e as políticas para o sector nunca<br />

conseguiram a reestruturação que necessitava, quan<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1932, Salazar, filho <strong>de</strong> um peque<strong>no</strong><br />

produtor <strong>do</strong> Dão, chega ao Po<strong>de</strong>r e inicia a implantação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Novo. Um regime burocrático,<br />

autoritário, proteccionista e regulatório que <strong>no</strong> caso da vitivinicultura, se reflectiu, por ex<strong>em</strong>plo: <strong>no</strong><br />

arranque da totalida<strong>de</strong> das cepas <strong>no</strong> Alentejo, agora rotula<strong>do</strong> como “Celeiro <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>”, com a<br />

totalida<strong>de</strong> das suas áreas produtivas <strong>de</strong>dicadas aos cereais; o <strong>de</strong>creto, que obrigava aos produtores<br />

o arranque <strong>de</strong> vinhas <strong>de</strong> híbri<strong>do</strong>s america<strong>no</strong>s provocou a revolta <strong>de</strong> muitos peque<strong>no</strong>s agricultores,<br />

que tinham na produção <strong>de</strong> vinho a sua subsistência. Sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> realçar a revolta <strong>de</strong> Válega <strong>de</strong> que<br />

resultou <strong>do</strong>is mortos entre a população revoltada; a criação <strong>de</strong> varia<strong>do</strong>s organismos regulatórios,<br />

encabeça<strong>do</strong>s pela Junta Nacional <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong>, instituição responsável pela legislação, fiscalização e<br />

coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> o que tinha que ver com o <strong>Vinho</strong> e a Vinha <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, com a excepção <strong>do</strong><br />

<strong>Vinho</strong> <strong>do</strong> Porto e <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> Ver<strong>de</strong>, da responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> instituições congéneres.<br />

Estávamos <strong>no</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> “Beber <strong>Vinho</strong>, é dar <strong>de</strong> comer a um milhão <strong>de</strong> Portugueses”, slogan<br />

<strong>de</strong> 1935, simbolo <strong>do</strong>s objectivos <strong>do</strong> regime que eram a utilização <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra intensiva e a<br />

produção <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> forma padronizada. Datam <strong>de</strong>sta altura a criação das A<strong>de</strong>gas<br />

Cooperativas que juntavam os produtores <strong>de</strong> forma a padronizar os méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> produção e <strong>de</strong> forma<br />

a se conseguir alguma qualida<strong>de</strong>, o que não foi consegui<strong>do</strong>, porque estas a<strong>de</strong>gas constituiram<br />

mo<strong>no</strong>pólios, arrasan<strong>do</strong> com praticamente toda a iniciativa privada acaban<strong>do</strong> com o incentivo para os<br />

agricultores produzir<strong>em</strong> uvas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Muito <strong>em</strong>bora a qualida<strong>de</strong> a um nível primário tenha<br />

melhora<strong>do</strong>, passan<strong>do</strong> a produção <strong>de</strong> artesanal a profissional, o carácter único <strong>de</strong> certos vinhos<br />

per<strong>de</strong>u-se, assim como a varieda<strong>de</strong>, um factor valoriza<strong>do</strong> <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong>. Noutras regiões, como<br />

é o caso da Região <strong>do</strong> Dão, ainda hoje reconhecida pela heterogeneida<strong>de</strong> da qualida<strong>de</strong> produzida, a<br />

qualida<strong>de</strong> global diminuiu porque se estavam a misturar vinhos medíocres com vinhos <strong>de</strong> alta<br />

qualida<strong>de</strong>, não se produzin<strong>do</strong> n<strong>em</strong> vinhos bons, n<strong>em</strong> maus.<br />

7


Foi ainda nesta época que se fizeram alguns esforços <strong>de</strong> investigação cientifica que<br />

produziram alguns feitos que se há época faziam senti<strong>do</strong>, hoje são apenas l<strong>em</strong>branças bizarras<br />

(Mayson, 2005), como os vários híbri<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cepas cria<strong>do</strong>s com o objectivo <strong>de</strong> criar castas mais<br />

resistentes e produtivas ou ainda méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vinificação como a “vinificação continua”, uma espécie<br />

<strong>de</strong> reactor, <strong>de</strong> ín<strong>do</strong>le industrial, cujo objectivo era acelerar o processo <strong>de</strong> vinificação.<br />

A Política <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> obrigava a que os bens importa<strong>do</strong>s foss<strong>em</strong> evita<strong>do</strong>s, com os merca<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>, Continental e <strong>do</strong> Ultramar a constituir<strong>em</strong> o principal <strong>de</strong>sti<strong>no</strong> da produção nacional.<br />

A Revolução<br />

Com a revolução <strong>de</strong> Abril, <strong>Portugal</strong> via per<strong>de</strong>r o seu merca<strong>do</strong> africa<strong>no</strong>, fican<strong>do</strong> algumas<br />

a<strong>de</strong>gas, como era o caso da A<strong>de</strong>ga da Extr<strong>em</strong>adura, reduzidas a ven<strong>de</strong>r o seu produto a granel, para<br />

a União Soviética, por baixos preços.<br />

Durante alguns a<strong>no</strong>s as reformas pecaram por tardias e pouco se fez pelo sector, com a<br />

excepção <strong>de</strong> que a abertura <strong>do</strong> país permitiu o aparecimento <strong>de</strong> uma <strong>no</strong>va geração <strong>de</strong> enólogos, que<br />

principalmente estudaram <strong>em</strong> França e a<strong>do</strong>ptaram <strong>no</strong>vos méto<strong>do</strong>s, mas também com a abertura da<br />

produção ao enólogos estrangeiros que trouxeram mais qualida<strong>de</strong> aos <strong>no</strong>ssos vinhos, <strong>no</strong> entanto<br />

restringi<strong>do</strong>s aos produzi<strong>do</strong>s pelas gran<strong>de</strong>s <strong>em</strong>presas (InfoVini, 2009).<br />

A Abertura <strong>do</strong> Sector<br />

Mas foi também graças à Revolução que o sector vitivinícola ganhou um <strong>no</strong>vo fôlego <strong>no</strong>s<br />

a<strong>no</strong>s 80, com a classe média portuguesa a progredir, crian<strong>do</strong>-se um merca<strong>do</strong> <strong>no</strong>vo: mais exigente e<br />

com hábitos <strong>de</strong> consumo diferentes. Mas <strong>Portugal</strong> também se abriu ao mun<strong>do</strong> e <strong>em</strong> especial à<br />

Europa, com a a<strong>de</strong>são à União Europeia <strong>em</strong> 1986. Esta constituiu o passo revolucionário <strong>do</strong> sector<br />

vitivinícola e que permitiu a mo<strong>de</strong>rnização tão aguardada e a reestruturação profunda <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o<br />

sector. Nos a<strong>no</strong>s que se seguiram à a<strong>de</strong>são, foram instaladas por to<strong>do</strong> o país mo<strong>de</strong>rnas a<strong>de</strong>gas, com<br />

cubas <strong>de</strong> aço i<strong>no</strong>xidável com controlo <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura, foram ainda arrancadas vinhas <strong>de</strong> híbri<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

alta-produção, reorganizadas as regiões <strong>de</strong>marcadas, cria<strong>do</strong> o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> classificação <strong>de</strong> vinhos,<br />

entre outras medidas.<br />

O <strong>no</strong>sso horizonte produtivo, aban<strong>do</strong>nava o sist<strong>em</strong>a <strong>do</strong>s peque<strong>no</strong>s produtores <strong>de</strong> uva, por um<br />

la<strong>do</strong> e pelo outro, as A<strong>de</strong>gas Cooperativas e as gran<strong>de</strong>s Empresas e passava a contar com um s<strong>em</strong><br />

número <strong>de</strong> produtores priva<strong>do</strong>s, entran<strong>do</strong> na era <strong>do</strong> vinho <strong>de</strong> Quinta (Mayson, 2005), por ser<br />

produzi<strong>do</strong> <strong>em</strong> Quintas e Herda<strong>de</strong>s privadas. Assim, a Oferta <strong>do</strong> <strong>Merca<strong>do</strong></strong> passou <strong>de</strong> vinhos<br />

padroniza<strong>do</strong>s e pouco interessantes, para uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vinhos imensa e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, <strong>em</strong><br />

pouco mais <strong>de</strong> vinte a<strong>no</strong>s.<br />

8


Capítulo III<br />

Esta<strong>do</strong> da Arte<br />

Vamos <strong>em</strong> seguida apresentar algumas consi<strong>de</strong>rações sobre a revisão bibliográfica<br />

efectuada. No entanto, torna-se necessária a compreensão <strong>de</strong> alguns termos e até <strong>do</strong> próprio<br />

processo <strong>de</strong> fabrico <strong>do</strong> vinho para que se entenda e se compreenda alguns conceitos trata<strong>do</strong>s ao<br />

longo da tese, <strong>no</strong>meadamente <strong>no</strong> que diz respeito a questões da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> vinho ligada ao<br />

processo <strong>de</strong> vinificação. Por essa razão, o anexo 1 será <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> à <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>talhada da<br />

Produção Vitivinícola. (a ler)<br />

Por ser um merca<strong>do</strong> tradicional, pouca pesquisa científica se t<strong>em</strong> feito <strong>no</strong> âmbito das áreas<br />

<strong>de</strong> Marketing e Gestão <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, mas po<strong>de</strong>mos generalizar esta lacuna aos<br />

merca<strong>do</strong>s <strong>do</strong> resto <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Há pouca informação sobre consumi<strong>do</strong>res <strong>de</strong> vinho e sobre a maneira<br />

como faz<strong>em</strong> as suas <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> compra <strong>de</strong> vinho ( Dodd et al, 2005).<br />

Em países como a Austrália, os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s ou o Rei<strong>no</strong> Uni<strong>do</strong> também os estu<strong>do</strong>s são<br />

parcos <strong>no</strong> que diz respeito ao vinho, porque <strong>no</strong> caso <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is primeiros países, só recent<strong>em</strong>ente o<br />

merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> vinho ganhou alguma dimensão e <strong>no</strong> caso <strong>do</strong> terceiro porque a produção interna s<strong>em</strong>pre<br />

foi <strong>de</strong> pouca expressão, acrescentan<strong>do</strong>-se <strong>no</strong> entanto que <strong>no</strong> caso <strong>do</strong>s três países, encontram-se<br />

disponíveis mais estu<strong>do</strong>s sobre o marketing <strong>do</strong> vinho <strong>do</strong> que <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> e na generalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

restante países <strong>do</strong> Velho-Mun<strong>do</strong>. No <strong>no</strong>sso país a investigação científica nesta área está confinada<br />

aos aspectos tec<strong>no</strong>lógicos da produção <strong>de</strong> uva e processos <strong>de</strong> vinificação.<br />

Comportamento <strong>de</strong> Consumo – A <strong>de</strong>cisão na compra<br />

Po<strong>de</strong>mos caracterizar o merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>s vinhos como um merca<strong>do</strong> muito complexo para a<br />

<strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> compra, porque por um la<strong>do</strong> t<strong>em</strong>os muita heterogeneida<strong>de</strong> <strong>no</strong>s produtos e <strong>no</strong>s seus<br />

atributos, e por outro, t<strong>em</strong>os dificulda<strong>de</strong> <strong>em</strong> i<strong>de</strong>ntificar esses atributos <strong>no</strong> acto da compra.<br />

O que parece ser um factor conheci<strong>do</strong>, <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, é o reconhecimento que os portugueses<br />

têm <strong>de</strong> certos vinhos, certas marcas e certas castas, que alcançaram um estatuto <strong>de</strong> quase lenda,<br />

chegan<strong>do</strong> assim a preços muito altos, mesmo que a sua qualida<strong>de</strong> se altere <strong>de</strong> colheita para colheita,<br />

chegan<strong>do</strong> a atingir preços mais eleva<strong>do</strong>s <strong>no</strong> <strong>no</strong>sso país que <strong>em</strong> Londres (Mayson, 2005). Esta<br />

característica <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r é um factor que vale a pena ser estuda<strong>do</strong>, até porque muito <strong>em</strong>bora o<br />

consumi<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Velho Mun<strong>do</strong> (Europeu) possua características diferentes, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser curioso<br />

compararmos o perfil <strong>de</strong> consumo <strong>do</strong>s america<strong>no</strong>s, <strong>do</strong>s australia<strong>no</strong>s e <strong>do</strong>s ingleses, quan<strong>do</strong><br />

observamos, por ex<strong>em</strong>plo, que <strong>no</strong> caso <strong>do</strong>s america<strong>no</strong>s, estes são extr<strong>em</strong>amente permeáveis ao<br />

factor marca e “n<strong>em</strong> quer<strong>em</strong> saber <strong>de</strong> on<strong>de</strong> v<strong>em</strong> o vinho” (Roger Voss, jornalista da Wine Enthusiast<br />

Magazine, <strong>no</strong> Fórum <strong>do</strong> Sector <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> 2007). Rasmussen, 2001, <strong>de</strong>scobriu que por causa da<br />

complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong> vinho, enquanto produto, os consumi<strong>do</strong>res america<strong>no</strong>s <strong>em</strong> muitas situações,<br />

apenas usam marcas familiares como uma forma <strong>de</strong> evitar processar informação complexa.<br />

9


A <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> comprar vinho t<strong>em</strong> esta<strong>do</strong> ligada com variáveis como: envolvimento com o<br />

produto, busca <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>, características <strong>de</strong>mográficas, experiência e fontes <strong>de</strong> informação (Dodd<br />

et al, 2005), é também provável que diferentes contextos (p.ex.<strong>em</strong> priva<strong>do</strong> ao invés <strong>de</strong> <strong>em</strong> público)<br />

levam os consumi<strong>do</strong>res a confiar <strong>em</strong> diferentes fontes <strong>de</strong> informação (Laverie et al, 2002). No<br />

entanto, uma das estratégias mais comuns é o uso <strong>do</strong> conhecimento armazena<strong>do</strong> nas suas próprias<br />

m<strong>em</strong>órias (Brucks, 1985). Assim, parece que o conhecimento que o consumi<strong>do</strong>r possui é a fonte <strong>de</strong><br />

informação mais importante, porque é a mais acessível na maioria das situações <strong>de</strong> consumo. Num<br />

estu<strong>do</strong> foca<strong>do</strong> na <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> compra <strong>do</strong> vinho <strong>no</strong> Rei<strong>no</strong> Uni<strong>do</strong> (Chaney, 2006), foram testa<strong>do</strong>s os<br />

compra<strong>do</strong>res <strong>em</strong> lojas <strong>de</strong> retalho <strong>de</strong> vinho a qu<strong>em</strong> foi pedi<strong>do</strong> que classificass<strong>em</strong>, por or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

importância, as fontes <strong>de</strong> informação. Por or<strong>de</strong>m foram referenciadas, como mais importantes, as<br />

fontes <strong>de</strong> informação que se encontravam na loja, seguidas <strong>de</strong> recomendações <strong>de</strong> amigos e família,<br />

televisão, jornais, livros e publicida<strong>de</strong> foram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s me<strong>no</strong>s importantes. O que parece<br />

confirmar a importância <strong>do</strong> momento <strong>do</strong> consumo e o que <strong>no</strong>s r<strong>em</strong>ete para a importância <strong>do</strong> consumo<br />

<strong>de</strong> vinho <strong>no</strong>s restaurantes <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

Os restaurantes <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> são bastante representativos <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> da arte <strong>do</strong> sector,<br />

apesar <strong>de</strong> na sua maioria cumprir<strong>em</strong> com gran<strong>de</strong> ama<strong>do</strong>rismo o serviço que este produto requer. Se<br />

a fonte <strong>de</strong> conhecimento disponível na altura da compra é importante, estas são poucas ou<br />

inexistentes num restaurante. Não há acesso ao rótulo da garrafa, e a maioria das cartas <strong>do</strong>s<br />

restaurantes são parcas <strong>em</strong> informações; não possuin<strong>do</strong> a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> colheita, castas, <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong><br />

vinho; nada, apenas uma menção ao <strong>no</strong>me <strong>do</strong> vinho, ao preço e tipo. O mesmo se po<strong>de</strong>rá dizer <strong>do</strong>s<br />

<strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s, que não têm formação sobre vinho e poucos conselhos po<strong>de</strong>m dar. Quanto ao serviço,<br />

este <strong>de</strong>ixa muito a <strong>de</strong>sejar, com os vinhos a ser<strong>em</strong> servi<strong>do</strong>s a t<strong>em</strong>peraturas erradas e <strong>em</strong> copos<br />

erra<strong>do</strong>s; as condições <strong>de</strong> armazenag<strong>em</strong> e conservação nestes locais também n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre são as<br />

mais correctas para manter as suas características, para além <strong>do</strong>s eleva<strong>do</strong>s preços pratica<strong>do</strong>s, o que<br />

acaba por penalizar tanto os próprios produtores, como estes distribui<strong>do</strong>res, porque condicionam <strong>de</strong><br />

certa forma a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> consumo.<br />

Isto porque, o que po<strong>de</strong>ria ser uma ocasião para experimentar<strong>em</strong> um vinho que<br />

<strong>de</strong>sconheciam, não o faz<strong>em</strong>, ou faz<strong>em</strong>-<strong>no</strong> com algumas reservas, condiciona<strong>do</strong>s pelo preço e s<strong>em</strong>pre<br />

basea<strong>do</strong> <strong>no</strong> seu auto-conhecimento muitas vezes subjectivo, ao invés <strong>de</strong> conhecimento,<br />

propriamente dito, o que explica que factores como a marca e outras i<strong>de</strong>ias pré-concebidas, como a<br />

fama <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> certa região, se tornam tão importantes na <strong>de</strong>cisão.<br />

Nestas situações <strong>de</strong> consumo, por um la<strong>do</strong> t<strong>em</strong>os o conhecimento ou o conhecimento<br />

<strong>em</strong>pírico <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r expresso através das percepções que o consumi<strong>do</strong>r já possui, por outro,<br />

t<strong>em</strong>os o conhecimento adquiri<strong>do</strong> <strong>no</strong> momento da compra, <strong>no</strong> local on<strong>de</strong> a <strong>de</strong>cisão se toma. Ora, num<br />

restaurante, não haven<strong>do</strong> acesso a fontes externas que não a carta e o <strong>em</strong>prega<strong>do</strong> <strong>de</strong> mesa, os<br />

consumi<strong>do</strong>res estão mais propensos e sensíveis ao seu próprio conhecimento.<br />

Dodd et al, 2005, realizaram um interessante estu<strong>do</strong>, utilizan<strong>do</strong> uma amostra <strong>de</strong> assinantes<br />

<strong>de</strong> uma revista <strong>de</strong> vinhos. Uma população, à partida distinta da generalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res<br />

portugueses, pelo interesse e por questões culturais, mas também, por potencialmente, ter<strong>em</strong> maior<br />

conhecimento objectivo <strong>do</strong> produto. Potencialmente, porque o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>monstra que o que os<br />

10


consumi<strong>do</strong>res pensam que conhec<strong>em</strong> sobre vinho está mais relaciona<strong>do</strong> com a sua experiência <strong>do</strong><br />

que com o que objectivamente conhec<strong>em</strong>. Assim, pelo questionário, foram observa<strong>do</strong>s que<br />

consumi<strong>do</strong>res que visitaram várias a<strong>de</strong>gas e que participaram <strong>em</strong> provas <strong>de</strong> vinhos viram a sua<br />

confiança <strong>no</strong> seu conhecimento aumentar, apesar da falta <strong>de</strong> conhecimento objectivo <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>.<br />

Também foi observa<strong>do</strong> que quanto maior é o conhecimento da pessoa, mais provável se torna ver<strong>em</strong><br />

as publicações como fonte importante <strong>de</strong> conhecimento. No que toca às ocasiões <strong>de</strong> consumo, <strong>no</strong><br />

consumo <strong>no</strong> restaurante, consumi<strong>do</strong>res com maior conhecimento objectivo são me<strong>no</strong>s propensos a<br />

confiar <strong>em</strong> si próprios para <strong>de</strong>cidir<strong>em</strong> que vinho escolher, estan<strong>do</strong> mais receptivos a experimentar<br />

<strong>no</strong>vos vinhos e a aceitar recomendações <strong>do</strong>s <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s.<br />

O que confirma que a situação <strong>de</strong> consumo <strong>no</strong> restaurante é uma excelente oportunida<strong>de</strong><br />

para a promoção <strong>de</strong> vinhos, não sen<strong>do</strong> meros canais <strong>de</strong> distribuição. Para além da <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong><br />

que o nível <strong>de</strong> conhecimento é muito importante <strong>no</strong> comportamento <strong>de</strong> consumo.<br />

No entanto, <strong>em</strong> relação ao estu<strong>do</strong> anteriormente cita<strong>do</strong>, <strong>no</strong> caso <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r português,<br />

esta percepção po<strong>de</strong>rá ser fundamentalmente distinta, isto porque a forma como o consumi<strong>do</strong>r<br />

enten<strong>de</strong> o vinho ou o vive é completamente diferente.T<strong>em</strong>os que ver que <strong>no</strong> que diz respeito ao<br />

consumo, os consumi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Velho Mun<strong>do</strong> são bastante distintos <strong>do</strong>s <strong>do</strong> Novo Mun<strong>do</strong>, basta<br />

compararmos as capitações <strong>do</strong> consumo <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>, cerca <strong>de</strong> 47,90 l/hab., com outros países e<br />

observamos que na Europa, o português é o quarto maior consumi<strong>do</strong>r, fican<strong>do</strong> atrás da França, Itália<br />

e Lux<strong>em</strong>burgo, on<strong>de</strong> o consumo per capita é o mais eleva<strong>do</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, com 57,30 l consumi<strong>do</strong>s por<br />

habitante, e que o primeiro país não-europeu que aparece <strong>no</strong> ranking <strong>do</strong> consumo per capita, só<br />

aparece <strong>no</strong> décimo lugar, tratan<strong>do</strong>-se da Argentina 1 .<br />

Qualida<strong>de</strong> <strong>no</strong> <strong>Vinho</strong><br />

A <strong>de</strong>finição mais comum <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> pren<strong>de</strong>-se com excelência <strong>de</strong> qualquer produto ou<br />

serviço, mas trata-se <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>finição algo simplista dada a subjectivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> conceito. Outras<br />

<strong>de</strong>finições po<strong>de</strong>rão pren<strong>de</strong>r-se com valor ou conformida<strong>de</strong> face às expectativas. Se o conceito <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> é algo bastante subjectivo, num produto como o vinho, o nível <strong>de</strong> subjectivida<strong>de</strong> é superior,<br />

já que o valor que se atribui ao produto <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, muito, <strong>do</strong> gosto individual <strong>de</strong> cada um.<br />

Tradicionalmente, na teoria <strong>do</strong> Marketing, o conceito <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> (Kottler, 2006) aparece<br />

foca<strong>do</strong> <strong>no</strong> consumi<strong>do</strong>r e na i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> como o produto satisfaz as necessida<strong>de</strong>s e as expectativas<br />

<strong>de</strong>ste. No entanto, actualmente já se fala <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> total, falan<strong>do</strong>-se neste caso, <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

percebida e qualida<strong>de</strong> tangível. Este último conceito aparece liga<strong>do</strong> ao produto <strong>em</strong> si e às<br />

características que apresenta, na sua construção, na sua composição, <strong>no</strong> seu comportamento. No<br />

fun<strong>do</strong>, na sua performance.<br />

Charters e Pettigrew (2008) realizaram um estu<strong>do</strong> sobre o conceito <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> aplica<strong>do</strong> ao<br />

vinho e <strong>no</strong> contexto <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> australia<strong>no</strong>. Neste estu<strong>do</strong> pegam <strong>no</strong> conceito <strong>do</strong> Marketing Teórico<br />

1 Fonte: I.V.V.<br />

11


<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> percebida e exten<strong>de</strong>m-<strong>no</strong> a quatro dimensões <strong>de</strong> percepção da qualida<strong>de</strong>. Curioso<br />

ainda, é o facto <strong>de</strong> colocar<strong>em</strong> a hipótese da extensão da teoria à música, moda e artes <strong>no</strong> geral.<br />

Uma das dimensões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que falam é a qualida<strong>de</strong> absoluta, referin<strong>do</strong>-se às<br />

características <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> imutáveis e objectivas, mas, mesmo <strong>no</strong> caso <strong>de</strong> peritos, observa-se que<br />

<strong>em</strong>bora estes apresent<strong>em</strong> consistência <strong>no</strong>s seus julgamentos, quan<strong>do</strong> se observam os <strong>de</strong>svios entre<br />

as classificações que peritos diferentes apresentam para o mesmo vinho, observam-se valores<br />

bastante eleva<strong>do</strong>s e dispares (Gawel e God<strong>de</strong>n, 2008), o que parece provar que há uma certa<br />

subjectivida<strong>de</strong> até <strong>em</strong> provas aparent<strong>em</strong>ente objectivas.<br />

Voltan<strong>do</strong> ao estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Charters e Pettigrew, estes apresentam duas dictomias para se<br />

perceber o conceito <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> num vinho, e enunciam que os consumi<strong>do</strong>res enquadram a sua<br />

percepção <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> consoante as situações <strong>de</strong> consumo, alimentos, locais, etc, principalmente,<br />

mas também face a outros factores, como o que estão dispostos a gastar. A primeira dicotomia<br />

apresenta as qualida<strong>de</strong>s absoluta/relativa; 1) a qualida<strong>de</strong> absoluta pren<strong>de</strong>-se com algo que é<br />

absoluto, imutável e reconheci<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, mesmo quan<strong>do</strong> os consumi<strong>do</strong>res não a<br />

consegu<strong>em</strong> reconhecer, estamos a falar <strong>de</strong> factores <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> como a marca, prémios, <strong>no</strong>tas por<br />

parte <strong>de</strong> críticos, vinhos caros; 2) qualida<strong>de</strong> relativa, é a qualida<strong>de</strong> <strong>em</strong> relação a qualquer coisa, aqui<br />

a qualida<strong>de</strong> aparece relativa a outros factores como, o preço, as modas, a disposição <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r,<br />

etc. A segunda dictomia apresenta a subjectiva/objectiva; 3) a qualida<strong>de</strong> objectiva t<strong>em</strong> que ver com a<br />

qualida<strong>de</strong> entendida por to<strong>do</strong>s e intrinseca ao próprio produto, os aromas, o equilibrio, a aci<strong>de</strong>z, as<br />

técnicas <strong>de</strong> vinificação, as castas; 4) a qualida<strong>de</strong> subjectiva está ligada ao factor gosto pessoal,<br />

<strong>em</strong>bora possam reconhecer um vinho com qualida<strong>de</strong> “objectivamente”, os consumi<strong>do</strong>res po<strong>de</strong>m não<br />

o consi<strong>de</strong>rar com qualida<strong>de</strong> para eles, por não ser ao seu gosto.<br />

Ao dispôr <strong>de</strong> qualquer consumi<strong>do</strong>r português, a única referência <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> “oficial”, ou seja<br />

tangível, que existe é o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> classificações <strong>de</strong> vinhos oficial. Este sist<strong>em</strong>a, dada a natureza <strong>do</strong><br />

produto é algo limita<strong>do</strong>, basean<strong>do</strong>-se, fundamentalmente <strong>em</strong> questões geográficas e <strong>de</strong> práticas<br />

enólogas.<br />

Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Classificação <strong>de</strong> <strong>Vinho</strong>s Português 2<br />

D.O.C. - De<strong>no</strong>minação <strong>de</strong> Orig<strong>em</strong> Controlada<br />

Designação atribuída a vinhos cuja produção está tradicionalmente ligada a uma região<br />

geograficamente <strong>de</strong>limitada e sujeita a um conjunto <strong>de</strong> regras consignadas <strong>em</strong> legislação própria<br />

(características <strong>do</strong>s solos, castas recomendadas e autorizadas, práticas <strong>de</strong> vinificação, teor alcoólico,<br />

t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> estágio, etc.). Na prática, obtiveram este estatuto as mais antigas regiões produtoras <strong>de</strong>ste<br />

tipo <strong>de</strong> vinhos.<br />

2 Conforme enuncia<strong>do</strong> pelo I.V.V.<br />

12


I.P.R. - Indicação <strong>de</strong> Proveniência Controlada<br />

Designação utilizada para vinhos que, <strong>em</strong>bora gozan<strong>do</strong> <strong>de</strong> características particulares, terão <strong>de</strong><br />

cumprir, num perío<strong>do</strong> mínimo <strong>de</strong> 5 a<strong>no</strong>s, todas as regras estabelecidas para a produção <strong>de</strong> vinhos <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>, então, passar à classificação <strong>de</strong> DOC.<br />

V.Q.P.R.D. - <strong>Vinho</strong> <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> Produzi<strong>do</strong> <strong>em</strong> Região Determinada<br />

Nomenclatura comunitária a<strong>do</strong>ptada também <strong>no</strong> <strong>no</strong>sso país, após a a<strong>de</strong>são.<br />

Esta <strong>de</strong>signação engloba to<strong>do</strong>s os vinhos classifica<strong>do</strong>s como D.O.C. (De<strong>no</strong>minação <strong>de</strong> Orig<strong>em</strong><br />

Controloda) e I.P.R. (Indicação <strong>de</strong> Proveniência Regulamentada). Existe também <strong>no</strong>menclatura<br />

aplicável aos vinhos licorosos, espumantes e frisantes, respectivamente: V.L.Q.P.R.D. (<strong>Vinho</strong><br />

Licoroso <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> Produzi<strong>do</strong> <strong>em</strong> Região Determinada), V.E.Q.P.R.D. (<strong>Vinho</strong> Espumante <strong>de</strong><br />

Qualida<strong>de</strong> Produzi<strong>do</strong> <strong>em</strong> Região Determinada), V.Q.F.P.R.D. (<strong>Vinho</strong> Frisante Produzi<strong>do</strong> <strong>em</strong> Região<br />

Determinada).<br />

<strong>Vinho</strong> Regional<br />

Classificação dada a vinhos <strong>de</strong> mesa com Indicação Geográfica. Trata-se também, <strong>de</strong> vinhos<br />

produzi<strong>do</strong>s numa região específica <strong>de</strong> produção, cujo <strong>no</strong>me a<strong>do</strong>ptam, elabora<strong>do</strong>s com uvas<br />

provenientes, <strong>no</strong> mínimo <strong>de</strong> 85%, da mesma região e <strong>de</strong> castas i<strong>de</strong>ntificadas como recomendadas e<br />

autorizadas, sujeitos também a um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> certificação.<br />

<strong>Vinho</strong>s <strong>de</strong> Mesa<br />

Os vinhos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s ao consumo huma<strong>no</strong> que não se enquadram nas <strong>de</strong>signações atrás referidas<br />

são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s <strong>Vinho</strong>s <strong>de</strong> Mesa.<br />

A limitação <strong>de</strong>ste sist<strong>em</strong>a pren<strong>de</strong>-se muito com o facto <strong>de</strong> que a diferenciação não é<br />

<strong>de</strong>vidamente reconhecida ou expressa <strong>de</strong>sta forma. A diferenciação passa pela a<strong>do</strong>pção <strong>de</strong> técnicas<br />

<strong>de</strong> vinificação distintas e pela promoção das características únicas <strong>de</strong> cada local <strong>de</strong> produção<br />

(“terroir”) e <strong>de</strong> cada vinho. “A diferenciação abrange tanto o produto, como a cultura <strong>de</strong> fabrico, vai<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a escolha das castas, às técnicas <strong>de</strong> plantação, aos méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> colheita, à vinificação, à<br />

i<strong>de</strong>ntificação regional, à distribuição, ao marketing e, finalmente, ao consumo. É a protecção da<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>do</strong> produto <strong>em</strong> cada passo da sua ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> valor que o separa a ele e à sua herança <strong>do</strong><br />

resto <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>” (Beverland, 2005; Taplin 2006) Uma mera classificação com critérios tão limita<strong>do</strong>s<br />

não chega.<br />

A conclusão a que se chega neste capítulo da qualida<strong>de</strong> é que é fundamental, por um la<strong>do</strong>,<br />

promover a qualida<strong>de</strong> e a diferenciação <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s na produção e por outro conseguir<br />

que os consumi<strong>do</strong>res consigam reconhecer essa mesma qualida<strong>de</strong>.<br />

13


Segmentação <strong>do</strong>s <strong>Merca<strong>do</strong></strong>s <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong><br />

A segmentação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, uma das estratégias que mais contribu<strong>em</strong> para um aumento<br />

<strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> eficiência e eficácia <strong>de</strong> uma <strong>em</strong>presa. Segun<strong>do</strong> Zikmund (1999), <strong>no</strong> sector vitivínicola é<br />

baseada, muitas vezes, na segmentação clássica. Um mo<strong>de</strong>lo que consiste <strong>em</strong> dividir o merca<strong>do</strong><br />

pelos seguintes critérios:<br />

1) Geografia, com base na região ou local on<strong>de</strong> o consumi<strong>do</strong>r habita;<br />

2) D<strong>em</strong>ografia, quan<strong>do</strong> é basea<strong>do</strong> <strong>em</strong> factores como a ida<strong>de</strong>, o género, rendimento ou<br />

estrato socio-económico;<br />

3) Psicografia, basea<strong>do</strong> <strong>no</strong> estilo <strong>de</strong> vida, personalida<strong>de</strong> e valores, sen<strong>do</strong> muito utiliza<strong>do</strong> <strong>no</strong>s<br />

E.U.A. porque está associa<strong>do</strong> ao factor geração, que nesse país é muito estuda<strong>do</strong> e que<br />

geralmente leva a bons resulta<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> é utilizada;<br />

4) Comportamento, quan<strong>do</strong> está associa<strong>do</strong> a ocasiões, benefícios, impulsos, etc.<br />

Adicionalmente a este mo<strong>de</strong>lo, outros estu<strong>do</strong>s (McKinna, 1986; Johnson, 2003) revelaram, na<br />

Austrália, e <strong>de</strong>pois confirma<strong>do</strong>s <strong>em</strong>piricamente, que a segmentação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> Australia<strong>no</strong> está<br />

dividida <strong>em</strong> segmentos psicográficos que representam cinco maneiras <strong>de</strong> viver o vinho:<br />

1) Conserva<strong>do</strong>res/Conhece<strong>do</strong>res;<br />

2) Orienta<strong>do</strong>s pela imag<strong>em</strong> e <strong>em</strong> busca <strong>de</strong> conhecimentos;<br />

3) Básicos;<br />

4) Orienta<strong>do</strong>s pela diversão e consumi<strong>do</strong>res sociais.<br />

Nos E.U.A., estu<strong>do</strong>s similares (Thack, Olsen, 2005) também <strong>de</strong>ram orig<strong>em</strong> a uma<br />

segmentação psicográfica:<br />

1) Estilo <strong>de</strong> vida relaxa<strong>do</strong>;<br />

2) Ambiente para jantar;<br />

3) Diversão e entretenimento;<br />

4) Aspiração social;<br />

5) Estilo <strong>de</strong> vida viajante.<br />

Parece assim que o estilo <strong>de</strong> vida influi muito <strong>no</strong> comportamento perante o consumo <strong>de</strong> vinho,<br />

afinal beber vinho é também um comportamento social, mas sen<strong>do</strong> assim, não será também verda<strong>de</strong><br />

que a ocasião será um factor importante. Afinal, quan<strong>do</strong> o vinho que se bebe se torna um símbolo <strong>do</strong><br />

estilo <strong>de</strong> vida, o contexto passa a ter influência.<br />

Já Thach e Olsen <strong>em</strong> 2006, estudaram especificamente o segmento Millennial, um segmento<br />

psicográfico que representa a geração <strong>de</strong> nasci<strong>do</strong>s entre 1977 e 2000 <strong>no</strong>s E.U.A. e que se encontra<br />

extr<strong>em</strong>amente b<strong>em</strong> <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> e estuda<strong>do</strong> <strong>em</strong> profundida<strong>de</strong>, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> para a criação <strong>de</strong><br />

diversas tácticas <strong>de</strong> comercialização, campanhas <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>, etc. focada nestes consumi<strong>do</strong>res,<br />

que partilham preocupações, sentimentos e necessida<strong>de</strong>s. O seu estu<strong>do</strong> focou-se num inquérito a<br />

uma amostra <strong>de</strong>ste segmento com recurso a entrevistas individuais. A essência das perguntas estava<br />

ligada com aspectos como: porque é que bebiam vinho, que imag<strong>em</strong> tinham <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

14


vinho e da própria bebida, o que é que achavam que ajudava a promover a bebida. O estu<strong>do</strong> tinha<br />

algumas limitações, <strong>no</strong>meadamente porque recaiu sobre uma amostra <strong>de</strong> estudantes numa<br />

universida<strong>de</strong> da Califórnia (a região produtora <strong>de</strong> vinho, por excelência, <strong>no</strong>s E.U.A.), o que restringe<br />

muito a representitivida<strong>de</strong> da amostra. No entanto, pareceu confirmar algumas hipóteses que<br />

estavam ligadas à imag<strong>em</strong> <strong>do</strong> vinho e que se pren<strong>de</strong> com o conserva<strong>do</strong>rismo e elitismo associa<strong>do</strong> à<br />

bebida. No fun<strong>do</strong> o que transparece é um certo afastamento <strong>do</strong>s jovens <strong>em</strong> relação à bebida e uma<br />

certa resistência <strong>em</strong> relação ao seu consumo.<br />

Assim, parece que consumir vinho não se trata apenas <strong>de</strong> aromas e sabores, aparent<strong>em</strong>ento<br />

há uma carga elevada <strong>de</strong> simbolismo e <strong>de</strong> imag<strong>em</strong> associada ao produto. Para <strong>Portugal</strong>, não há um<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> segmentação. A maioria das <strong>em</strong>presas geralmente segmentam as suas linhas <strong>de</strong> produtos<br />

com base <strong>em</strong> três estratos <strong>de</strong> preços. A Segmentação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>res <strong>em</strong> partes é<br />

assim um estu<strong>do</strong> bastante necessário e para o qual apresentamos uma primeira hipótese, <strong>no</strong> capítulo<br />

VI, ponto 6 da dissertação, e formula<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma <strong>em</strong>pirica.<br />

Novas Tendências<br />

E<strong>no</strong>turismo<br />

O e<strong>no</strong>turismo t<strong>em</strong>-se torna<strong>do</strong> <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s uma estratégia <strong>de</strong> diversificação <strong>do</strong>s<br />

produtores <strong>de</strong> vinho, <strong>em</strong> especial <strong>do</strong>s peque<strong>no</strong>s produtores, cujas proprieda<strong>de</strong>s inclu<strong>em</strong> muitas vezes<br />

um potencial turístico imenso. O e<strong>no</strong>turismo consiste <strong>em</strong> alargar o conceito <strong>de</strong> produto e torná-lo<br />

numa experiência, que po<strong>de</strong> incluir uma visita à a<strong>de</strong>ga, uma prova <strong>de</strong> vinhos, uma estadia numa<br />

unida<strong>de</strong> rural ou <strong>de</strong> charme ou até mesmo uma participação numa vindima, um tratamento num spa<br />

com produtos vínicos, ou uma simples refeição t<strong>em</strong>ática. No fun<strong>do</strong>, tu<strong>do</strong> o que ro<strong>de</strong>ia a vinha, a<br />

vinificação e o vinho po<strong>de</strong> ser aproveita<strong>do</strong> para o turismo, da<strong>do</strong> o carisma e a beleza que a estes<br />

estão associa<strong>do</strong>s.<br />

Para além <strong>do</strong>s produtores, esta forma <strong>de</strong> turismo alarga ainda os beneficios a toda a região,<br />

sen<strong>do</strong> uma excelente forma <strong>de</strong> atrair visitantes a áreas <strong>do</strong> interior, muitas vezes <strong>em</strong>pobrecidas, rurais<br />

e com poucas fontes <strong>de</strong> rendimento (Scherrer et al, 2009). É uma forma <strong>de</strong> dinamização da eco<strong>no</strong>mia<br />

que <strong>de</strong>veria ser <strong>de</strong>senvolvida (Howley, van Westering, 2008)<br />

O e<strong>no</strong>turismo ganha especial importância <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> porque como já referimos a maioria<br />

das <strong>em</strong>presas que compô<strong>em</strong> o sector <strong>no</strong> país são muitas vezes pequenas herda<strong>de</strong>s e quintas com<br />

extraordinários edifícios com as mais variadas dimensões, uns mais rústicos, outros mais <strong>no</strong>bres,<br />

mas to<strong>do</strong>s com características únicas e extr<strong>em</strong>amente vincadas, que tornam o universo vitivínicola<br />

português tão diversifica<strong>do</strong>, não só pelos edificios, mas também porque, para a dimensão <strong>do</strong> <strong>no</strong>sso<br />

país, é <strong>no</strong>tória a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> paisagens, topografias, vegetação, e até condições climáticas que<br />

aqui exist<strong>em</strong> e que <strong>de</strong> facto po<strong>de</strong>rão tornar o <strong>no</strong>sso país num <strong>de</strong>sti<strong>no</strong> preferencial para os e<strong>no</strong>turistas.<br />

Para além da receita directa com esta activida<strong>de</strong>, o e<strong>no</strong>turismo é uma excelente forma <strong>de</strong> promoção<br />

<strong>do</strong> vinho e da Marca, para além <strong>de</strong> ser uma forma <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> produto através da venda directa<br />

pela a<strong>de</strong>ga. Não são só as pequenas <strong>em</strong>presas que po<strong>de</strong>rão apostar nesta estratégia, as gran<strong>de</strong>s<br />

15


<strong>em</strong>presas também a utilizam, muitas vezes como forma <strong>de</strong> promoção, com visitas a a<strong>de</strong>gas ou caves,<br />

como <strong>no</strong> caso <strong>do</strong> vinho <strong>do</strong> Porto.<br />

Como é que se <strong>de</strong>senvolve o E<strong>no</strong>turismo? Foi uma questão a que os investiga<strong>do</strong>res, Michael<br />

Howley e Jetske van Westering, <strong>em</strong> 2007, tentaram respon<strong>de</strong>r ao <strong>de</strong>senvolver<strong>em</strong> um interessante<br />

caso <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> para o merca<strong>do</strong> inglês. Estes investiga<strong>do</strong>res utilizan<strong>do</strong> uma meto<strong>do</strong>logia similar à<br />

<strong>no</strong>ssa, estu<strong>do</strong> qualitativo com entrevistas profundas a lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> opinião <strong>do</strong> sector, tais como,<br />

responsáveis <strong>de</strong> associações, entida<strong>de</strong>s e promotores.<br />

Neste estu<strong>do</strong> os investiga<strong>do</strong>res começam por alertar que as razões <strong>de</strong> sucesso <strong>em</strong> regiões<br />

como Rioja e o Texas (Hall et al, 2000), pren<strong>de</strong>m-se com a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organização ao nível da<br />

<strong>em</strong>presa e da região, mas também com a necessida<strong>de</strong> da criação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s e parcerias, sen<strong>do</strong><br />

visíveis os benefícios da existência <strong>de</strong> rotas <strong>do</strong> vinho para os produtores. Depois <strong>do</strong> tratamento das<br />

entrevistas as conclusões <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> foram as seguintes:<br />

-Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incorporação <strong>de</strong> atracções adicionais;<br />

-Inclusão das diferentes proprieda<strong>de</strong>s e vinhas <strong>em</strong> visitas organizadas;<br />

-Polarização crescente entre peque<strong>no</strong>s e gran<strong>de</strong>s produtores;<br />

-Falta <strong>de</strong> promoção conjunta por parte <strong>do</strong>s produtores.<br />

Já O´Neill e Palmer (2006), <strong>no</strong> seu estu<strong>do</strong>, “Wine Production and Tourism: Adding Service to<br />

a Perfect PartnerShip” centram-se <strong>no</strong> e<strong>no</strong>turista, analisan<strong>do</strong> uma amostra <strong>de</strong> visitantes <strong>de</strong> a<strong>de</strong>gas<br />

australianas, fican<strong>do</strong> marcada a exigência <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> por parte <strong>de</strong>stes consumi<strong>do</strong>res que refer<strong>em</strong><br />

como sen<strong>do</strong> o mais importante o pessoal que acompanha a visita, referin<strong>do</strong> factores como, o seu<br />

conhecimento, a sua disponibilida<strong>de</strong> e a segurança com que respon<strong>de</strong>m a questões, como os mais<br />

importantes para o sucesso <strong>do</strong>s <strong>em</strong>preendimentos.<br />

<strong>Vinho</strong> e Saú<strong>de</strong><br />

Actualmente a Saú<strong>de</strong> é um factor muito utiliza<strong>do</strong> para a promoção <strong>do</strong>s produtos. Com a<br />

<strong>no</strong>ssa socieda<strong>de</strong> cada vez mais consciente para a importância da prevenção <strong>do</strong>s probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>, para além <strong>de</strong> uma clara obsessão com a longevida<strong>de</strong> e pela luta contra o envelhecimento. Um<br />

produto que possua qualquer proprieda<strong>de</strong> que tenha influência neste factor será um reconhecimento<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e um motivo para o seu consumo e procura. Estu<strong>do</strong>s (German & Walz<strong>em</strong>, 2000, entre<br />

outros) <strong>de</strong>monstram que o vinho é, potencialmente, um <strong>de</strong>stes produtos. Parece haver uma relação<br />

entre o vinho e a prevenção das <strong>do</strong>enças cardíacas, o chama<strong>do</strong> “Para<strong>do</strong>xo Francês”, que o mun<strong>do</strong><br />

ficou a conhecer, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>em</strong> 1991, num episódio <strong>do</strong> programa “60 minutes” ter apresenta<strong>do</strong> o<br />

estu<strong>do</strong> MONICA, que estu<strong>do</strong>u várias populações <strong>de</strong> vários países e que observou que <strong>em</strong>bora os<br />

franceses seguiss<strong>em</strong> uma dieta que hipoteticamente lhes traria gran<strong>de</strong>s incidências <strong>de</strong><br />

arteriosclerose, tal não era observa<strong>do</strong> face a outras populações, o que po<strong>de</strong>ria ser explica<strong>do</strong> pelo<br />

consumo eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong> vinho tinto.<br />

O que se passa é que o vinho, especialmente o tinto, é rico <strong>em</strong> composto fenólicos,<br />

conheci<strong>do</strong>s anti-oxidantes, para além <strong>de</strong> possuir álcool etílico, que <strong>de</strong>sagrega as moléculas <strong>do</strong>s<br />

compostos que causam os bloqueios das artérias, assim sabe-se hoje que essa junção <strong>de</strong> um<br />

consumo regra<strong>do</strong> <strong>de</strong> álcool etílico e <strong>de</strong>stes compostos po<strong>de</strong>rá ter influência neste tipo <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença.<br />

16


Para além disso, <strong>em</strong>bora o álcool etílico seja potencialmente tóxico, a gran<strong>de</strong> concentração <strong>de</strong><br />

compostos fenólicos t<strong>em</strong> ainda uma acção, por ex<strong>em</strong>plo, anti-cancerígena.<br />

A utilização <strong>de</strong>sta característica po<strong>de</strong>rá servir como alavanca para a captura <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos<br />

consumi<strong>do</strong>res e para consolidar outros.<br />

A transformação <strong>do</strong> vinho num produto mais saudável <strong>de</strong>verá ser também uma priorida<strong>de</strong> e<br />

aliás, estu<strong>do</strong>s têm si<strong>do</strong> feitos <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> da redução <strong>do</strong> teor <strong>de</strong> sulfitos nesta bebida, responsável por<br />

alguns efeitos adversos, com estes compostos a ser<strong>em</strong> substítui<strong>do</strong>s por processos <strong>de</strong> conservação<br />

físicos ao invés <strong>de</strong> químicos, mas também já há disponíveis vinhos orgânicos que precisamente vêm<br />

<strong>de</strong> encontro às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ste merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>s produtos salutares e que dão saú<strong>de</strong>.<br />

Introdução aos próximos Capítulos - Caracterização <strong>de</strong> um Estu<strong>do</strong><br />

Exploratório<br />

A meto<strong>do</strong>logia seguida t<strong>em</strong> por base, fundamentalmente a pesquisa exploratória através da<br />

análise <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> informação secundárias e <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> foco, por intermédio <strong>de</strong> um<br />

estu<strong>do</strong> qualitativo.<br />

Um estu<strong>do</strong> exploratório <strong>de</strong>fine-se (Malhotra, 2007), primeiro, pela natureza <strong>do</strong> probl<strong>em</strong>a que<br />

aborda, muitas vezes in<strong>de</strong>fini<strong>do</strong> ou pouco conheci<strong>do</strong>, pela ausência <strong>de</strong> exactidão nas informações<br />

necessárias a recolher para o estu<strong>do</strong>. Segun<strong>do</strong>, pelo objectivo <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, que não é conclusivo,<br />

pren<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se com a formulação <strong>de</strong> hipóteses, com o ganho <strong>de</strong> conhecimento sobre <strong>de</strong>terminada<br />

área, com a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as concretos e com a abordag<strong>em</strong> a pesquisas futuras. O<br />

conhecimento científico forma-se <strong>de</strong> forma construtiva, acumulan<strong>do</strong>-se e <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> forma<br />

sistémica, sen<strong>do</strong> que o estu<strong>do</strong> exploratório correspon<strong>de</strong> aos primeiros passos na procura pelos factos<br />

que permit<strong>em</strong> segmentar o merca<strong>do</strong>, segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma análise mais profunda com a realização <strong>de</strong><br />

entrevistas s<strong>em</strong>i-estruturadas a representantes <strong>do</strong>s vários segmentos e analisadas por mapeamento<br />

cognitivo o que <strong>no</strong>s permite encontrar as interacções entre factores. O estu<strong>do</strong> exploratório é um tipo<br />

<strong>de</strong> estu<strong>do</strong> muito útil quan<strong>do</strong> o investiga<strong>do</strong>r não possui conhecimento suficiente para continuar com a<br />

investigação. As ferramentas utilizadas são muito mais flexíveis e versáteis, não possuin<strong>do</strong> a<br />

formalida<strong>de</strong> e a estanquicida<strong>de</strong> das pesquisas ditas conclusivas, mas estan<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong> mais<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> investiga<strong>do</strong>r e por isso mais propenso ao erro, não queren<strong>do</strong> dizer com isto que não<br />

exista méto<strong>do</strong>, sist<strong>em</strong>atização ou exaustão na procura <strong>do</strong> conhecimento.<br />

Para que a pesquisa exploratória tenha sucesso não po<strong>de</strong> apenas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>do</strong> investiga<strong>do</strong>r<br />

que a faça, <strong>de</strong>ve sim apoiar-se numa meto<strong>do</strong>logia consistente.<br />

17


Capítulo IV<br />

Caracterização <strong>de</strong> uma <strong>em</strong>presa <strong>do</strong> Sector<br />

Casa Agrícola da Quinta <strong>do</strong> Falcão<br />

Com o presente capítulo preten<strong>de</strong>-se caracterizar uma <strong>em</strong>presa <strong>do</strong> sector, com o objectivo <strong>de</strong><br />

se ganhar algum conhecimento sobre a sua realida<strong>de</strong>, as suas dificulda<strong>de</strong>s e o seu funcionamento,<br />

ten<strong>do</strong> como objectivo, mostrar o ponto-<strong>de</strong>-vista <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas s<strong>em</strong>elhantes, dificil <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> outra<br />

forma.<br />

Localizada junto ao Cartaxo, a escassos minutos da auto-estrada A1, encontramos a<br />

<strong>em</strong>presa Casa Agrícola da Quinta <strong>do</strong> Falcão, representativa da maioria das <strong>em</strong>presas que compõ<strong>em</strong><br />

o teci<strong>do</strong> <strong>em</strong>presarial <strong>do</strong> sector <strong>do</strong>s vinhos e representativa também da dinamização que o sector<br />

conheceu com o chama<strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> <strong>de</strong> Quinta, já referi<strong>do</strong> nesta dissertação. São caracterizadas por,<br />

para além das pequenas produções, pelas pequenas estruturas que compõ<strong>em</strong> as <strong>em</strong>presas, muitas<br />

vezes com acumulação <strong>de</strong> funções, operacionais e comerciais, <strong>do</strong>s seus colabora<strong>do</strong>res. O que<br />

resulta muitas vezes <strong>em</strong> dificulda<strong>de</strong>s acrescidas, que ajudam a explicar alguns <strong>do</strong>s probl<strong>em</strong>as e das<br />

situações que se apresentará <strong>em</strong> outros capítulos.<br />

Como <strong>em</strong> muitas outras <strong>em</strong>presas, também na Quinta <strong>do</strong> Falcão (expressão que utilizar<strong>em</strong>os<br />

para <strong>de</strong>signar a <strong>em</strong>presa, <strong>de</strong> agora <strong>em</strong> diante) o negócio está muito centra<strong>do</strong> numa pessoa, ou num<br />

núcleo restrito <strong>de</strong> pessoas, muitas vezes familiar. Neste caso, po<strong>de</strong>-se até dizer, que a <strong>em</strong>presa<br />

nasceu da Visão e da Paixão <strong>de</strong> um hom<strong>em</strong>, o Dr. Joaquim Pedro Monteiro, administra<strong>do</strong>r da Quinta<br />

<strong>do</strong> Falcão, que ace<strong>de</strong>u a que se fizesse um conjunto <strong>de</strong> visitas à quinta.<br />

Criação da <strong>em</strong>presa<br />

Fruto <strong>de</strong> uma herança <strong>de</strong> familia, a <strong>em</strong>presa <strong>de</strong>senvolveu-se a partir <strong>de</strong> escassas instalações<br />

<strong>de</strong>gradadas e <strong>de</strong> algumas vinhas bastante antigas, mas com um importante b<strong>em</strong>, a “terra”, ou<br />

utilizan<strong>do</strong> a giria vitivinicola, o “terroir”, que mais que um simples galicismo, é um termo mais exacto,<br />

que significa um conjunto <strong>de</strong> condições geográficas, meteorológicas, fisiológicas e até culturais que<br />

influenciam favoravelmente o <strong>de</strong>senvolvimento da vinha. Ora, a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo e as condições<br />

favoráveis que se encontram <strong>no</strong> Ribatejo para a produção <strong>de</strong> vinho, uma região histórica na produção<br />

viticola nacional, para além da tradição que anteriormente existia <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> vinhos na<br />

proprieda<strong>de</strong>, levaram à escolha <strong>de</strong>ste negócio como o core business da <strong>em</strong>presa.<br />

O conjunto inicial <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s que formavam a Casa Agrícola incluía a Quinta <strong>do</strong> Falcão<br />

e a Quinta <strong>do</strong>s Apóstolos, mais tar<strong>de</strong> alarga<strong>do</strong> com a inclusão da Quinta da Fonte Bela, local<br />

carismático e histórico na região e on<strong>de</strong> a a<strong>de</strong>ga da <strong>em</strong>presa está implantada. Esta Quinta <strong>do</strong> séc.<br />

XIX encontra-se actualmente dividida entre a Empresa e a DFJ-<strong>Vinho</strong>s, <strong>em</strong>presa produtora <strong>de</strong> vinhos<br />

<strong>de</strong> várias regiões portuguesas, que t<strong>em</strong> na Quinta da Fonte Bela a base da sua operação e a sua<br />

18


a<strong>de</strong>ga. O local possui algumas construções originais num esta<strong>do</strong> algo <strong>de</strong>grada<strong>do</strong>, mas com um<br />

potencial turístico imenso e que <strong>de</strong>verá fazer parte <strong>do</strong> futuro da Casa Agrícola da Quinta <strong>do</strong> Falcão.<br />

Com o inicio da sua activida<strong>de</strong> <strong>em</strong> 1988, só após quatro a<strong>no</strong>s é que se começaram a produzir<br />

os primeiros vinhos, ten<strong>do</strong> começa<strong>do</strong> a ser comercializa<strong>do</strong>s os primeiros vinhos <strong>em</strong> 1993, vinifica<strong>do</strong>s<br />

por uma a<strong>de</strong>ga externa, já que só <strong>em</strong> 2001 é que foi possível recuperar a antiga a<strong>de</strong>ga, começan<strong>do</strong> a<br />

funcionar nesse a<strong>no</strong> <strong>em</strong> ple<strong>no</strong>.<br />

O cuida<strong>do</strong> e o rigor imbuti<strong>do</strong>s <strong>no</strong> arranque da <strong>em</strong>presa, têm da<strong>do</strong> os seus frutos, pois os<br />

vinhos da <strong>em</strong>presa têm ganho vários prémios.<br />

A estratégia que esteve presente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o inicio da fundação da <strong>em</strong>presa foi a produção com<br />

o máximo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, ten<strong>do</strong> por isso si<strong>do</strong> aplicadas medidas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início para assegurar esta<br />

qualida<strong>de</strong> máxima possível. Foram seleccionadas castas específicas para as <strong>no</strong>vas vinhas, ten<strong>do</strong> por<br />

base a consulta <strong>de</strong> vários enólogos. Mas estas condições, por si só, não são suficientes para atingir<br />

a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s vinhos pretendida. Na opinião <strong>de</strong> Joaquim Monteiro, a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s vinhos e o<br />

sucesso da <strong>em</strong>presa, só se consegu<strong>em</strong> com um conhecimento eleva<strong>do</strong>, esforço e uma <strong>de</strong>dicação<br />

completa e a c<strong>em</strong> por cento, para além <strong>de</strong> uma selecção cuidada <strong>do</strong> pessoal.<br />

Para se perceber melhor a génese da Empresa e a sua Visão e Missão, é preciso passar <strong>em</strong><br />

resumo a vida profissional <strong>do</strong> seu funda<strong>do</strong>r, el<strong>em</strong>ento essencial que influencia o estilo <strong>de</strong> gestão, <strong>de</strong><br />

li<strong>de</strong>rança e até da própria maneira <strong>de</strong> estar <strong>no</strong>s negócios <strong>de</strong>ste el<strong>em</strong>ento central na organização da<br />

<strong>em</strong>presa. Com uma carreira que inclui um percurso pela forças armadas, a conclusão <strong>de</strong> um curso<br />

superior <strong>de</strong> Gestão, e ainda a ocupação <strong>de</strong> diversos cargos <strong>em</strong> <strong>em</strong>presas, incluin<strong>do</strong> na Empresa<br />

Portuguesa <strong>de</strong> Hipermerca<strong>do</strong>s, responsável pelo início <strong>de</strong>ste formato <strong>de</strong> distribuição na Península<br />

Ibérica, com a abertura <strong>do</strong> primeiro hipermerca<strong>do</strong> ibérico <strong>em</strong> Madrid e o primeiro hipermerca<strong>do</strong><br />

português <strong>em</strong> Luanda (Angola, antes da In<strong>de</strong>pendência). A seguir ao sector da Distribuição, integra<br />

um Banco <strong>de</strong> Investimento <strong>no</strong> Brasil, sector <strong>em</strong> que continuará, inclusivé com a fundação <strong>de</strong> um<br />

Banco <strong>de</strong> Investimento <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, até ao início das operações da Casa Agrícola.<br />

Com um percurso tão diverso, mas <strong>em</strong> áreas muito competitivas e dinâmicas, o Dr. Joaquim<br />

Pedro tor<strong>no</strong>u-se um gestor perspicaz e eficiente, com uma predilecção pela i<strong>no</strong>vação e pelo<br />

marketing, distinguin<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>s restantes produtores <strong>de</strong> vinho nacionais, nas suas palavras por ser<br />

“produtor e ven<strong>de</strong><strong>do</strong>r”. O que <strong>de</strong> facto parece distinguir a Casa Agrícola da Quinta <strong>do</strong> Falcão, com os<br />

produtores nacionais muitas vezes a ig<strong>no</strong>rar a área comercial e a focar os seus esforços e atenção na<br />

produção.<br />

Embora consciente <strong>de</strong> que além <strong>de</strong> produzir um vinho <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, é preciso vendê-lo, a<br />

Quinta <strong>do</strong> Falcão não está imune aos riscos que outras <strong>em</strong>presas <strong>do</strong> sector s<strong>em</strong>elhantes, possuin<strong>do</strong><br />

alguns traços <strong>em</strong> comum com tantas outras <strong>em</strong>presas. É por isso importante caracterizar o<br />

funcionamento <strong>de</strong>sta <strong>em</strong>presa.<br />

19


Funcionamento e estrutura<br />

Os quadros da <strong>em</strong>presa são forma<strong>do</strong>s pelo administra<strong>do</strong>r e principal gestor, uma enóloga<br />

fixa, responsável pela direcção técnica da vinha e também pela a<strong>de</strong>ga, uma assistente administrativa,<br />

que apoia to<strong>do</strong> o trabalho comercial e <strong>de</strong> produção e ainda é responsável pela contabilida<strong>de</strong>, uma<br />

ven<strong>de</strong><strong>do</strong>ra, <strong>de</strong>dicada <strong>em</strong> exclusivo à parte comercial e participan<strong>do</strong> nas <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong>sta<br />

área e ainda por <strong>do</strong>is feitores (trabalha<strong>do</strong>res rurais). Sen<strong>do</strong> uma <strong>em</strong>presa <strong>de</strong> pequena dimensão, não<br />

possui uma estrutura rígida, mas sim uma estrutura orgânica <strong>em</strong> que, as responsabilida<strong>de</strong>s, <strong>em</strong>bora<br />

distribuídas, não estão estancadas, sen<strong>do</strong> contu<strong>do</strong> a hierarquização o factor <strong>do</strong>minante, com o topo a<br />

ser ocupa<strong>do</strong> pelo administra<strong>do</strong>r, que <strong>de</strong>screve a sua li<strong>de</strong>rança como : ”Emprega<strong>do</strong>s são geri<strong>do</strong>s com<br />

gran<strong>de</strong> disciplina, mas com tacto. É preciso atenção e preocupação com as suas condições <strong>de</strong><br />

trabalho e humanas.”<br />

To<strong>do</strong>s os restantes trabalhos, especialmente os trabalhos agrícolas, dada a sua natureza, são<br />

cumpri<strong>do</strong>s por mão-<strong>de</strong>-obra t<strong>em</strong>porária <strong>de</strong> dimensão significativa, especialmente durante as<br />

colheitas, mas manten<strong>do</strong>-se durante cerca <strong>de</strong> 9 meses uma força <strong>de</strong> trabalho que se ocupa da<br />

manutenção diária das vinhas. As necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra são facilmente supridas já que a<br />

massa <strong>de</strong> trabalho ainda que t<strong>em</strong>porário é, geralmente, constituída pelas mesmas pessoas <strong>de</strong><br />

campanha <strong>em</strong> campanha, contratadas localmente. Os processos <strong>de</strong> vinificação e <strong>de</strong> controle da vinha<br />

são feitos <strong>em</strong> colaboração com o recurso a enólogos exter<strong>no</strong>s que actuam como consultores, para<br />

além <strong>de</strong> um enólogo estagiário, que como óbvio, difere to<strong>do</strong>s os a<strong>no</strong>s e <strong>de</strong> cuja capacida<strong>de</strong>, a<br />

enóloga resi<strong>de</strong>nte está bastante <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Outras activida<strong>de</strong>s são cumpridas com recurso a<br />

serviços exter<strong>no</strong>s, como é o caso <strong>de</strong> muitas das análises físico-quimicas necessárias para o controle<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> monitorização da produção.<br />

Como já referi<strong>do</strong>, a sobreposição <strong>de</strong> funções por vezes acontece e é comum que por vezes,<br />

to<strong>do</strong>s os m<strong>em</strong>bros da organização estejam ocupa<strong>do</strong>s com uma mesma função, como por ex<strong>em</strong>plo a<br />

enóloga e a assistente administrativa estar<strong>em</strong> envolvidas <strong>em</strong> activida<strong>de</strong>s comerciais.<br />

A estratégia da <strong>em</strong>presa é <strong>de</strong>finida pelo administra<strong>do</strong>r, mas <strong>no</strong> entanto, tanto a ven<strong>de</strong><strong>do</strong>ra,<br />

como a enóloga e os consultores participam <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> Decisão. A sobreposição <strong>de</strong> funções<br />

<strong>em</strong>bora seja um sinal da limitação <strong>de</strong> recursos é também uma forma <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s ter<strong>em</strong> uma <strong>no</strong>ção <strong>do</strong>s<br />

pontos-<strong>de</strong>-vista <strong>de</strong> todas as áreas funcionais.<br />

No entanto, se retirarmos <strong>de</strong>sta equação o conhecimento <strong>do</strong> Dr.Joaquim Monteiro, visível na<br />

proactivida<strong>de</strong> da <strong>em</strong>presa e na alguma i<strong>no</strong>vação que pratica, é fácil perceber até que ponto a<br />

limitação <strong>de</strong> recursos impõe graves restrições ao nível da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planeamento e <strong>de</strong><br />

diagnóstico que estas <strong>em</strong>presas possu<strong>em</strong>. Daí que o Dr.Joaquim Monteiro, se <strong>de</strong>fina como um<br />

<strong>em</strong>presário vitivinícola distinto <strong>do</strong>s restantes, porque nas suas palavras, além <strong>de</strong> produtor, é um<br />

ven<strong>de</strong><strong>do</strong>r. Com tantos probl<strong>em</strong>as diários, é impossível <strong>de</strong>dicar esforços à i<strong>no</strong>vação, ao marketing e<br />

ao planeamento estratégico, para além da falta <strong>de</strong> preparação e formação <strong>do</strong>s profissionais. Embora,<br />

felizmente, a figura <strong>do</strong> enólogo seja uma presença habitual, já os profissionais <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s ao<br />

marketing não são habituais nas <strong>em</strong>presas <strong>de</strong>ste género. Na Quinta <strong>do</strong> Falcão, por ex<strong>em</strong>plo, os<br />

rótulos das garrafas são <strong>de</strong>senha<strong>do</strong>s pela esposa <strong>do</strong> Dr.Joaquim Monteiro e to<strong>do</strong>s dão a sua opinião,<br />

20


e esta é uma prática corrente <strong>no</strong> sector, com muitas vezes a ser<strong>em</strong> os próprios enólogos, ou alguém<br />

com “jeito” (utilizan<strong>do</strong> a expressão corrente) nas <strong>em</strong>presas <strong>de</strong>sta dimensão a ocupar o lugar <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>signer gráfico/marketeer.<br />

Comercialização<br />

Como se acabou <strong>de</strong> referir, o esforço imputa<strong>do</strong> nas vendas é gran<strong>de</strong> e <strong>de</strong> facto, compreen<strong>de</strong>r<br />

que tão ou mais importante que se produzir vinho com qualida<strong>de</strong>, é vendê-lo é um factor essencial<br />

para o sucesso <strong>de</strong> qualquer <strong>em</strong>presa vitivinicola, especialmente <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à intangibilida<strong>de</strong> da qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> um vinho, como se terá a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> perceber <strong>em</strong> capítulos posteriores <strong>de</strong>sta dissertação.<br />

A comercialização da Quinta <strong>do</strong> Falcão assenta na venda a um nicho <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> e à<br />

utilização <strong>de</strong> três canais <strong>de</strong> venda distintos. O nicho <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> é o das prendas <strong>de</strong> Natal das<br />

<strong>em</strong>presas, um nicho <strong>de</strong> alguma importância para a Quinta, que escoa <strong>de</strong>sta forma parte das suas<br />

reservas e vinhos <strong>de</strong> maior qualida<strong>de</strong>, já que as ofertas com que as <strong>em</strong>presas gostam <strong>de</strong> brindar, <strong>no</strong><br />

Natal, os seus cliente, fornece<strong>do</strong>res e colabora<strong>do</strong>res costumam ser prendas <strong>de</strong> algum valor.<br />

Tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> um nicho muito interessante e revela<strong>do</strong>r da proactivida<strong>de</strong> e i<strong>no</strong>vação que são marcas<br />

da gestão da <strong>em</strong>presa.<br />

Os canais <strong>de</strong> venda são três e muito distintos:<br />

1) Canal HORECA, <strong>no</strong> distrito <strong>de</strong> Santarém, a que está <strong>de</strong>dicada a ven<strong>de</strong><strong>do</strong>ra da <strong>em</strong>presa, que<br />

possui já relacionamentos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> com os restaurantes e também aqui apostan<strong>do</strong><br />

na i<strong>no</strong>vação, com a Quinta a disponibilizar mostra<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s seus vinhos <strong>em</strong> alguns <strong>do</strong>s<br />

restaurantes mais <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>áticos da região, numa clara percepção da importância da visibilida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> produto ao consumi<strong>do</strong>r final potencial, <strong>de</strong>cisor na compra. A mesma ven<strong>de</strong><strong>do</strong>ra é ainda<br />

responsável pelas vendas <strong>no</strong> Intermarché <strong>do</strong> distrito.<br />

2) Mo<strong>de</strong>lo e Continente, com a quinta a possuir um contrato <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os seus<br />

vinhos para a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> supermerca<strong>do</strong>s e hipermerca<strong>do</strong>s Mo<strong>de</strong>lo e Continente, sen<strong>do</strong> mais uma<br />

vez extr<strong>em</strong>amente profissionais <strong>no</strong> que concerne ao marketing e <strong>de</strong>sign <strong>do</strong> produto, com a Casa<br />

Agrícola, a investir na construção <strong>de</strong> um protótipo <strong>de</strong> bag-in-box para distribuição <strong>de</strong> um produto<br />

<strong>de</strong> marca branca Continente, mas com vinho Quinta <strong>do</strong> Falcão (da sua gama mais baixa).<br />

3) Acor<strong>do</strong> com um Exporta<strong>do</strong>r, 30% da produção da Quinta é exportada, principalmente, para<br />

países lusófo<strong>no</strong>s africa<strong>no</strong>s.<br />

21


Diversificação como Estratégia <strong>de</strong> Negócio<br />

Aproveitar todas as capacida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s recursos das proprieda<strong>de</strong>s, mas também procurar<br />

oferecer outros produtos e serviços, como forma <strong>de</strong> seguir uma estratégia <strong>de</strong> diversificação t<strong>em</strong> si<strong>do</strong><br />

um <strong>do</strong>s objectivos da Gestão da <strong>em</strong>presa. Numa activida<strong>de</strong> como a agrícola, há inúmeros riscos<br />

associa<strong>do</strong>s à produção que levam a que, especialmente, os peque<strong>no</strong>s produtores, apost<strong>em</strong> <strong>em</strong> mais<br />

que um produto, como forma <strong>de</strong> garantir uma mitigação <strong>do</strong> risco associa<strong>do</strong> às colheitas, cultivan<strong>do</strong><br />

culturas distintas e com diferentes comportamentos, para que não fiqu<strong>em</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> apenas um<br />

produto, que po<strong>de</strong>ria levar a maus resulta<strong>do</strong>s, se houvesse gran<strong>de</strong>s flutuações <strong>no</strong>s preços <strong>de</strong> venda,<br />

se a colheita se revelasse <strong>de</strong> má qualida<strong>de</strong>, ou ainda <strong>no</strong> caso <strong>de</strong> haver <strong>de</strong>struição da colheita por<br />

<strong>do</strong>ença ou int<strong>em</strong>périe.<br />

Para além <strong>do</strong> vinho e da vinha, vários outros produtos constitu<strong>em</strong> a sua oferta: 1) cultivo <strong>de</strong><br />

produtos <strong>de</strong> agricultura <strong>de</strong> regadio, que constitu<strong>em</strong> 30% da facturação da <strong>em</strong>presa: tomate, girassol e<br />

o milho; 2) cultivo <strong>de</strong> ferragens; 3) fruição <strong>de</strong> produtos florestais: produtos lenhosos, pinhas, cortiça e<br />

outros produtos da fileira agroflorestal; 4) fruição <strong>de</strong> um olival.<br />

Os cavalos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sporto são também outra aposta da Casa Agrícola e outra das paixões <strong>do</strong><br />

Dr. Pedro Monteiro, possuin<strong>do</strong> a <strong>em</strong>presa instalações a<strong>de</strong>quadas para a manutenção <strong>de</strong>stes<br />

equí<strong>de</strong>os, com um pica<strong>de</strong>iro e uma cavalariça, que constitui<strong>em</strong> para além <strong>de</strong> uma activida<strong>de</strong>, também<br />

um polo <strong>de</strong> atracção da Quinta <strong>do</strong> Falcão e que po<strong>de</strong>rá ajudar a alavancar a oferta <strong>de</strong> produtos<br />

compl<strong>em</strong>entares na área e<strong>no</strong>turística.<br />

Com a a<strong>de</strong>ga localizada na Quinta da Fonte Bela, que possui ainda algumas edificações,<br />

<strong>em</strong>bora <strong>de</strong>gradadas, e com uma pequena unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> turismo rural na Qta. da Fonte Bela, para além<br />

<strong>de</strong> uma sala utilizada para a organização <strong>de</strong> diversos eventos na Quinta <strong>do</strong> Falcão, proporcionam à<br />

<strong>em</strong>presa, um eleva<strong>do</strong> potencial para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Turismo e <strong>em</strong> especial <strong>de</strong><br />

E<strong>no</strong>turismo. Uma área <strong>em</strong> que há vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> apostar, mas que carece <strong>de</strong> avulta<strong>do</strong>s investimentos.<br />

Produção <strong>de</strong> <strong>Vinho</strong> na Casa Agrícola Quinta <strong>do</strong> Falcão – A qualida<strong>de</strong> como vector<br />

Com a qualida<strong>de</strong> como principal estratégia <strong>de</strong> diferenciação, foi feito um gran<strong>de</strong> investimento<br />

nas melhores práticas e<strong>no</strong>lógicas para se atingir a qualida<strong>de</strong> máxima possível <strong>de</strong> vinho com as<br />

colheitas da Casa Agrícola.<br />

Da<strong>do</strong> as condições naturais da terra e localizações das vinhas para que se forme um bom<br />

vinho é necessário o cultivo <strong>de</strong> boas vi<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> castas reconhecidas. Na formação da Quinta <strong>do</strong><br />

Falcão houve o cuida<strong>do</strong> <strong>de</strong> se procurar bons fornece<strong>do</strong>res <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>iras e o critério <strong>de</strong> escolha das<br />

castas pren<strong>de</strong>u-se com requisitos <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>, com orig<strong>em</strong> na opinião <strong>de</strong> peritos <strong>do</strong> sector e<br />

tendências, e <strong>de</strong> gosto pessoal <strong>do</strong>s enólogos envolvi<strong>do</strong>s neste processo. Uma tendência seguida é a<br />

crença <strong>de</strong> que para o reconhecimento da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r e especialmente <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r<br />

estrangeiro, é necessária a inclusão <strong>de</strong> castas estrangeiras, que além <strong>de</strong> fiáveis, são conhecidas <strong>do</strong><br />

gran<strong>de</strong> público e funcionam como âncora para <strong>no</strong>vos consumi<strong>do</strong>res. Já a presença das castas<br />

22


portuguesas, acredita-se que <strong>de</strong>spertará <strong>no</strong> consumi<strong>do</strong>r estrangeiro uma curiosida<strong>de</strong> e uma vonta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir <strong>no</strong>vos aromas <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>s.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista e<strong>no</strong>lógico, na criação <strong>de</strong> qualquer vinho, a mistura das castas e a selecção<br />

<strong>de</strong> que vinhos constituírão reservas são os factores críticos para o sucesso da colheita. De a<strong>no</strong> para<br />

a<strong>no</strong> mesmo para iguais castas há gran<strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, motivada por diversos factores<br />

exter<strong>no</strong>s, <strong>no</strong>meadamente, o clima, que é o principal condicionante e que t<strong>em</strong> um papel muito<br />

importante na formação <strong>do</strong>s frutos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu teor <strong>em</strong> água e açúcar até ao seu <strong>de</strong>senvolvimento e<br />

amadurecimento.<br />

Na colheita o primeiro passo para o aumento da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> vinho é da<strong>do</strong> na moag<strong>em</strong> da<br />

uva, são retiradas as folhas e as hastes <strong>do</strong>s cachos (engaço), que contribu<strong>em</strong> para a adstringência<br />

(sensação <strong>de</strong> "encortiçamento" da língua e <strong>do</strong> palato) <strong>do</strong> vinho.<br />

Aquan<strong>do</strong> das vindimas as uvas <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r qualida<strong>de</strong> são colhidas primeiro, isto porque os silos<br />

on<strong>de</strong> é feita a fermentação, com controlo <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura, são limita<strong>do</strong>s e estão <strong>de</strong>senha<strong>do</strong>s para<br />

estágios curtos. No entanto, para a intensificação <strong>do</strong>s aromas é necessário que <strong>de</strong>pois da<br />

fermentação se efectue um curto estágio ainda com o mosto <strong>no</strong>s silos <strong>de</strong> fermentação para que os<br />

aromas <strong>em</strong>bebi<strong>do</strong>s nas cascas e na polpa das uvas se libert<strong>em</strong> para o vinho. No entanto, este<br />

processo reveste-se <strong>de</strong> alguns riscos já que po<strong>de</strong> dar-se uma segunda fermentação, que arruinaria o<br />

lote completo, o que torna necessário um controlo rígi<strong>do</strong>. São escolhi<strong>do</strong>s para este processo apenas<br />

os vinhos que constituírão os lotes <strong>de</strong> maior qualida<strong>de</strong>.<br />

O estágio nas barricas <strong>de</strong> carvalho também obe<strong>de</strong>ce a critérios <strong>de</strong> selecção já que os barris<br />

me<strong>no</strong>s <strong>no</strong>bres são usa<strong>do</strong>s para os vinhos <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r qualida<strong>de</strong>.<br />

Mesmo ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta, que a produção <strong>de</strong> vinhos <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> é dificil numa região<br />

como o Ribatejo, e a Quinta <strong>do</strong> Falcão não foge à regra, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à alta irrigação <strong>do</strong>s solos, que diminui<br />

a concentração <strong>de</strong> açúcares e <strong>de</strong> aromas nas uvas, são já vários os vinhos <strong>de</strong>sta <strong>em</strong>presa a ganhar<br />

prémios internacionais, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> também a <strong>em</strong>presa alvo <strong>de</strong> várias citações <strong>em</strong> revistas <strong>de</strong> vinho,<br />

incluin<strong>do</strong> <strong>no</strong> “Wine Spectator” (E.U.A.) que é uma referência mundial.<br />

Ilustração 1:Diagrama da Ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Valor da Quinta <strong>do</strong> Falcão<br />

23


Capítulo V<br />

Análise Estratégica <strong>do</strong> Sector<br />

A análise estratégica a efectuar terá como base algumas análises incluídas <strong>no</strong> livro “Crafting<br />

and Executing Strategy” (14ªed., Thompson et al, McGraw-Hill) adaptadas para a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />

sector ao invés <strong>de</strong> centradas numa única <strong>em</strong>presa. Deste livro seguir<strong>em</strong>os as suas meto<strong>do</strong>logias<br />

para efectuar as seguintes análises.<br />

1.Análise <strong>do</strong> Ambiente Exter<strong>no</strong><br />

Esta análise centra-se <strong>no</strong> contexto que ro<strong>de</strong>ia as <strong>em</strong>presas <strong>do</strong> sector e que influenciam as<br />

suas operações e <strong>de</strong>cisões. A análise <strong>do</strong> ambiente exter<strong>no</strong> reveste-se <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a importância neste<br />

sector, primeiro porque se tratam na maior parte <strong>do</strong>s casos <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos que a <strong>em</strong>presa não t<strong>em</strong><br />

controlo, segun<strong>do</strong> porque alguns factores críticos <strong>de</strong> sucesso, como ir<strong>em</strong>os ver, estão liga<strong>do</strong>s a<br />

agentes exter<strong>no</strong>s à <strong>em</strong>presa.<br />

Pa<strong>no</strong>rama Económico<br />

<strong>Portugal</strong> t<strong>em</strong> a sua Eco<strong>no</strong>mia caracterizada por uma fase <strong>de</strong> contra-ciclo, encontran<strong>do</strong>-se<br />

alguns sinais <strong>de</strong> retoma económica, especialmente, ao nível <strong>do</strong> consumo das famílias, <strong>em</strong> outros<br />

como na alta taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego revelam que a Eco<strong>no</strong>mia <strong>do</strong> país ainda se encontra longe <strong>de</strong> sair<br />

da fase <strong>em</strong> que se encontra. O endividamento das famílias é um factor preocupante, com as<br />

<strong>em</strong>presas <strong>de</strong> crédito a exercer gran<strong>de</strong> pressão junto <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res, que motiva<strong>do</strong>s pela<br />

diminuição <strong>do</strong> seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra, recorr<strong>em</strong> a estes produtos como compensação da perda <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. O recurso a esta forma <strong>de</strong> financiamento t<strong>em</strong> como motivo, a compra <strong>de</strong> bens <strong>de</strong><br />

consumo a crédito, muitas vezes s<strong>em</strong> olhar às taxas <strong>de</strong> esforço das famílias o que t<strong>em</strong> leva<strong>do</strong> à<br />

impossibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> pagamento <strong>de</strong> outros crédito, como o da habitação ou automóvel, factores que<br />

têm motiva<strong>do</strong> as cobranças difíceis, com perda <strong>do</strong>s bens ou ao aumento <strong>do</strong> crédito malpara<strong>do</strong> nas<br />

instituições <strong>de</strong> crédito, o que leva a graves probl<strong>em</strong>as financeiros com repercussões sociais e<br />

económicas dramáticas.<br />

Estes fenóme<strong>no</strong>s ocorr<strong>em</strong> <strong>em</strong> vários estratos socio-económicos, abrangen<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> parte da<br />

população, mas especialmente trabalha<strong>do</strong>res para outrém, que vê<strong>em</strong> o seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra<br />

diminuir.<br />

A inflação, <strong>em</strong>bora estável e baixa, é um indica<strong>do</strong>r relativamente cego, pois, dada a estrutura<br />

<strong>de</strong> custos <strong>de</strong> uma família, po<strong>de</strong>mos ver que os produtos mais consumi<strong>do</strong>s pelas famílias têm<br />

conheci<strong>do</strong> aumentos bastante mais eleva<strong>do</strong>s que esta, ao passo que produtos, com gran<strong>de</strong> massa <strong>de</strong><br />

capital, como os imóveis e os automóveis, têm ti<strong>do</strong> <strong>de</strong>créscimos, quer face à inflação, quer <strong>em</strong> termos<br />

brutos, o que contribui para que o I.P.C. não reflicta a subida <strong>do</strong> custo <strong>de</strong> vida.<br />

24


A um nível mais global, a subida <strong>do</strong> preço <strong>do</strong>s combustíveis t<strong>em</strong> condiciona<strong>do</strong>, também, a<br />

vida <strong>do</strong>s portugueses, <strong>no</strong> entanto a <strong>de</strong>scida <strong>do</strong>s juros <strong>de</strong> referência, por parte <strong>do</strong> Banco Central<br />

Europeu, é uma medida que se espera po<strong>de</strong>r também ajudar à recuperação das Eco<strong>no</strong>mias<br />

Europeias.<br />

A nível local, o défice estatal trouxe à or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> dia, a necessida<strong>de</strong> da utilização mais racional<br />

<strong>do</strong>s recursos económicos, e alertou parte da socieda<strong>de</strong> para a importância da eficiência <strong>do</strong>s seus<br />

próprios orçamentos familiares, é necessário que a utilização <strong>do</strong>s créditos para consumo seja feita <strong>de</strong><br />

forma mais racional assim como os gastos mensais <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser <strong>de</strong>vidamente equaciona<strong>do</strong>s,<br />

especialmente, por qu<strong>em</strong> ainda t<strong>em</strong> alguma marg<strong>em</strong> <strong>de</strong> ma<strong>no</strong>bra e mesmo alguma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

aforro.<br />

Instituições e Organismos<br />

sector.<br />

Descrição <strong>de</strong> alguns <strong>do</strong>s organismos que regulam, promov<strong>em</strong> e representam agentes <strong>no</strong><br />

i.Instituto da Vinha e <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong><br />

Em <strong>Portugal</strong>, o organismo institucional responsável pelas políticas e gestão <strong>do</strong> sector<br />

vitivínicola é o Instituto da Vinha e <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> (IVV), que t<strong>em</strong> por missão:<br />

“impl<strong>em</strong>entar as politicas necessárias ao cumprimento da Organização Comum <strong>do</strong> <strong>Merca<strong>do</strong></strong> (CMO);<br />

coor<strong>de</strong>nar e controlar a organização institucional <strong>do</strong> sector vitivinícola; auditar o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />

certificação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>; participar na coor<strong>de</strong>nação e supervisão da promoção <strong>do</strong>s produtos<br />

vitivinícolas; para além das competências intrínsecas <strong>de</strong>sta missão, <strong>de</strong>senvolve activida<strong>de</strong> na<br />

participação e acompanhamento <strong>de</strong> processos relativos ao sector vitivinícola, assegura a supervisão<br />

e auditoria das entida<strong>de</strong>s certifica<strong>do</strong>ras, actua na cobrança <strong>de</strong> taxas, <strong>de</strong>fine e coor<strong>de</strong>na a aplicação<br />

<strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> gestão <strong>do</strong> património vitícola nacional e da sua valorização, entre outras atribuições<br />

igualmente <strong>de</strong> relevo.”*<br />

O IVV foi funda<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1986, <strong>no</strong> seguimento da entrada <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> na Comunida<strong>de</strong> Europeia<br />

e tratou-se <strong>de</strong> uma reformulação da extinta Junta Nacional <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong>, instituição austera e<br />

<strong>de</strong>sactualizada, que ainda carregava uma herança <strong>do</strong>s t<strong>em</strong>pos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Novo e das suas políticas.<br />

Este instituto foi responsável pela reformulação <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>no</strong>minações para o actual e<br />

pela reformulação da legislação para que esta estivesse <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as mesmas e foi ainda o<br />

responsável pela utilização <strong>do</strong>s subsídios Europeus, que mo<strong>de</strong>rnizaram a produção nacional.<br />

O IVV t<strong>em</strong> ainda, através da Comissão Nacional da Organização Internacional da Vinha e <strong>do</strong><br />

<strong>Vinho</strong>, a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> representação <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> na Organização Internacional da Vinha e <strong>do</strong><br />

<strong>Vinho</strong>(OIV).<br />

25


ii.Organização Internacional da Vinha e <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> (OIV)<br />

A OIV substituiu <strong>em</strong> 2001 o Instituto Internacional da Vinha e <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> e é o organismo<br />

máximo a nível mundial, <strong>de</strong> carácter científico e técnico, <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> o que diz respeito a produtos<br />

vitícolas: vinho, bebidas à base <strong>de</strong> uva e vinho, uvas <strong>de</strong> mesa e uvas passa. T<strong>em</strong> como objectivo a<br />

uniformização das boas práticas vitivínicolas, da e<strong>no</strong>logia e <strong>do</strong> Direito e Eco<strong>no</strong>mia <strong>no</strong>s esta<strong>do</strong>s<br />

m<strong>em</strong>bros, on<strong>de</strong> se inclui <strong>Portugal</strong> e a maioria <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s Produtores Mundiais, com a excepção <strong>do</strong>s<br />

E.U.A.. A OIV elabora relatórios e estatísticas periódicas com o diagnóstico da situação Mundial, além<br />

<strong>de</strong> ser responsável pela divulgação <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s científicos que tenham a ver, quer com a qualida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s produtos, quer com teores máximos admissíveis <strong>de</strong> certas substâncias e ainda com as práticas e<br />

procedimentos e<strong>no</strong>lógicos <strong>no</strong> geral que influenciam a qualida<strong>de</strong> e segurança <strong>do</strong>s produtos para o<br />

consumi<strong>do</strong>r. Têm, ainda, como missão a standardização das <strong>de</strong><strong>no</strong>minações e da etiquetag<strong>em</strong> <strong>do</strong>s<br />

produtos, das condições <strong>de</strong> comercialização, assim como a preservação das <strong>de</strong><strong>no</strong>minações <strong>de</strong><br />

orig<strong>em</strong> e a <strong>de</strong>fesa pela autenticida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s produtos.<br />

iii.Comissão Europeia<br />

No entanto, visto que as políticas e leis portuguesas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> seguir a Organização Comum <strong>do</strong><br />

<strong>Merca<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong>(CMO) pela Comissão Europeia, torna-se necessário analisar este merca<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

forma global e mais concretamente a legislação que sobre ele actua, pelo âmbito que possui <strong>no</strong><br />

<strong>no</strong>sso país. Mais concretamente convém analisar-se a Reforma <strong>do</strong> Sector Vinícola <strong>em</strong> aplicação<br />

neste momento.<br />

Esta reforma t<strong>em</strong> como objectivo, precisamente, a sustentabilida<strong>de</strong> da produção vinícola na<br />

Europa, que segun<strong>do</strong> a Comissão assenta <strong>no</strong>s seguintes principios: a Viabilida<strong>de</strong> Económica, a<br />

Aceitação Social e a Integrida<strong>de</strong> Ambiental.<br />

Porquê uma reforma?<br />

Porque ao longo <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s a Política Agrícola Comum (PAC) e mais concretamente a<br />

Organização Comum <strong>do</strong> <strong>Merca<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> s<strong>em</strong>pre procurou respon<strong>de</strong>r às contigências e aos<br />

<strong>de</strong>safios que se iam impon<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po. Como <strong>no</strong>utros merca<strong>do</strong>s, também <strong>no</strong> caso <strong>do</strong> vinho<br />

houve mudanças muito radicais, quer <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> clientes, quer das tec<strong>no</strong>logias e <strong>do</strong>s<br />

concorrentes, especialmente <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s “produtores <strong>do</strong> <strong>no</strong>vo mun<strong>do</strong>”. Por tu<strong>do</strong> isto é preciso<br />

a<strong>de</strong>quar a CMO <strong>de</strong> forma a melhor servir os interesses <strong>do</strong>s produtores europeus.<br />

história:<br />

Para melhor se compreen<strong>de</strong>r como se <strong>de</strong>senvolveu a CMO, vamos passar <strong>em</strong> resumo a sua<br />

Nos a<strong>no</strong>s 60, a OCM visava a produtivida<strong>de</strong> como missão principal. Outros objectivos<br />

prendiam-se com a Segurança Alimentar, a estabilização <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e o Apoio aos rendimentos.<br />

Objectivos pouco ambiciosos e que revelavam certa ingenuida<strong>de</strong> ou falta <strong>de</strong> saber, mas a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s a<br />

uma altura <strong>em</strong> que a heg<strong>em</strong>onia europeia <strong>no</strong>s vinhos era clara e <strong>em</strong> que a tec<strong>no</strong>logia não permitia<br />

tanto produzir com qualida<strong>de</strong>, como <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong>.<br />

No entanto, <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 80, a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> crise, gerou-se uma situação <strong>de</strong> sobre-produção, com<br />

uma explosão <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa. A fricção internacional instalou-se com a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> frau<strong>de</strong><br />

<strong>em</strong> vários vinhos.<br />

26


Tornan<strong>do</strong> necessárias medidas estruturais que foram impl<strong>em</strong>entadas <strong>em</strong> 1992. Data <strong>em</strong> que se dá a<br />

primeira reforma, que tinha <strong>em</strong> vista não só à produtivida<strong>de</strong> como a competitivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s produtos<br />

europeus. Investiu-se na redução <strong>de</strong> exce<strong>de</strong>ntes e na estabilização <strong>do</strong>s rendimentos, assim como na<br />

estabilização orçamental <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s-m<strong>em</strong>bros (Europa <strong>do</strong>s 15). O Ambiente também ganha alguma<br />

importância nas <strong>no</strong>vas medidas.<br />

Chega<strong>do</strong>s a 2000, a<strong>no</strong> <strong>em</strong> que se dá a primeira gran<strong>de</strong> reforma <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua fundação. A<br />

sustentabilida<strong>de</strong>, neste caso, <strong>do</strong>s recursos naturais, ganha importância. O aumento da<br />

competitivida<strong>de</strong> e <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento rural tornam-se prioritários para que o Velho Continente<br />

continue a ser o maior Produtor vitivinícola Mundial.<br />

Finalmente a <strong>no</strong>va reforma, que foi elaborada entre 2003 e 2006, encontra-se <strong>em</strong><br />

impl<strong>em</strong>entação e está orienta<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> as políticas <strong>de</strong> regulação <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>s da U.E., sen<strong>do</strong> que<br />

o merca<strong>do</strong> se <strong>de</strong>verá auto-regular o mais possível, com a me<strong>no</strong>r intervenção <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s-m<strong>em</strong>bro,<br />

sen<strong>do</strong> a eficiência <strong>do</strong>s intervenientes e da livre concorrência assegurada pelas entida<strong>de</strong>s<br />

regula<strong>do</strong>ras, ou seja, assenta <strong>no</strong> príncipio da lógica <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>, <strong>em</strong> que só os “players” mais<br />

eficientes ganham o direito <strong>de</strong> continuar a operar. Mas não só a liberalização <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> é objecto<br />

da reforma, o Ambiente e Sustentabilida<strong>de</strong>, as preocupações <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res e o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

rural são ainda suas priorida<strong>de</strong>s. São seus objectivos:<br />

1) Aumentar a competitivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s produtores impon<strong>do</strong> a reputação <strong>do</strong>s vinhos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

europeus como os melhores <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, recuperar quotas <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> e conquistar <strong>no</strong>vas quotas na<br />

Europa e <strong>no</strong> Mun<strong>do</strong>.<br />

2) O <strong>no</strong>vo regime será <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong> regras claras simples e eficazes, para assegurar o equilibrio<br />

entre a oferta e a procura.<br />

3) Preservará as melhores tradições da Produção Vitivinícola Europeia, reforçan<strong>do</strong> o teci<strong>do</strong><br />

social e ambiente <strong>de</strong> muitas zonas rurais.”<br />

Resumidamente, faz<strong>em</strong> parte da proposta os seguintes el<strong>em</strong>entos, alguns <strong>do</strong>s quais já<br />

segui<strong>do</strong>s por <strong>Portugal</strong>, como m<strong>em</strong>bro da O.I.V.:<br />

Abolição <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> gestão <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>: as seguintes medidas serão abolidas: <strong>de</strong>stilação <strong>de</strong><br />

crise, apoio à <strong>de</strong>stilação <strong>de</strong> subprodutos (bagaços, películas, etc), b<strong>em</strong> como à <strong>de</strong>stilação <strong>de</strong> álcool<br />

<strong>de</strong> boca e <strong>de</strong> vinhos obti<strong>do</strong>s <strong>de</strong> castas com dupla classificação, apoio à armazenag<strong>em</strong> privada,<br />

restituições à exportação, ajuda aos mostos para enriquecimento <strong>do</strong> vinho.<br />

Fica proibída a adição <strong>de</strong> açúcar para enriquecimento <strong>do</strong> vinho (chaptalização), medida já <strong>em</strong><br />

vigor <strong>no</strong> <strong>no</strong>sso país.<br />

Regime <strong>de</strong> arranque: aos vinicultores que <strong>de</strong>sej<strong>em</strong> <strong>de</strong>ixar o sector será pago um prémio por<br />

arranque voluntário.<br />

27


Pagamento único por exploração: todas as superfícies plantadas com vinha po<strong>de</strong>rão beneficiar <strong>de</strong><br />

direitos ao pagamento único por exploração.<br />

Fim das restrições à plantação: o regime <strong>de</strong> direitos <strong>de</strong> plantação será prorroga<strong>do</strong> até 2013, fim <strong>do</strong><br />

perío<strong>do</strong> transitório, sen<strong>do</strong> aboli<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> 1 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 2014, a fim <strong>de</strong> permitir aos produtores <strong>de</strong><br />

vinho competitivos expandir a sua produção. A <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> aumentar a produção <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá da<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> produtor <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r o que produz.<br />

Práticas E<strong>no</strong>lógicas: a responsabilida<strong>de</strong> pela aprovação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas práticas e<strong>no</strong>lógicas ou alteração<br />

das existentes será transmitida para a comissão, que avaliará as práticas aceites pela OIV e as<br />

incorporará na lista das práticas aceites pela União. A UE autorizará práticas acordadas<br />

internacionalmente para a elaboração <strong>de</strong> vinhos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à exportação. Será mantida a proibição<br />

<strong>de</strong> importar mostos para vinificação, assim como a mistura <strong>de</strong> vinhos comunitários com vinhos<br />

importa<strong>do</strong>s.<br />

Melhores regras <strong>de</strong> rotulag<strong>em</strong>: o conceito <strong>de</strong> vinho <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da União assentará <strong>em</strong> origens<br />

geográficas (vinho <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> produzi<strong>do</strong> numa região <strong>de</strong>terminada). Os vinhos com indicação<br />

geográfica serão dividi<strong>do</strong>s <strong>em</strong> vinhos com indicação geográfica protegida e vinhos <strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>no</strong>minação<br />

<strong>de</strong> orig<strong>em</strong> protegida. A rotulag<strong>em</strong> respon<strong>de</strong>rá às necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, tornan<strong>do</strong>-se mais<br />

simples e, <strong>em</strong> especial, permitin<strong>do</strong> pela primeira vez que os vinhos da U.E. s<strong>em</strong> indicação geográfica<br />

indiqu<strong>em</strong> a casta e o a<strong>no</strong> <strong>de</strong> colheita <strong>no</strong> rótulo, in<strong>do</strong> ao encontro da procura <strong>de</strong> vinhos mo<strong>no</strong>casta.<br />

Envelopes financeiros nacionais: permitirão aos Esta<strong>do</strong>s-M<strong>em</strong>bros adaptar medidas à sua situação<br />

específica. O orçamento global variará entre seiscentos e vinte e três milhões <strong>de</strong> euros <strong>em</strong> 2009 e<br />

oitocentos e trinta milhões a partir <strong>de</strong> 2015. O montante disponível para cada país será calcula<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

função das superfícies plantadas com vinha, da produção e das <strong>de</strong>spesas históricas. Entre as<br />

medidas passíveis a financiamento encontram-se: a promoção <strong>em</strong> países terceiros, a<br />

restruturação/reconversão das vinhas, o apoio à colheita <strong>em</strong> ver<strong>de</strong>, <strong>no</strong>vas medidas <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong><br />

crise, como os seguros contra catástrofes naturais e a cobertura <strong>do</strong>s custos administrativos da<br />

criação <strong>de</strong> um fun<strong>do</strong> mútuo sectorial.<br />

Medidas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento rural: Medidas <strong>de</strong> apoio à instalação <strong>de</strong> jovens agricultores,<br />

melhoramento da comercialização, formação profissional, apoio às organizações <strong>de</strong> produtores, apoio<br />

para <strong>de</strong>spesas supl<strong>em</strong>entares e para perdas <strong>de</strong> rendimentos <strong>de</strong>correntes da manutenção <strong>de</strong><br />

paisagens e ainda para reformas antecipadas. Para o efeito, será transferi<strong>do</strong> dinheiro para o<br />

orçamento Desenvolvimento Rural, que subirá <strong>de</strong> c<strong>em</strong> milhões <strong>de</strong> euros <strong>em</strong> 2009 para quatrocentos<br />

milhões a partir <strong>de</strong> 2014. Este dinheiro será reserva<strong>do</strong> para regiões vitivinícolas.<br />

Promoção e informação: a Comissão propõe-se prosseguir com rigor uma campanha responsável<br />

<strong>de</strong> promoção e <strong>de</strong> informação. Prevê-se para o efeito um orçamento <strong>de</strong> cento e vinte milhões <strong>de</strong><br />

28


euros <strong>do</strong>s envelopes nacionais para medidas <strong>de</strong> promoção fora da U.E., co-financiadas a 50% pela<br />

União. Haverá <strong>no</strong>vas campanhas <strong>de</strong> informação na U.E. sobre os vinhos com indicação geográfica e<br />

sobre o consumo responsável/mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> <strong>de</strong> vinho, sen<strong>do</strong> <strong>em</strong> relação a este último t<strong>em</strong>a, a taxa <strong>de</strong><br />

cofinanciamento aumentada para 60%.<br />

Protecção <strong>do</strong> Ambiente: a elegibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas as superfícies vitivinícolas para o regime <strong>de</strong><br />

pagamento único significa que as <strong>no</strong>rmas ambientais ditadas pela condicionalida<strong>de</strong> serão mais<br />

amplamente aplicadas. A condicionalida<strong>de</strong> aplicar-se-á a todas as superfícies objecto <strong>de</strong> arranque.<br />

Haverá exigências ambientais mínimas para o arranque, a reestruturação e a colheita <strong>em</strong> ver<strong>de</strong> e<br />

serão aumenta<strong>do</strong>s os fun<strong>do</strong>s consagra<strong>do</strong>s aos regimes agro-ambientais <strong>em</strong> programas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento rural.<br />

iv.Instituto da Vinha e <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> <strong>do</strong> Douro e Porto/ Ma<strong>de</strong>ira<br />

São institutos <strong>de</strong> missão similar e que inclu<strong>em</strong> a promoção <strong>do</strong> controlo da qualida<strong>de</strong> e<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s vinhos das suas regiões, regulamentan<strong>do</strong> o processo produtivo, b<strong>em</strong> como a<br />

protecção e <strong>de</strong>fesa das <strong>de</strong><strong>no</strong>minações <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> e indicação geográfica das áreas da sua<br />

competência. São orgãos cujos objectivos passam pela <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> orientações estratégicas, pelo<br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>do</strong> papel <strong>de</strong> regula<strong>do</strong>r e fiscaliza<strong>do</strong>r, mas também <strong>de</strong> promotor e <strong>de</strong> organismos<br />

responsáveis pelo estímulo à a<strong>do</strong>pção das melhores práticas <strong>no</strong> <strong>do</strong>mínio da vitivinicultura e <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento tec<strong>no</strong>lógico, s<strong>em</strong> o prejuízo para o papel <strong>do</strong> I.V.V..<br />

v.Vini<strong>Portugal</strong><br />

A Vini<strong>Portugal</strong> é uma associação interprofissional que t<strong>em</strong> como objectivo a promoção <strong>do</strong>s<br />

vinhos, aguar<strong>de</strong>ntes e vinagres portugueses <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> inter<strong>no</strong> e <strong>em</strong> merca<strong>do</strong>s internacionais<br />

<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s como alvo pelos seus associa<strong>do</strong>s. A Vini<strong>Portugal</strong> agrupa estruturas associativas e<br />

organizações <strong>de</strong> profissionais ligadas ao comércio, à produção <strong>de</strong> vinho e <strong>de</strong> uva, às cooperativas,<br />

aos <strong>de</strong>stila<strong>do</strong>res, aos agricultores e às regiões <strong>de</strong>marcadas, para além da I.V.V.<br />

2. O <strong>Merca<strong>do</strong></strong> Português<br />

Como já foi referi<strong>do</strong>, a investigação cientifica <strong>de</strong>dicada a aspectos <strong>do</strong> marketing é muito<br />

<strong>de</strong>ficitária e não exist<strong>em</strong> estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>r, sen<strong>do</strong> por isso necessário procurar caracterizar o<br />

consumi<strong>do</strong>r português,: quais os seus hábitos <strong>de</strong> consumo, a forma como percepciona o vinho e o<br />

que este consi<strong>de</strong>ra como qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> vinho; que critérios utiliza para comprar o mesmo vinho ou<br />

sequer que factores influenciam a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> compra ou <strong>de</strong> escolha <strong>do</strong> produto.<br />

As fontes <strong>de</strong> conhecimento sobre consumi<strong>do</strong>res têm si<strong>do</strong> os enólogos, os produtores, os<br />

ven<strong>de</strong><strong>do</strong>res, os promotores e os jornalistas, que por aparent<strong>em</strong>ente ser<strong>em</strong> agrega<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

informação, são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s autorida<strong>de</strong>s e influencia<strong>do</strong>res <strong>do</strong> comportamento <strong>do</strong> próprio merca<strong>do</strong>,<br />

mas na realida<strong>de</strong> o conhecimento sobre o consumi<strong>do</strong>r que possu<strong>em</strong> são apenas percepções ou<br />

29


conhecimento <strong>em</strong>pírico. A distância que existe entre a maioria <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res e os produtores é<br />

<strong>de</strong>masia<strong>do</strong> gran<strong>de</strong>, acarretan<strong>do</strong> por isso alguns riscos e que até são visíveis - a diminuição <strong>do</strong><br />

consumo total e per capita, são ex<strong>em</strong>plos disso mesmo. A nível <strong>do</strong>s esforços <strong>de</strong> Marketing, a<br />

publicida<strong>de</strong> ao vinho é pouca, quan<strong>do</strong> a comparamos com a publicida<strong>de</strong> existente a outras bebidas.<br />

Há pouca informação disponível para o consumi<strong>do</strong>r, apenas as gran<strong>de</strong>s <strong>em</strong>presas têm orçamento<br />

para investir<strong>em</strong> nesta área. Assim a maior parte da promoção é feita por associações e outras<br />

entida<strong>de</strong>s responsáveis pela promoção. Esta promoção é muita vezes levada a cabo ao nível <strong>de</strong><br />

região ou tipo <strong>de</strong> vinho, <strong>no</strong> caso <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> Ver<strong>de</strong>, o que <strong>de</strong> certa forma é insuficiente quan<strong>do</strong> se ven<strong>de</strong><br />

um produto <strong>de</strong> características tão diferenciadas, mesmo quan<strong>do</strong> é produzi<strong>do</strong> na mesma região, com o<br />

mesmo tipo <strong>de</strong> uva, etc..<br />

Outras razões que <strong>no</strong>s distingu<strong>em</strong> <strong>de</strong> países como a Austrália e os Esta<strong>do</strong> Uni<strong>do</strong>s, que têm<br />

uma abordag<strong>em</strong> muito mais científica <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> Marketing <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong>, têm que ver com o facto <strong>do</strong>s<br />

seus merca<strong>do</strong>s se ter<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> recent<strong>em</strong>ente, o que possibilitou uma abordag<strong>em</strong> mais<br />

mo<strong>de</strong>rna ao Marketing, mas também porque os seus consumi<strong>do</strong>res inter<strong>no</strong>s se distingu<strong>em</strong><br />

claramente <strong>do</strong>s europeus e <strong>do</strong>s portugueses, primeiro, por consumir<strong>em</strong> muito me<strong>no</strong>s quantida<strong>de</strong> e<br />

<strong>em</strong> segun<strong>do</strong> porque não têm uma tradição <strong>do</strong> seu consumo. A agressivida<strong>de</strong> com que outros países<br />

tratam o merca<strong>do</strong> também terá que ver com os seus merca<strong>do</strong>s exter<strong>no</strong>s, que adquir<strong>em</strong> uma<br />

expressão muito importante <strong>no</strong>s volumes <strong>de</strong> vendas, o que não acontece <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

No entanto, muito <strong>em</strong>bora existam diferenças entre comportamentos <strong>de</strong> consumo, o certo é<br />

que a análise <strong>de</strong> pesquisas feitas <strong>no</strong>utros países terá s<strong>em</strong>pre o seu interesse, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> por isso ser<br />

objecto <strong>de</strong> reflexão.<br />

Cultura e Conhecimento<br />

Ten<strong>do</strong> constata<strong>do</strong> que a produção <strong>de</strong> vinho mu<strong>do</strong>u tanto <strong>em</strong> cerca <strong>de</strong> 30 a<strong>no</strong>s, que é natural<br />

que o seu consumo, <strong>em</strong> qualida<strong>de</strong> e quantida<strong>de</strong> também. Culturalmente uma bebida que acompanha<br />

a refeição ou até vista como um alimento, o vinho <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> s<strong>em</strong>pre esteve presente <strong>no</strong>s hábitos<br />

portugueses, o que não quer dizer que os portugueses sejam cultos <strong>em</strong> assuntos vínicos ou sequer<br />

que o conheçam b<strong>em</strong> ou ainda, que mantenham uma relação <strong>de</strong> fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> que dispense qualquer<br />

esforço comercial por parte <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> o ven<strong>de</strong>.<br />

Na realida<strong>de</strong>, os a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> marasmo <strong>em</strong> que o sector viveu serviram para <strong>de</strong>saculturar os<br />

consumi<strong>do</strong>res, o que, por um la<strong>do</strong>, se provou ser benéfico para os produtores, porque a procura por<br />

vinhos estrangeiros s<strong>em</strong>pre se manteve incipiente, por outro colocou-os numa posição <strong>de</strong> risco,<br />

permeáveis às campanhas agressivas <strong>do</strong>s produtores <strong>de</strong> cerveja e <strong>de</strong> outros produtos substitutos e<br />

ainda à possibilida<strong>de</strong> da entrada <strong>de</strong> vinhos estrangeiros <strong>no</strong> país, que ainda não aconteceu, mas que<br />

po<strong>de</strong> b<strong>em</strong> vir a acontecer. Esta última situação po<strong>de</strong>rá acontecer porque, <strong>em</strong> especial os <strong>Vinho</strong>s <strong>do</strong><br />

Novo Mun<strong>do</strong>, assim chama<strong>do</strong>s para ser<strong>em</strong> diferencia<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s produzi<strong>do</strong>s <strong>no</strong>s países europeus,<br />

países <strong>de</strong> tradição vitivinicola, são vinhos extr<strong>em</strong>amente fáceis <strong>de</strong> beber, a<strong>do</strong>cica<strong>do</strong>s e fruta<strong>do</strong>s, b<strong>em</strong><br />

ao gosto <strong>de</strong> um consumi<strong>do</strong>r com um palato pouco ensina<strong>do</strong>. Por ser<strong>em</strong> produzi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma massiva<br />

e industrial, com pouco recurso a mão-<strong>de</strong>-obra ating<strong>em</strong> preços muito baixos e como actualmente se<br />

30


vive uma situação <strong>de</strong> excesso <strong>de</strong> produção (Aylward, 2007), os distribui<strong>do</strong>res po<strong>de</strong>rão virar-se para<br />

merca<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res alternativos <strong>do</strong>s habituais, como é o caso <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

Em to<strong>do</strong> o caso, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1965 até 2007, t<strong>em</strong>os assisti<strong>do</strong> a importantes mudanças <strong>no</strong>s padrões<br />

<strong>de</strong> consumo, começan<strong>do</strong> pelo consumo capital, que diminui para meta<strong>de</strong> nestes a<strong>no</strong>s. Diversos<br />

factores influenciam este fenóme<strong>no</strong>, a entrada <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos produtos substitutos, como a cerveja e os<br />

refrigerantes, ou mesmo a água engarrafada, passaram a ser incluí<strong>do</strong>s na rotina habitual <strong>do</strong>s<br />

consumi<strong>do</strong>res portugueses, a alteração profunda das condições <strong>de</strong> vida, o acesso à informação, o<br />

acesso à educação e à saú<strong>de</strong> alteraram os hábitos. Mais recent<strong>em</strong>ente, todas as campanhas <strong>de</strong><br />

consciencialização para o consumo racional <strong>de</strong> bebidas alcoólicas e o seu efeito na condução, aliada<br />

a uma melhor fiscalização <strong>do</strong>s condutores, contribuíram para esta mudança <strong>de</strong> hábitos.<br />

A verda<strong>de</strong> é que a melhoria na qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s vinhos po<strong>de</strong> ser atríbuida à configuração <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>is factores, ao aumento da exigência <strong>no</strong>s consumi<strong>do</strong>res e/ou <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao esforço <strong>do</strong>s produtores.<br />

Certo, é que se passou a beber me<strong>no</strong>s, mas melhor.<br />

Em relação a fontes <strong>de</strong> conhecimento, <strong>Portugal</strong>, neste momento conta com algumas<br />

publicações sobre vinhos; sen<strong>do</strong> a mais antiga a “Revista <strong>de</strong> <strong>Vinho</strong>s”, <strong>no</strong> entanto há varia<strong>do</strong>s sites<br />

com informações disponíveis para o consumi<strong>do</strong>r que gosta <strong>de</strong> informação e que a procura. Sen<strong>do</strong><br />

este um ponto <strong>de</strong> alguma importância, por ser um factor condiciona<strong>do</strong>r; é o consumi<strong>do</strong>r que t<strong>em</strong> que<br />

procurar a informação, o que não estimula ao interesse por este t<strong>em</strong>a por parte <strong>de</strong> pessoas que não<br />

estão <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> assunto. No entanto, a falta <strong>de</strong> cultura <strong>no</strong> consumo t<strong>em</strong>-se esbati<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong>s<br />

últimos a<strong>no</strong>s e hoje <strong>em</strong> dia há alguma procura por informação relativa aos assuntos <strong>do</strong> vinho. São já<br />

comum as feiras <strong>do</strong>s hipermerca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vinhos, há programas televisivos e artigos <strong>em</strong> revistas<br />

generalistas, assim como alguns festivais <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s ao t<strong>em</strong>a. A Vini<strong>Portugal</strong> t<strong>em</strong> com<strong>em</strong>ora<strong>do</strong> <strong>no</strong>s<br />

últimos a<strong>no</strong>s o último Domingo <strong>de</strong> Junho como o Dia <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> e espera vê-lo reconheci<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma<br />

oficial, como mais uma forma <strong>de</strong> dar mais visibilida<strong>de</strong> a este produto.<br />

No entanto, é fácil observar que os consumi<strong>do</strong>res gostam <strong>de</strong> conversar sobre o assunto;<br />

começam a reconhecer castas e a <strong>de</strong>senvolver preferências por regiões, marcas e até enólogos. Mas<br />

até que ponto este conhecimento será tangível e que influência t<strong>em</strong>, e o que será a qualida<strong>de</strong> para a<br />

generalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res portugueses. Estas são questões que carec<strong>em</strong> <strong>de</strong> um estu<strong>do</strong> mais<br />

aprofunda<strong>do</strong>.<br />

O Sector <strong>em</strong> Números*<br />

Produção<br />

<strong>Portugal</strong> possui 240.000 ha <strong>de</strong> vinha plantada e foi responsável <strong>em</strong> 2007 pela produção <strong>de</strong><br />

7.553 milhares <strong>de</strong> hectolitros (mhl). Em média, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1997, produziram-se cerca <strong>de</strong> 7.450 mhl, com<br />

uma amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> produções muito elevada, com os totais a oscilar entre os magros 3.750 mhl <strong>de</strong><br />

1998 e os 9.712 mhl <strong>de</strong> 1996, incluin<strong>do</strong> os vinhos da Ma<strong>de</strong>ira e Porto. Valores que tornam o <strong>no</strong>sso<br />

país <strong>no</strong> 5º maior produtor europeu e <strong>no</strong> 10º maior produtor mundial.<br />

31


Do total da produção, usan<strong>do</strong> como referência a campanha <strong>de</strong> 2005/2006, trinta e quatro por<br />

cento <strong>do</strong> vinho era branco e os restantes sessenta e seis por cento eram tintos ou rosé. Desta mesma<br />

campanha, <strong>de</strong>za<strong>no</strong>ve por cento <strong>do</strong>s vinhos classificavam-se como vinho regional, trinta e quatro por<br />

cento como V.Q.P.R.D., treze por cento diziam respeito a V.L.Q.P.R.D. e os r<strong>em</strong>anescentes trinta e<br />

quatro por cento eram classifica<strong>do</strong>s como vinho <strong>de</strong> mesa.<br />

Olhan<strong>do</strong> para a distribuição da produção <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o tipo <strong>de</strong> <strong>em</strong>presa, observa-se que,<br />

<strong>em</strong> média, cerca <strong>de</strong> cinquenta por cento da produção <strong>do</strong> país é assegurada por produção associada,<br />

na centena <strong>de</strong> a<strong>de</strong>gas cooperativas existente <strong>no</strong> <strong>no</strong>sso país, isto apesar <strong>do</strong> aumento das <strong>em</strong>presas<br />

<strong>de</strong> produção privada, especialmente <strong>no</strong> formato <strong>de</strong> quinta à s<strong>em</strong>elhança da Quinta <strong>do</strong> Falcão. O<br />

sector cooperativo é ainda, como espera<strong>do</strong>, responsável pela maioria da produção <strong>de</strong> vinho <strong>de</strong> mesa,<br />

cerca <strong>de</strong> sessenta por cento. Quanto ao sector priva<strong>do</strong> é o responsável pela maioria <strong>do</strong> V.Q.P.R.D.<br />

produzi<strong>do</strong>, com uma inversão <strong>de</strong> números <strong>em</strong> relação ao vinho <strong>de</strong> mesa, ou seja possui<strong>em</strong> sessenta<br />

por cento da produção <strong>de</strong>stes vinho <strong>de</strong> maior valor.<br />

Consumo<br />

O consumo inter<strong>no</strong> é uma estatística <strong>de</strong> elevada importância porque <strong>no</strong>s permite ter uma<br />

<strong>no</strong>ção da dimensão <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e foi <strong>em</strong> 2006 <strong>de</strong> 5.690 mhl, o que correspon<strong>de</strong> a setenta e seis por<br />

cento da produção <strong>de</strong>sse a<strong>no</strong>, <strong>em</strong>bora <strong>de</strong>sse volume, cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>za<strong>no</strong>ve por cento correspon<strong>de</strong>u a<br />

vinho com <strong>de</strong>sti<strong>no</strong> a transformação e perdas.<br />

Quanto à comparação das capitações <strong>de</strong> consumo <strong>do</strong>s portugueses versus os <strong>no</strong>sso<br />

parceiros comunitários e restante Mun<strong>do</strong>. <strong>Portugal</strong> s<strong>em</strong>pre apresentou uma das maiores capitações<br />

ao nível mundial, muito <strong>em</strong>bora o consumo por habitante tenha <strong>de</strong>sci<strong>do</strong> para meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1965, isto<br />

aconteceu, pela mudança <strong>no</strong>s hábitos <strong>de</strong> consumo e <strong>de</strong> vida <strong>do</strong>s Portugueses e pela pressão que<br />

outros produtos substitutos têm <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> vinho, com a cerveja a encabeçar a preferência <strong>do</strong>s<br />

portugueses, com uma capitação <strong>de</strong> 65,4l <strong>em</strong> 2008. Na Europa, o português é o quarto maior<br />

consumi<strong>do</strong>r, fican<strong>do</strong> atrás da França, Itália e Lux<strong>em</strong>burgo, on<strong>de</strong> o consumo per capita é o mais<br />

eleva<strong>do</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, aliás o primeiro país não europeu que aparece <strong>no</strong> ranking <strong>do</strong> consumo per capita,<br />

fá-lo <strong>no</strong> décimo lugar, trantan<strong>do</strong>-se da Argentina.<br />

Exportação<br />

No que respeita à exportação <strong>de</strong> vinhos, <strong>Portugal</strong> exporta cerca <strong>de</strong> um terço da sua produção<br />

para os mais diversos países e está presente <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os continentes. Retiran<strong>do</strong> os vinhos da<br />

Ma<strong>de</strong>ira e <strong>do</strong> Porto, o seu maior importa<strong>do</strong>r é Angola, quer <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> valor, quer <strong>em</strong> termos <strong>de</strong><br />

volume. Tiran<strong>do</strong> o primeiro lugar, a lista <strong>do</strong>s <strong>de</strong>z maiores importa<strong>do</strong>res muda muito, consoante se<br />

analise o valor ou o volume <strong>de</strong> vinho transacciona<strong>do</strong>. O que quer dizer que há certos países que<br />

importam vinho <strong>de</strong> maior qualida<strong>de</strong>, casos <strong>do</strong> Rei<strong>no</strong> Uni<strong>do</strong>, E.U.A., Suiça e Suécia e países que<br />

importam vinho <strong>de</strong> pior qualida<strong>de</strong> ou valor acrescenta<strong>do</strong>, casos da Al<strong>em</strong>anha, Itália e Moçambique.<br />

Em termos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s alterações nas exportações, observa-se que há gran<strong>de</strong>s flutuações nas<br />

32


exportações para o Japão, que <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser um gran<strong>de</strong> importa<strong>do</strong>r, gran<strong>de</strong>s flutuações para a<br />

Grécia, que passa <strong>de</strong> 40.882 mhl <strong>em</strong> 2003 para apenas 513 mhl <strong>em</strong> 2004, para a Espanha e mesmo<br />

para Itália e França registam-se gran<strong>de</strong>s diferenças <strong>de</strong> a<strong>no</strong> para a<strong>no</strong>. O que po<strong>de</strong>rá indiciar a<br />

existência <strong>de</strong> modas nestes merca<strong>do</strong>s ou talvez tenha havi<strong>do</strong> diferenças na promoção <strong>do</strong>s vinhos<br />

Portugueses nestes merca<strong>do</strong>s, o que t<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre influência num produto como este, tão permeável a<br />

tendências, modas, marcas e outros fenóme<strong>no</strong>s pouco tangíveis.<br />

Importações<br />

Quanto às importações, representam cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>zassete por cento <strong>do</strong> consumo nacional,<br />

com um volume importa<strong>do</strong> <strong>de</strong> 914 mhl <strong>em</strong> 2006. Os principais merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>, <strong>em</strong> termos <strong>de</strong><br />

volume, são a Espanha, Itália, Al<strong>em</strong>anha, França e a Dinamarca e <strong>de</strong>stes os quatro primeiros<br />

mantêm-se na lista <strong>do</strong>s cinco maiores exporta<strong>do</strong>res <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> valor.<br />

*-Fonte <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s IVV e INE<br />

3.Ritmo da mudança tec<strong>no</strong>lógica<br />

Nas últimas décadas, especialmente com a entrada <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> mundial <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s<br />

vinhos <strong>do</strong> <strong>no</strong>vo-mun<strong>do</strong> t<strong>em</strong>os assisti<strong>do</strong> a uma utilização mais exaustiva da tec<strong>no</strong>logia ao invés <strong>do</strong>s<br />

méto<strong>do</strong>s tradicionais. Contrariamente aos produtores <strong>do</strong> velho continente, estes “recém-chega<strong>do</strong>s”<br />

não tinham qualquer infra-estrutura montada ou vinha plantada quan<strong>do</strong> começaram a produzir vinhos<br />

<strong>em</strong> gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>. O começo da produção <strong>de</strong> vinho nestes países: Esta<strong>do</strong> Uni<strong>do</strong>s da América,<br />

Austrália, África <strong>do</strong> Sul, Chile, entre outros; começou muitas vezes com <strong>em</strong>igrantes europeus que<br />

s<strong>em</strong>pre tiveram uma ligação ao vinho e muitas vezes cultivavam uma pequena vinha para consumo<br />

próprio. Ora, alia<strong>do</strong> a esta paixão, já que há s<strong>em</strong>pre qualquer <strong>em</strong>oção ligada ao vinho, juntou-se o<br />

espirito <strong>em</strong>preen<strong>de</strong><strong>do</strong>r tão característico <strong>do</strong>s <strong>em</strong>igrantes nestes “<strong>no</strong>vos” países que se tornaram<br />

bastante <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s e industrializa<strong>do</strong>s. On<strong>de</strong> uma cultura <strong>de</strong> <strong>em</strong>preen<strong>de</strong><strong>do</strong>rismo e i<strong>no</strong>vação,<br />

impeliu os produtores, que souberam aplicar à produção vitivinícola os príncipios <strong>de</strong> gestão mo<strong>de</strong>rna<br />

e as práticas <strong>de</strong> produção industriais, atingin<strong>do</strong> gran<strong>de</strong>s volumes <strong>de</strong> produção e rendimento com<br />

níveis <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> aceitável. Qualida<strong>de</strong>, fruto muitas vezes <strong>de</strong> um maior controlo <strong>do</strong>s processos,<br />

factor essencial para se conseguir um vinho com qualida<strong>de</strong>.<br />

No entanto, os maiores feitos tec<strong>no</strong>lógicos não têm orig<strong>em</strong> nestes países, gran<strong>de</strong>s passos<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento tec<strong>no</strong>lógico <strong>de</strong>ste sector foram da<strong>do</strong>s na Europa <strong>no</strong> geral e <strong>em</strong> França,<br />

especialmente, que continua apostada <strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimento das várias tec<strong>no</strong>logias que ro<strong>de</strong>iam a<br />

produção vitivinicola. Aliás, prova disso é que a maioria <strong>do</strong>s equipamentos que equipam a maioria<br />

das a<strong>de</strong>gas mundiais t<strong>em</strong> orig<strong>em</strong> <strong>em</strong> França ou Itália.<br />

Não se po<strong>de</strong> dizer que o ritmo <strong>de</strong> mudança tec<strong>no</strong>lógica seja muito gran<strong>de</strong> neste sector, n<strong>em</strong><br />

tão pouco po<strong>de</strong>rá haver receios <strong>de</strong> revoluções ou mudanças <strong>de</strong> paradigmas tec<strong>no</strong>lógicos. Entenda-se<br />

que maior parte das mudanças têm a ver com processos fáceis <strong>de</strong> implantar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se esteja<br />

33


atento a estas mudanças. Veja-se o caso da Quinta <strong>do</strong> Falcão, que como possui uma a<strong>de</strong>ga recente,<br />

o grosso das <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias são já utilizadas e o equipamento <strong>de</strong> vinificação possui as<br />

características mais sofisticadas. De seguida ir<strong>em</strong>os <strong>de</strong>screver os aspectos e as tendências que os<br />

<strong>de</strong>senvolvimentos têm segui<strong>do</strong>, até para melhor se perceber <strong>do</strong> que até aqui se t<strong>em</strong> fala<strong>do</strong>.<br />

Actualmente e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há alguns a<strong>no</strong>s, os gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvimentos que se têm feito, têm a<br />

ver com o controlo da fermentação, e que se faz, essencialmente, com cubas e outros equipamentos<br />

que controlam a t<strong>em</strong>peratura. A manutenção <strong>de</strong> uma t<strong>em</strong>peratura óptima é essencial para assegurar<br />

uma boa fermentação e foi a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste controlo que <strong>de</strong> certa forma revolucio<strong>no</strong>u o mun<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Vinho</strong>. Isto porque a qualida<strong>de</strong> que se consegue pelo controlo da t<strong>em</strong>peratura é extraordinária. De<br />

tal or<strong>de</strong>m, que dificilmente saberíamos apreciar um vinho corrente s<strong>em</strong> este processo. É fácil<br />

perceber que s<strong>em</strong> este controlo, os vinhos atingiriam gran<strong>de</strong>s t<strong>em</strong>peraturas, o que <strong>de</strong>strói muitos<br />

compostos aromáticos e aumenta os riscos <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação <strong>do</strong> vinho, já que a subida <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura<br />

provoca outras reacções quimicas. Com este controlo <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura e consequent<strong>em</strong>ente da<br />

fermentação é ainda possível o controlo da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> açúcares residuais e <strong>do</strong> grau alcoólico.<br />

A utilização <strong>de</strong> compostos enzimáticos e químicos, que melhoram os vinhos, também se têm<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> bastante. Estas substâncias asseguram a manutenção <strong>do</strong>s compostos responsáveis<br />

pelos aromas, eliminam ou minimizam as substâncias in<strong>de</strong>sejadas, promov<strong>em</strong> a longevida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

vinho, imputam caracteristicas ao vinho (cor, aci<strong>de</strong>z, p.e.), etc.<br />

Começam, também, a aparecer <strong>no</strong>vos méto<strong>do</strong>s físico-quimicos, especialmente, com a<br />

utilização <strong>de</strong> sofísticadas m<strong>em</strong>branas, geralmente, utilizadas com os mesmos propósitos que os<br />

compostos enzimáticos e quimicos.<br />

Algumas práticas e<strong>no</strong>lógicas interessantes têm si<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvidas: como a adição <strong>de</strong> aparas<br />

<strong>de</strong> carvalho, para arre<strong>do</strong>ndar certos vinhos, ou a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> r<strong>em</strong>ontag<strong>em</strong> na produção <strong>de</strong> tintos,<br />

que consiste na aspersão <strong>de</strong> liqui<strong>do</strong> por cima <strong>do</strong> mosto, que se acumula à superficie, para <strong>de</strong>le se<br />

retirar<strong>em</strong> aromas e cor, ou ainda os progressos efectua<strong>do</strong>s na eliminação da utilização <strong>do</strong>s sulfatos<br />

<strong>no</strong> vinho - responsáveis pela sensação <strong>de</strong> <strong>do</strong>r <strong>de</strong> cabeça, <strong>em</strong> alguns consumi<strong>do</strong>res mais sensíveis ou<br />

ainda quan<strong>do</strong> se bebe vinho <strong>em</strong> excesso.<br />

Voltan<strong>do</strong> à produção <strong>de</strong> vinhos <strong>do</strong> <strong>no</strong>vo-mun<strong>do</strong> e <strong>do</strong> que <strong>de</strong>la sobressai, especialmente na<br />

Austrália e Califórnia, o que resta referir é a intensa utilização <strong>de</strong> maquinaria e consequente reduzida<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra na vinha. Neste caso, a tec<strong>no</strong>logia é mais dificil <strong>de</strong> implantar, primeiro<br />

pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> eleva<strong>do</strong> capital e segun<strong>do</strong>, pelo facto das vinhas ter<strong>em</strong> que estar <strong>de</strong>vidamente<br />

implantadas, com um layout planea<strong>do</strong>, para a utilização eficiente <strong>de</strong>stes equipamentos.<br />

No entanto, para o tipo <strong>de</strong> produção, não intensiva, <strong>de</strong> que é ex<strong>em</strong>plo a Quinta <strong>do</strong> Falcão,<br />

estes equipamentos não são <strong>de</strong> forma alguma factores <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> acrescida, até porque há<br />

diferentes castas plantadas, que têm diferentes t<strong>em</strong>pos <strong>de</strong> maturação e que tornam possível a<br />

dilatação <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> colheita. Além disso, a utilização <strong>de</strong> maquinaria traz algum <strong>de</strong>sperdicio. Por<br />

ex<strong>em</strong>plo, a máquina que a Quinta <strong>do</strong> Falcão possui, <strong>de</strong>ixa cerca <strong>de</strong> três a cinco por cento <strong>do</strong> total <strong>de</strong><br />

frutos (valor observa<strong>do</strong> in situ) nas cepas.<br />

34


4.I<strong>no</strong>vação<br />

O <strong>no</strong>sso país não t<strong>em</strong> conheci<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação por parte <strong>do</strong> sector, excepto <strong>no</strong>s últimos<br />

a<strong>no</strong>s, isto porque o merca<strong>do</strong> começou a mudar e o consumo per capita a <strong>de</strong>crescer, alguns<br />

produtores passaram a ter uma atitu<strong>de</strong> mais activa e começaram a investir, especialmente, <strong>no</strong><br />

marketing e na comercialização. Começaram a estar mais atentos ao merca<strong>do</strong> e aos sinais que este<br />

<strong>em</strong>itia. Com o lançamento <strong>de</strong> campanhas publicitárias b<strong>em</strong> direccionadas, começaram a explorar<br />

nichos, como é o caso <strong>do</strong> nicho gourmet ou das mulheres.<br />

Os merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> países tradicionalmente produtores <strong>de</strong> vinho eram reconheci<strong>do</strong>s como<br />

bastante estáveis, por isso, a i<strong>no</strong>vação, quan<strong>do</strong> comparada com o que se faz <strong>no</strong>utros países, é ainda<br />

limitada <strong>em</strong> termos <strong>do</strong> objecto <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação, geralmente ligada a aspectos da produção, e algo<br />

conserva<strong>do</strong>ra. No entanto, os hábitos <strong>de</strong> consumo têm-se altera<strong>do</strong> muito nestes países e a I<strong>no</strong>vação<br />

revela-se muito necessária e essencial <strong>no</strong> futuro. Até porque, há espaço para <strong>no</strong>vos produtos que<br />

têm como base vinho ou outros tipos <strong>de</strong> vinho, basta observar a aposta <strong>do</strong>s produtores <strong>em</strong> vinhos<br />

Rosés.<br />

A i<strong>no</strong>vação também t<strong>em</strong> passa<strong>do</strong> pela ampliação <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> produto, com certos<br />

produtores a oferecer um produto alarga<strong>do</strong> com serviços e outros produtos <strong>de</strong> certa forma<br />

compl<strong>em</strong>entares ao vinho, e que é um <strong>do</strong>s objectivos da Casa Agrícola, procurar conjugar o seu<br />

vinho com turismo e produtos artesanais. No fun<strong>do</strong>, i<strong>no</strong>var na comercialização.<br />

Alguns produtores também têm aposta<strong>do</strong> <strong>em</strong> produtos i<strong>no</strong>va<strong>do</strong>res, à s<strong>em</strong>elhança <strong>do</strong> que<br />

encontramos <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> internacional, com o lançamento <strong>de</strong> produtos tão i<strong>no</strong>va<strong>do</strong>res, como vinhos<br />

com baixo teor alcoólico, vinhos s<strong>em</strong> álcool ou refrigerantes à base <strong>de</strong> vinho; s<strong>em</strong> <strong>no</strong> entanto<br />

constituír<strong>em</strong> o standard <strong>do</strong> sector, mas sim a excepção num sector on<strong>de</strong> o conserva<strong>do</strong>rismo marca a<br />

acção das <strong>em</strong>presas.<br />

5.Diversificação<br />

No caso das pequenas e médias <strong>em</strong>presas, a diversificação acaba por ser uma estratégia <strong>de</strong><br />

diminuição <strong>de</strong> risco da concentração numa área <strong>de</strong> negócio, que é natural para muitas <strong>de</strong>stas<br />

<strong>em</strong>presas, porque t<strong>em</strong> a ver com a tradição <strong>de</strong> produção agrícola como vimos o ex<strong>em</strong>plo da Quinta<br />

<strong>do</strong> Falcão.<br />

Produzir vários produtos é uma táctica <strong>de</strong> diversificação usual para muitas das pequenas<br />

<strong>em</strong>presas e o aumento da área plantada n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre se prova uma boa opção, na medida <strong>em</strong> que<br />

após a plantação das cepas, é necessário esperar cinco a<strong>no</strong>s até que as uvas estejam prontas a<br />

ser<strong>em</strong> utilizadas para a produção <strong>do</strong> vinho, o que significa cinco a<strong>no</strong>s s<strong>em</strong> rendimento duma área <strong>de</strong><br />

produção útil. Mesmo <strong>no</strong> caso das <strong>em</strong>presas produtoras <strong>de</strong> vinho e <strong>de</strong> uva, estas muitas vezes, n<strong>em</strong><br />

possu<strong>em</strong> capacida<strong>de</strong> sobrante <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> vinho, como é o caso da Quinta <strong>do</strong> Falcão, que<br />

quan<strong>do</strong> t<strong>em</strong> um excesso <strong>de</strong> produção, ven<strong>de</strong> as uvas a um compra<strong>do</strong>r exter<strong>no</strong>, que efectua ele<br />

próprio a vindima.<br />

35


Para além <strong>do</strong>s produtos agrícolas e outras activida<strong>de</strong>s agrícolas e veja-se o ex<strong>em</strong>plo da<br />

Quinta <strong>do</strong> Falcão, a diversificação t<strong>em</strong> passa<strong>do</strong> pela inclusão <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> turismo rural ou<br />

e<strong>no</strong>turismo.<br />

6.Segmentação<br />

6.1.I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> Segmentos e Nichos <strong>de</strong> <strong>Merca<strong>do</strong></strong> - Enquadramento Teórico<br />

O tratamento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> como um to<strong>do</strong> é muitas vezes uma fonte <strong>de</strong> ineficência e por vezes<br />

um erro craso na estratégia da <strong>em</strong>presa. N<strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os merca<strong>do</strong> são homogéneos, ou seja, n<strong>em</strong><br />

to<strong>do</strong>s os consumi<strong>do</strong>res que constitu<strong>em</strong> esse merca<strong>do</strong> têm necessida<strong>de</strong>s, gosto, oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

compra, etc. iguais. Sen<strong>do</strong> impossível fazer um marketing único e exclusivo, ou seja a<strong>de</strong>quar os<br />

produtos, a promoção, a distribuição e o preço (os 4 p´s usuais) para cada consumi<strong>do</strong>r singular, há-<br />

que tentar i<strong>de</strong>ntificar na totalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> segmentos ou nichos <strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>res que partilh<strong>em</strong><br />

necessida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>sejos.<br />

A ineficiência nasce <strong>do</strong>s esforços <strong>de</strong>snecessários que a <strong>em</strong>presa <strong>de</strong>spen<strong>de</strong> <strong>em</strong> produtos que<br />

não têm procura, <strong>em</strong> campanhas publicitárias que se provam ineficazes porque simplesmente a<br />

<strong>em</strong>presa trata o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma indiferenciada não perceben<strong>do</strong> que ao invés <strong>de</strong> massificar a sua<br />

oferta, <strong>de</strong>veria procurar, sim, ajustá-la para ir <strong>de</strong> encontro a alguns grupos <strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>res.Por<br />

vezes o erro é tão gran<strong>de</strong> que as <strong>em</strong>presas acabam por falhar totalmente, não conseguin<strong>do</strong> <strong>de</strong>senhar<br />

o seu produto e consequentes estratégias para apelar a qualquer tipo <strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>r, tentam tanto<br />

agradar a to<strong>do</strong>s que não há nenhum que esteja satisfeito.<br />

Este tipo <strong>de</strong> estratégia, é bastante eficaz <strong>em</strong> conseguir perceber melhor o que o consumi<strong>do</strong>r<br />

<strong>de</strong>seja, porque o consumi<strong>do</strong>r e o potencial consumi<strong>do</strong>r estão i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s e saben<strong>do</strong> qu<strong>em</strong> eles são<br />

e como se comportam, mais focadas se tornam as tácticas e práticas da <strong>em</strong>presa. É fácil <strong>de</strong> perceber<br />

a vantag<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma actuação <strong>de</strong>dicada, <strong>no</strong> entanto, esta é uma prática que não traz soluções<br />

milagrosas. Embora partilh<strong>em</strong> características, estilos <strong>de</strong> vida, preferências, gostos, etc., os<br />

consumi<strong>do</strong>res não são to<strong>do</strong>s iguais e por muito que se tente fazer uma i<strong>de</strong>ntificação rigorosa, esta<br />

nunca <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> ser, <strong>em</strong> parte, ficcionada <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> <strong>em</strong> que cabe a um opera<strong>do</strong>r huma<strong>no</strong>, uma<br />

pessoa com experiência na área, a observação e a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>stes segmentos. Caben<strong>do</strong> a esta,<br />

ou estas, pessoas i<strong>de</strong>ntificar quais as características intrísecas aos consumi<strong>do</strong>res que acabam por ter<br />

um papel importante <strong>no</strong> processo <strong>de</strong>cisional <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, quer sejam aspectos <strong>de</strong>mográficos,<br />

geográficos, sociais, económicos ou comportamentais.<br />

Quanto aos nichos <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>, estes são subsegmentos <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>, ainda mais foca<strong>do</strong>s e<br />

b<strong>em</strong> <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s. Num nicho <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>, os consumi<strong>do</strong>res têm um procura claramente distinta <strong>do</strong>s<br />

restantes consumi<strong>do</strong>res e muitas vezes mostram-se dispostos a pagar um prémio extra para que as<br />

suas necessida<strong>de</strong>s sejam satisfeitas. Embora mais peque<strong>no</strong>s, os nichos são muitas vezes atraentes<br />

porque não são explora<strong>do</strong>s por outros competitores, que n<strong>em</strong> têm interesse <strong>em</strong> o fazer e ainda pela<br />

sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento e valor marginal.<br />

Após a i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s segmentos e nichos <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>, cabe à Gestão, a <strong>de</strong>cisão sobre<br />

que segmentos <strong>de</strong>ve a <strong>em</strong>presa actuar. Este também é um ponto importante da<strong>do</strong> que os recursos<br />

36


são geralmente escassos e po<strong>de</strong> até dar-se o caso <strong>em</strong> que a actuação sobre <strong>do</strong>is ou mais segmentos<br />

se revele incompatível, <strong>no</strong> entanto, mesmo neste caso há formas diversas <strong>de</strong> ultrapassar a questão.<br />

Como a criação <strong>de</strong> marcas distintas ou mesmo <strong>em</strong>presas diferentes que operam para diferentes<br />

segmentos.<br />

6.2.Segmentação Proposta<br />

O vinho é um produto cuja qualida<strong>de</strong> percebida <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> vários factores intangíveis;<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> muito <strong>do</strong> gosto e <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> conhecimento <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, tornan<strong>do</strong>-se díficil segmentar o<br />

merca<strong>do</strong> dada a sua heterogeneida<strong>de</strong>, <strong>no</strong> entanto com base na observação <strong>do</strong> comportamento <strong>do</strong>s<br />

consumi<strong>do</strong>res e das ofertas e comportamento das <strong>em</strong>presas concorrentes é possível i<strong>de</strong>ntificar<br />

alguns segmentos e até nichos <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>.<br />

A estratégia <strong>de</strong> segmentação po<strong>de</strong> revelar-se interessante nas <strong>em</strong>presas produtoras <strong>de</strong> vinho,<br />

adquirin<strong>do</strong> maior importância nas mais pequenas, da<strong>do</strong> que <strong>no</strong>s encontramos num merca<strong>do</strong> muito<br />

concorrencial, com <strong>em</strong>presas muito distintas <strong>no</strong> que concerne a dimensão e valor da marca,<br />

tornan<strong>do</strong>-se díficil às pequenas <strong>em</strong>presas competir<strong>em</strong> com as gran<strong>de</strong>s se não se diferenciar<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

alguma maneira.<br />

A abordag<strong>em</strong> seguida permitiu, ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta as consi<strong>de</strong>rações sobre segmentação já<br />

existentes e já referidas <strong>no</strong> Esta<strong>do</strong> da Arte, <strong>em</strong> primeiro lugar, observar que gran<strong>de</strong>s segmentos <strong>de</strong><br />

consumi<strong>do</strong>res exist<strong>em</strong> e, <strong>em</strong> segun<strong>do</strong>, que características têm potencial para que a <strong>em</strong>presa as<br />

possa utilizar para orientar as suas estratégias.<br />

Assim, <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> português, a hipótese que levantamos é, a principal variável <strong>de</strong> segmentação<br />

é o preço a que os consumi<strong>do</strong>res estão dispostos a pagar, e isso terá que ver com a ocasião <strong>de</strong><br />

consumo e factores psicográficos, e <strong>em</strong> segun<strong>do</strong> pelo grau <strong>de</strong> conhecimento que estes possu<strong>em</strong>.<br />

Assim com base numa estratificação, que terá por base o preço, entrecruzámos estes estratos com o<br />

nível <strong>de</strong> conhecimentos e procurámos perceber e caracterizar estes segmentos. De salientar que o<br />

conhecimento sobre o produto é, há muito, aponta<strong>do</strong> como conceito chave <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão<br />

<strong>de</strong> consumo (Raju et al, 1993).<br />

Ou seja, o único factor inimutável será o seu nível <strong>de</strong> conhecimento, ao passo que o mesmo<br />

consumi<strong>do</strong>r po<strong>de</strong>rá escolher vinhos <strong>de</strong> diferente valor consoante a ocasião. O que <strong>no</strong>s interessa<br />

perceber é, manten<strong>do</strong> o nível <strong>de</strong> conhecimento, é, para cada gama <strong>de</strong> preços :<br />

1) como é que a <strong>de</strong>cisão é feita;<br />

2) para que ocasiões são selecciona<strong>do</strong>s;<br />

3) o que é que esperam <strong>do</strong> vinho.<br />

37


T<strong>em</strong>os assim como segmentação:<br />

Preço<br />

Médio<br />

Preço<br />

Médio-<br />

Alto<br />

Ocasional Pouco<br />

Conhece<strong>do</strong>r<br />

São consumi<strong>do</strong>res<br />

muito permeáveis a<br />

publicida<strong>de</strong>,<br />

conhec<strong>em</strong> poucos<br />

vinhos, só as marcas<br />

mais conhecidas. A<br />

maioria são jovens,<br />

que começaram a<br />

beber há pouco<br />

t<strong>em</strong>po. Prefer<strong>em</strong><br />

vinhos rosés, brancos<br />

e ver<strong>de</strong>s, vinhos mais<br />

“fáceis” <strong>de</strong> beber ou<br />

com aromas <strong>do</strong>ces.<br />

Há um gran<strong>de</strong> número<br />

<strong>de</strong> potenciais<br />

consumi<strong>do</strong>res<br />

frequentes neste<br />

grupo.<br />

Pouco relevantes.<br />

Luxo Pouco relevantes<br />

Frequente<br />

Pouco<br />

Conhece<strong>do</strong>r<br />

Consumi<strong>do</strong>res<br />

frequentes, beb<strong>em</strong><br />

à refeição.<br />

Reconhec<strong>em</strong> um<br />

mau vinho,<br />

distingu<strong>em</strong> poucos<br />

aromas. Compram<br />

pela marca, pelo<br />

preço e por<br />

opiniões <strong>de</strong><br />

terceiros.Conhece<br />

m algumas coisas<br />

básicas sobre<br />

e<strong>no</strong>logia,<br />

Consumi<strong>do</strong>res<br />

ocasionais <strong>de</strong><br />

vinhos <strong>de</strong>sta<br />

gama, compram<br />

<strong>em</strong> ocasiões<br />

especiais,<br />

reconhec<strong>em</strong> o<br />

vinho pelo seu<br />

preço ou pela<br />

marca. Não são<br />

capazes <strong>de</strong><br />

distinguir aromas.<br />

Compram por uma<br />

questão <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>monstração <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra.<br />

Tabela 1 - Segmentação proposta<br />

Interessa<strong>do</strong> Conhece<strong>do</strong>r<br />

Consegu<strong>em</strong> reconhecer<br />

um vinho s<strong>em</strong> qualida<strong>de</strong> e<br />

com qualida<strong>de</strong>. Tentam<br />

informar-se, lê<strong>em</strong> críticas<br />

<strong>de</strong> vinho.Gostam <strong>de</strong> ligar<br />

o vinho que beb<strong>em</strong> ao que<br />

com<strong>em</strong>.Tentam<br />

reconhecer os<br />

aromas.Conhec<strong>em</strong><br />

algumas castas.Estão<br />

familiariza<strong>do</strong>s com alguns<br />

conceitos <strong>de</strong> e<strong>no</strong>logia.<br />

Pertenc<strong>em</strong> à classe média<br />

e média-alta. São<br />

instruí<strong>do</strong>s. A escolha <strong>do</strong><br />

preço que estão dispostos<br />

a pagar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

ocasião a que se <strong>de</strong>stina o<br />

vinho.<br />

Compram <strong>em</strong> ocasiões<br />

especiais, para oferecer,<br />

por ex<strong>em</strong>plo. Po<strong>de</strong>m<br />

comprar para constituír<br />

uma garrafeira.<br />

Compram <strong>em</strong> ocasiões<br />

muito especiais.<br />

Segmento constituí<strong>do</strong> por<br />

enófilos convictos, que<br />

cultivam o seu gosto por<br />

vinhos. Já tiraram cursos<br />

sobre <strong>de</strong>gustação,<br />

reconhec<strong>em</strong> a maioria <strong>do</strong>s<br />

aromas, sab<strong>em</strong> <strong>de</strong>screver<br />

um vinho. Consegu<strong>em</strong><br />

comparar vinhos, lê<strong>em</strong><br />

literatura especializada.<br />

Sab<strong>em</strong> o que gostam <strong>de</strong><br />

beber. Têm castas<br />

favoritas. Conhec<strong>em</strong> as<br />

colheitas.São exigentes.<br />

Estão dispostos a pagar<br />

mais, pelo que sab<strong>em</strong> que<br />

têm qualida<strong>de</strong>. Não são<br />

permeáveis ao critério<br />

marca.<br />

São os maiores<br />

consumi<strong>do</strong>res neste<br />

segmento <strong>do</strong>s vinhos mais<br />

caros. Reconhec<strong>em</strong> o valor<br />

<strong>do</strong> vinho e as<br />

características únicas que<br />

tornam certos vinhos<br />

extraordinários atingi<strong>do</strong><br />

valores muito eleva<strong>do</strong>s.<br />

São colecciona<strong>do</strong>res,<br />

possu<strong>em</strong> a sua própria<br />

garrafeira.<br />

38


Analisan<strong>do</strong> estes segmentos, é fácil perceber que se torna difícil aproveitar as características<br />

<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s diferentes segmentos, a diferenciação assenta <strong>no</strong> interesse pelos vinhos,<br />

basicamente. Não há características isoladas, como, mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> vida, grau <strong>de</strong> instrução, <strong>de</strong>mografia,<br />

valores <strong>de</strong>fendi<strong>do</strong>s etc., que i<strong>de</strong>ntifiqu<strong>em</strong> os diferentes segmentos <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>. Torna-se assim mais<br />

dificil para as <strong>em</strong>presas construír<strong>em</strong> as suas estratégias para atingir<strong>em</strong> estes segmentos.No entanto,<br />

há ainda factores <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada segmento que a <strong>em</strong>presa po<strong>de</strong> utilizar para melhorar a sua<br />

performance, <strong>no</strong>meadamente ao nível da promoção <strong>do</strong>s vinhos.<br />

Haverá alguma forma <strong>de</strong> se vencer esta heterogeneida<strong>de</strong> <strong>no</strong> merca<strong>do</strong>, pensamos que sim,<br />

isto porque há alguns nichos <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> interessantes e poucos explora<strong>do</strong>s <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>s vinhos<br />

e mais fácilmente i<strong>de</strong>ntificáveis, que passar<strong>em</strong>os a apresentar.<br />

6.3.Nichos <strong>de</strong> <strong>Merca<strong>do</strong></strong><br />

i.Jovens Não consumi<strong>do</strong>res<br />

Os jovens que não consom<strong>em</strong> vinho ou só o faz<strong>em</strong> muito raramente são um nicho pouco<br />

explora<strong>do</strong> <strong>no</strong> <strong>no</strong>sso país. Seguin<strong>do</strong> a tendência geral <strong>no</strong>s países europeus produtores que é a dda<br />

diminuição <strong>do</strong> consumo <strong>de</strong> vinho <strong>do</strong>s jovens e a elevada penetração da cerveja e <strong>do</strong>s refrigerantes.<br />

As <strong>em</strong>presas cervejeiras, <strong>em</strong> partícular, têm investi<strong>do</strong> muito <strong>em</strong> publicida<strong>de</strong> e <strong>em</strong> acções<br />

promocionais, dirigidas a este alvo, como patrocínios a festivais <strong>de</strong> verão, etc. Esta agressivida<strong>de</strong><br />

t<strong>em</strong> da<strong>do</strong> frutos com a cerveja a revelar-se a preferência <strong>do</strong>s jovens <strong>em</strong> várias ocasiões que não a<br />

refeição. O sector <strong>do</strong> vinho, mais tradicional, t<strong>em</strong> <strong>de</strong>scura<strong>do</strong> este segmento quase por completo, não<br />

oferecen<strong>do</strong> produtos que apel<strong>em</strong> a este público ou com acções <strong>de</strong> promoção eficazes, o probl<strong>em</strong>a<br />

parece-<strong>no</strong>s terá a ver com o conserva<strong>do</strong>rismo existente e que criou a crença <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>dicação a<br />

este segmento será prejudicial para a imag<strong>em</strong> da <strong>em</strong>presa, o que até seria contornável com a criação<br />

<strong>de</strong> marcas próprias, até porque os produtos que apelam a este segmento são distintos <strong>do</strong>s restantes,<br />

respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> este segmento a produtos mais fáceis <strong>de</strong> beber, à s<strong>em</strong>elhança <strong>do</strong> que faz<strong>em</strong> as<br />

indústrias da cerveja e <strong>do</strong>s refrigerantes, com produtos que são bebi<strong>do</strong>s frescos, muitos são<br />

a<strong>do</strong>cica<strong>do</strong>s e com gás.<br />

ii.Jovens Mulheres<br />

Tradicionalmente, as mulheres consom<strong>em</strong> me<strong>no</strong>s vinho que os homens e quan<strong>do</strong> consom<strong>em</strong>,<br />

o <strong>de</strong>cisor geralmente é um hom<strong>em</strong>. No entanto, como <strong>em</strong> tantas outras situações, também isso está<br />

a mudar e ultimamente já se encontram certos vinhos construí<strong>do</strong>s para apelar ao palato f<strong>em</strong>ini<strong>no</strong>:<br />

vinhos brancos mais <strong>do</strong>ces com <strong>no</strong>tas <strong>de</strong> moscatel, vinhos rosés, etc. Assim como as promoções <strong>do</strong>s<br />

vinhos são também feitas a pensar nestes consumi<strong>do</strong>res com os promotores a dar<strong>em</strong> <strong>no</strong>mes<br />

apelativos e com rótulos atraentes.<br />

São consumi<strong>do</strong>ras jovens, com me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> quarenta a<strong>no</strong>s, instruídas, com um gosto pela<br />

in<strong>de</strong>pendência, gostam <strong>de</strong> sair à <strong>no</strong>ite e <strong>de</strong> se divertir<strong>em</strong>. Beb<strong>em</strong> geralmente ao fim-<strong>de</strong>-s<strong>em</strong>ana,<br />

durante a refeição e <strong>em</strong> ocasiões especiais, como jantares <strong>de</strong> aniversário.<br />

39


iii.Jovens Interessa<strong>do</strong>s<br />

São jovens, com ida<strong>de</strong> inferior a quarenta a<strong>no</strong>s, alguns que começaram a beber vinho<br />

recent<strong>em</strong>ente, gostam <strong>de</strong> apreciar a boa comida, a maior parte possui filhos <strong>de</strong> tenra ida<strong>de</strong>.<br />

Organizam jantares <strong>de</strong> amigos, on<strong>de</strong> e porque cada vez mais há um interesse pelo chama<strong>do</strong><br />

movimento “gourmet”, as pessoas gostam <strong>de</strong> falar sobre comida e sobre vinho, priman<strong>do</strong> por <strong>no</strong>vas<br />

experiências gastronómicas e por sabores distintos <strong>do</strong>s tradicionais. Estes jovens, também bastante<br />

instruí<strong>do</strong>s, com algum po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra vê<strong>em</strong> o beber o vinho não apenas como um simples acto,<br />

mas como toda uma experiência, gostam <strong>de</strong> saber o que beb<strong>em</strong>, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> v<strong>em</strong>, que práticas enólogas<br />

foram utilizadas. Não estão “agarra<strong>do</strong>s” às marcas tradicionais, pelo contrário gostam <strong>de</strong> se<br />

evi<strong>de</strong>nciar <strong>no</strong> seu grupo ao <strong>de</strong>scobrir<strong>em</strong> <strong>no</strong>vos vinhos.<br />

iv.Ecologistas - Consumi<strong>do</strong>res Ver<strong>de</strong>s<br />

Os produtos agrícolas e o vinho não é excepção t<strong>em</strong> conheci<strong>do</strong> um nicho interessante, que<br />

está <strong>em</strong> crescimento e que são os consumi<strong>do</strong>res <strong>de</strong> marcas ver<strong>de</strong>s. Marcas ver<strong>de</strong>s são<br />

classificações atribuídas a produtos que promov<strong>em</strong> as práticas da sustentabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ambiente,<br />

<strong>em</strong>bora <strong>no</strong> vinho tais práticas sejam <strong>de</strong> dificil iml<strong>em</strong>entação <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à sensibilida<strong>de</strong> da matéria-prima,<br />

que pelo me<strong>no</strong>s, s<strong>em</strong> o uso <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s produtos quimicos será <strong>de</strong> dificil cultivo e terá gran<strong>de</strong><br />

influência na produtivida<strong>de</strong>, <strong>no</strong> entanto, há certas práticas que po<strong>de</strong>m ser postas <strong>em</strong> práticas e<br />

algumas explorações já o faz<strong>em</strong>, por ex<strong>em</strong>plo, há algumas <strong>em</strong>presas vitivinícolas que integraram o<br />

programa Extensity <strong>do</strong> I.S.T. que precisamente promove a sustentabilida<strong>de</strong> ambiental nas<br />

explorações agrícolas. Este tipo <strong>de</strong> reconhecimento já é valoriza<strong>do</strong> hoje <strong>em</strong> dia por uma importante<br />

tranche <strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>res.<br />

v.Gourmets (E<strong>no</strong>turistas)<br />

Este nicho <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> é especialmente atractivo a pequenas e médias <strong>em</strong>presas,<br />

especialmente nas que comercializam o chama<strong>do</strong> “vinho <strong>de</strong> quinta”. Neste caso o produto a ven<strong>de</strong>r<br />

será não só o vinho, mas to<strong>do</strong> um serviço que alarga o conceito <strong>de</strong> produto. Este tipo <strong>de</strong> oferta é<br />

caracteriza<strong>do</strong> por um serviço que inclui o alojamento <strong>do</strong> turista, a visita às instalações vitivinícolas, a<br />

participação <strong>no</strong> trabalho da exploração, a prova <strong>do</strong>s vinhos e outro tipo <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s, como visitas a<br />

locais históricos nas re<strong>do</strong>n<strong>de</strong>zas, passeios a cavalo, passeios aventura, etc. Um outro tipo <strong>de</strong> serviço<br />

interessante e muito na moda actualmente são os “spas”(palavra utilizada actualmente para<br />

<strong>de</strong>screver instalações on<strong>de</strong> se faz<strong>em</strong> tratamentos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e beleza varia<strong>do</strong>s, <strong>no</strong>rmalmente liga<strong>do</strong>s a<br />

águas medicinais, distinguin<strong>do</strong>-se das tradicionais termas pelo carácter me<strong>no</strong>s medicional )e neste<br />

caso “spas” que utilizam o vinho e seus <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s como base para os tratamentos.<br />

Embora o investimento <strong>em</strong> toda a estrutura <strong>de</strong> suporte a este tipo <strong>de</strong> comercialização seja<br />

bastante custoso, é uma óptima forma <strong>de</strong> utilização e valorização das instalações das explorações,<br />

além <strong>de</strong> ser um negócio bastante atraente com os produtores a ter<strong>em</strong> uma forma <strong>de</strong> diversificar<strong>em</strong> os<br />

seus negócios, algo essencial num sector tão variável e arrisca<strong>do</strong> como o agrícola. Trata-se também<br />

<strong>de</strong> uma forma <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r<strong>em</strong> o seu vinho, além <strong>de</strong> o promover<strong>em</strong> eficaz e eficient<strong>em</strong>ente.<br />

40


vi.Formatos peque<strong>no</strong>s para refeições usuais (almoço, catering aeronáutico, etc.)<br />

O segmento <strong>do</strong>s formatos peque<strong>no</strong>s, garrafas ou vinho a copo com um volume <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong><br />

20cl t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> <strong>de</strong>scura<strong>do</strong> pelas <strong>em</strong>presas produtoras. Este formatos têm uma procura <strong>em</strong> restaurantes<br />

económicos, estilo restaurante <strong>de</strong> centro comercial, outros restaurantes, cantinas, <strong>no</strong> catering <strong>do</strong>s<br />

aviões, ou até mesmo <strong>em</strong> outros estabelecimentos que sirvam refeições ligeiras e t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> um nicho,<br />

<strong>no</strong> qual a cerveja, especialmente e outras bebidas têm substítui<strong>do</strong> o vinho.<br />

7.Internacionalização<br />

7.1.Introdução<br />

A exportação <strong>de</strong> vinhos portugueses, como vimos <strong>no</strong> capítulo <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> à história <strong>do</strong> vinho<br />

t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> uma constante e esta estratégia s<strong>em</strong>pre fez parte da estratégia <strong>de</strong> comercialização <strong>do</strong>s<br />

produtores portugueses e alvo <strong>de</strong> várias políticas governamentais. Ao longo da história foram vários<br />

os vinhos a ser<strong>em</strong> exporta<strong>do</strong>s, foram também vários os merca<strong>do</strong>s que receberam os <strong>no</strong>ssos<br />

produtos. No entanto, os ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> sucesso são poucos e com a excepção <strong>do</strong> vinho <strong>do</strong> Porto e <strong>do</strong><br />

Rosé poucos são os vinhos cuja percentag<strong>em</strong> exportada tenha algum significa<strong>do</strong>. Curiosamente, os<br />

<strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> vinho mais exporta<strong>do</strong>s não po<strong>de</strong>riam ser mais diferentes <strong>no</strong> que diz respeito ao valores<br />

intrínsecos <strong>de</strong> um e outro, com o vinho <strong>do</strong> Porto a ser um expoente <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> tradição e o<br />

vinho Rosé um ex<strong>em</strong>plo único <strong>de</strong> marketing b<strong>em</strong> sucedi<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> um vinho construí<strong>do</strong> para obter<br />

sucesso; é um vinho económico, é fácil <strong>de</strong> beber, é produzi<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma mo<strong>de</strong>rna e industrial, assim<br />

como também é comercializa<strong>do</strong>, com bastante publicida<strong>de</strong> e <strong>em</strong> garrafas que o distingu<strong>em</strong>. Mas<br />

estes <strong>do</strong>is vinhos também têm factores <strong>em</strong> comum <strong>no</strong> que toca ao seu sucesso além fronteiras,<br />

primeiro porque se distingu<strong>em</strong> <strong>do</strong>s outros produtos vínicos, tornan<strong>do</strong>-se únicos e <strong>de</strong>pois porque <strong>no</strong>s<br />

seus segmentos apostam na qualida<strong>de</strong> como factor principal, conquistan<strong>do</strong> assim um público fiel.<br />

Como já vimos, com o consumo <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> a <strong>de</strong>crescer e com a pressão <strong>de</strong> certos produtos<br />

substitutos é <strong>no</strong>rmal que as <strong>em</strong>presas portuguesas procur<strong>em</strong> escoar o produto que têm <strong>em</strong> excesso,<br />

por um la<strong>do</strong>, e por outro que procur<strong>em</strong> merca<strong>do</strong>s <strong>em</strong> que o seu produto seja mais valoriza<strong>do</strong>, ou seja<br />

que lhes permita retirar mais-valias acrescidas <strong>em</strong> relação ao merca<strong>do</strong> português. Se consultarmos<br />

qualquer produtor que exporta o seu produto ou até mesmo consultan<strong>do</strong> o relatório Porter, facilmente<br />

verificamos que vinhos portugueses <strong>de</strong> gama média são vendi<strong>do</strong>s <strong>no</strong> estrangeiro por mais <strong>de</strong> um<br />

terço ou mesmo por mais <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> seu valor <strong>do</strong> que seriam vendi<strong>do</strong>s <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> e mesmo<br />

assim <strong>em</strong> relação a vinhos <strong>de</strong> outros países, <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> similar, são vendi<strong>do</strong>s a um preço inferior.<br />

Tal acontece porque há vários probl<strong>em</strong>as estruturais na internacionalização <strong>do</strong>s vinhos portugueses,<br />

que não têm si<strong>do</strong> ultrapassa<strong>do</strong>s e que impe<strong>de</strong>m que os <strong>no</strong>sso vinhos tenham o sucesso que<br />

potencialmente <strong>de</strong>veriam ter.<br />

41


Internacionalizar porquê<br />

Com o consumo <strong>de</strong> vinho <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> praticamente estagna<strong>do</strong> é necessário que os<br />

produtores procur<strong>em</strong> <strong>no</strong>vos consumi<strong>do</strong>res e <strong>no</strong>vos merca<strong>do</strong>s que ofereçam maiores possibilida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> lucro, tanto a nível <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> volume <strong>de</strong> vendas, como <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> margens <strong>de</strong> proveito,<br />

apostar <strong>em</strong> merca<strong>do</strong>s estrangeiros também constitui uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um crescimento a longo<br />

prazo e sustenta<strong>do</strong>. Como já observa<strong>do</strong> nesta dissertação, observa-se que há uma tendência <strong>no</strong><br />

<strong>de</strong>créscimo <strong>do</strong> consumo inter<strong>no</strong> e especialmente <strong>no</strong> consumo per capita, que indicia uma situação <strong>de</strong><br />

risco potencial que po<strong>de</strong>rá ser diminuida pela aposta <strong>em</strong> alguns merca<strong>do</strong>s que estão <strong>em</strong> crescimento<br />

e numa fase <strong>de</strong> ciclo <strong>de</strong> vida diferente da <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> português.<br />

Adicionalmente, apostar numa estratégia <strong>de</strong> internacionalização é diminuir o risco global <strong>do</strong><br />

negócio, já que se distribui o risco pelos diferentes merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> operação, tornan<strong>do</strong>-os me<strong>no</strong>s<br />

propensos aos riscos <strong>de</strong> flutuabilida<strong>de</strong> das Eco<strong>no</strong>mias on<strong>de</strong> operam (Thompson Jr. et al, 2005).<br />

<strong>Vinho</strong>s portugueses <strong>no</strong> Mun<strong>do</strong>*<br />

Embora o vinho <strong>do</strong> Porto s<strong>em</strong>pre tenha ti<strong>do</strong> <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> exportação, o seu merca<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

eleição e principal, gozan<strong>do</strong> <strong>de</strong> elevada fama <strong>no</strong>s países <strong>do</strong> Norte da Europa, <strong>em</strong> França, <strong>no</strong> Rei<strong>no</strong><br />

Uni<strong>do</strong> e <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong> Uni<strong>do</strong>s, o seu valor enquanto marca n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> aproveita<strong>do</strong>, com<br />

poucos consumi<strong>do</strong>res sen<strong>do</strong> capazes <strong>de</strong> associar o valor <strong>de</strong>ste produto a outros vinhos portugueses.<br />

O <strong>no</strong>sso país nunca se conseguiu promover eficazmente através <strong>de</strong>ste seu produto, que <strong>de</strong>veria<br />

actuar como produto âncora para outros produtos. Pela influência que a imag<strong>em</strong> e a promoção têm<br />

na procura <strong>do</strong> vinho é essencial que <strong>Portugal</strong> utilize o vinho <strong>do</strong> Porto. É fácil perceber a influência que<br />

o vinho <strong>do</strong> Porto po<strong>de</strong> ter <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> internacional quan<strong>do</strong> v<strong>em</strong>os que a maior parte da produção<br />

anual é exportada, <strong>do</strong> volume <strong>de</strong> negócios referente a 2008, 84%** foi forma<strong>do</strong> por exportações. Os<br />

seus principais merca<strong>do</strong>s** são a França, a Holanda e a Bélgica , mas também os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e<br />

o Rei<strong>no</strong> Uni<strong>do</strong>, países <strong>em</strong> que a marca está b<strong>em</strong> impl<strong>em</strong>entada, sen<strong>do</strong> conheci<strong>do</strong> como Port Wine,<br />

<strong>em</strong>bora não sen<strong>do</strong> s<strong>em</strong>pre reconheci<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> português <strong>no</strong>s E.U.A., já que na Califórnia<br />

também são produzi<strong>do</strong>s vinhos sob esta <strong>de</strong><strong>no</strong>minação, que <strong>Portugal</strong> se t<strong>em</strong> mostra<strong>do</strong> incapaz <strong>de</strong><br />

proteger e assegurar como seu <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> proprietário.<br />

Tradicionalmente, os vinhos <strong>de</strong> mesa, encontram os seus merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> maior expressão<br />

localiza<strong>do</strong>s <strong>no</strong>s países lusófo<strong>no</strong>s e <strong>em</strong> países com gran<strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> <strong>em</strong>igrantes portugueses,<br />

como é o caso da França, da Bélgica e da Al<strong>em</strong>anha e ainda <strong>no</strong>s segmentos <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> constitui<strong>do</strong>s<br />

pelos vinhos <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> <strong>no</strong>s países <strong>do</strong> Norte da Europa e <strong>do</strong> Rosé <strong>no</strong> Rei<strong>no</strong> Uni<strong>do</strong>. Com o<br />

merca<strong>do</strong> das exportações a subir irregularmente graças à exportação <strong>de</strong> vinhos a granel para França.<br />

No entanto, esta estratégia <strong>de</strong> exportação t<strong>em</strong>-se revela<strong>do</strong> pouco eficiente e <strong>de</strong> pouco sucesso, com<br />

as exportações a apresentar<strong>em</strong>-se estagnadas <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s, com a excepção das exportações<br />

para Angola. Sen<strong>do</strong> este país o principal <strong>do</strong> conjunto forma<strong>do</strong> pelos países lusófo<strong>no</strong>s, com o Brasil a<br />

absorver uma parte importante das exportações e Moçambique, um merca<strong>do</strong> caracteriza<strong>do</strong> pela<br />

compra <strong>de</strong> vinho a granel, <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vinho <strong>de</strong> mesa, com um baixo<br />

preço por litro.<br />

42


Basicamente a venda <strong>de</strong> vinho internacional t<strong>em</strong>-se caracteriza<strong>do</strong> pela pouca aposta <strong>em</strong><br />

ganhar <strong>no</strong>vos consumi<strong>do</strong>res e merca<strong>do</strong>s. Face ao perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> expansão vivi<strong>do</strong> pelos produtores <strong>do</strong><br />

Novo Mun<strong>do</strong>, motiva<strong>do</strong>s pelo crescimento <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s E.U.A., <strong>do</strong> Rei<strong>no</strong> Uni<strong>do</strong>, da Al<strong>em</strong>anha,<br />

mas também <strong>do</strong>s produtores Espanhóis, Italia<strong>no</strong>s e Franceses que souberam aproveitar as<br />

características que distinguiam os seus produtos <strong>do</strong>s produtos <strong>do</strong> Novo Mun<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>mos afirmar que<br />

<strong>Portugal</strong> obteve resulta<strong>do</strong>s verda<strong>de</strong>iramente <strong>de</strong>sastrosos nesta corrida.<br />

Estes resulta<strong>do</strong>s acontec<strong>em</strong> porque a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vinho disponível para exportação t<strong>em</strong><br />

si<strong>do</strong> diminuta. Os produtores prefer<strong>em</strong> o merca<strong>do</strong> inter<strong>no</strong> como forma <strong>de</strong> escoar<strong>em</strong> o seu produto,<br />

por um la<strong>do</strong> porque são pouco propensos a riscos, por outro porque não têm dimensão para<br />

conquistar<strong>em</strong> <strong>no</strong>vos merca<strong>do</strong>s. Esta <strong>de</strong>pendência, <strong>em</strong>bora arriscada também, é compreensível,<br />

quan<strong>do</strong> analisamos o po<strong>de</strong>r económico e político <strong>de</strong> outros países produtores <strong>de</strong> vinho, é preciso ver<br />

que <strong>Portugal</strong> é o mais peque<strong>no</strong> produtor <strong>do</strong> grupo <strong>do</strong>s produtores <strong>do</strong> Velho Mun<strong>do</strong>. A propósito da<br />

dimensão, o relatório Porter, <strong>em</strong> 2004, aponta para apenas 14 <strong>em</strong>presas com dimensão para actuar<br />

<strong>em</strong> mais que um merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> exportação, esclarecen<strong>do</strong> que 11 <strong>de</strong>stas diz<strong>em</strong> respeito a A<strong>de</strong>gas<br />

Cooperativas e que adicionalmente estimam que apenas 47 a<strong>de</strong>gas “tenham capacida<strong>de</strong> para se<br />

tornar<strong>em</strong> fornece<strong>do</strong>res fiáveis” po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> competir <strong>em</strong> pelo me<strong>no</strong>s um merca<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> que 33 <strong>de</strong>ssas<br />

<strong>em</strong>presas diz<strong>em</strong> respeito a Cooperativas. Obviamente, estas associações <strong>de</strong> produtores não<br />

possu<strong>em</strong> meios <strong>de</strong> marketing e promoção capazes <strong>de</strong> actuar eficazmente nesses merca<strong>do</strong>s ou<br />

sequer uma estrutura que permita a manutenção <strong>de</strong> relações comerciais estáveis e estan<strong>do</strong> os<br />

produtores <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> centra<strong>do</strong>s <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> local t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> dificil a promoção <strong>de</strong> alianças, à partida<br />

necessárias como estratégia <strong>de</strong> actuação <strong>no</strong>s gran<strong>de</strong>s merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> exportação.<br />

*Fonte: Instituto <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> <strong>do</strong> Porto<br />

7.2.Situação Actual <strong>em</strong> números<br />

País<br />

Valor<br />

Exportações*<br />

(10 3 €)<br />

Volume<br />

Exporta<strong>do</strong><br />

*(hl)<br />

Preço<br />

médio/litro<br />

(€/l)<br />

Variação<br />

Valor %<br />

(2000-<br />

2005)<br />

Quota <strong>de</strong><br />

merca<strong>do</strong>**<br />

Angola 31.857 447.095 0,71 +319 89<br />

Rei<strong>no</strong> Uni<strong>do</strong> 21.072 101.656 2,07 +18 0,87<br />

França 18.735 374.967 0,5 +80 1,14<br />

E.U.A. 14.658 63.211 2,32 +1,5 0,24<br />

Al<strong>em</strong>anha 12.002 112.427 1,87 -4 0,57<br />

Bélgica/Lux<strong>em</strong>burgo 11.184 52.139 2,15 31,8 1,71<br />

Tabela 2: <strong>Vinho</strong> Português, excluin<strong>do</strong> Porto e Ma<strong>de</strong>ira, pelos seus principais <strong>Merca<strong>do</strong></strong>s Internacionais<br />

*Fonte:Vini<strong>Portugal</strong><br />

**Fonte:Vini<strong>Portugal</strong>;TDA (calcula<strong>do</strong> com base <strong>em</strong> volume)<br />

43


7.3.A Marca <strong>Portugal</strong><br />

Quan<strong>do</strong> falamos <strong>em</strong> risco <strong>de</strong> exportação, esse risco é dificil <strong>de</strong> perceber quan<strong>do</strong> tentamos<br />

perceber o lugar que os vinhos portugueses têm <strong>em</strong> merca<strong>do</strong>s como os E.U.A., a Al<strong>em</strong>anha ou o<br />

Rei<strong>no</strong> Uni<strong>do</strong>. Nestes merca<strong>do</strong>s, <strong>em</strong> que os volumes importa<strong>do</strong>s obtém uma expressão consi<strong>de</strong>rável,<br />

especialmente <strong>no</strong> caso <strong>do</strong> Rei<strong>no</strong> Uni<strong>do</strong> - consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> importação mais valioso <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong> - é dificil arranjar um vinho português numa gran<strong>de</strong> superficie e mesmo numa loja especialista,<br />

po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os encontrar um vinho português num espaço indistinto ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong> vinhos <strong>do</strong>s mais varia<strong>do</strong>s<br />

e exóticos <strong>de</strong>sti<strong>no</strong>s. Com os vinhos <strong>do</strong> Novo Mun<strong>do</strong> a constituir<strong>em</strong> uma opção quase s<strong>em</strong>pre correcta<br />

para o consumi<strong>do</strong>r médio: com uma relação qualida<strong>de</strong>/preço muito boa, com vinhos fáceis <strong>de</strong> beber,<br />

pouco complexos, constítui<strong>do</strong>s por mo<strong>no</strong>castas facilmente reconhecidas. Com os vinhos <strong>do</strong> Velho<br />

Mun<strong>do</strong>; <strong>de</strong> Itália, França e Espanha a apresentar<strong>em</strong>-se como expoente da qualida<strong>de</strong> e tradição:<br />

associa<strong>do</strong>s a uma imag<strong>em</strong> romântica que não são só os vinhos que a possu<strong>em</strong>, mas sim os países<br />

<strong>em</strong> sí, as suas culturas e que <strong>de</strong>pois são associadas e transpostas para o vinho e assim a<br />

constituír<strong>em</strong> a escolha primordial <strong>do</strong>s segmentos “pr<strong>em</strong>ium”.<br />

Não <strong>no</strong>s po<strong>de</strong>mos esquecer da natureza <strong>do</strong> produto, há s<strong>em</strong>pre uma <strong>em</strong>oção, um<br />

sentimento, quer estético, quer <strong>em</strong>otivo liga<strong>do</strong> ao vinho. O vinho acaba por transportar as pessoas<br />

para o sitio on<strong>de</strong> é produzi<strong>do</strong> e esse sítio po<strong>de</strong> ser a vinha, mas também po<strong>de</strong> ser para um país, uma<br />

região, um local específico, po<strong>de</strong> ainda ser uma m<strong>em</strong>ória ou um <strong>de</strong>sejo. A esse nível, a marca<br />

<strong>Portugal</strong> po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ter um contributo essencial e <strong>no</strong> caso da promoção <strong>do</strong> <strong>no</strong>sso país, po<strong>de</strong>rá ser<br />

um excelente veículo <strong>de</strong> promoção para o vinho ou vice-versa. No entanto, não é o que acontece hoje<br />

<strong>em</strong> dia, a marca <strong>Portugal</strong>, num país como os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, <strong>em</strong> que os consumi<strong>do</strong>res estão,<br />

fundamentalmente, centra<strong>do</strong>s na questão da marca acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, não lhes diz nada. Isso terá que<br />

mudar.<br />

Marca: <strong>Portugal</strong> versus Regional<br />

Perceb<strong>em</strong>os que a questão da imag<strong>em</strong> e por isso mesmo da marca é importante na<br />

promoção <strong>do</strong>s vinhos <strong>no</strong> estrangeiro, mas seria mais importante a promoção centrada <strong>no</strong> país, ou por<br />

outro la<strong>do</strong> <strong>no</strong>utras características susceptíveis <strong>de</strong> se tornar<strong>em</strong> elas próprias marcas? De facto, os<br />

merca<strong>do</strong>s não são to<strong>do</strong>s iguais, e a consciência disso mesmo é essencial numa estratégia <strong>de</strong><br />

internacionalização. E mesmo quan<strong>do</strong> falamos <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>s, ao nível <strong>de</strong> países, por vezes será muito<br />

mais eficiente actuar nesses merca<strong>do</strong>s <strong>em</strong> apenas alguns segmentos. Essa estratégia revela-se, <strong>no</strong><br />

caso português, muito mais pr<strong>em</strong>ente dadas as limitações <strong>de</strong> recursos e a reduzida dimensão, quer<br />

<strong>do</strong> país, como das instituições e das <strong>em</strong>presas face a gigantes como a indústria vinicola da Austrália,<br />

da Califórnia, da França, Itália e mesmo <strong>de</strong> Espanha.<br />

Por um la<strong>do</strong>, seria interessante que a imag<strong>em</strong> <strong>do</strong> país <strong>no</strong> estrangeiro também se baseasse<br />

na qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s vinhos, tanto ao nível das melhores práticas na sua produção, como pela tradição e<br />

pela originalida<strong>de</strong> das <strong>no</strong>ssas castas. O vinho <strong>do</strong> Porto <strong>de</strong>veria ser o principal <strong>em</strong>baixa<strong>do</strong>r <strong>de</strong>sta<br />

campanha. No caso da promoção <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> como <strong>de</strong>sti<strong>no</strong> turístico também são óbvias as<br />

vantagens, primeiro, porque a gastro<strong>no</strong>mia e os vinhos pela relação próxima são parte importante <strong>de</strong><br />

44


qualquer experiência turística, <strong>de</strong>pois porque o e<strong>no</strong>turismo está a ganhar um incr<strong>em</strong>ento importante e<br />

revela-se um segmento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> turismo interessante e <strong>de</strong>pois porque, como já referimos mais<br />

acima, o vinho po<strong>de</strong>rá ser o veículo através <strong>do</strong> qual o cliente potencial ganha contacto com o país ou<br />

po<strong>de</strong>rá ser a continuação da sua estada <strong>no</strong> país, uma vez regressa<strong>do</strong> ao seu país <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, observamos uma gran<strong>de</strong> heterogeneida<strong>de</strong> na oferta vínica <strong>do</strong> país, o que<br />

po<strong>de</strong>rá ser pouco benéfico para alguns produtores, se to<strong>do</strong>s os vinhos portugueses estiver<strong>em</strong><br />

agrega<strong>do</strong>s numa única marca e consequent<strong>em</strong>ente <strong>no</strong> mesmo posicionamento. Isto é, <strong>do</strong>is<br />

fenóme<strong>no</strong>s po<strong>de</strong>rão <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>sta associação única, ou os consumi<strong>do</strong>res internacionais associarão<br />

<strong>Portugal</strong> a gran<strong>de</strong>s vinhos, benefician<strong>do</strong> neste caso os vinhos <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r qualida<strong>de</strong>, ou então, os<br />

vinhos <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r qualida<strong>de</strong> acabam por retirar valor aos <strong>de</strong> maior qualida<strong>de</strong>.<br />

Posicionamento <strong>do</strong>s vinhos Portugueses<br />

Após a apresentação <strong>de</strong>sta última questão parece-<strong>no</strong>s importante que a marca <strong>Portugal</strong> seja<br />

uma aposta e esteja <strong>de</strong>vidamente presente na associação a qualquer produto vínico, estan<strong>do</strong><br />

presente na sua <strong>em</strong>balag<strong>em</strong>, na publicida<strong>de</strong>, etc., s<strong>em</strong> <strong>no</strong> entanto ser <strong>de</strong>scura<strong>do</strong> a promoção <strong>de</strong><br />

marcas com eleva<strong>do</strong> potencial <strong>de</strong> valor como Douro, Alentejo e ainda algumas castas como Touriga<br />

Nacional, Trinca<strong>de</strong>ira Preta, Arinto, Alvarinho, etc.. Benefician<strong>do</strong>, <strong>no</strong> caso <strong>do</strong>s vinhos <strong>do</strong> Douro e <strong>do</strong>s<br />

vinhos com Touriga Nacional da associação com o <strong>Vinho</strong> <strong>do</strong> Porto.<br />

O posicionamento diferencia<strong>do</strong> permitirá às marcas <strong>de</strong> maior valor, associadas aos vinhos <strong>de</strong><br />

maior qualida<strong>de</strong>, aproveitar as mais-valias adicionais da<strong>do</strong> que alguns merca<strong>do</strong>s exter<strong>no</strong>s valorizam<br />

mais que o merca<strong>do</strong> inter<strong>no</strong> estes produtos pr<strong>em</strong>ium e ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta que são produtos <strong>de</strong> preço<br />

mais eleva<strong>do</strong> permitirá reduzir os efeitos, mais <strong>no</strong>tórios nestes segmentos mais eleva<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> crises<br />

na procura interna. A dificulda<strong>de</strong> <strong>em</strong> transmitir a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s produtos pr<strong>em</strong>ium também é me<strong>no</strong>r<br />

<strong>no</strong>utros merca<strong>do</strong>s exter<strong>no</strong>s que <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, um merca<strong>do</strong>, como já referi<strong>do</strong>, com necessida<strong>de</strong>s e<br />

maturida<strong>de</strong> diferente <strong>do</strong>utros merca<strong>do</strong>s <strong>em</strong> que os produtos pr<strong>em</strong>ium são mais aprecia<strong>do</strong>s e<br />

valoriza<strong>do</strong>s monetariamente. A estratégia <strong>de</strong> diferenciação pela qualida<strong>de</strong> permitirá ainda <strong>em</strong> a<strong>no</strong>s <strong>de</strong><br />

excesso <strong>de</strong> oferta <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> que estes produtos não sejam tão sujeitos a baixas <strong>de</strong> preços.<br />

Apostar na diferenciação e na promoção <strong>de</strong> várias marcas também é ao mesmo t<strong>em</strong>po<br />

promover a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s vinhos portugueses, já que possuir vinhos com diferentes características<br />

também é oferecer ao merca<strong>do</strong> uma oferta ampla e completa e <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o facto <strong>do</strong>s<br />

consumi<strong>do</strong>res cada vez mais saber<strong>em</strong> distinguir e conhecer o que gostam e o que quer<strong>em</strong> (Aylward,<br />

2008), s<strong>em</strong> que to<strong>do</strong>s gost<strong>em</strong> <strong>do</strong> mesmo. A promoção e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos<br />

diferencia<strong>do</strong>s passa pela promoção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada região; das castas, <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

vinificação, da cultura, da paisag<strong>em</strong> e das tradições. Mas passa também pela <strong>de</strong>dicação <strong>do</strong>s esforços<br />

<strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação e <strong>de</strong> investigação às características físicas, meteorológicas e biológicas <strong>de</strong> cada região,<br />

que têm uma influência extraordinária <strong>no</strong> produto final. Não <strong>no</strong>s po<strong>de</strong>mos esquecer, por um la<strong>do</strong> na<br />

heterogeneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terroirs que <strong>Portugal</strong> possui e por outro da natureza <strong>do</strong> produto; um produto<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> vários factores e extr<strong>em</strong>amente complexo.<br />

Como está patente nas conclusões <strong>do</strong> artigo <strong>de</strong> Aylward (2008), o caminho segui<strong>do</strong> pelos<br />

australia<strong>no</strong>s, o da promoção da marca Austrália, levou a que to<strong>do</strong>s os seus vinhos foss<strong>em</strong><br />

45


associa<strong>do</strong>s ao negócio <strong>do</strong>s vinhos fáceis <strong>de</strong> beber, indiferencia<strong>do</strong>s, mais ou me<strong>no</strong>s homogéneos e<br />

transformaram o seu produto num produto <strong>de</strong> “commoditie”, com aspectos transaccionais indistintos<br />

<strong>do</strong> leite, <strong>do</strong>s cereais, etc., e assim tornan<strong>do</strong>-o num produto com procura ineslática e com to<strong>do</strong> o risco<br />

que tal acarreta. Esta estratégia acabou por prejudicar produtores <strong>de</strong> vinho com vinhos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong>, geralmente <strong>de</strong> dimensão inferior aos gran<strong>de</strong>s produtores industriais. Deixou <strong>de</strong> fora a<br />

promoção <strong>de</strong> certas regiões vinícolas com vinhos bastante diferentes <strong>do</strong>s vinhos que compõe o<br />

grosso da produção australia<strong>no</strong>. No mesmo artigo, <strong>em</strong> oposição a esta situação e apoian<strong>do</strong> o ponto-<br />

<strong>de</strong>-vista <strong>do</strong>s peque<strong>no</strong>s produtores australia<strong>no</strong>s, é cita<strong>do</strong> o ex<strong>em</strong>plo <strong>do</strong>s produtores “garagiste” <strong>de</strong><br />

Bordéus, que são vinicultores que se <strong>de</strong>dicaram à produção <strong>de</strong> peque<strong>no</strong>s lotes. Com vinhos, por<br />

vezes provenientes <strong>de</strong> vinhas tão pequenas quanto a dimensão <strong>de</strong> apenas 1 hectare. No entanto são<br />

vinhos fabrica<strong>do</strong>s à mão, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> teor alcoólico e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, que se tornaram valiosos<br />

pela sua rarida<strong>de</strong>, ten<strong>do</strong> por vezes as produções futuras vendidas com até <strong>do</strong>is a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> antecedência<br />

e, aparent<strong>em</strong>ente, imunes às flutuações da oferta e da procura.<br />

Resumidamente, <strong>Portugal</strong> <strong>de</strong>verá ser reconheci<strong>do</strong> pelas suas práticas e<strong>no</strong>lógicas, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />

com as melhores práticas mundiais e como país <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> tradição vitivinícola, sen<strong>do</strong> promovi<strong>do</strong>s<br />

simultâneamente o terroir e as castas <strong>de</strong> cada região.<br />

7.4.Actuar <strong>em</strong> <strong>Merca<strong>do</strong></strong>s Internacionais<br />

Para que os esforços <strong>de</strong> internacionalização sejam eficientes é necessário que as <strong>em</strong>presas<br />

e os organismos públicos invistam <strong>em</strong> estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> e na adaptação <strong>do</strong> produto ao consumi<strong>do</strong>r<br />

final. Se a segmentação, como vimos, é uma estratégia eficaz <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da sustentabilida<strong>de</strong> e<br />

da eficiência <strong>em</strong> qualquer merca<strong>do</strong>, este factor ganha especial importância na actuação <strong>em</strong> merca<strong>do</strong>s<br />

internacionais. Procurar chegar a to<strong>do</strong>s os consumi<strong>do</strong>res revela-se uma estratégia errada, corren<strong>do</strong>-<br />

se o risco <strong>do</strong> produto não apelar a qualquer segmento <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>.<br />

<strong>Factores</strong> como a <strong>em</strong>balag<strong>em</strong>, o rótulo, o tipo <strong>de</strong> vinho, a imag<strong>em</strong> que se quer associar ao<br />

vinho <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser adapta<strong>do</strong>s ao merca<strong>do</strong> on<strong>de</strong> se opera, mesmo que se mantenham certos factores,<br />

como a ligação à marca <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>, ao país e à região. Nesta adaptação aos merca<strong>do</strong>s locais, <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />

ser também promovidas as alianças locais, especialmente <strong>no</strong> que diz respeito aos distribui<strong>do</strong>res e às<br />

operações <strong>de</strong> marketing, já que as alianças também promov<strong>em</strong> a eficiência, muito pelo k<strong>no</strong>w-how<br />

sobre consumi<strong>do</strong>res que se encontra concentra<strong>do</strong> <strong>no</strong>s agentes locais.<br />

Mas n<strong>em</strong> só da exportação <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong>ve ser baseada a internacionalização das<br />

<strong>em</strong>presas vitivínicolas portuguesas, outro tipo <strong>de</strong> internacionalização baseada <strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

produção própria num país estrangeiro <strong>de</strong>ve ser explora<strong>do</strong>. Países como Angola e outros países<br />

africa<strong>no</strong>s lusófo<strong>no</strong>s representam excelentes oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> expansão da produção, por ex<strong>em</strong>plo.<br />

7.5.Turismo e E<strong>no</strong>turismo na Estratégia <strong>de</strong> Internacionalização<br />

Com <strong>Portugal</strong> a ser um <strong>de</strong>sti<strong>no</strong> cada vez mais procura<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> comparan<strong>do</strong> com outros<br />

<strong>de</strong>sti<strong>no</strong>s vizinhos, como a Espanha e a França, com o sector a apresentar taxas <strong>de</strong> crescimento<br />

superiores ao nível da geração <strong>de</strong> receitas e <strong>de</strong> número <strong>de</strong> visitantes. Como ex<strong>em</strong>plo, <strong>em</strong> 2007,<br />

<strong>Portugal</strong> teve um aumento <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong> visitantes <strong>em</strong> relação ao a<strong>no</strong> anterior, aproximadamente<br />

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o mesmo número que Espanha, país <strong>de</strong> dimensão muito superior ao <strong>do</strong> país (fonte:Turismo <strong>de</strong><br />

<strong>Portugal</strong>). É necessário que o sector vitivínicola, pela mão das instituições que representam o sector,<br />

mas também pela mão das <strong>em</strong>presas; aproveite esta oportunida<strong>de</strong> para:<br />

1) Realizar campanhas <strong>de</strong> promoção junto <strong>do</strong>s visitantes estrangeiros - forma <strong>de</strong> conquistar merca<strong>do</strong><br />

internacional, e mais importante, <strong>de</strong> chegar a consumi<strong>do</strong>res finais, que po<strong>de</strong>rão, por “passa a<br />

palavra”, ajudar a promover os produtos portugueses <strong>no</strong>s seus países <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>;<br />

2) Efectuar estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> para i<strong>de</strong>ntificar segmentos/nichos <strong>de</strong> turistas – ao realizar-se estu<strong>do</strong>s<br />

junto <strong>de</strong> turistas, po<strong>de</strong>r-se-á, caracterizar o seu consumo <strong>de</strong> vinho, i<strong>de</strong>ntificar segmentos <strong>no</strong>s seus<br />

merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> com me<strong>no</strong>s custos que fazen<strong>do</strong>-o <strong>no</strong>s seus territórios, a<strong>de</strong>quar produtos a estes<br />

merca<strong>do</strong>s e ainda, optimizar a promoção <strong>em</strong> território português aos visitantes.<br />

3) Desenvolver sinergias com agentes turísticos – a inclusão <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s e produtos liga<strong>do</strong>s ao<br />

sector vitivínicola <strong>de</strong>verão fazer parte da oferta turística, como forma <strong>de</strong> enriquecer essa mesma<br />

oferta e como forma <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong>sses mesmos produtos. A captação <strong>de</strong> clientes estrangeiros<br />

para o e<strong>no</strong>turismo também passa pelo estabelecimento <strong>de</strong> parcerias e acor<strong>do</strong>s com os agentes,<br />

media<strong>do</strong>res por excelência entre clientes e presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços, para além <strong>de</strong> que o merca<strong>do</strong><br />

internacional <strong>de</strong> e<strong>no</strong>turistas t<strong>em</strong> um potencial maior <strong>do</strong> que o inter<strong>no</strong>, com <strong>de</strong>staque para os turistas<br />

<strong>do</strong> Rei<strong>no</strong> Uni<strong>do</strong>, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e Al<strong>em</strong>anha, pelo seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra e apetência por este tipo <strong>de</strong><br />

serviço.<br />

4) Desenvolvimento <strong>de</strong> parcerias locais – para além <strong>do</strong>s agentes turísticos, as parcerias com<br />

instituições e agentes priva<strong>do</strong>s locais e regionais reveste-se da maior importância. Iniciativas como,<br />

instituição <strong>de</strong> rotas <strong>do</strong> vinho, festivais e feiras diversas e toda e qualquer iniciativa <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong><br />

certa região ou local será enriquecida por uma oferta diversificada e ampla e potenciada pelo<br />

contributo <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os fornece<strong>do</strong>res <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> e<strong>no</strong>turismo, mas também <strong>de</strong> outros sectores<br />

liga<strong>do</strong>s ao turismo e <strong>em</strong> especial à gastro<strong>no</strong>mia, já que se trata <strong>de</strong> um factor intimamente liga<strong>do</strong> ao<br />

vinho. É uma questão consensual que os aprecia<strong>do</strong>res <strong>de</strong> vinho são também aprecia<strong>do</strong>res da boa<br />

gastro<strong>no</strong>mia, um património tão importante como o vinho e uma componente essencial para o<br />

sucesso <strong>de</strong> qualquer activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> e<strong>no</strong>turismo.<br />

To<strong>do</strong>s estes factores <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser apoia<strong>do</strong>s por instituições públicas, mas também por priva<strong>do</strong>s<br />

e <strong>em</strong> especial pelos peque<strong>no</strong>s produtores, que <strong>de</strong>verão promover alianças entre eles. Mais uma vez,<br />

a diversificação da oferta e a aposta numa estratégia <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> passa também pela diversida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> e<strong>no</strong>turismo e por uma oferta ampla <strong>de</strong> diferentes activida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> diferentes<br />

equipamentos. Em 2008, Howley e van Hestering, conclui<strong>em</strong>, num caso-<strong>de</strong>-estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> às<br />

atitu<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s produtores <strong>de</strong> vinho ingleses <strong>em</strong> relação ao e<strong>no</strong>turismo, que este tipo <strong>de</strong><br />

<strong>em</strong>preendimento <strong>de</strong>verá incluir outros tipos <strong>de</strong> atracção com o objectivo <strong>de</strong> os tornar atractivos para<br />

to<strong>do</strong>s os el<strong>em</strong>entos das familias. Não esqueçamos que estamos a falar <strong>de</strong> e<strong>no</strong>turismo para<br />

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estrangeiros e como tal é objectivo <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os agentes interessa<strong>do</strong>s que estes visitantes pass<strong>em</strong> o<br />

máximo <strong>de</strong> dias possíveis <strong>no</strong> país e para que prolongu<strong>em</strong> a sua estadia é necessária a cooperação,<br />

mesmo entre <strong>em</strong>presas concorrentes. Este é um factor <strong>de</strong>terminante para o sucesso <strong>de</strong>stes<br />

<strong>em</strong>preendimentos, especialmente, como já referimos, se tivermos <strong>em</strong> conta que as <strong>em</strong>presas com<br />

maior potencial nesta área são as <strong>em</strong>presas mais pequenas, por um la<strong>do</strong> incapazes <strong>de</strong> se<br />

promover<strong>em</strong> num merca<strong>do</strong> internacional e por outro, são muitas vezes bastante limitadas <strong>no</strong> que diz<br />

respeito à sua base <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s. Não será necessário, como sugeri<strong>do</strong> <strong>no</strong> artigo cita<strong>do</strong>, que se<br />

incluam zoos, jardins <strong>de</strong> ervas ou outras atracções, <strong>no</strong> entanto é necessário oferecer activida<strong>de</strong>s<br />

compl<strong>em</strong>entares e contextualizadas <strong>no</strong> local das vinhas ou a<strong>de</strong>gas, mas até mesmo diferentes<br />

activida<strong>de</strong>s, distintas <strong>do</strong> contexto vínico, ao ser<strong>em</strong> oferecidas a nível regional, por ex<strong>em</strong>plo, só<br />

enriquec<strong>em</strong> a oferta <strong>do</strong> e<strong>no</strong>turismo.<br />

7.6.A acção da Vini<strong>Portugal</strong><br />

A Vini<strong>Portugal</strong> (ver secção 1.) como instituição nacional responsável pela promoção<br />

<strong>do</strong>s vinhos, tanto <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> inter<strong>no</strong>, como <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> internacional é um organismo chave na<br />

internacionalização <strong>do</strong>s vinhos portugueses. A acção que leva a cabo <strong>em</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s merca<strong>do</strong><br />

exter<strong>no</strong>s, escolhi<strong>do</strong>s pelos seus associa<strong>do</strong>s como prioritários, <strong>de</strong>senrola-se, <strong>no</strong> estrangeiro, através<br />

<strong>de</strong> acções promocionais variadas como presenças <strong>em</strong> feiras internacionais, organização <strong>de</strong> eventos<br />

com a imprensa local, provas <strong>de</strong> vinhos, etc. e, <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, <strong>em</strong> provas <strong>de</strong> vinhos <strong>em</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

superficies e centros comerciais e mais recent<strong>em</strong>ente na criação <strong>do</strong> dia <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> (já referi<strong>do</strong> nesta<br />

tese) para além <strong>de</strong> promover<strong>em</strong> o Concurso Nacional <strong>de</strong> <strong>Vinho</strong>s, um evento acompanha<strong>do</strong> pela<br />

imprensa estrangeira da especialida<strong>de</strong> e pelas <strong>em</strong>presas <strong>de</strong> distribuição internacionais pelo potencial<br />

<strong>de</strong> informação sobre os melhores vinhos portugueses.<br />

A Vini<strong>Portugal</strong>, <strong>em</strong> conjunto com a A.I.C.E.P. organiza o Fórum Nacional <strong>do</strong> Sector <strong>do</strong>s<br />

<strong>Vinho</strong>s, on<strong>de</strong> apresenta o seu orçamento anual, efectua um balanço <strong>do</strong> a<strong>no</strong> transacto e on<strong>de</strong><br />

promove uma série <strong>de</strong> apresentações e <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates, dan<strong>do</strong> a oportunida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sector se manifestar<br />

nesta ocasião. Durante este forum, na sua edição <strong>de</strong> 2007, recolheram-se algumas informações<br />

importantes e alguns test<strong>em</strong>unhos úteis para esta dissertação.<br />

O orçamento anual Vini<strong>Portugal</strong> é bastante limita<strong>do</strong> face ao custo <strong>de</strong> qualquer acção <strong>de</strong><br />

promoção, assim é utiliza<strong>do</strong> <strong>em</strong> eventos <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s como chave <strong>no</strong> principio <strong>do</strong> a<strong>no</strong> e apenas <strong>em</strong><br />

merca<strong>do</strong>s que são os eleitos pelos associa<strong>do</strong>s como prioritários para a exportação <strong>de</strong> vinhos<br />

portugueses. Esta limitação <strong>de</strong> recursos t<strong>em</strong> feito com que as acções <strong>de</strong> promoção se realiz<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />

eventos <strong>de</strong> monta, a nível internacional, mas s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> eventos <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s ou a um público muito<br />

específico ou a profissionais. Percebe-se que perante um orçamento restrito a táctica da Vini<strong>Portugal</strong><br />

seja a <strong>de</strong> incidir a promoção <strong>em</strong> acções estratégicas e <strong>de</strong> forma a maximizar o seu impacte <strong>no</strong><br />

merca<strong>do</strong> das exportações. O que acontece é que o mesmo impacte não chega, muitas vezes, ao<br />

consumi<strong>do</strong>r final, que é o <strong>de</strong>cisor final na compra <strong>do</strong> vinho. Compreensivelmente ao concentrar os<br />

seus esforços neste tipo <strong>de</strong> promoção, a Vini<strong>Portugal</strong> espera que sejam outros agentes, como a<br />

imprensa, os distribui<strong>do</strong>res e os lojistas os vectores para a promoção <strong>do</strong> vinho português, <strong>no</strong> entanto,<br />

essa mesma estratégia não está a funcionar. Durante o Forum, um produtor ex<strong>em</strong>plificava este facto,<br />

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quan<strong>do</strong> durante uma feira <strong>de</strong> vinho para distribui<strong>do</strong>res na Al<strong>em</strong>anha conseguiu ven<strong>de</strong>r algumas<br />

caixas para uma garrafeira local, <strong>de</strong> cujo <strong>do</strong><strong>no</strong> a única <strong>no</strong>ticia <strong>de</strong> que tinha ti<strong>do</strong> era a <strong>de</strong> que estava<br />

com gran<strong>de</strong>s dificulda<strong>de</strong>s <strong>em</strong> ven<strong>de</strong>r o produto, porque o consumi<strong>do</strong>r final não o escolhia, mesmo<br />

quan<strong>do</strong> o vinho era recomenda<strong>do</strong>.<br />

O nível <strong>de</strong> amadurecimento e o nível <strong>de</strong> concorrência <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s - Países Nórdicos,<br />

Al<strong>em</strong>anha, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e Rei<strong>no</strong> Uni<strong>do</strong> - on<strong>de</strong> a Vini<strong>Portugal</strong> t<strong>em</strong> aposta<strong>do</strong> acabam por diluir<br />

qualquer esforço promocional, não trazen<strong>do</strong> visibilida<strong>de</strong> para os produtos nacionais, com os maus<br />

resulta<strong>do</strong>s a falar<strong>em</strong> por si.<br />

A Vini<strong>Portugal</strong> também foi responsável pelo acompanhamento da elaboração <strong>do</strong> Relatório<br />

Porter, uma fonte já citada <strong>no</strong> <strong>de</strong>curso <strong>de</strong>ste capítulo, mas que ainda não tinha si<strong>do</strong> <strong>de</strong>scrito. No<br />

seguimento <strong>de</strong> um estu<strong>do</strong> sobre a eco<strong>no</strong>mia portuguesa, que apontava a vitivinicultura como um<br />

cluster <strong>de</strong> sucesso potencial, a consultora internacional <strong>de</strong> Michael Porter, “Monitor Group”, elaborou<br />

um relatório encomenda<strong>do</strong> pela Vini<strong>Portugal</strong> on<strong>de</strong> é analisa<strong>do</strong> o sector vitivínicola e apresenta<strong>do</strong> um<br />

pla<strong>no</strong> estratégico, <strong>de</strong> impl<strong>em</strong>entação por sete a<strong>no</strong>s, <strong>de</strong> reestruturação <strong>do</strong> sector e <strong>de</strong> aposta na<br />

internacionalização <strong>do</strong>s seus produtos, concentran<strong>do</strong> os seus esforços <strong>no</strong>s merca<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s<br />

Uni<strong>do</strong>s e Rei<strong>no</strong> Uni<strong>do</strong>.<br />

Pela sua importância passar<strong>em</strong>os, <strong>de</strong> forma resumida, a enunciar algumas consi<strong>de</strong>rações,<br />

recomendações e conclusões <strong>do</strong> mesmo relatório.<br />

Para <strong>de</strong>pois concluirmos este capítulo com algumas consi<strong>de</strong>rações sobre os principais<br />

merca<strong>do</strong>s internacionais com oportunida<strong>de</strong>s para os vinhos portugueses.<br />

7.7.Internacionalização pelo relatório Porter<br />

O relatório Porter <strong>de</strong>fine como linha estratégica <strong>de</strong> acção para o sector <strong>do</strong>s vinhos uma<br />

aposta na internacionalização <strong>do</strong>s vinhos <strong>de</strong> maior qualida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> esforços <strong>no</strong>s<br />

merca<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e Rei<strong>no</strong> Uni<strong>do</strong>.<br />

Vamos <strong>em</strong> seguida fazer uma análise crítica aos pontos <strong>do</strong> relatório que inci<strong>de</strong>m sobre<br />

aspectos <strong>de</strong> internacionalização.<br />

-“Criar marca “<strong>Portugal</strong> Regional e um conselho promotor <strong>de</strong> vinhos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para facilitar<br />

e compensar a i<strong>no</strong>vação”; Esta estratégia preten<strong>de</strong> que se permita a inclusão <strong>de</strong> vinhos <strong>de</strong><br />

diferentes regiões num mesmo lote. Objectivo seria aproveitar o potencial vínico <strong>do</strong> país, ao invés <strong>do</strong><br />

regional, como actualmente se pratica. Já a criação <strong>do</strong> conselho promotor é uma excelente medida,<br />

<strong>no</strong> entanto essa é uma competência da Vini<strong>Portugal</strong>.<br />

- “Proteger marcas portuguesas (D.O.C., castas, etc.) através da erradicação <strong>de</strong> vinhos <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> reduzida”; A estratégia <strong>de</strong> irradicação <strong>de</strong> vinhos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> reduzida insere-se na<br />

anterior, porque estaríamos a promover um produto homogéneo <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, ou seja a<br />

melhor qualida<strong>de</strong> possível. Estas duas estratégias parec<strong>em</strong> <strong>de</strong> dificil aplicação porque a oferta vínica<br />

<strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> também é heterogénea <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e erradicar o vinho <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> inferior<br />

é dificil porque muitas vezes não há condições físicas <strong>de</strong> se produzir<strong>em</strong> melhores vinhos e não é<br />

49


possível regular e querer impôr às eco<strong>no</strong>mias locais e aos produtores que aban<strong>do</strong>n<strong>em</strong> a produção <strong>de</strong><br />

vinho e se <strong>de</strong>diqu<strong>em</strong> a outras activida<strong>de</strong>s porventura me<strong>no</strong>s rentáveis que o vinho, mesmo sen<strong>do</strong><br />

vinho <strong>de</strong> fraca qualida<strong>de</strong>. Legislação e regulação <strong>de</strong>verá cingir-se sobre práticas <strong>de</strong> produção, não<br />

sobre castas ou locais <strong>de</strong> produção. Para efeitos <strong>de</strong> ilustração, imagine-se que, mesmo se o país<br />

ganhasse globalmente com isso, o que era arrancar a vinha por completo <strong>no</strong> Ribatejo, uma região<br />

reconhecida pelo vinho, mas que apenas po<strong>de</strong> ambicionar produzir vinhos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> média pelas<br />

condições naturais da região (região fértil on<strong>de</strong> as vinhas apresentam gran<strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> por cepa,<br />

o que <strong>de</strong>cresce a qualida<strong>de</strong>). Quanto à questão da protecção das marcas portuguesas, o ex<strong>em</strong>plo<br />

da<strong>do</strong> <strong>no</strong> relatório – D.O.C. – é ilustrativo da dificulda<strong>de</strong> <strong>em</strong> manter essa protecção e promover ao<br />

mesmo t<strong>em</strong>po a marca “<strong>Portugal</strong> Regional”, já que as principais marcas portuguesas têm uma base<br />

regional.<br />

-“Definir e manter categoria-país na GB/EUA”: Mesmos probl<strong>em</strong>as já referi<strong>do</strong>s, com a agravante<br />

<strong>de</strong> ser mais dificil promover o e<strong>no</strong>turismo, que terá que ter uma base forçosamente regional, à<br />

s<strong>em</strong>elhança <strong>do</strong> que já acontece <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> e <strong>no</strong>utros países com as rotas <strong>do</strong> vinho. Uma rota <strong>do</strong>s<br />

vinhos nacional teria algum interesse e hoje <strong>em</strong> dia <strong>Portugal</strong> tor<strong>no</strong>u-se num país ainda mais peque<strong>no</strong><br />

com as acessibilida<strong>de</strong>s existentes, <strong>no</strong> entanto o interesse <strong>do</strong> país será o <strong>de</strong> procurar que os visitantes<br />

queiram repetir a visita.<br />

Quanto à escolha <strong>de</strong>stes <strong>do</strong>is merca<strong>do</strong>s, esta apresenta alguma lógica <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à atractivida<strong>de</strong><br />

relativa <strong>de</strong>stes merca<strong>do</strong>s, <strong>no</strong> entanto, são também merca<strong>do</strong>s que apresentam muitas barreiras à<br />

entrada <strong>do</strong>s vinhos portugueses, mas <strong>no</strong> ponto seguinte <strong>de</strong>senvolver<strong>em</strong>os esta t<strong>em</strong>ática da selecção<br />

<strong>de</strong> países prioritários.<br />

-“Analisar preferências <strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>res na GB/EUA – reflectir essa informação <strong>em</strong> produto e<br />

<strong>em</strong>balag<strong>em</strong>”: Como já referi<strong>do</strong>, é essencial numa boa abordag<strong>em</strong> a qualquer merca<strong>do</strong> <strong>em</strong> que não<br />

se possui conhecimento.<br />

Este relatório fixou ainda algumas metas, com objectivos quantifica<strong>do</strong>s e um pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> acção<br />

divi<strong>do</strong> por sete campanhas e por mais <strong>de</strong> cinquenta acções, ten<strong>do</strong> fixa<strong>do</strong> o a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2010 como o a<strong>no</strong><br />

<strong>em</strong> que se chegariam à meta <strong>do</strong> aumento <strong>de</strong> um bilião <strong>de</strong> euros na receita <strong>do</strong> cluster forma<strong>do</strong> pelas<br />

<strong>em</strong>presas <strong>do</strong> sector vitivinicola, aumento assente nas exportações <strong>de</strong> produtos regionais e <strong>de</strong><br />

D.O.C.s. Embora não tenha si<strong>do</strong> possível o acesso ao actual balanço <strong>de</strong>ste número, o facto é que as<br />

exportações <strong>de</strong> vinhos D.O.C. têm-se manti<strong>do</strong> <strong>em</strong> valores constantes e até têm <strong>de</strong>cresci<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

percentag<strong>em</strong> relativa aos vinhos <strong>de</strong> mesa e regional, assim como se t<strong>em</strong> observa<strong>do</strong> a estagnação<br />

das exportações para o Rei<strong>no</strong> Uni<strong>do</strong> e para os E.U.A..<br />

50


7.8.Caracterização <strong>do</strong>s <strong>Merca<strong>do</strong></strong>s <strong>de</strong> maior Potencial<br />

Angola e países lusófo<strong>no</strong>s<br />

Já vimos que Angola é hoje o principal merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> exportação <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>, tanto <strong>em</strong> termos<br />

<strong>de</strong> volume, como <strong>de</strong> valor das exportações. Sen<strong>do</strong> a quota <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> ocupada por <strong>Portugal</strong> <strong>de</strong><br />

90%, utilizan<strong>do</strong> uma estimativa usan<strong>do</strong> as tabelas <strong>no</strong> anexo 2 para o a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2005 e ten<strong>do</strong> por base o<br />

volume.<br />

Hoje <strong>em</strong> dia Angola é uma Eco<strong>no</strong>mia <strong>em</strong> expansão, registan<strong>do</strong> índices <strong>de</strong> crescimento como<br />

nenhuma outra, com taxas <strong>de</strong> crescimento <strong>do</strong> P.I.B. na or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s 18% <strong>em</strong> 2008. Ao nível <strong>do</strong><br />

consumo <strong>de</strong> vinho, este aumentou <strong>em</strong> cerca <strong>de</strong> 25% entre 2002 e 2006, mas com as exportações<br />

portuguesas para este país a crescer, <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> valor, entre 2000 e 2005 na or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s 400%, o<br />

que se trata <strong>de</strong> um resulta<strong>do</strong> incrível e representativo das boas relações comerciais que t<strong>em</strong>os<br />

manti<strong>do</strong> com Angola, que foi <strong>em</strong> 2007, o 6º maior cliente <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>, que foi o principal fornece<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

merca<strong>do</strong> angola<strong>no</strong> <strong>em</strong> 2006. (Fonte: BNA e INE)<br />

Este merca<strong>do</strong>, não isento <strong>de</strong> riscos, muito por causa <strong>do</strong>s probl<strong>em</strong>as que o país ainda<br />

atravessa, tais como, eleva<strong>do</strong> nível <strong>de</strong> corrupção ao nível <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> e das instituições públicas,<br />

infraestruturas <strong>de</strong>ficitárias, população <strong>em</strong>pobrecida, para além da falta <strong>de</strong> transparência <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r<br />

político, entre outros probl<strong>em</strong>as, o que indicia alguns riscos ao nível da estabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ambiente<br />

exter<strong>no</strong> <strong>do</strong> país. Basear a estratégia <strong>de</strong> internacionalização neste país seria um erro, porque não há<br />

certezas se o merca<strong>do</strong> teria capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> absorver produto. Muito <strong>do</strong> vinho consumi<strong>do</strong> <strong>em</strong> Angola, é<br />

consumi<strong>do</strong> pela comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> portugueses, que também t<strong>em</strong> cresci<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong>s últimos a<strong>no</strong>s e<br />

por uma reduzida percentag<strong>em</strong> da população.<br />

No entanto, este é um merca<strong>do</strong> <strong>em</strong> que se <strong>de</strong>ve apostar porque t<strong>em</strong> um eleva<strong>do</strong> potencial <strong>de</strong><br />

crescimento, estan<strong>do</strong> ainda numa fase <strong>de</strong> início <strong>de</strong> vida. A presença <strong>do</strong>s produtos portugueses,<br />

promovi<strong>do</strong>s e vendi<strong>do</strong>s graças aos produtores priva<strong>do</strong>s, o intercâmbio económico e cultural, para<br />

além <strong>de</strong> uma ligação histórica, faz<strong>em</strong> <strong>do</strong> produto português um produto extr<strong>em</strong>amente b<strong>em</strong> coloca<strong>do</strong><br />

para a conquista <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos consumi<strong>do</strong>res.<br />

Infelizmente, apenas <strong>no</strong> último a<strong>no</strong> t<strong>em</strong>os assisti<strong>do</strong> à atenção <strong>do</strong>s organismos por este país,<br />

tais como a Vini<strong>Portugal</strong>, que iniciou <strong>em</strong> 2008 algumas activida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> Luanda, mas que não t<strong>em</strong><br />

apoia<strong>do</strong> alguns <strong>do</strong>s seus associa<strong>do</strong>s que já operam neste merca<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> opiniões recolhidas<br />

durante o Forum 2007, e que sent<strong>em</strong> que a sua posição po<strong>de</strong>rá estar <strong>em</strong> perigo face a produtos <strong>do</strong><br />

Novo Mun<strong>do</strong> - proveniente <strong>de</strong> países como o Chile, ou a África <strong>do</strong> Sul - que também já começaram a<br />

exportar vinho para Angola.<br />

Angola, também se avizinha como potencial país produtor, dadas as condições naturais <strong>de</strong>ste<br />

país, que nunca foram exploradas <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao facto <strong>de</strong> que quan<strong>do</strong> era uma colónia portuguesa a<br />

produção <strong>de</strong> vinho estar proibida. Assim, como já referimos, Angola transforma-se assim numa<br />

oportunida<strong>de</strong> para os produtores nacionais exten<strong>de</strong>r<strong>em</strong> a sua produção para este país, juntan<strong>do</strong> o<br />

conhecimento e<strong>no</strong>lógico português e as relações privilegiadas entre os <strong>do</strong>is países ao crescimento <strong>do</strong><br />

merca<strong>do</strong> e ao investimento angola<strong>no</strong>. Num segmento <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> inferior, veja-se o ex<strong>em</strong>plo da<br />

51


Wakefield, que já possui unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>em</strong>balag<strong>em</strong> e transformação e que <strong>no</strong> seu portfólio <strong>de</strong> produtos<br />

oferece já <strong>do</strong>is vinhos e um produto vínico (sangria).<br />

Quanto aos restantes países africa<strong>no</strong>s lusófo<strong>no</strong>s, to<strong>do</strong>s, com a excepção da Guiné-Bissau<br />

apresentam-se como merca<strong>do</strong>s naturais para o vinho português e relativamente estáveis económica<br />

e politicamente, com Moçambique a ser o sétimo país com mais volume <strong>de</strong> vinho português<br />

importa<strong>do</strong>, mas consumin<strong>do</strong> vinhos <strong>de</strong> valor francamente inferior aos <strong>de</strong> Angola. Também se<br />

apresenta como país produtor <strong>em</strong> potencial, <strong>no</strong> entanto, <strong>em</strong>bora goze <strong>de</strong> maior estabilida<strong>de</strong> política,<br />

não apresenta o crescimento económico <strong>de</strong> Angola.<br />

O Brasil, como país lusófo<strong>no</strong> também se apresenta como uma oportunida<strong>de</strong> para os vinhos<br />

portugueses, primeiro pela comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> portuguesa que t<strong>em</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>em</strong> manter<br />

alguns laços com <strong>Portugal</strong>, <strong>de</strong>pois pelo potencial <strong>de</strong>ste merca<strong>do</strong> que importa anualmente uma<br />

quantida<strong>de</strong> muito superior à produzida <strong>no</strong> país, <strong>em</strong> 2008 importou 579,4 Mhl, ten<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong> apenas<br />

3,2 Mhl. Quan<strong>do</strong> observamos que a capitação neste país é <strong>de</strong> apenas 1,7 l/per capita e que existe um<br />

estu<strong>do</strong>, <strong>do</strong> Instituto Brasileiro <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong>, que estima que até 2030 esta mesma capitação <strong>de</strong>verá subir<br />

até aos 3,5 l/per capita, é fácil perceber a atractivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste merca<strong>do</strong>.<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e Rei<strong>no</strong> Uni<strong>do</strong><br />

S<strong>em</strong> tradição <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> vinhos <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>, muito <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao seu clima, o<br />

Rei<strong>no</strong> Uni<strong>do</strong> é um merca<strong>do</strong> <strong>em</strong> que praticamente a totalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> vinho consumi<strong>do</strong> provém <strong>do</strong><br />

exterior, <strong>em</strong> 2006 foram produzi<strong>do</strong>s 2969 hl e consumi<strong>do</strong>s 11.700.000 hl, observan<strong>do</strong>-se uma taxa <strong>de</strong><br />

crescimento a cinco a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 18%, fazen<strong>do</strong>-o o maior e um <strong>do</strong>s mais apetecíveis merca<strong>do</strong>s mundiais.<br />

Embora os vinhos portugueses s<strong>em</strong>pre tenham esta<strong>do</strong> presentes neste merca<strong>do</strong>,<br />

especialmente, como já vimos, através <strong>do</strong> vinho <strong>do</strong> Porto. Este merca<strong>do</strong> é marca<strong>do</strong> por uma<br />

concorrência feroz, especialmente <strong>de</strong> países <strong>do</strong> Novo Mun<strong>do</strong>, que apelam a um público mais jov<strong>em</strong>,<br />

com vinhos económicos e fáceis <strong>de</strong> beber, mas também por países <strong>do</strong> Velho Mun<strong>do</strong>, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao<br />

eleva<strong>do</strong> po<strong>de</strong>r económico <strong>de</strong> parte da população.<br />

Nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, o consumo subiu, <strong>de</strong> 2002 para 2006, <strong>em</strong> cerca <strong>de</strong> 14% e possu<strong>em</strong><br />

também um eleva<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> vinho importa<strong>do</strong>, muito <strong>em</strong>bora sejam igualmente um país produtor.<br />

Estes <strong>do</strong>is países, representan<strong>do</strong> oportunida<strong>de</strong>, pela estabilida<strong>de</strong> das suas eco<strong>no</strong>mias, po<strong>de</strong>r<br />

económico da população e potencial <strong>de</strong> crescimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, são também merca<strong>do</strong>s dificeis <strong>de</strong><br />

actuar para países peque<strong>no</strong>s como <strong>Portugal</strong>, especialmente com <strong>em</strong>presas <strong>de</strong> tão pequena<br />

dimensão e <strong>em</strong> merca<strong>do</strong>s on<strong>de</strong> o consumi<strong>do</strong>r é muito exigente, requeren<strong>do</strong> gran<strong>de</strong>s esforços <strong>de</strong><br />

i<strong>no</strong>vação e <strong>de</strong> marketing.<br />

Adicionalmente <strong>em</strong> relação ao merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>s E.U.A., dizia Roger Voss, jornalista <strong>do</strong> “Wine<br />

Enthusiast Magazine”: “The opportunity for Portuguese Wine is K<strong>no</strong>w (...)”, <strong>no</strong> Forum <strong>do</strong> Sector <strong>do</strong><br />

<strong>Vinho</strong> 2007, referin<strong>do</strong> os pontos fortes <strong>do</strong>s vinhos portugueses, que são na sua opinião: os sabores<br />

das castas portuguesas, o Porto, o <strong>Vinho</strong> Ver<strong>de</strong> e ainda os Preços. Como pontos negativos refere:<br />

<strong>de</strong>sconhecimento <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>; dificulda<strong>de</strong> na pronunciação <strong>de</strong> <strong>no</strong>mes portugueses; america<strong>no</strong>s<br />

confun<strong>de</strong>m <strong>Portugal</strong> com Espanha; não há publicida<strong>de</strong> a vinhos portugueses. Diz ainda o jornalista<br />

que o merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>s E.U.A. é caracteriza<strong>do</strong> pelo facto <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res não querer<strong>em</strong> saber <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

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vêm os vinhos, apenas ligan<strong>do</strong> a marcas. Acha também que hoje <strong>em</strong> dia, é crítico o <strong>do</strong>mínio da<br />

internet como instrumento <strong>de</strong> promoção e que há s<strong>em</strong>pre peque<strong>no</strong>s importa<strong>do</strong>res interessa<strong>do</strong>s <strong>em</strong><br />

regiões <strong>no</strong>vas e <strong>no</strong>vos vinhos. O que po<strong>de</strong>rão ser oportunida<strong>de</strong>s para os produtores nacionais.<br />

S<strong>em</strong> dúvida que estes são merca<strong>do</strong>s <strong>em</strong> que mesmo pequenas quotas não <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ter<br />

impacte <strong>no</strong> sector <strong>do</strong> vinho português, <strong>no</strong> entanto, pelas necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s e<br />

especialmente <strong>no</strong> caso <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong> pela distância que há com <strong>Portugal</strong> e o<br />

<strong>de</strong>sconhecimento, acabam por surgir os probl<strong>em</strong>as já referi<strong>do</strong>s, como o facto <strong>de</strong> se conseguir chegar<br />

aos distribui<strong>do</strong>res pontualmente, mas não se conseguir ven<strong>de</strong>r o produto ao consumi<strong>do</strong>r final.<br />

O merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rei<strong>no</strong> Uni<strong>do</strong> é um merca<strong>do</strong> que representa outras oportunida<strong>de</strong>s,<br />

<strong>no</strong>meadamente ao nível da ligação <strong>do</strong> vinho com o turismo, já que os turistas britânicos visitam com<br />

regularida<strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>, para além <strong>de</strong> que há uma comunida<strong>de</strong> <strong>em</strong>igrante importante neste país que<br />

além <strong>de</strong> consumir vinho português po<strong>de</strong>rá ajudar à sua promoção.<br />

A China como merca<strong>do</strong> <strong>em</strong>ergente<br />

Sen<strong>do</strong> o quinto maior consumi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> vinho mundial, com uma taxa <strong>de</strong> crescimento <strong>em</strong> cinco<br />

a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 40%, a China apresenta um valor <strong>de</strong> consumo, per capita, <strong>de</strong> apenas cerca <strong>de</strong> 0,5 l, o que<br />

faz <strong>de</strong>ste merca<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s mais apetecíveis por todas as nações que exportam vinho.<br />

Quanto às características <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, citan<strong>do</strong> um artigo <strong>de</strong> Jeni Port, (“The Sydney Morning<br />

Herald”,12 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro 2008), é referi<strong>do</strong> o facto <strong>de</strong> que ven<strong>de</strong>r vinho barato neste país é impossível<br />

da<strong>do</strong> à própria indústria vitivínicola chinesa que inunda o merca<strong>do</strong> com vinho <strong>de</strong> preço extr<strong>em</strong>amente<br />

reduzi<strong>do</strong>, <strong>no</strong> entanto, o consumo <strong>de</strong> vinho na China faz-se muito por intermédio <strong>de</strong> ofertas <strong>de</strong><br />

garrafas <strong>de</strong> vinho, fruto da apetência <strong>de</strong> uma <strong>no</strong>va geração <strong>de</strong> chineses por produtos <strong>de</strong> luxo<br />

oci<strong>de</strong>ntais, como sinal <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> plena expansão económica e com a afirmação, como<br />

potência mundial, <strong>do</strong> país.<br />

O país que mais exporta para a China, segun<strong>do</strong> o artigo cita<strong>do</strong>, é precisamente a França, um<br />

produtor <strong>do</strong> Velho Mun<strong>do</strong>, referin<strong>do</strong> a fraca apetência por vinhos australia<strong>no</strong>s vendi<strong>do</strong>s com rótulos<br />

<strong>em</strong> que imperam figuras <strong>de</strong> koala, claramente indican<strong>do</strong> uma tendência por produtos com uma<br />

imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> requinte. Após a Austrália, Espanha e Itália são outros <strong>do</strong>s maiores exporta<strong>do</strong>res.<br />

Ao nível <strong>de</strong> tendências <strong>de</strong> consumo, 80% <strong>do</strong>s vinhos consumi<strong>do</strong>s são tintos, especialmente<br />

<strong>de</strong> uvas cabernet sauvig<strong>no</strong>n, sen<strong>do</strong> bastantes populares os vinhos moscato. O que po<strong>de</strong>rá ser uma<br />

oportunida<strong>de</strong> para os vinhos moscatéis ou outros vinhos fortifica<strong>do</strong>s portugueses.<br />

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8.9.Análise S.W.O.T. (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats)<br />

Forças<br />

Fraquezas<br />

Diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vinhos, castas e<br />

terroirs<br />

Relação qualida<strong>de</strong>/preço <strong>do</strong>s vinhos<br />

portugueses<br />

Condições naturais <strong>do</strong> país para o<br />

E<strong>no</strong>turismo<br />

Tradição Vitivínicola <strong>do</strong> país<br />

Desarticulação, <strong>de</strong>sorganização e<br />

dispersão das entida<strong>de</strong>s públicas<br />

Dimensão reduzida da maior parte<br />

<strong>do</strong>s produtores<br />

Dimensão e recursos económicos <strong>do</strong><br />

País<br />

Niveis <strong>de</strong> Produção Reduzi<strong>do</strong><br />

Tabela 3:Análise S.W.O.T. Internacionalização<br />

Oportunida<strong>de</strong>s<br />

Ameaças<br />

Crescimento <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s<br />

lusófo<strong>no</strong>s<br />

Diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

comunida<strong>de</strong>s <strong>em</strong>igrantes portuguesas<br />

por to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong><br />

Potencial <strong>de</strong> crescimento muito<br />

eleva<strong>do</strong> <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brasil e<br />

Angola<br />

Boom <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> Chinês<br />

Apetência por vinhos diferencia<strong>do</strong>s<br />

<strong>em</strong> merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> maior valor<br />

Dimensão <strong>de</strong> produtores <strong>em</strong> outros<br />

países exporta<strong>do</strong>res<br />

Capacida<strong>de</strong> Económica e Política <strong>de</strong><br />

outros países produtores<br />

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1.Introdução<br />

Capítulo VI<br />

Estu<strong>do</strong> Qualitativo <strong>do</strong>s Consumi<strong>do</strong>res Portugueses <strong>de</strong> <strong>Vinho</strong><br />

Neste capítulo ir<strong>em</strong>os realizar um estu<strong>do</strong> qualitativo exploratório e introduzir o estu<strong>do</strong> à<br />

caracterização <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r português <strong>de</strong> vinho, realizan<strong>do</strong> para o efeito um conjunto <strong>de</strong><br />

entrevistas profundas e a sua consequente análise com o auxilio da construção <strong>de</strong> mapas cognitivos<br />

e a sua análise utilizan<strong>do</strong> um méto<strong>do</strong> testa<strong>do</strong> para o efeito, assim como uma análise qualitativa aos<br />

test<strong>em</strong>unhos recolhi<strong>do</strong>s.<br />

O objectivo da construção <strong>do</strong>s mapas cognitivos pren<strong>de</strong>-se com o objectivo central da<br />

dissertação, pesquisa <strong>de</strong> <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong> <strong>no</strong> <strong>Merca<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong>. Sen<strong>do</strong> que os <strong>Factores</strong><br />

<strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong> (FCS) i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s através das entrevistas são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong> Operacionais porque não representam generalizações teóricas, que necessitam <strong>de</strong> uma<br />

validação ao nível da sua consistência externa através <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s aprofunda<strong>do</strong>s, opiniões <strong>de</strong> peritos,<br />

estu<strong>do</strong>s quantitativos.<br />

Os FCS´s i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s através das entrevistas apenas espelham os factores relaciona<strong>do</strong>s<br />

com o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>res, não sen<strong>do</strong> aponta<strong>do</strong>s <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong> a outros níveis<br />

<strong>do</strong> negócio ou <strong>do</strong> sector, como da produção. Outros estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong><br />

envolven<strong>do</strong> a construção <strong>de</strong> mapas cognitivos, distingu<strong>em</strong>-se <strong>do</strong> presente pelo painel <strong>de</strong><br />

entrevista<strong>do</strong>s, peritos e especialistas <strong>do</strong>s sectores <strong>no</strong>s outros estu<strong>do</strong>s e consumi<strong>do</strong>res comuns neste<br />

caso (artigo Prof. Teresa L<strong>em</strong>os).<br />

Inicialmente estava previsto um questionário misto com respostas abertas e respostas<br />

fechadas, mas quan<strong>do</strong> foi iniciada a construção <strong>do</strong> mesmo questionário <strong>de</strong>pressa começaram a surgir<br />

<strong>de</strong>masiadas dúvidas sobre que perguntas seriam feitas e que hipóteses seriam testadas <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à<br />

falta <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s exploratórios que serviss<strong>em</strong> como base e <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à dificulda<strong>de</strong> <strong>em</strong> conseguir aplicar o<br />

questionário a uma amostra <strong>de</strong> dimensão suficiente, que representasse o merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

consumi<strong>do</strong>res, para validar as conclusões <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>.<br />

Como não existe investigação, <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, sobre o consumo <strong>de</strong> vinho centrada <strong>no</strong>s<br />

consumi<strong>do</strong>res mas apenas opiniões <strong>de</strong> peritos ou agentes liga<strong>do</strong>s ao sector, torna-se muito dificil<br />

prever comportamentos <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, <strong>de</strong>senvolver estu<strong>do</strong>s sobre o consumo <strong>de</strong> vinho e estratégias<br />

<strong>de</strong> marketing eficientes. Assim, rapidamente se chegou à conclusão que um estu<strong>do</strong> qualitativo seria<br />

muito mais útil para os objectivos da dissertação.<br />

O estu<strong>do</strong> qualitativo é especialmente útil para <strong>de</strong>finir o probl<strong>em</strong>a ou <strong>de</strong>senvolver a abordag<strong>em</strong><br />

ao probl<strong>em</strong>a. É comum utilizar<strong>em</strong>-se tanto os méto<strong>do</strong>s qualitativos, como quantitativos, ou ambos<br />

sequencialmente. Assim, muitas vezes são utiliza<strong>do</strong>s os méto<strong>do</strong>s quantitativos para generalizar<br />

conclusões obtidas por pesquisas qualitativas ou para fazer projecções e quantificações <strong>de</strong> factos<br />

apura<strong>do</strong>s com técnicas qualitativas. Sen<strong>do</strong> que qualquer assunto <strong>no</strong>vo <strong>em</strong> Marketing é s<strong>em</strong>pre<br />

aborda<strong>do</strong>, <strong>em</strong> primeira análise, <strong>de</strong> forma qualitativa (Malhotra, 2007).<br />

55


Vejamos, a pesquisa qualitativa permite ir muito mais a fun<strong>do</strong> <strong>no</strong> que concerne às <strong>em</strong>oções,<br />

às sensações, aos ensejos <strong>do</strong>s sujeitos, porque permite maior liberda<strong>de</strong> nas respostas e nas<br />

perguntas. No caso <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s qualitativos e especialmente <strong>no</strong> méto<strong>do</strong> das entrevistas individuais,<br />

a utilizar na dissertação, não há uma estrutura rígida <strong>de</strong> inquirição, o sujeito está <strong>no</strong> centro da prova,<br />

com o entrevista<strong>do</strong>r a agir como mero facilita<strong>do</strong>r, recolhen<strong>do</strong> as informações que o seu interlocutor<br />

lhe vai transmitin<strong>do</strong> e tornan<strong>do</strong> fluída a conversa.<br />

Estes estu<strong>do</strong>s são especialmente úteis quan<strong>do</strong> o objectivo é <strong>de</strong>scobrir o que sente um<br />

consumi<strong>do</strong>r por certo produto. Os estu<strong>do</strong>s quantitativos não consegu<strong>em</strong> revelar <strong>em</strong>oções, permitin<strong>do</strong><br />

as entrevistas individuais uma extensa sondag<strong>em</strong> aos individuos, <strong>de</strong>scobrin<strong>do</strong> <strong>em</strong>oções encobertas<br />

(Malhotra, 2007).<br />

Uma entrevista aprofundada é uma entrevista não-estruturada, directa e pessoal na qual um<br />

único inquiri<strong>do</strong> é sonda<strong>do</strong> por um entrevista<strong>do</strong>r, extr<strong>em</strong>amente competente, para revelar incobertas<br />

motivações, cre<strong>do</strong>s, atitu<strong>de</strong>s e <strong>em</strong>oções sobre um tópico (Brech, 2008).<br />

Muito <strong>em</strong>bora neste caso a experiência <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>r seja limitada, este revela algumas<br />

competências <strong>de</strong> comunicação e mesmo tão <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>r com a<br />

óbvia limitação que esse factor lhe influi, a entrevista aprofundada é o méto<strong>do</strong> que melhor se a<strong>de</strong>qua<br />

aos objectivos da tese e natureza <strong>do</strong> probl<strong>em</strong>a. No livro “Marketing Research”, <strong>de</strong> Naresh Malhotra<br />

(2007), po<strong>de</strong>mos encontrar entre as aplicações das entrevistas aprofundadas as seguintes, cujos<br />

requisitos se ass<strong>em</strong>elham com os <strong>do</strong> <strong>no</strong>sso estu<strong>do</strong>:<br />

-Sondag<strong>em</strong> <strong>de</strong>talhada <strong>do</strong> inquiri<strong>do</strong> (Compra <strong>de</strong> um automóvel);<br />

-Compreensão <strong>de</strong>talhada <strong>de</strong> um comportamento complica<strong>do</strong> (compras num gran<strong>de</strong> armazém);<br />

-Situações on<strong>de</strong> a experiência <strong>de</strong> consumo <strong>do</strong> produto é sensorial por natureza, afectan<strong>do</strong> esta<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> alma e <strong>em</strong>oções (perfumes, etc).<br />

O que confere uma certa robustez à <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> optar por este méto<strong>do</strong>, para além da<br />

observação que outros estu<strong>do</strong>s já cita<strong>do</strong>s neste relatório seguiram o mesmo méto<strong>do</strong>. Estu<strong>do</strong>s como:<br />

- Tach & Olsen, “The Search for New Wine Consumers: Marketing focus on consumer lifestyle or<br />

lifecycle?”, International Journal for Wine Marketing, 2005;<br />

- Charters & Pettigrew, “Conceptualizing product quality: the case of wine”, Marketing Theory, 2006.<br />

Como o registo das entrevistas profundas e o tratamento <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s qualitativos revela-se <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> complexida<strong>de</strong>, foi escolhi<strong>do</strong> como ferramenta <strong>de</strong> apoio ao estu<strong>do</strong>, a análise e construção <strong>de</strong><br />

mapas cognitivos pela sua relativa facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização, pela existência <strong>de</strong> software <strong>de</strong> apoio e<br />

pelo facto <strong>de</strong> haver<strong>em</strong> estu<strong>do</strong>s s<strong>em</strong>elhantes utilizan<strong>do</strong> com sucesso este méto<strong>do</strong>, para além <strong>de</strong> ser<br />

um méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> robustez e fiabilida<strong>de</strong> testadas.<br />

56


Mapas Cognitivos – Teoria Subjacente<br />

Um mapa cognitivo preten<strong>de</strong> ser uma abordag<strong>em</strong> construtivista ou sist<strong>em</strong>ática da forma como<br />

um indíviduo percepciona um qualquer t<strong>em</strong>a, ou seja é a representação, com a forma <strong>de</strong> um<br />

diagrama, das relações entre diferentes dimensões sobre a mesma t<strong>em</strong>ática. O mapeamento<br />

cognitivo, foi <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> da seguinte forma (E<strong>de</strong>n e Ackerman, 1998): “ técnica <strong>de</strong>senvolvida para<br />

capturar o pensamento <strong>de</strong> um individuo sobre um particular assunto ou probl<strong>em</strong>a num formato<br />

diagramático, ao invés <strong>de</strong> linear”.<br />

Com esta técnica, preten<strong>de</strong>-se, por um la<strong>do</strong>, analisar os da<strong>do</strong>s qualitativos provenientes das<br />

entrevistas e por outro, extrair os <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong>. Um mapa cognitivo constrói-se<br />

colocan<strong>do</strong> os conceitos referi<strong>do</strong>s pelos sujeitos e utilizan<strong>do</strong> setas para representar as relações entre<br />

conceitos, a direcção da seta, da cauda até à ponta expressa a implicação <strong>de</strong>monstrada pelo sujeito.<br />

A <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong>(FCS´s) foi já obtida através da análise <strong>de</strong><br />

Mapas Cognitivos <strong>em</strong> 1999 por Bana e Costa, <strong>no</strong> estu<strong>do</strong> “Mapping Critical factors for firm sustainable<br />

survival. A case-study in the Brazilian textile industry”. A i<strong>de</strong>ia subjacente à utilização <strong>do</strong>s mapas<br />

cognitivos para a <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong>s FCS´s t<strong>em</strong> que ver com a análise <strong>de</strong> grupos, clusters, que<br />

expressam as relações entre conceitos e que <strong>no</strong> caso <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> será <strong>de</strong>senvolvida com a<br />

ajuda <strong>de</strong> software apropria<strong>do</strong>, o Decision Explorer.<br />

Vantagens da utilização <strong>de</strong> Mapas Cognitivos<br />

As vantagens retiradas da utilização <strong>de</strong> mapas cognitivos são várias, <strong>em</strong> primeiro lugar a sua<br />

a<strong>de</strong>quação à utilização como forma <strong>de</strong> analisar qualitativamente entrevistas, muitas vezes muito<br />

complexas, com vários conceitos interliga<strong>do</strong>s e muitas i<strong>de</strong>ias geradas a ser<strong>em</strong> referidas pelos<br />

entrevista<strong>do</strong>s, o que acaba por se revelar uma tarefa bastante complicada para o entrevista<strong>do</strong>r se<br />

não possuir uma ferramente robusta que o aju<strong>de</strong> a reter o máximo <strong>de</strong> informação e a assegurar que a<br />

informação registada mantém a coerência, a forma e o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> test<strong>em</strong>unho.<br />

Enquanto representação gráfica, o mapa cognitivo permite um pa<strong>no</strong>rama geral, tanto <strong>do</strong>s<br />

conceitos, como das ligações entre conceitos, permitin<strong>do</strong> uma visão ampla e <strong>de</strong> fácil compreensão,<br />

com gran<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> para o investiga<strong>do</strong>r.<br />

Ao permitir a junção <strong>de</strong> vários mapas num só, o mapa cognitivo agrega<strong>do</strong> permite ao<br />

investiga<strong>do</strong>r passar <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> mapas que representam várias realida<strong>de</strong>s, opiniões e pontos-<br />

<strong>de</strong>-vista para um mapa que agrega e que representa a visão <strong>do</strong> grupo.<br />

A forma simples e directa <strong>de</strong> captar a informação permite reduzir a subjectivida<strong>de</strong> que outros<br />

tipos <strong>de</strong> méto<strong>do</strong> têm, pela incapacida<strong>de</strong> que têm <strong>em</strong> incluir factores explicativos e mais próximos da<br />

opinião <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s. Méto<strong>do</strong>s, como por ex<strong>em</strong>plo a utilização <strong>de</strong> questionários com escalas e<br />

classificação <strong>de</strong> afirmações, cuja resposta é difícil <strong>de</strong> representar a opinião <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong> e n<strong>em</strong><br />

s<strong>em</strong>pre se revelan<strong>do</strong> consistente, sen<strong>do</strong> para isso necessário incluir uma série <strong>de</strong> perguntas<br />

redundantes para analisar a consistência das respostas, para além da relativida<strong>de</strong> com que cada<br />

inquiri<strong>do</strong> utiliza as escalas <strong>de</strong> pontuação.<br />

57


Por último e não me<strong>no</strong>s importante, a liberda<strong>de</strong> que o investiga<strong>do</strong>r t<strong>em</strong> <strong>em</strong> utilizar a<br />

linguag<strong>em</strong> <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>, assim como o número <strong>de</strong> ligações que achar necessário tornam o<br />

resulta<strong>do</strong> final numa aproximação fiável <strong>do</strong> ponto-<strong>de</strong>-vista, ou da forma como o entrevista<strong>do</strong><br />

percepciona o assunto, reduzin<strong>do</strong> a influência <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>r sobre os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>.<br />

Meto<strong>do</strong>logia aplicada à Análise <strong>do</strong>s Mapas<br />

O software escolhi<strong>do</strong> para a análise <strong>do</strong>s Mapas Cognitivos, teve por base os outros estu<strong>do</strong>s<br />

referi<strong>do</strong>s, que seguiram s<strong>em</strong>elhante meto<strong>do</strong>logia e s<strong>em</strong>elhante ferramenta. Este software, que<br />

permite tanto a construção <strong>do</strong>s mapas, como a análise das relações entre os conceitos foi<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pela Banxia Software e foi utilizada a versão 3.3. Quanto ao méto<strong>do</strong> selecciona<strong>do</strong> e<br />

adapta<strong>do</strong> para o t<strong>em</strong>a <strong>em</strong> questão, trata-se <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> <strong>em</strong> 2001 por Ackerman, F., para<br />

a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> FCSs com base <strong>em</strong> mapas cognitivos agrega<strong>do</strong>s construí<strong>do</strong>s com base <strong>em</strong><br />

entrevistas a painéis <strong>de</strong> especialistas. O méto<strong>do</strong> proposto, incluia essencialmente; primeiro a<br />

<strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> Objectivos, segun<strong>do</strong> a <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong>s assuntos mais importantes e que tivess<strong>em</strong><br />

a maior influência <strong>no</strong>s objectivos e <strong>em</strong> último a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> quais os assuntos mais importantes<br />

e que contribu<strong>em</strong> para mais que um objectivo e que serão os <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong>. (artigo<br />

Prof Teresa L<strong>em</strong>os)<br />

2.Determinação <strong>do</strong>s <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong> <strong>no</strong> <strong>Merca<strong>do</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Vinho</strong> <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> –<br />

Descrição <strong>do</strong>s Procedimentos<br />

Entrevistas Profundas<br />

O estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>senrolou-se através da realização <strong>de</strong> 11 entrevistas, que <strong>de</strong>correram durante o<br />

mês <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2009. As entrevistas foram realizadas com o auxilio <strong>de</strong> um guião, que continha uma<br />

série <strong>de</strong> t<strong>em</strong>as a ser<strong>em</strong> trata<strong>do</strong>s durante a entrevista. Os t<strong>em</strong>as/perguntas espelhavam os objectivos<br />

das entrevistas, que eram os seguintes:<br />

Objectivos das entrevistas:<br />

1) Explorar o conceito <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e valor num vinho, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r;<br />

2) Desenvolver o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> segmentação hipotético, com base na frequência <strong>de</strong> consumo e<br />

nível <strong>de</strong> conhecimento, e apresenta<strong>do</strong> <strong>no</strong> capítulo anterior <strong>de</strong>ste relatório;<br />

3) Conhecer mais sobre hábitos <strong>de</strong> consumo;<br />

4) Desenvolver hipóteses para critérios <strong>de</strong> escolha <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res;<br />

5) Testar a sensibilida<strong>de</strong> a marcas, castas, vinhos e regiões;<br />

6) Pesquisar influências <strong>do</strong> comportamento social e estilo <strong>de</strong> vida sobre o consumo <strong>de</strong> vinho;<br />

7) Investigar a permeabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res ao consumo <strong>de</strong> vinhos estrangeiros;<br />

8) I<strong>de</strong>ntificar oportunida<strong>de</strong> <strong>no</strong> e<strong>no</strong>turismo e <strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas <strong>em</strong>balagens e<br />

formatos.<br />

58


A entrevista não possuía perguntas fechadas, caben<strong>do</strong> ao entrevista<strong>do</strong>r o papel <strong>de</strong> guiar e<br />

estimular a linha <strong>de</strong> conversação, agin<strong>do</strong> como facilita<strong>do</strong>r e exercen<strong>do</strong> o minímo <strong>de</strong> influência nas<br />

opiniões e respostas <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s. As sessões realizaram-se <strong>em</strong> ambiente <strong>de</strong>scontraí<strong>do</strong>, com<br />

uma duração variável entre os 30 e os 90 minutos. Às <strong>no</strong>tas recolhidas durante a sessão foram<br />

adicionadas outras <strong>no</strong>tas imediatamente após a entrevista para que nenhuma informação se<br />

per<strong>de</strong>sse e garantin<strong>do</strong> assim a fiabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s.<br />

Aos entrevista<strong>do</strong>s, num momento anterior à entrevista foi-lhes explica<strong>do</strong> que o objectivo das<br />

entrevistas seria o <strong>de</strong> conhecer um pouco melhor a relação entre o vinho e o consumi<strong>do</strong>r português e<br />

que seria garantida a confi<strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s das entrevistas, mas que po<strong>de</strong>riam ser<br />

contacta<strong>do</strong>s para confirmação da realização da mesma.<br />

Como já foi referi<strong>do</strong>, realizaram-se 11 entrevistas com sujeitos, reconhecidamente<br />

consumi<strong>do</strong>res <strong>de</strong> vinho, frequentes ou ocasionalmente e com heterogeneida<strong>de</strong> ao nível da ida<strong>de</strong> e<br />

sexo.<br />

Em anexo encontra-se o guião que serviu como referência durante as entrevistas (anexo 3).<br />

Caracterização <strong>do</strong> Painel <strong>de</strong> Entrevista<strong>do</strong>s<br />

Frequência<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

Distribuição <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s<br />

18 28 38 48 58 68<br />

Figura 1:Distribuição <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> painel <strong>de</strong> entrevista<strong>do</strong>s<br />

27%<br />

Género<br />

73%<br />

Ida<strong>de</strong>s<br />

Homens<br />

Mulheres<br />

Figura 2 - Distribuição <strong>de</strong> Género <strong>do</strong> painel <strong>de</strong> entrevista<strong>do</strong>s<br />

59


Determinação <strong>do</strong>s <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong> Operacionais<br />

i.Construção <strong>do</strong>s Mapas Cognitivos<br />

Após a entrevista, as <strong>no</strong>tas tomadas durante as mesmas foram transformadas <strong>em</strong> mapas<br />

cognitivos, conten<strong>do</strong> as i<strong>de</strong>ias e conceitos referi<strong>do</strong>s pelos entrevista<strong>do</strong>s. Cada conceito é<br />

representa<strong>do</strong> por uma frase que representa o que foi dito pelo entrevista<strong>do</strong> e muitas vezes manten<strong>do</strong><br />

as suas exactas palavras. A ligação entre conceitos é efectuada pelo meio <strong>de</strong> setas, cujo significa<strong>do</strong><br />

é, da orig<strong>em</strong> ao <strong>de</strong>sti<strong>no</strong>: “influencia”, “leva a “, “contribui”.(fig.3)<br />

É ao conjunto forma<strong>do</strong> pelos conceitos e ligações que se chama mapa cognitivos. Foram<br />

produzi<strong>do</strong>s 11 mapas, que foram <strong>de</strong>pois agrega<strong>do</strong>s num único mapa - mapa agrega<strong>do</strong> (fig.6) - para<br />

facilitar o tratamento e análise <strong>do</strong>s mapas. Finalmente, o mapa agrega<strong>do</strong> foi revisto e limpo <strong>de</strong><br />

ligações probl<strong>em</strong>áticas ou s<strong>em</strong> interesse para análise: conceitos orfãos - que não estão liga<strong>do</strong>s a<br />

nenhum outro conceito - e por isso s<strong>em</strong> interesse para a análise, e limpo <strong>de</strong> conceitos liga<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

looping que po<strong>de</strong>m indicar um raciocinio enviesa<strong>do</strong> (loops) (fig.4). Embora não houvesse conceitos<br />

orfãos, foram elimina<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is loops que representavam duas redundâncias e que não possuíam<br />

interesse para o estu<strong>do</strong>. O mapa produzi<strong>do</strong> (ilustração 1) foi introduzi<strong>do</strong> <strong>no</strong> Decision Explorer, ten<strong>do</strong>-<br />

se procedi<strong>do</strong> à sua análise utilizan<strong>do</strong> as ferramentas <strong>do</strong> software.<br />

ii.Análise Central<br />

O primeiro passo na análise propriamente dita é a Análise Central, que permitiu a<br />

i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s seguintes conceitos (fig.5), que são os conceitos que mais influenciam o contexto <strong>do</strong><br />

mapa, ou seja indica os conceitos que possu<strong>em</strong> maior relação entre as ligações directas ao conceito<br />

e os níveis posteriores. Neste caso optou-se por se consi<strong>de</strong>rar relevantes os conceitos com mais <strong>de</strong><br />

16 ligações <strong>em</strong> 34.<br />

Aumentar<br />

força <strong>de</strong> vendas<br />

“Leva a”<br />

Incr<strong>em</strong>entar<br />

Facturação<br />

Figura 3 - Ex<strong>em</strong>plo <strong>do</strong> significa<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma ligação.<br />

Aumentar<br />

força <strong>de</strong> vendas<br />

Subir lucros<br />

Figura 4- Ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> um loop<br />

Incr<strong>em</strong>entar<br />

Facturação<br />

60


Figura 5 :Resulta<strong>do</strong>s da Análise Central<br />

Resulta<strong>do</strong>s da Análise Central<br />

É dificil encontrar vinho a copo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

É dificil encontrar vinho à venda <strong>em</strong> locais mais sociais<br />

Não consom<strong>em</strong> vinho socialmente<br />

Consom<strong>em</strong> tanto <strong>em</strong> casa, como <strong>no</strong> restaurante<br />

Estética <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong><br />

Feiras <strong>de</strong> Hipermerca<strong>do</strong>s são boas oportunida<strong>de</strong>s para se conhecer <strong>no</strong>vos vinhos<br />

Hipermerca<strong>do</strong>s <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ter uma área <strong>de</strong>dicada aos vinhos<br />

Deve haver mais publicida<strong>de</strong> e promoção ao vinho<br />

O <strong>Vinho</strong> t<strong>em</strong> que estar presente na mente <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res<br />

É preciso apren<strong>de</strong>r a gostar <strong>de</strong> vinho<br />

<strong>Vinho</strong>s que são fáceis <strong>de</strong> beber<br />

É preciso <strong>de</strong>mocratizar o consumo<br />

Gostam <strong>de</strong> vinhos com boa relação qualida<strong>de</strong> preço<br />

Escolh<strong>em</strong> vinhos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma gama <strong>de</strong> preços<br />

Restaurantes <strong>de</strong>v<strong>em</strong> melhorar o serviço <strong>de</strong> vinho<br />

Consom<strong>em</strong> vinho quan<strong>do</strong> a refeição assim o "merece"<br />

Beber vinho faz parte <strong>de</strong> uma ocasião especial<br />

Consumo começou com amigos ou familia<br />

Ilustração 2 - Mapa Agrega<strong>do</strong> original <strong>em</strong> construção<br />

61


41 O <strong>Vinho</strong> t<strong>em</strong> que<br />

estar presente na<br />

mente <strong>do</strong>s<br />

consumi<strong>do</strong>res<br />

43 Deve haver mais<br />

publicida<strong>de</strong> e<br />

promoção ao vinho<br />

42 Produtores <strong>de</strong><br />

cerveja apostam<br />

muito mais <strong>em</strong><br />

promoção<br />

44 E<strong>no</strong>turismo parece<br />

atractivo, quan<strong>do</strong> se<br />

é confronta<strong>do</strong> com a<br />

i<strong>de</strong>ia<br />

45 Não faz<strong>em</strong><br />

e<strong>no</strong>turismo porque<br />

não se gerou a<br />

ocasião<br />

32 Dificilmente<br />

<strong>no</strong>meiam castas<br />

39 <strong>Vinho</strong>s que são<br />

fáceis <strong>de</strong> beber<br />

46 Hipermerca<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ter uma área<br />

<strong>de</strong>dicada aos vinhos<br />

33 Não distingu<strong>em</strong><br />

castas que conhec<strong>em</strong><br />

38 É preciso<br />

<strong>de</strong>mocratizar o<br />

consumo<br />

40 Não compram mais<br />

vinho estrangeiro<br />

porque é dificil <strong>de</strong><br />

encontrar<br />

31 Alentejo e Douro<br />

são as regiões <strong>de</strong><br />

maior qualida<strong>de</strong><br />

35 Gostam <strong>de</strong> vinhos<br />

com boa relação<br />

qualida<strong>de</strong> preço<br />

60 Descrição <strong>do</strong>s<br />

vinhos, usan<strong>do</strong> uma<br />

linguag<strong>em</strong> própria, é<br />

apreciada por to<strong>do</strong>s<br />

47 Lê<strong>em</strong> folhetos <strong>de</strong><br />

hipermerca<strong>do</strong><br />

29 Fruta<strong>do</strong>s é a<br />

<strong>de</strong>scrição mais<br />

corrente para aromas<br />

aprecia<strong>do</strong>s<br />

53 <strong>Vinho</strong> é<br />

sofisticação<br />

34 O vinho da casa é<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> ser uma<br />

opção acertada<br />

37 Gostava <strong>de</strong><br />

experimentar vinhos<br />

estrangeiros<br />

48 Feiras <strong>de</strong><br />

Hipermerca<strong>do</strong>s são<br />

boas oportunida<strong>de</strong>s<br />

para se conhecer<br />

<strong>no</strong>vos vinhos<br />

28 Gostam <strong>de</strong> sabores<br />

distintos, aromas<br />

que se distingu<strong>em</strong><br />

49 É dificil comprar<br />

vinhos <strong>de</strong> peque<strong>no</strong>s<br />

produtores<br />

26 Raramente lei<strong>em</strong><br />

críticas a vinhos<br />

25 Gostam <strong>de</strong> saber<br />

coisas sobre vinho,<br />

não sobre vinhos<br />

54 <strong>Vinho</strong> é<br />

intelectualida<strong>de</strong><br />

55 Gostam <strong>de</strong><br />

arriscar<br />

23 Tinto é o tipo <strong>de</strong><br />

vinho mais aprecia<strong>do</strong><br />

51 Não consom<strong>em</strong><br />

vinhos mais caros<br />

porque não têm<br />

certezas sobre<br />

condições <strong>de</strong><br />

preservação<br />

50 Não há vinhos <strong>de</strong><br />

gama média e<br />

média-alta<br />

disponíveis <strong>no</strong>s<br />

hipermerca<strong>do</strong>s<br />

52 É dificil<br />

apreciar um vinho<br />

24 Poucas vezes se<br />

recordam <strong>de</strong> uma<br />

crítica ou <strong>de</strong> um<br />

artigo sobre vinho<br />

na compra<br />

27 Gostam <strong>de</strong> ler<br />

artigos na imprensa<br />

<strong>no</strong>rmal sobre assunto<br />

vínicos<br />

57 T<strong>em</strong>os vinhos<br />

suficientes <strong>em</strong><br />

<strong>Portugal</strong><br />

58 <strong>Vinho</strong> é Nobre<br />

22 A escolha <strong>do</strong> tipo<br />

<strong>de</strong> vinho <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

estação <strong>do</strong> a<strong>no</strong> e da<br />

comida a consumir<br />

12 Beber vinho faz<br />

parte <strong>de</strong> uma ocasião<br />

especial<br />

65 É dificil<br />

encontrar vinho à<br />

venda <strong>em</strong> locais mais<br />

sociais<br />

67 Compram pela<br />

<strong>em</strong>balag<strong>em</strong> ou rórulo<br />

30 A região é o<br />

segun<strong>do</strong> critério <strong>de</strong><br />

escolha<br />

61 O vinho é um<br />

Acompanhante <strong>de</strong><br />

comida por<br />

excelência<br />

59 Estética <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Vinho</strong><br />

11 Diminui a<br />

sensação <strong>de</strong> <strong>no</strong>breza,<br />

<strong>de</strong>strói a imag<strong>em</strong><br />

associada ao vinho<br />

56 Não gostam <strong>de</strong><br />

arriscar<br />

21 Escolh<strong>em</strong> vinhos<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma gama<br />

<strong>de</strong> preços<br />

68 É dificil<br />

encontrar vinho a<br />

copo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

10 Não gostam <strong>de</strong><br />

comprar Bag-in-box<br />

18 Restaurantes<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> melhorar o<br />

serviço <strong>de</strong> vinho<br />

14 Consom<strong>em</strong> vinho<br />

quan<strong>do</strong> a refeição<br />

assim o "merece"<br />

20 Muitos<br />

restaurantes cobram<br />

<strong>de</strong>masia<strong>do</strong> pelo vinho<br />

9 Reconhec<strong>em</strong> que<br />

Bag-in-box conserva<br />

melhor e por mais<br />

t<strong>em</strong>po o vinho que<br />

outras <strong>em</strong>balagen,<br />

19 Pe<strong>de</strong>m sugestões<br />

ao <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>, se<br />

achar<strong>em</strong> que o<br />

restaurante se<br />

a<strong>de</strong>qua<br />

13 Consumi<strong>do</strong>res<br />

me<strong>no</strong>s frequentes são<br />

mais jovens<br />

15 Acham que o<br />

restaurante po<strong>de</strong>ria<br />

tornar-se uma montra<br />

e uma forma <strong>de</strong><br />

experimentar <strong>no</strong>vos<br />

vinhos<br />

6 Consom<strong>em</strong> tanto <strong>em</strong><br />

casa, como <strong>no</strong><br />

restaurante<br />

8 Reconhec<strong>em</strong> a<br />

qualida<strong>de</strong> técnica <strong>do</strong><br />

Bag-in-box<br />

7 Os consumi<strong>do</strong>res<br />

mais velhos,<br />

(50-65), consom<strong>em</strong><br />

mais frequent<strong>em</strong>ente<br />

16 Restaurantes<br />

serv<strong>em</strong> tintos a<br />

t<strong>em</strong>peraturas erradas<br />

muitas vezes<br />

4 É preciso apren<strong>de</strong>r<br />

a gostar <strong>de</strong> vinho<br />

5 Sentiram<br />

curiosida<strong>de</strong> quan<strong>do</strong><br />

ouviram falar <strong>de</strong><br />

vinho<br />

3 Quan<strong>do</strong> tinham<br />

me<strong>no</strong>s que 18 a<strong>no</strong>s,<br />

começaram por beber<br />

cerveja ou outras<br />

bebidas alcoólicas<br />

Figura 6- Mapa Cognitivo Agrega<strong>do</strong>, <strong>em</strong> formato A3 <strong>no</strong> Anexo 4<br />

66 As mulheres<br />

associam o vinho a<br />

uma imag<strong>em</strong> e a uma<br />

ocasião ou contexto<br />

63 Subsist<strong>em</strong> algumas<br />

imagens negativas<br />

ligadas ao vinho<br />

62 Compram s<strong>em</strong>pre o<br />

mesmo vinho ou da<br />

mesma a<strong>de</strong>ga<br />

64 Não consom<strong>em</strong><br />

vinho socialmente<br />

17 Muitos<br />

Restaurantes<br />

acondicionam mal o<br />

vinho<br />

familia 2 Consumo <strong>de</strong> vinho,<br />

começou entre os<br />

16-20 a<strong>no</strong>s<br />

1 Consumo começou<br />

com amigos ou<br />

62


iii.Análise <strong>de</strong> Domínio<br />

O segun<strong>do</strong> passo consistiu na Análise <strong>de</strong> Domínio, que i<strong>de</strong>ntifica os conceitos com maior<br />

complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ligações à volta <strong>do</strong>s conceitos, fig.7. O raciocínio por <strong>de</strong>trás <strong>de</strong>sta análise é o <strong>de</strong><br />

que as pessoas ten<strong>de</strong>m a falar mais <strong>do</strong>s assuntos que enten<strong>de</strong>m como sen<strong>do</strong> mais relevantes e<br />

consequent<strong>em</strong>ente estes assuntos vão possuir uma série <strong>de</strong> ligações a entrar e a sair (Banxia 1998-<br />

1999).<br />

iv.Conceitos Relevantes <strong>no</strong> Consumo<br />

Resulta<strong>do</strong>s da Análise <strong>de</strong> Domínio<br />

É dificil encontrar vinho a copo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

É dificil encontrar vinho à venda <strong>em</strong> locais mais sociais<br />

Não consom<strong>em</strong> vinho socialmente<br />

Estética <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong><br />

Feiras <strong>de</strong> Hipermerca<strong>do</strong>s são boas oportunida<strong>de</strong>s para se<br />

conhecer <strong>no</strong>vos vinhos<br />

Hipermerca<strong>do</strong>s <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ter uma área <strong>de</strong>dicada aos vinhos<br />

Deve haver mais publicida<strong>de</strong> e promoção ao vinho<br />

É preciso apren<strong>de</strong>r a gostar <strong>de</strong> vinho<br />

É preciso <strong>de</strong>mocratizar o consumo<br />

Gostam <strong>de</strong> vinhos com boa relação qualida<strong>de</strong> preço<br />

Escolh<strong>em</strong> vinhos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma gama <strong>de</strong> preços<br />

Restaurantes <strong>de</strong>v<strong>em</strong> melhorar o serviço <strong>de</strong> vinho<br />

Consom<strong>em</strong> vinho quan<strong>do</strong> a refeição assim o "merece"<br />

Figura 7 – Resulta<strong>do</strong>s da Análise <strong>de</strong> Domínio<br />

Após as duas análises anteriores foi possível <strong>de</strong>terminar os Conceitos Relevantes <strong>no</strong><br />

Consumo <strong>de</strong> <strong>Vinho</strong>, na medida <strong>em</strong> que combinan<strong>do</strong> a análise <strong>de</strong> Domínio; que analisa os conceitos<br />

com maior complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ligação, e a Análise Central; que i<strong>de</strong>ntifica os conceitos com maior<br />

influência <strong>no</strong>s níveis não imediatamente próximos <strong>do</strong> conceitos. Os Conceitos Relevantes são por<br />

isso conceitos que possu<strong>em</strong> tanto uma elevada pontuação na Análise Central, como na Análise <strong>de</strong><br />

Domínio. Na fig.8 po<strong>de</strong>mos ver, a amarelo, os Conceitos Relevantes que correspon<strong>de</strong>m a factores<br />

comuns às tabelas <strong>do</strong>s conceitos com maior pontuação nas duas análises.<br />

63


Análise Central Análise <strong>de</strong> Domínio<br />

É dificil encontrar vinho a copo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

É dificil encontrar vinho à venda <strong>em</strong> locais<br />

mais sociais<br />

Não consom<strong>em</strong> vinho socialmente<br />

Consom<strong>em</strong> tanto <strong>em</strong> casa, como <strong>no</strong><br />

restaurante<br />

Estética <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong><br />

Feiras <strong>de</strong> Hipermerca<strong>do</strong>s são boas<br />

oportunida<strong>de</strong>s para se conhecer <strong>no</strong>vos vinhos<br />

Hipermerca<strong>do</strong>s <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ter uma área<br />

<strong>de</strong>dicada aos vinhos<br />

Deve haver mais publicida<strong>de</strong> e promoção<br />

ao vinho<br />

O <strong>Vinho</strong> t<strong>em</strong> que estar presente na mente<br />

<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res<br />

É preciso apren<strong>de</strong>r a gostar <strong>de</strong> vinho<br />

<strong>Vinho</strong>s que são fáceis <strong>de</strong> beber<br />

É preciso <strong>de</strong>mocratizar o consumo<br />

Gostam <strong>de</strong> vinhos com boa relação<br />

qualida<strong>de</strong> preço<br />

Escolh<strong>em</strong> vinhos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma gama <strong>de</strong><br />

preços<br />

Restaurantes <strong>de</strong>v<strong>em</strong> melhorar o serviço <strong>de</strong><br />

vinho<br />

Consom<strong>em</strong> vinho quan<strong>do</strong> a refeição assim<br />

o "merece"<br />

Beber vinho faz parte <strong>de</strong> uma ocasião<br />

especial<br />

Consumo começou com amigos ou familia<br />

v.<strong>Factores</strong>-Chave (Heads)<br />

É dificil encontrar vinho a copo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

É dificil encontrar vinho à venda <strong>em</strong> locais<br />

mais sociais<br />

Não consom<strong>em</strong> vinho socialmente<br />

Estética <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong><br />

Feiras <strong>de</strong> Hipermerca<strong>do</strong>s são boas<br />

oportunida<strong>de</strong>s para se conhecer <strong>no</strong>vos vinhos<br />

Hipermerca<strong>do</strong>s <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ter uma área<br />

<strong>de</strong>dicada aos vinhos<br />

Deve haver mais publicida<strong>de</strong> e promoção<br />

ao vinho<br />

É preciso apren<strong>de</strong>r a gostar <strong>de</strong> vinho<br />

É preciso <strong>de</strong>mocratizar o consumo<br />

Gostam <strong>de</strong> vinhos com boa relação<br />

qualida<strong>de</strong> preço<br />

Escolh<strong>em</strong> vinhos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma gama <strong>de</strong><br />

preços<br />

Restaurantes <strong>de</strong>v<strong>em</strong> melhorar o serviço <strong>de</strong><br />

vinho<br />

Consom<strong>em</strong> vinho quan<strong>do</strong> a refeição assim<br />

o "merece"<br />

Figura 8-Conceitos Relevantes<br />

Após a i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s assuntos mais relevantes, o próximo passo <strong>no</strong> méto<strong>do</strong> segui<strong>do</strong> é a<br />

<strong>de</strong>terminação <strong>do</strong>s <strong>Factores</strong>-Chave ou Subordina<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s Conceitos Relevantes, chama<strong>do</strong>s assim<br />

porque são os factores que suportam os Conceitos Relevantes, ou seja são factores-chave que<br />

influenciam ou contribu<strong>em</strong> para os Conceitos Relevantes, ou, ainda <strong>de</strong> forma mais perceptível, são<br />

neste caso, os factores comportamentais <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res ou as suas características intrínsecas<br />

64


mais importantes. Esta i<strong>de</strong>ntificação é feita automaticamente através <strong>do</strong> Decision Explorer e permite<br />

que tenhamos <strong>no</strong> final o tal conjunto <strong>de</strong> factores-chave, apelida<strong>do</strong>s <strong>de</strong> “heads” <strong>no</strong> programa.<br />

A análise <strong>do</strong> software, que percorre to<strong>do</strong>s os conceitos <strong>em</strong> busca <strong>de</strong> conceitos s<strong>em</strong> ligações a<br />

partir<strong>em</strong> <strong>de</strong>les próprios, ou seja, conceitos s<strong>em</strong> consequência, permitiu a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> 8 factores,<br />

ou conjuntos <strong>de</strong> factores, já que to<strong>do</strong>s os factores que estão liga<strong>do</strong>s a estes heads são importantes<br />

na medida <strong>em</strong> que permitirão a i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s FCS´s operacionais.<br />

vi.Análise <strong>do</strong>s Conjuntos Hierárquicos<br />

Reconhec<strong>em</strong> a qualida<strong>de</strong> técnica <strong>do</strong> Bag-in-box<br />

Não gostam <strong>de</strong> comprar Bag-in-box<br />

Gostam <strong>de</strong> saber coisas sobre vinho, não sobre vinhos<br />

O vinho da casa é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> ser uma opção acertada<br />

Gostava <strong>de</strong> experimentar vinhos estrangeiros<br />

E<strong>no</strong>turismo parece atractivo, quan<strong>do</strong> se é confronta<strong>do</strong> com a i<strong>de</strong>ia<br />

Compram s<strong>em</strong>pre o mesmo vinho ou da mesma a<strong>de</strong>ga<br />

Não consom<strong>em</strong> vinho socialmente<br />

Figura 9-Lista <strong>de</strong> <strong>Factores</strong>-Chave<br />

A listag<strong>em</strong> <strong>do</strong>s factores-chave é sucedida pela Análise <strong>do</strong>s Conjuntos Hierárquicos ou Análise<br />

<strong>de</strong> Potência. Cada factor-chave i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> <strong>no</strong> ponto anterior correspon<strong>de</strong> ao topo <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong><br />

factores, forma<strong>do</strong> por cada um <strong>de</strong>sses factores-chave e por to<strong>do</strong>s os conceitos que a eles estão<br />

liga<strong>do</strong>s. Estes conjuntos, chama<strong>do</strong>s <strong>de</strong> “Group of Teardrops”(figs.10 e 11), foram então isola<strong>do</strong>s e<br />

compara<strong>do</strong>s um-a-um com o objectivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir conceito comuns entre eles, ou seja, preten<strong>de</strong>u-<br />

se encontrar os conceitos que explicariam mais que um head. Como foram encontra<strong>do</strong>s factores<br />

comuns a cinco, quatro, três e <strong>do</strong>is conjuntos hierárquicos, foram então consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s os factores<br />

mais potentes ou que explicariam mais factores-chave, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> selecciona<strong>do</strong>s conceitos comuns a<br />

cinco Conjuntos Hierárquicos para continuar com a meto<strong>do</strong>logia.<br />

No anexo 4, apresentamos os da<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s na aplicação <strong>do</strong> méto<strong>do</strong>, tais como uma<br />

listag<strong>em</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os conceitos pertencentes a cada Conjunto Hierárquico, assim como uma listag<strong>em</strong><br />

<strong>do</strong>s conceitos comuns a quatro, a três, a <strong>do</strong>is e a um Conjunto Hierárquico.<br />

65


10 Não gostam <strong>de</strong><br />

comprar Bag-in-box<br />

6 4 6 3<br />

8<br />

7 Os consumi<strong>do</strong>res<br />

mais velhos,<br />

(50-65), consom<strong>em</strong><br />

mais frequent<strong>em</strong>ente<br />

8 Reconhec<strong>em</strong> a<br />

qualida<strong>de</strong> técnica <strong>do</strong><br />

Bag-in-box<br />

9 Reconhec<strong>em</strong> que<br />

Bag-in-box conserva<br />

melhor e por mais<br />

t<strong>em</strong>po o vinho que<br />

outras <strong>em</strong>balagen,<br />

Figura 10- Conjunto Hierárquico "Reconhec<strong>em</strong> a qualida<strong>de</strong> técnica <strong>do</strong> Bag-in-Box"<br />

9 Reconhec<strong>em</strong> que<br />

Bag-in-box conserva<br />

melhor e por mais<br />

t<strong>em</strong>po o vinho que<br />

outras <strong>em</strong>balagen,<br />

3 7<br />

2 1<br />

2 1<br />

2 Consumo <strong>de</strong> vinho,<br />

começou entre os<br />

16-20 a<strong>no</strong>s<br />

5 Sentiram<br />

curiosida<strong>de</strong> quan<strong>do</strong><br />

ouviram falar <strong>de</strong><br />

vinho<br />

15 Acham que o<br />

restaurante po<strong>de</strong>ria<br />

tornar-se uma montra<br />

e uma forma <strong>de</strong><br />

experimentar <strong>no</strong>vos<br />

vinhos<br />

19 Pe<strong>de</strong>m sugestões<br />

ao <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>, se<br />

achar<strong>em</strong> que o<br />

restaurante se<br />

a<strong>de</strong>qua<br />

12 Beber vinho faz<br />

parte <strong>de</strong> uma ocasião<br />

especial<br />

22 A escolha <strong>do</strong> tipo<br />

<strong>de</strong> vinho <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

estação <strong>do</strong> a<strong>no</strong> e da<br />

comida a consumir<br />

40 Não compram mais<br />

vinho estrangeiro<br />

porque é dificil <strong>de</strong><br />

encontrar<br />

67 Compram pela<br />

<strong>em</strong>balag<strong>em</strong> ou rórulo<br />

5 7<br />

47 Lê<strong>em</strong> folhetos <strong>de</strong><br />

hipermerca<strong>do</strong><br />

54 <strong>Vinho</strong> é<br />

intelectualida<strong>de</strong><br />

5 6<br />

6 4<br />

1 Consumo começou<br />

com amigos ou<br />

familia<br />

18 Restaurantes<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> melhorar o<br />

serviço <strong>de</strong> vinho<br />

17 Muitos<br />

Restaurantes<br />

acondicionam mal o<br />

vinho<br />

61 O vinho é um<br />

Acompanhante <strong>de</strong><br />

comida por<br />

excelência<br />

65 É dificil<br />

encontrar vinho à<br />

venda <strong>em</strong> locais mais<br />

sociais<br />

46 Hipermerca<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ter uma área<br />

<strong>de</strong>dicada aos vinhos<br />

2 5<br />

60 Descrição <strong>do</strong>s<br />

vinhos, usan<strong>do</strong> uma<br />

linguag<strong>em</strong> própria, é<br />

apreciada por to<strong>do</strong>s<br />

5 5<br />

53 <strong>Vinho</strong> é<br />

sofisticação<br />

2 1<br />

6 4<br />

6 Consom<strong>em</strong> tanto <strong>em</strong><br />

casa, como <strong>no</strong><br />

restaurante<br />

14 Consom<strong>em</strong> vinho<br />

quan<strong>do</strong> a refeição<br />

assim o "merece"<br />

20 Muitos<br />

restaurantes cobram<br />

<strong>de</strong>masia<strong>do</strong> pelo vinho<br />

3 7 3 5<br />

39 <strong>Vinho</strong>s que são<br />

fáceis <strong>de</strong> beber<br />

59 Estética <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Vinho</strong><br />

58 <strong>Vinho</strong> é Nobre<br />

11 Diminui a<br />

sensação <strong>de</strong> <strong>no</strong>breza,<br />

<strong>de</strong>strói a imag<strong>em</strong><br />

associada ao vinho<br />

43 Deve haver mais<br />

publicida<strong>de</strong> e<br />

promoção ao vinho<br />

4 4<br />

16 Restaurantes<br />

serv<strong>em</strong> tintos a<br />

t<strong>em</strong>peraturas erradas<br />

muitas vezes<br />

42 Produtores <strong>de</strong><br />

cerveja apostam<br />

muito mais <strong>em</strong><br />

promoção<br />

3 Quan<strong>do</strong> tinham<br />

me<strong>no</strong>s que 18 a<strong>no</strong>s,<br />

começaram por beber<br />

cerveja ou outras<br />

bebidas alcoólicas<br />

66 As mulheres<br />

associam o vinho a<br />

uma imag<strong>em</strong> e a uma<br />

ocasião ou contexto<br />

52 É dificil<br />

apreciar um vinho<br />

49 É dificil comprar<br />

vinhos <strong>de</strong> peque<strong>no</strong>s<br />

produtores<br />

Figura 11-Conjunto Hierárquico <strong>de</strong> "Não gostam <strong>de</strong> comprar Bag-in-Box"<br />

1 0<br />

4 É preciso apren<strong>de</strong>r<br />

a gostar <strong>de</strong> vinho<br />

4 4<br />

3 5<br />

41 O <strong>Vinho</strong> t<strong>em</strong> que<br />

estar presente na<br />

mente <strong>do</strong>s<br />

consumi<strong>do</strong>res<br />

48 Feiras <strong>de</strong><br />

Hipermerca<strong>do</strong>s são<br />

boas oportunida<strong>de</strong>s<br />

para se conhecer<br />

<strong>no</strong>vos vinhos<br />

51 Não consom<strong>em</strong><br />

vinhos mais caros<br />

porque não têm<br />

certezas sobre<br />

condições <strong>de</strong><br />

preservação<br />

13 Consumi<strong>do</strong>res<br />

me<strong>no</strong>s frequentes são<br />

mais jovens<br />

6 4 8<br />

6 4<br />

6 4<br />

63 Subsist<strong>em</strong> algumas<br />

imagens negativas<br />

ligadas ao vinho<br />

7 Os consumi<strong>do</strong>res<br />

mais velhos,<br />

(50-65), consom<strong>em</strong><br />

mais frequent<strong>em</strong>ente<br />

50 Não há vinhos <strong>de</strong><br />

gama média e<br />

média-alta<br />

disponíveis <strong>no</strong>s<br />

hipermerca<strong>do</strong>s<br />

4 4<br />

68 É dificil<br />

encontrar vinho a<br />

copo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

38 É preciso<br />

<strong>de</strong>mocratizar o<br />

consumo<br />

45 Não faz<strong>em</strong><br />

e<strong>no</strong>turismo porque<br />

não se gerou a<br />

ocasião<br />

66


Conceitos comuns a 5 Conjuntos Hierárquicos<br />

É dificil encontrar vinho a copo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

É dificil apreciar um vinho<br />

Não consom<strong>em</strong> vinhos mais caros porque não têm certezas sobre condições <strong>de</strong><br />

preservação<br />

Não há vinhos <strong>de</strong> gama média e mádia-alta disponíveis <strong>no</strong>s hipermerca<strong>do</strong>s<br />

É dificil comprar vinhos <strong>de</strong> peque<strong>no</strong>s produtores<br />

Feiras <strong>de</strong> Hipermerca<strong>do</strong>s são boas oportunida<strong>de</strong>s para se conhecer <strong>no</strong>vos vinhos<br />

Não faz<strong>em</strong> e<strong>no</strong>turismo porque não se gerou a ocasião<br />

Deve haver mais publicida<strong>de</strong> e promoção ao vinho<br />

Produtores <strong>de</strong> cerveja apostam muito mais <strong>em</strong> promoção<br />

O <strong>Vinho</strong> t<strong>em</strong> que estar presente na mente <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res<br />

<strong>Vinho</strong>s que são fáceis <strong>de</strong> beber<br />

É preciso <strong>de</strong>mocratizar o consumo<br />

A escolha <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> vinho <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da estação <strong>do</strong> a<strong>no</strong> e da comida a consumir<br />

Muitos restaurantes cobram <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> pelo vinho<br />

Pe<strong>de</strong>m sugestões aos <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s, se achar<strong>em</strong> que o restaurante se a<strong>de</strong>qua<br />

Restaurantes <strong>de</strong>v<strong>em</strong> melhorar o serviço <strong>de</strong> vinho<br />

Muitos Restaurantes acondicionam mal o vinho<br />

Restaurantes serv<strong>em</strong> tintos a t<strong>em</strong>peraturas erradas muitas vezes<br />

Acham que o restaurante po<strong>de</strong>ria tornar-se uma montra e uma forma <strong>de</strong> experimentar <strong>no</strong>vos<br />

vinhos<br />

Sentiram curiosida<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> ouviram falar <strong>de</strong> vinho<br />

É preciso apren<strong>de</strong>r a gostar <strong>de</strong> vinho<br />

Quan<strong>do</strong> tinham me<strong>no</strong>s que 18 a<strong>no</strong>s, começaram por beber cerveja ou outras bebidas<br />

alcoólicas<br />

Consumo <strong>de</strong> vinho, começou entre os 16-20 a<strong>no</strong>s<br />

vii.Determinação <strong>do</strong>s <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong> Operacionais<br />

Depois <strong>de</strong> se obter estes <strong>do</strong>is conjuntos: conceitos relevantes <strong>no</strong> consumo e conceitos<br />

comuns aos conjuntos Hierárquicos; foi possível <strong>de</strong>terminar os <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong><br />

Operacionais, pela i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> conceitos comuns a estes <strong>do</strong>is grupos e que são:<br />

1. É dificil encontrar vinho a copo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

2. Feiras <strong>de</strong> Hipermerca<strong>do</strong>s são boas oportunida<strong>de</strong>s para se conhecer <strong>no</strong>vos vinhos<br />

3. Deve haver mais publicida<strong>de</strong> e promoção ao vinho<br />

4. É preciso apren<strong>de</strong>r a gostar <strong>de</strong> vinho<br />

5. É preciso <strong>de</strong>mocratizar o consumo<br />

6. Restaurantes <strong>de</strong>v<strong>em</strong> melhorar o serviço <strong>de</strong> vinho<br />

Após a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong>ste conjunto <strong>de</strong> <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong> é necessário efectuar<br />

uma apreciação crítica, <strong>de</strong> forma a transformar estes conceitos algo dispersos ou até confusos <strong>em</strong><br />

generalizações teóricas e num mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong> váli<strong>do</strong> e consistente.<br />

Como já referi<strong>do</strong>, estes conceitos, pelo méto<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>, foram retira<strong>do</strong>s <strong>do</strong> painel <strong>de</strong><br />

entrevista<strong>do</strong>s, muitas vezes sen<strong>do</strong> apenas generalizações ou melhor dizen<strong>do</strong> representações <strong>de</strong> uma<br />

série <strong>de</strong> significa<strong>do</strong>s adjacentes ao conceito e que revelam maior complexida<strong>de</strong> que aquela<br />

67


transparecida pelo conceito, que serve como fio condutor para o senti<strong>do</strong> que o entrevista<strong>do</strong> que fazer<br />

transparecer. Esta transformação é ainda necessária porque muitas vezes foram utilizadas as<br />

palavras exactas <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s o que po<strong>de</strong>rá tornar difícil a sua compreensão para alguém<br />

exter<strong>no</strong> ao processo das entrevistas.<br />

Assim, para além <strong>de</strong> uma mudança <strong>de</strong> sintaxe, optou-se por agrupar estes <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong> Operacionais, por se consi<strong>de</strong>rar que alguns <strong>de</strong>stes conceitos estão mais que liga<strong>do</strong>s e<br />

que uma generalização teórica válida justifica este agrupamento e para po<strong>de</strong>rmos assim conservar a<br />

s<strong>em</strong>ântica <strong>do</strong>s conceitos primariamente encontra<strong>do</strong>s e assim <strong>de</strong>senvolver-se um mo<strong>de</strong>lo final <strong>do</strong>s<br />

<strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong> <strong>no</strong> Consumo <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>. No ponto seguinte<br />

<strong>de</strong>senvolver<strong>em</strong>os esta discussão e justificar-se-á cada Factor Crítico <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>, ao<br />

nível da sua consistência, utilizan<strong>do</strong> para isso os <strong>de</strong>poimentos <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s.<br />

Factor Crítico <strong>Sucesso</strong> 1<br />

Factor Crítico <strong>Sucesso</strong> 2<br />

Factor Crítico <strong>Sucesso</strong> 3<br />

Factor Crítico <strong>Sucesso</strong> 4<br />

É dificil encontrar vinho a copo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

Feiras <strong>de</strong> Hipermerca<strong>do</strong>s são boas oportunida<strong>de</strong>s para se<br />

conhecer <strong>no</strong>vos vinhos<br />

Deve haver mais publicida<strong>de</strong> e promoção ao vinho<br />

É preciso apren<strong>de</strong>r a gostar <strong>de</strong> vinho<br />

É preciso <strong>de</strong>mocratizar o consumo<br />

Restaurantes <strong>de</strong>v<strong>em</strong> melhorar o serviço <strong>de</strong> vinho<br />

Figura 12- Conjuntos <strong>de</strong> <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong><br />

Com base <strong>no</strong>s <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong> Operacionais propõe-se como mo<strong>de</strong>lo os<br />

seguintes <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong> <strong>no</strong> Consumo <strong>de</strong> <strong>Vinho</strong> <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>:<br />

1.Estimular o acesso a vinho a copo<br />

2.Aumentar esforços <strong>de</strong> Marketing, Publicida<strong>de</strong> e Promoção<br />

3.Tornar o vinho mais perceptível e presente na vida <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res<br />

me<strong>no</strong>s frequentes<br />

Figura 13 - <strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong><br />

4.Melhorar o Serviço <strong>do</strong>s Restaurantes<br />

À primeira vista estes factores revelam entre si relações muito próximas e até<br />

compl<strong>em</strong>entares. A estimulação <strong>do</strong> serviço <strong>de</strong> vinho-a-copo, primeiro FCS, permite entre outras<br />

coisas tornar o seu consumo mais económico e facilitar o seu acesso, o que acaba por estimular o<br />

seu consumo, não só como bebida acompanhante <strong>de</strong> refeição, mas também como bebida social; o<br />

68


que na realida<strong>de</strong> o torna uma medida que permite a aproximação <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res com o produto.<br />

Esta forma mais acessível <strong>de</strong> consumo permitirá que os consumi<strong>do</strong>res e <strong>em</strong> especial, os me<strong>no</strong>s<br />

frequentes e também mais jovens, experiment<strong>em</strong> e assim possam cultivar o gosto pelo vinho, que<br />

t<strong>em</strong> a ver com o terceiro FCS, com a dificulda<strong>de</strong> que os consumi<strong>do</strong>res têm <strong>em</strong> conseguir apreciar o<br />

vinho porque o acham um produto muito complexo e até elitista ou então <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> especial e<br />

apenas para ocasiões especiais. Quanto ao segun<strong>do</strong> FCS: melhorar os aspectos <strong>do</strong> Marketing passa<br />

também por estar atento a estes consumi<strong>do</strong>res me<strong>no</strong>s frequentes que precisam <strong>de</strong> ser estimula<strong>do</strong>s<br />

ao consumo, não só através <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>, mas sobretu<strong>do</strong> através <strong>de</strong> esforços <strong>de</strong> promoção e <strong>de</strong><br />

estratégias <strong>de</strong> comercialização e distribuição muito foca<strong>do</strong>s <strong>no</strong> consumi<strong>do</strong>r, ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> mente as suas<br />

necessida<strong>de</strong>s e as suas características. Repare-se que tanto a disponibilização <strong>de</strong> vinho-a-copo,<br />

como o melhoramento <strong>do</strong> serviço <strong>de</strong> vinho num restaurante são questões <strong>de</strong> marketing.<br />

3.Discussão sobre <strong>Factores</strong> Criticos <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong> propostos<br />

FCS 1. - Estimular o acesso a vinho a copo<br />

Em <strong>Portugal</strong>, durante muito a<strong>no</strong>s, <strong>em</strong>bora a comercialização <strong>de</strong> vinho-a-copo fosse algo<br />

corrente, tanto <strong>em</strong> restaurantes mais económicos, como <strong>em</strong> tabernas, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à comercialização <strong>em</strong><br />

gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vinho-a-granel, que era comercializa<strong>do</strong> <strong>em</strong> pipas, nunca foi uma prática <strong>no</strong>utro<br />

tipo <strong>de</strong> estabelecimento ou como <strong>em</strong> muitos outros países estrangeiros, <strong>em</strong> que aí, o corrente é<br />

vermos vinho <strong>de</strong> garrafa a ser vendi<strong>do</strong> a copo, haven<strong>do</strong> <strong>em</strong> muitos casos a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha<br />

entre vários tipos <strong>de</strong> vinho, que tanto po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> média, como até <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> média-<br />

alta, porque há merca<strong>do</strong> para o vinho-a-copo e quase não há risco <strong>de</strong> não se ven<strong>de</strong>r a totalida<strong>de</strong> da<br />

garrafa ou esse risco está coberto pelo preço unitário mais eleva<strong>do</strong> <strong>do</strong> vinho-a-copo. Esta prática é<br />

tanto corrente, que aliás <strong>em</strong> sítios <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s ao vinho, como bares <strong>de</strong> vinho, e<strong>no</strong>tecas, etc, a<br />

disponibilização <strong>de</strong> vinho-a-copo é essencial, porque o objectivo <strong>de</strong>stes sitios é o <strong>de</strong> se conhecer<br />

vários vinhos.<br />

É <strong>de</strong>ste <strong>no</strong>vo paradigma <strong>de</strong> serviço <strong>de</strong> vinho-a-copo que os consumi<strong>do</strong>res entrevista<strong>do</strong>s<br />

falam e não tanto da imag<strong>em</strong> tradicional <strong>do</strong> vinho que sai da pipa. A maioria <strong>do</strong>s inquiri<strong>do</strong>s que<br />

referiram o vinho-a-copo, fizeram-<strong>no</strong> ao ser<strong>em</strong> questiona<strong>do</strong>s sobre o que gostariam <strong>de</strong> ver muda<strong>do</strong><br />

<strong>no</strong> consumo <strong>do</strong> vinho. Associam o vinho-a-copo a uma forma <strong>de</strong> consumo mais económica nalguns<br />

casos, porque não é necessário comprar uma garrafa inteira, outras vezes porque é uma forma<br />

prática, porque não é necessário beber uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> e a propósito disso, apenas um<br />

inquiri<strong>do</strong> referiu a questão das restrições <strong>do</strong> consumo e da condução, outros ainda associam o vinho-<br />

a-copo como uma possibilida<strong>de</strong> para o vinho se tornar uma bebida social, mas acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> refer<strong>em</strong><br />

o vinho-a-copo como uma forma <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<strong>em</strong> experimentar mais vinhos e assim po<strong>de</strong>r<strong>em</strong> apren<strong>de</strong>r a<br />

apreciar vinho. E isso é um ponto muito interessante, porque a maioria <strong>do</strong>s inquiri<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong><br />

confronta<strong>do</strong>s com aromas, paladares, castas e vinhos, refer<strong>em</strong> que não têm sensibilida<strong>de</strong> ou não<br />

sab<strong>em</strong> apreciar vinho porque raras vezes provaram numa ocasião mais que um vinho que lhes<br />

permitisse ter uma referência ou fazer uma distinção <strong>do</strong> que realmente gostam.<br />

69


O acesso ao vinho-a-copo é claramente uma estratégia <strong>de</strong> comercialização que <strong>de</strong>verá ser<br />

estimulada pelos produtores, mas que estará s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>s distribui<strong>do</strong>res e neste caso <strong>do</strong>s<br />

distribui<strong>do</strong>res <strong>do</strong> canal Horeca (Hóteis, restaurantes, bares, cantinas, etc.). Este t<strong>em</strong> que ser um<br />

esforço conjunto, tanto <strong>do</strong>s produtores que <strong>de</strong>verão criar condições e disponibilizar meios para os<br />

distribui<strong>do</strong>res começar<strong>em</strong> a ven<strong>de</strong>r o vinho a copo, como <strong>do</strong>s distribui<strong>do</strong>res que têm que ter vonta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> o fazer.<br />

A resistência que po<strong>de</strong>rão encontrar por parte <strong>do</strong>s distribui<strong>do</strong>res <strong>de</strong>verá ser combatida pelos<br />

produtores e pelas entida<strong>de</strong>s com responsabilida<strong>de</strong> na promoção <strong>do</strong> vinho. Há certas questões que<br />

são da responsabilida<strong>de</strong> da produção; já se sabe que uma garrafa <strong>de</strong> vinho aberta não aguenta muito<br />

t<strong>em</strong>po s<strong>em</strong> que o vinho nela contida perca proprieda<strong>de</strong>s e se <strong>de</strong>teriore, o que muitas vezes leva a<br />

que os distribui<strong>do</strong>res não opt<strong>em</strong> pela venda <strong>de</strong> vinho-a-copo por me<strong>do</strong> <strong>de</strong> não conseguir ven<strong>de</strong>r toda<br />

a garrafa, o que realmente é um risco. Por isso é preciso começar por apostar <strong>em</strong> vinhos <strong>de</strong> gama<br />

média vendi<strong>do</strong>s a copo para fomentar o consumo, numa primeira fase. Uma <strong>em</strong>balag<strong>em</strong> Bag-in-box à<br />

partida resolve este probl<strong>em</strong>a, já que os vinhos po<strong>de</strong>m aguentar até duas s<strong>em</strong>anas abertos, <strong>no</strong><br />

entanto estas <strong>em</strong>balagens não possu<strong>em</strong> uma imag<strong>em</strong> co<strong>no</strong>tada com qualida<strong>de</strong>. Os inquiri<strong>do</strong>s<br />

chegaram a reconhecer a qualida<strong>de</strong> técnica da <strong>em</strong>balag<strong>em</strong>, como recipiente para o vinho, admit<strong>em</strong><br />

que a garrafa não atribui qualquer qualida<strong>de</strong> ao vinho, <strong>no</strong> entanto não se mostram atraí<strong>do</strong>s pela<br />

compra <strong>de</strong> vinhos <strong>em</strong> Bag-in-box. Assim, é necessário que os produtores assegur<strong>em</strong> que o vinho<br />

servi<strong>do</strong> a copo mantenha a qualida<strong>de</strong>, mas que mantenha a imag<strong>em</strong> tradicional ou pelo me<strong>no</strong>s que<br />

se distinga ou que transpareça uma imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> – uma entrevistada chegou a referir que<br />

gostaria <strong>de</strong> ver além <strong>do</strong> vinho servi<strong>do</strong> a copo, as garrafas <strong>em</strong> exposição.<br />

Estas dificulda<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser ultrapassadas, por ex<strong>em</strong>plo, se estes vinhos começar<strong>em</strong> a ser<br />

comercializa<strong>do</strong>s, <strong>em</strong> exclusivo para o canal Horeca, <strong>em</strong> <strong>em</strong>balagens Bag-in-box, quer tradicionais,<br />

quer com um <strong>de</strong>sign mais apelativo ou camufladas, por assim dizer, e assim afastan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> restante<br />

vinho vendi<strong>do</strong> <strong>em</strong> Bag-in-box, ou alternativamente, é preciso <strong>de</strong>senvolver <strong>no</strong>vas <strong>em</strong>balagens ou<br />

<strong>no</strong>vas formas <strong>de</strong> se rolhar as garrafas (impedin<strong>do</strong> a entrada <strong>de</strong> ar). Acompanhan<strong>do</strong> estas <strong>no</strong>vas<br />

<strong>em</strong>balagens po<strong>de</strong>rão vir a a<strong>do</strong>ptar-se outras tácticas, tais como a oferta <strong>de</strong> copos próprios, material<br />

mobiliário e <strong>de</strong> promoção também, mas s<strong>em</strong>pre com o cuida<strong>do</strong> <strong>de</strong> se manter a imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> <strong>no</strong>breza<br />

associa<strong>do</strong> ao vinho, que <strong>em</strong>bora não seja um valor reconheci<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s os entrevista<strong>do</strong>s <strong>no</strong> vinho,<br />

é um <strong>do</strong>s valores mais associa<strong>do</strong>s ao vinho.<br />

FCS 2. - Aumentar esforços <strong>de</strong> Marketing, Publicida<strong>de</strong> e Promoção<br />

Decidimos juntar a promoção através <strong>do</strong>s hipermerca<strong>do</strong>s com a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mais<br />

promoção e publicida<strong>de</strong>, porque <strong>de</strong> facto espelham uma mesma realida<strong>de</strong>, a <strong>de</strong> maiores esforços <strong>de</strong><br />

marketing ou se quisermos <strong>de</strong> uma atitu<strong>de</strong> mais profissional <strong>em</strong> relação aos aspectos <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res.<br />

A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> haver mais publicida<strong>de</strong> e promoção <strong>do</strong> vinho é referi<strong>do</strong> por oito <strong>do</strong>s<br />

entrevista<strong>do</strong>s, o que espelha b<strong>em</strong> a utilida<strong>de</strong> que vê<strong>em</strong> num marketing eficaz. Alguns <strong>do</strong>s<br />

entrevista<strong>do</strong>s utilizam o ex<strong>em</strong>plo da cerveja, como um produto cuja promoção é feita <strong>de</strong> forma eficaz<br />

e com mais resulta<strong>do</strong>s, especialmente nas camadas mais jovens.<br />

70


Vimos já que a promoção através <strong>do</strong>s hipermerca<strong>do</strong>s é um factor a ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pelos<br />

produtores, já que os consumi<strong>do</strong>res vê<strong>em</strong> nestes sitios, locais <strong>de</strong> eleição para a compra e para a<br />

<strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> vinhos. A percepção que os consumi<strong>do</strong>res têm hoje <strong>em</strong> dia <strong>do</strong> hipermerca<strong>do</strong> é<br />

espelhada através <strong>de</strong> test<strong>em</strong>unhos como estes: uma inquirida refere que gostaria <strong>de</strong> ver <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os<br />

hipermerca<strong>do</strong>s uma zona <strong>de</strong>dicada <strong>em</strong> exclusivo à venda <strong>do</strong>s vinhos e outra inquirida refere que<br />

gostaria <strong>de</strong> participar <strong>em</strong> provas <strong>de</strong> vinhos nestes locais, <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>scontraída e s<strong>em</strong> o estigma <strong>de</strong><br />

ter que ser uma especialista para po<strong>de</strong>r participar. Muitos <strong>do</strong>s sujeitos refer<strong>em</strong> ainda que aproveitam<br />

as feiras <strong>do</strong>s hipermerca<strong>do</strong>s para comprar <strong>no</strong>vos vinhos, que a pouca informação que procuram<br />

sobre o vinho é a <strong>do</strong>s folhetos <strong>do</strong>s hipermerca<strong>do</strong>s e ainda, quan<strong>do</strong> questiona<strong>do</strong>s acerca <strong>de</strong> vinhos<br />

estrangeiros, muitos respon<strong>de</strong>m que têm curiosida<strong>de</strong> <strong>em</strong> provar e que o fariam se tivess<strong>em</strong> acesso a<br />

estes vinhos pelos hipermerca<strong>do</strong>s. Se os restaurantes são referi<strong>do</strong>s como locais <strong>em</strong> que os vinhos<br />

estão mal acondiciona<strong>do</strong>s muitas vezes, este tipo <strong>de</strong> comentário não é aplica<strong>do</strong> aos hipermerca<strong>do</strong>s,<br />

cujas críticas recolhidas se limitaram a um <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s: que refere que há poucos vinhos <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> média-alta e alta à venda nestes locais, para além <strong>de</strong> possuir<strong>em</strong> uma oferta muito limitada<br />

<strong>de</strong> brancos.<br />

Os consumi<strong>do</strong>res parec<strong>em</strong> estar conscientes que precisam <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> promoção<br />

para se interessar<strong>em</strong> por qualquer assunto, como este caso o vinho, mas também se passa o mesmo<br />

com o e<strong>no</strong>turismo; <strong>em</strong>bora se tenham mostra<strong>do</strong> atraí<strong>do</strong>s pelo assunto, os entrevista<strong>do</strong>s refer<strong>em</strong> que,<br />

ou não faz<strong>em</strong> mais, ou nunca fizeram, porque a ocasião não se proporcio<strong>no</strong>u; a ocasião não se<br />

proporcio<strong>no</strong>u porque não foram estimula<strong>do</strong>s a isso; a i<strong>de</strong>ia agrada-lhes, mas na hora <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir<strong>em</strong> o<br />

local das suas próximas férias ou fim-<strong>de</strong>-s<strong>em</strong>ana não se l<strong>em</strong>bram que o e<strong>no</strong>turismo po<strong>de</strong> ser uma<br />

alternativa agradável.<br />

Este factor já era referi<strong>do</strong> <strong>no</strong> relatório Porter como crítico e como um aspecto a melhorar por<br />

todas as <strong>em</strong>presas portuguesas e pelas suas instituições. De facto, <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, produtores,<br />

ven<strong>de</strong><strong>do</strong>res e agentes <strong>de</strong> marketing parec<strong>em</strong> estar afasta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res, a<strong>do</strong>ptan<strong>do</strong> uma<br />

atitu<strong>de</strong> ama<strong>do</strong>ra - confian<strong>do</strong> na sua intuição, abordan<strong>do</strong> o marketing <strong>de</strong> forma não sistémica e<br />

distancian<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r.<br />

Sen<strong>do</strong> factores como: a estética; os rótulos; o texto <strong>do</strong>s rótulos; as <strong>em</strong>balagens; a imag<strong>em</strong>; os<br />

valores subjectivos e incorpóreos, to<strong>do</strong>s factores associa<strong>do</strong>s pelos consumi<strong>do</strong>res ao vinho, é<br />

essencial que os esforços <strong>de</strong> marketing sejam uma aposta e mais, uma aposta focada <strong>no</strong><br />

consumi<strong>do</strong>r.<br />

FCS 3. - Tornar o vinho mais perceptível e presente na vida <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res me<strong>no</strong>s<br />

frequentes<br />

Este é um factor que, <strong>em</strong>bora liga<strong>do</strong> com a promoção e com a publicida<strong>de</strong>, já que a presença<br />

<strong>de</strong> que os consumi<strong>do</strong>res falam, passa muito pela pouca presença <strong>do</strong> vinho <strong>no</strong>s meios <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>,<br />

ultrapassa esta questão e torna-se muito mais que isso. De facto, “<strong>de</strong>mocratizar o consumo” foi um<br />

comentário referi<strong>do</strong> por mais que um entrevista<strong>do</strong>. Em relação a esta distância que há entre a bebida<br />

e os consumi<strong>do</strong>res e <strong>em</strong> especial entre consumi<strong>do</strong>res potenciais, os entrevista<strong>do</strong>s refer<strong>em</strong> aspectos<br />

bastante distintos, mas compl<strong>em</strong>entares, como: é dificil apreciar um vinho; o vinho apren<strong>de</strong>-se a<br />

71


eber; é dificil encontrar vinhos à venda, como se encontra cerveja e <strong>em</strong> locais sociais; apreciam<br />

vinhos fruta<strong>do</strong>s, por ser<strong>em</strong> mais fáceis <strong>de</strong> beber. De facto, a complexida<strong>de</strong> que ro<strong>de</strong>ia o produto t<strong>em</strong><br />

afasta<strong>do</strong> os consumi<strong>do</strong>res <strong>de</strong> provar mais vinhos e mais importante, afasta consumi<strong>do</strong>res que têm<br />

capacida<strong>de</strong> para isso, <strong>de</strong> comprar vinhos mais caros, porque não estão dispostos a pagar mais por<br />

algo que não reconhec<strong>em</strong>, como ten<strong>do</strong> mais valor.<br />

O <strong>de</strong>sinteresse <strong>do</strong>s jovens também é referi<strong>do</strong> neste contexto e uma das entrevistadas<br />

possuia uma opinião muito própria acerca <strong>do</strong> assunto, dizia: “os jovens não têm uma forma popular<br />

<strong>de</strong> beber vinho (...) há barraquinhas <strong>de</strong> cerveja <strong>em</strong> to<strong>do</strong> o la<strong>do</strong>, mas vinho à venda <strong>em</strong> locais sociais,<br />

como bares não há (...)”. E continuava com o que acha ser uma forma <strong>de</strong> dinamizar o consumo <strong>do</strong>s<br />

mais jovens: “os jovens precisam <strong>de</strong> estar <strong>em</strong> contacto com o vinho (...) se for preciso adicionar fruta,<br />

gás, adiciona-se, vendam vinho à pressão fresco (...) o que é preciso é que prov<strong>em</strong> o sabor a vinho,<br />

só assim, mais tar<strong>de</strong>, vão passar a beber outros tipos <strong>de</strong> vinho”. De facto, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser uma<br />

perspectiva válida e interessante, pelo me<strong>no</strong>s, <strong>no</strong>utros países é costume haver bebidas à base <strong>de</strong><br />

vinho (wine coolers, sangria, tinto <strong>de</strong> vera<strong>no</strong>) e mesmo <strong>no</strong> <strong>no</strong>sso país, a sangria é uma bebida à base<br />

<strong>de</strong> vinho bastante popular, mas com pouco sucesso <strong>no</strong> que toca à sua comercialização na forma <strong>de</strong><br />

prepara<strong>do</strong> pronto a beber. De facto, face à cerveja, o vinho não parece tão apelativo, sen<strong>do</strong> a cerveja<br />

consi<strong>de</strong>rada uma bebida fácil <strong>de</strong> beber - fresca e com um sabor b<strong>em</strong> vinca<strong>do</strong> – com um preço<br />

reduzi<strong>do</strong> e <strong>de</strong> fácil acesso. Com a agressivida<strong>de</strong> na promoção e a presença constante <strong>em</strong> vários<br />

eventos a ser<strong>em</strong> referidas, também como razões para o sucesso da bebida face ao vinho.<br />

Segun<strong>do</strong> o painel <strong>de</strong> entrevista<strong>do</strong>s, quanto à aprendizag<strong>em</strong> <strong>do</strong> vinho através <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong><br />

imprensa e da comunicação, passa pela incorporação <strong>de</strong> informação sobre vinho <strong>em</strong> meios não<br />

<strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s ou especializa<strong>do</strong>s, já que se mostram interessa<strong>do</strong>s <strong>em</strong> ler artigos sobre vinho - ou seja<br />

sobre locais <strong>de</strong> produção, processos, <strong>no</strong>tícias, etc. - ao invés <strong>de</strong> ler<strong>em</strong> artigos <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s a um vinho<br />

específico, que inclua uma <strong>de</strong>scrição e uma crítica.<br />

Se o vinho é associa<strong>do</strong> a uma questão <strong>de</strong> imag<strong>em</strong> e quan<strong>do</strong> há valores como os já referi<strong>do</strong>s<br />

associa<strong>do</strong>s à bebida, será esta imag<strong>em</strong> popular possível <strong>de</strong> coexistir com outra mais charmosa, <strong>de</strong><br />

facto, <strong>de</strong>verá ser assunto para uma investigação mais aprofundada, <strong>no</strong> entanto, os entrevista<strong>do</strong>s que<br />

refer<strong>em</strong> ter uma imag<strong>em</strong> mais requintada <strong>do</strong> vinho, são os mesmos que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m uma proximida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> vinho aos consumi<strong>do</strong>res e uma das entrevistadas explica que para diferentes contextos, há<br />

diferentes vinhos. Para esta entrevistada, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da ocasião, assim <strong>de</strong>pendia o vinho que lhe<br />

apetecia beber, não só <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> tipo, ou sabor, mas até <strong>em</strong> termos <strong>do</strong> rótulo, ou forma <strong>de</strong><br />

acondicionamento. Respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ao pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> se explicar melhor, ex<strong>em</strong>plifica com <strong>do</strong>is cenários que<br />

lhe pareciam, ambos, atractivos, diz: “gosto <strong>de</strong> um ambiente rústico, <strong>de</strong> beber vinho directamente da<br />

pipa, mas também <strong>de</strong> um jantar romântico, à luz das velas, com um vinho tinto encorpa<strong>do</strong> e <strong>de</strong> sabor<br />

fruta<strong>do</strong>, com um rótulo elegante e sóbrio”. Trata-se <strong>de</strong> um test<strong>em</strong>unho interessante, <strong>em</strong> que a<br />

sugestão <strong>de</strong> uma bebida envolve um cenário e uma situação, da mesma forma que se escolhe uma<br />

música, por ex<strong>em</strong>plo, o que já foi referi<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> se falou <strong>no</strong> esta<strong>do</strong> da arte.<br />

72


FCS 4. - Melhorar o Serviço <strong>do</strong>s Restaurantes<br />

A qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> serviço <strong>do</strong>s restaurantes aparece como FCS, porque os estrevista<strong>do</strong>s vê<strong>em</strong><br />

<strong>no</strong>s restaurantes, para além <strong>do</strong>s hipermerca<strong>do</strong>s, locais <strong>de</strong> excepção para a experimentação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos<br />

vinhos, se algumas condições for<strong>em</strong> cumpridas. Regra geral, os entrevista<strong>do</strong>s até reconhec<strong>em</strong> que<br />

quan<strong>do</strong> viajam, gostam <strong>de</strong> beber o vinho da região e acham que o vinho da casa <strong>de</strong>veria ser um<br />

vinho <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> aceitável e representativo da região, o que n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre acontece, já que é um<br />

conceito (vinho da casa) que se alterou, passan<strong>do</strong> a ser um vinho por vezes s<strong>em</strong> ligação ao local <strong>do</strong><br />

restaurante, e cuja característica mais <strong>no</strong>tória é o preço reduzi<strong>do</strong> <strong>em</strong> relação a outros vinhos da carta.<br />

Outra dificulda<strong>de</strong> referida por um entrevista<strong>do</strong> é a dificulda<strong>de</strong> <strong>em</strong> encontrar vinhos <strong>de</strong> pequenas<br />

produções, que po<strong>de</strong>riam ser mostra<strong>do</strong>s através <strong>do</strong>s restaurantes e até escoa<strong>do</strong>s pelos restaurantes<br />

locais, mas que até <strong>em</strong> localida<strong>de</strong>s orientadas para o turismo tal não acontece, com os restaurantes<br />

locais a exibir<strong>em</strong> cartas perfeitamente correntes e compostas <strong>de</strong> vinhos <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s distribui<strong>do</strong>res.<br />

Embora não seja referi<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s, muitos <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s falam <strong>no</strong>s preços excessivos<br />

<strong>em</strong> relação ao preço corrente <strong>do</strong>s mesmos vinhos <strong>no</strong>utros distribui<strong>do</strong>res, o que po<strong>de</strong>rá ser verda<strong>de</strong><br />

ou apenas uma falsa questão, porque, não é óbvio que os restaurantes cobr<strong>em</strong> taxas <strong>de</strong>masia<strong>do</strong><br />

elevadas. Com a excepção <strong>do</strong> pão, as bebidas são os únicos produtos não transforma<strong>do</strong>s que os<br />

restaurantes ven<strong>de</strong>m, sen<strong>do</strong> por isso os únicos produtos que permit<strong>em</strong> fazer uma comparação<br />

relativa das margens <strong>de</strong> comercialização imputadas pelo restaurante, já que os vinhos são os<br />

produtos <strong>de</strong> maior preço absoluto é natural que possa haver essa leitura por parte <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res.<br />

No entanto, vários entrevista<strong>do</strong>s refer<strong>em</strong> que não vão pedir vinhos bons, por ser<strong>em</strong> caros <strong>no</strong>s<br />

restaurantes. Diz<strong>em</strong> ainda que não estão dispostos a pedir vinhos mais caros e que prefer<strong>em</strong> pedir o<br />

vinho da casa ou vinhos mais correntes ou conheci<strong>do</strong>s, porque para além <strong>de</strong> sentir<strong>em</strong> que faz<strong>em</strong><br />

uma compra, na sua opinião, com uma relação qualida<strong>de</strong>/preço mais elevada, não estão dispostos a<br />

arriscar <strong>em</strong> pedir<strong>em</strong> um vinho e este não vir <strong>em</strong> condições, porque geralmente as condições <strong>de</strong><br />

armazenag<strong>em</strong> <strong>do</strong>s vinhos <strong>no</strong>s restaurantes não são as melhores.<br />

Em relação ao serviço <strong>do</strong> vinho, para além da questão <strong>do</strong> armazenamento, os entrevista<strong>do</strong>s<br />

refer<strong>em</strong> ainda que muitas vezes, não estão dispostos a aceitar sugestões ou a pedi-las porque acham<br />

que os <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s <strong>de</strong> mesa não estão prepara<strong>do</strong>s ou não têm conhecimento suficiente para o fazer,<br />

para além <strong>de</strong> servir<strong>em</strong> muitas vezes os vinhos tintos a t<strong>em</strong>peraturas elevadas. Quanto à questão <strong>do</strong><br />

copo <strong>de</strong> vinho, muitos <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, diz<strong>em</strong> que basta-lhes um copo <strong>de</strong> vidro fi<strong>no</strong> para que não<br />

fiqu<strong>em</strong> <strong>de</strong>siludi<strong>do</strong>s e <strong>em</strong>bora ach<strong>em</strong> que é sinal <strong>de</strong> um serviço mais cuida<strong>do</strong>, não se mostram<br />

sensíveis a que contribua para a <strong>de</strong>gustação completa <strong>do</strong> vinho. Também não foram referidas<br />

quaisquer críticas <strong>em</strong> relação à carta, <strong>no</strong> entanto, um entrevista<strong>do</strong> referiu que gostava <strong>de</strong> ver o<br />

conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong>s rótulos <strong>do</strong>s vinhos transcritos para a carta, como forma <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r seleccionar com mais<br />

informação o seu vinho. Como já discuti<strong>do</strong>, o serviço <strong>de</strong> vinho-a-copo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> é aponta<strong>do</strong> como<br />

ponto <strong>de</strong> melhoria <strong>do</strong> serviço <strong>do</strong>s restaurantes.<br />

73


4. Análise Qualitativa das Entrevistas<br />

No presente capítulo analisar<strong>em</strong>os, <strong>de</strong> forma qualitativa algumas questões abordadas<br />

directamente durante as entrevistas e previstas <strong>no</strong> guião e outras levantadas pelos entrevista<strong>do</strong>s e<br />

consi<strong>de</strong>radas relevantes para a dissertação. No final <strong>do</strong> capítulo, analisar-se-á também a a<strong>de</strong>quação<br />

da segmentação já proposta face ao perfil e comportamento <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s.<br />

<strong>Vinho</strong>s estrangeiros<br />

Quanto ao consumo <strong>de</strong> vinhos estrangeiros, apenas <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s são consumi<strong>do</strong>res<br />

esporádicos <strong>de</strong> vinhos estrangeiros e com opiniões muito s<strong>em</strong>elhantes quanto à sua qualida<strong>de</strong>,<br />

referin<strong>do</strong> a elevada qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s vinhos argenti<strong>no</strong>s e chile<strong>no</strong>s e a fiabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s vinhos<br />

australia<strong>no</strong>s, muito fáceis <strong>de</strong> beber e <strong>de</strong> apreciar. Estes entrevista<strong>do</strong>s acham que se fosse mais fácil<br />

comprar vinhos estrangeiros <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, concerteza comprariam com mais regularida<strong>de</strong>,<br />

especialmente quan<strong>do</strong> o intuito fosse consumir vinhos fruta<strong>do</strong>s, leves e económicos, caso <strong>em</strong> que<br />

optariam por qualquer vinho <strong>de</strong>stes países <strong>do</strong> Novo Mun<strong>do</strong>, mas também vinhos argenti<strong>no</strong>s e<br />

chile<strong>no</strong>s por ser<strong>em</strong> capazes <strong>de</strong> rivalizar com os melhores vinhos portugueses.<br />

Quanto aos restantes entrevista<strong>do</strong>s, meta<strong>de</strong> refer<strong>em</strong> que não têm necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprar<br />

ou sequer experimentar vinhos estrangeiros porque os <strong>no</strong>ssos são suficient<strong>em</strong>ente bons ou que os<br />

vinhos estrangeiros não vão possuir nenhuma característica que justifique a sua compra. A outra<br />

meta<strong>de</strong> t<strong>em</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>em</strong> experimentar ou consumir mais vinhos estrangeiros e só não o faz porque<br />

não encontra oferta suficiente.<br />

Marcas<br />

Praticamente to<strong>do</strong>s os entrevista<strong>do</strong>s falam da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s vinhos <strong>do</strong> Alentejo e <strong>do</strong> Douro, o<br />

que <strong>de</strong>monstra o gran<strong>de</strong> potencial que estas regiões têm enquanto marcas. Quanto a outros factores<br />

que possam ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como passíveis <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<strong>em</strong> ter um potencial como marcas, são pouco<br />

claros, já que a maioria não conseguiu <strong>no</strong>mear ou classificar castas, como já foi referi<strong>do</strong>, <strong>no</strong> entanto,<br />

isto po<strong>de</strong>r-se-á <strong>de</strong>ver ao facto da maioria <strong>do</strong>s vinhos portugueses ser<strong>em</strong> multicasta (blends), o que<br />

não permite que os consumi<strong>do</strong>res conheçam as características das castas individualmente como<br />

acontece <strong>no</strong>utros países, <strong>em</strong> que as castas obtêm muitas vezes estatutos <strong>de</strong> marca adicionalmente.<br />

As a<strong>de</strong>gas ou <strong>em</strong>presas produtoras <strong>do</strong>s vinhos também não parec<strong>em</strong> influenciar a compra <strong>do</strong>s<br />

entrevista<strong>do</strong>s, com a excepção <strong>de</strong> um, que compra utilizan<strong>do</strong> a a<strong>de</strong>ga como critério <strong>de</strong> escolha.<br />

Os vinhos consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como míticos e já referi<strong>do</strong>s na dissertação, continuam a ser<br />

reconheci<strong>do</strong>s pelos consumi<strong>do</strong>res, sen<strong>do</strong> referi<strong>do</strong>s o Peramanca e o Cartuxa, como vinhos <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> excepcional.<br />

Apenas um <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s refere o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> classificação <strong>de</strong> vinhos oficial, como<br />

referência para a sua escolha e nenhum <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s refere ou dá importância aos prémios<br />

recebi<strong>do</strong>s como critério <strong>de</strong> escolha.<br />

74


E<strong>no</strong>turismo<br />

O factor principal <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong> é a unanimida<strong>de</strong> que há na atractivida<strong>de</strong> que os entrevista<strong>do</strong>s<br />

sent<strong>em</strong> pelas activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> e<strong>no</strong>turismo. To<strong>do</strong>s referiram que gostavam <strong>de</strong> ver os processos <strong>de</strong><br />

produção e <strong>de</strong> vindima, visitar a<strong>de</strong>gas e efectuar provas e a maioria mostrou-se até interessa<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

passar fins-<strong>de</strong>-s<strong>em</strong>ana <strong>em</strong> proprieda<strong>de</strong>s vitivinicolas com activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ste género. Meta<strong>de</strong> já tinha<br />

feito qualquer activida<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> e<strong>no</strong>turismo – a maioria visitou a<strong>de</strong>gas. Com a excepção <strong>de</strong><br />

uma entrevistada, que participou num cruzeiro com provas e com um almoço t<strong>em</strong>ático, to<strong>do</strong>s estes<br />

tinham consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> a experiência como positiva. Quanto à entrevistada <strong>de</strong>scontente, apontou como<br />

razões para o seu <strong>de</strong>scontentamento, a fraca qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s vinhos servi<strong>do</strong>s e da comida, não se<br />

mostran<strong>do</strong> por isso disponível para qualquer outra activida<strong>de</strong> que incluísse apenas uma prova ou<br />

almoço/prova.<br />

Outro factor que revela unanimida<strong>de</strong> é a razão apontada para não fazer<strong>em</strong> activida<strong>de</strong>s mais<br />

prolongadas <strong>de</strong> e<strong>no</strong>turismo, que foi: “não se gerou a oportunida<strong>de</strong>”; queren<strong>do</strong> dizer com isso, que<br />

lhes tinha falta<strong>do</strong> um convite por parte <strong>de</strong> amigos, porque não se tinham l<strong>em</strong>bra<strong>do</strong>, <strong>em</strong> suma, porque<br />

precisavam <strong>de</strong> um qualquer estímulo. De facto, a falta <strong>de</strong> promoção e <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>, como foi já<br />

referi<strong>do</strong>, também afectam o sector <strong>do</strong> e<strong>no</strong>turismo <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

Embalagens<br />

Embora na análise <strong>do</strong> capítulo anterior a questão das <strong>em</strong>balagens Bag-in-box já tenha si<strong>do</strong><br />

referida, interessa analisar com mais <strong>de</strong>talhe os test<strong>em</strong>unhos <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao potencial<br />

<strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação que é a <strong>em</strong>balag<strong>em</strong> <strong>do</strong> vinho.<br />

Mais uma vez a relação dicotómica que alguns entrevista<strong>do</strong>s <strong>de</strong>monstram ter com<br />

<strong>em</strong>balagens me<strong>no</strong>s tradicionais é algo bastante intrigante e que <strong>de</strong>verá ser consi<strong>de</strong>rada como um<br />

<strong>de</strong>safio, especialmente para “marketeers” <strong>do</strong> sector. Esta dicotomia revela-se <strong>no</strong> reconhecimento <strong>de</strong><br />

que as <strong>em</strong>balagens Bag-in-box são muito eficazes enquanto dispositivos <strong>de</strong> conservação, manten<strong>do</strong><br />

todas as características e qualida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> vinho e preservan<strong>do</strong>-o até <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> abertas, mas que<br />

prejudicam a experiência que é associada ao vinho. Os entrevista<strong>do</strong>s que têm esta percepção<br />

correspon<strong>de</strong>m aos entrevista<strong>do</strong>s que são consumi<strong>do</strong>res me<strong>no</strong>s frequentes, ou seja, para qu<strong>em</strong><br />

consumir vinho é uma ocasião. Esta mística associada ao vinho po<strong>de</strong>rá ser <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong>, porque é um<br />

factor <strong>de</strong> segmentação, <strong>no</strong> entanto <strong>em</strong> alguns aspectos acaba por ser um factor negativo. Como<br />

ex<strong>em</strong>plo inequivoco <strong>de</strong>ste facto, um <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, por mero acaso, é um alto quadro <strong>de</strong> uma<br />

<strong>em</strong>presa produtora <strong>de</strong> filmes <strong>de</strong> <strong>em</strong>balag<strong>em</strong>, que também produz película utilizada para fazer o “bag”<br />

da Bag-in-box, e diz este entrevista<strong>do</strong>: “O bag-in-box é uma excelente <strong>em</strong>balag<strong>em</strong> para o vinho, as<br />

<strong>no</strong>vas rolhas plásticas seguramente são muito melhores que as tradicionais, mas gosto da garrafa <strong>de</strong><br />

vidro, da rolha <strong>de</strong> cortiça. É uma questão <strong>de</strong> charme”.<br />

Já outros consumi<strong>do</strong>res: os consumi<strong>do</strong>res frequentes; mas também os homens mais jovens,<br />

que <strong>em</strong>bora não compran<strong>do</strong> porque não têm necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprar <strong>em</strong> maior quantida<strong>de</strong>; não<br />

renegam a compra <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> <strong>em</strong>balag<strong>em</strong>, mas gostavam <strong>de</strong> ver vinhos com mais qualida<strong>de</strong> à<br />

venda neste formato, assim como mais diversida<strong>de</strong>.<br />

75


Produtos biológicos e ver<strong>de</strong>s (amigos <strong>do</strong> ambiente)<br />

Em relação aos produtos ditos orgânicos ou biológicos, a maioria <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s<br />

reconhece que são diferentes e que possu<strong>em</strong> mais qualida<strong>de</strong> que os produtos convencionais, por<br />

ter<strong>em</strong> um sabor mais agradável e pela isenção <strong>de</strong> produtos químicos ou tóxicos, estan<strong>do</strong> por isso<br />

dispostos a pagar um acréscimo <strong>no</strong> preço por esse valor. Os entrevista<strong>do</strong>s mais velhos, com mais <strong>de</strong><br />

60 a<strong>no</strong>s, não se mostram sensíveis a estes produtos e são até cépticos <strong>em</strong> relação ao conceito, por<br />

consi<strong>de</strong>rar<strong>em</strong> que a insenção <strong>de</strong> produtos químicos é impossível. Quanto aos restantes a maioria<br />

consome ocasionalmente, mas não os procura especificamente. Em relação ao vinho biológico,<br />

teriam curiosida<strong>de</strong> <strong>em</strong> consumir, mas não acham que seria um factor <strong>de</strong>terminante para se tornar<strong>em</strong><br />

consumi<strong>do</strong>res regulares.<br />

Quanto aos produtos amigos <strong>do</strong> ambiente, com a excepção <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, que<br />

está disposto a pagar mais por produtos <strong>de</strong>ste género, a gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s t<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />

relação a estes produtos gran<strong>de</strong>s reservas: alguns acham que <strong>de</strong>veria ser requisito <strong>de</strong> qualquer<br />

produto ser ambientalmente sustentável; outros ainda que, entre <strong>do</strong>is produtos prefer<strong>em</strong> o “ver<strong>de</strong>”,<br />

mas não estão dispostos a pagar um prémio por isso; os mais cépticos não dão crédito pela falta <strong>de</strong><br />

fiscalização que acham que existe <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>; finalmente, alguns não se interessam pelo conceito.<br />

5.Segmentação Proposta e as Características <strong>do</strong>s Entrevista<strong>do</strong>s<br />

Muito <strong>em</strong>bora, a representativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> painel não seja total, até porque para a segmentação<br />

proposta apenas foi possível entrevistar consumi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> segmento-preço médio e médio-alto<br />

entrevista<strong>do</strong>s, os test<strong>em</strong>unhos recolhi<strong>do</strong>s confirmam algumas características <strong>do</strong>s segmentos<br />

anteriormente i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>ixam o mo<strong>de</strong>lo proposto <strong>em</strong> posição <strong>de</strong> com maior investigação vir a<br />

ser optimiza<strong>do</strong>. Ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> construi<strong>do</strong> num momento anterior ao da realização das entrevistas,<br />

concluí-se que a segmentação com base <strong>em</strong> gamas <strong>de</strong> preços, frequência <strong>de</strong> consumo e<br />

conhecimento/interesse pelo vinho é uma base <strong>de</strong> segmentação válida com base <strong>no</strong>s test<strong>em</strong>unhos<br />

recolhi<strong>do</strong>s, que revelam que os entrevista<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> seleccionam um vinho já têm <strong>em</strong> mente uma<br />

gama <strong>de</strong> preços e que os seus comportamentos quanto aos vinhos consumi<strong>do</strong>s, gosto, valores e<br />

percepções são claramente relacionadas com a frequência <strong>de</strong> consumo e com o interesse e<br />

conhecimento que têm.<br />

Quanto a factores <strong>de</strong>mográficos ou psicográficos que possam ajudar a caracterizar os<br />

segmentos anteriormente posiciona<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os, com base na amostra, referir que os<br />

consumi<strong>do</strong>res mais frequentes são consumi<strong>do</strong>res com mais <strong>de</strong> 40 a<strong>no</strong>s, <strong>no</strong> entanto, ten<strong>do</strong> a amostra<br />

abrangen<strong>do</strong> pessoas com hábitos aparent<strong>em</strong>ente similares, assim como alguma homogeneida<strong>de</strong> ao<br />

nível da capacida<strong>de</strong> económica não foi possível i<strong>de</strong>ntificar padrões que pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> sugerir qualquer<br />

relação entre estilo <strong>de</strong> vida e consumo <strong>de</strong> vinho.<br />

Quanto aos nichos <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> caracteriza<strong>do</strong>s e i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s <strong>no</strong> capítulo Segmentação<br />

Proposta, foi possível reconhecer entrevista<strong>do</strong>s claramente posiciona<strong>do</strong>s <strong>no</strong>s nichos: “Jovens<br />

mulheres” e “Jovens Interessa<strong>do</strong>s”. As características utilizadas para <strong>de</strong>screver estes <strong>do</strong>is nichos são<br />

caracterizações bastante porme<strong>no</strong>rizadas <strong>de</strong> alguns <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s.<br />

76


Capítulo VII<br />

Conclusões Finais<br />

1.Análise S.W.O.T. – Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats<br />

Análise S.W.O.T.<br />

Oportunida<strong>de</strong>s<br />

Ligação <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> e Saú<strong>de</strong><br />

Tendência para consumo com<br />

qualida<strong>de</strong><br />

Novos segmentos e nichos<br />

Crescimento <strong>do</strong>s <strong>Merca<strong>do</strong></strong>s <strong>de</strong><br />

Angola e Brasil<br />

Nichos <strong>de</strong> merca<strong>do</strong><br />

internacionais<br />

Ameaças<br />

Penetração da cerveja, como<br />

produto substituto<br />

Redução <strong>do</strong> consumo per capita<br />

<strong>Vinho</strong>s estrangeiros<br />

Tabela 4:Análise S.W.O.T. Final<br />

Pontos Fortes<br />

Diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vinhos <strong>no</strong> país<br />

Potencialida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> E<strong>no</strong>turismo<br />

Qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s vinhos<br />

Tradição na Produção<br />

Tradição <strong>no</strong> Consumo<br />

Acor<strong>do</strong>s com agentes<br />

turísticos<br />

Desenho <strong>de</strong> produto orienta<strong>do</strong><br />

para o consumi<strong>do</strong>r-alvo<br />

Concentração <strong>de</strong> esforços <strong>em</strong><br />

merca<strong>do</strong>s internacionais<br />

específicos<br />

Lançamento <strong>de</strong> vinhos<br />

mo<strong>no</strong>casta<br />

Afirmação da imag<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Portugal</strong> ligada ao <strong>Vinho</strong><br />

Dotar Hipermerca<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

plataformas <strong>de</strong> promoção e<br />

informação <strong>de</strong> vinhos<br />

permanentes<br />

Aumento <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> e<br />

promoção<br />

União e partilha <strong>de</strong> esforços<br />

<strong>de</strong> Marketing entre peque<strong>no</strong>s<br />

Produtores<br />

Pontos Fracos<br />

Falta <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> da<br />

maioria das <strong>em</strong>presas<br />

Intangibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong><br />

Falta <strong>de</strong> promoção<br />

Falta <strong>de</strong> I<strong>no</strong>vação<br />

Conserva<strong>do</strong>rismo <strong>do</strong>s<br />

Produtores<br />

Distância com os consumi<strong>do</strong>res<br />

Elaboração <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

merca<strong>do</strong><br />

Promoções Cruzadas entre<br />

vinho e outros produtos e<br />

serviços<br />

Aposta na I<strong>no</strong>vação<br />

Apostar <strong>no</strong> vinho-a-copo<br />

Melhorar serviço <strong>no</strong>s<br />

restaurantes<br />

Lançamento <strong>de</strong> produtos<br />

vocaciona<strong>do</strong>s para <strong>no</strong>vos<br />

Consumi<strong>do</strong>res<br />

No matriz estão representa<strong>do</strong>s <strong>em</strong> cada quadrante as estratégias a <strong>de</strong>senvolver,<br />

quan<strong>do</strong> cruzamos as contigências da <strong>em</strong>presa (pontos fortes e fracos) com o seu ambiente<br />

exter<strong>no</strong> (oportunida<strong>de</strong>s e ameaças).<br />

77


2.Conclusões<br />

Estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>Merca<strong>do</strong></strong> - Uma priorida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sector<br />

Dadas as limitações <strong>de</strong> recursos e dimensão <strong>do</strong> sector <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, as estratégias das<br />

<strong>em</strong>presas <strong>de</strong>veriam basear-se <strong>em</strong> estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> sóli<strong>do</strong>s e robustos, com requisitos específicos<br />

quanto à representativida<strong>de</strong> das conclusões e com resulta<strong>do</strong>s quantitativos. A dispersão <strong>de</strong> esforços<br />

e a ineficiência <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser combati<strong>do</strong>s através <strong>de</strong> um diagnóstico que permita uma acção focada <strong>no</strong><br />

consumi<strong>do</strong>r e certeira quanto à satisfação das suas necessida<strong>de</strong>s.<br />

Da mesma forma que na área da produção se apostou na utilização <strong>de</strong> técnicas mo<strong>de</strong>rnas e<br />

científicas e na contratação e formação <strong>de</strong> enólogos, também nas restantes áreas funcionais, casos<br />

<strong>do</strong> Marketing, da I<strong>no</strong>vação, da Gestão e da Comercialização, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser a<strong>do</strong>ptadas técnicas e<br />

contrata<strong>do</strong>s recursos especializa<strong>do</strong>s, com abordagens sistémicas e meto<strong>do</strong>lógicas ao invés da<br />

utilização da intuição como factor prepon<strong>de</strong>rante nas <strong>de</strong>cisões.<br />

<strong>Factores</strong> <strong>Críticos</strong> <strong>de</strong> <strong>Sucesso</strong><br />

Pela sua <strong>de</strong>finição os factores i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s como críticos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> constituir a base para o<br />

planeamento estratégico <strong>do</strong> sector, tanto <strong>em</strong> termos da estratégia da <strong>em</strong>presa, como das entida<strong>de</strong>s<br />

representativas, promocionais e regulatórias que o compô<strong>em</strong>.<br />

Conclui-se que os factores i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s estão intimamente liga<strong>do</strong>s entre si e que diz<strong>em</strong><br />

respeito a aspectos <strong>de</strong> marketing, não ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s factores directamente relaciona<strong>do</strong>s<br />

com o produto ou com aspectos da produção, o que confirma a necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> aumento <strong>de</strong> esforços<br />

na área <strong>do</strong> Marketing.<br />

As seguintes conclusões advêm da análise <strong>do</strong>s FCS:<br />

Hipermerca<strong>do</strong>s - Plataformas <strong>de</strong> Promoção, Informação e <strong>de</strong>mocratização <strong>de</strong> consumo<br />

A i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s Hipermerca<strong>do</strong>s como um acesso privilegia<strong>do</strong>, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às suas<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> venda <strong>de</strong> produto e <strong>de</strong> dinamização <strong>do</strong> consumo, transforma estes locais <strong>em</strong><br />

vectores <strong>de</strong> promoção, com os consumi<strong>do</strong>res a revelar um comportamento marca<strong>do</strong> por uma maior<br />

apetência para a procura <strong>de</strong> informação e <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ração <strong>do</strong>s hipermerca<strong>do</strong>s como montras <strong>de</strong><br />

produto. A transformação <strong>do</strong>s corre<strong>do</strong>res <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s ao vinho <strong>em</strong> plataformas especializadas <strong>de</strong>verá<br />

ser consi<strong>de</strong>rada por parte <strong>do</strong>s produtores, das associações e <strong>do</strong>s próprios hipermerca<strong>do</strong>s. A<br />

organização <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> dinamização <strong>de</strong> consumo nestes locais, po<strong>de</strong>r-se-á revelar como uma<br />

boa medida pela capacida<strong>de</strong> que há <strong>em</strong> agregar consumi<strong>do</strong>res aqui. Acções <strong>de</strong> promoção, provas<br />

<strong>de</strong> vinhos, organização <strong>de</strong> feiras t<strong>em</strong>áticas, e até workshops, passan<strong>do</strong> pela <strong>em</strong>issão <strong>de</strong> folhetos<br />

periódicos, são ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>rão <strong>de</strong>correr <strong>no</strong>s hipermerca<strong>do</strong>s portugueses,<br />

colmatan<strong>do</strong> a dificulda<strong>de</strong> que há <strong>em</strong> captar e atraír consumi<strong>do</strong>res para outros eventos vínicos <strong>em</strong><br />

locais mais específicos, me<strong>no</strong>s eficazes a atrair consumi<strong>do</strong>res comuns.<br />

78


Publicida<strong>de</strong> – Dinamiza<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Consumo<br />

Para além da promoção individual <strong>de</strong> certo vinho, a presença <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> na mente <strong>do</strong>s<br />

consumi<strong>do</strong>res é um factor essencial para aumentar o seu consumo e atenuar a tendência para o<br />

<strong>de</strong>créscimo <strong>do</strong> seu consumo, especialmente <strong>no</strong>s consumi<strong>do</strong>res mais jovens.<br />

Na socieda<strong>de</strong> actual, a publicida<strong>de</strong> é um requisito fundamental a to<strong>do</strong>s os produtos para a<br />

sua venda ser b<strong>em</strong> sucedida e o vinho não é excepção e até possui uma barreira acrescida a essa<br />

venda, que é a dificulda<strong>de</strong> na percepção das diferenças entre vinhos e na percepção da qualida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> vinho. É dificil para o consumi<strong>do</strong>r comum distinguir ou caso distinga, m<strong>em</strong>orizar as diferenças,<br />

entre vinhos que po<strong>de</strong>riam levar à fi<strong>de</strong>lização <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r. A publicida<strong>de</strong> passa por associar o<br />

produto a um certo tipo <strong>de</strong> sensação e valores intangiveis, que <strong>no</strong> caso <strong>do</strong> vinho é até fácil <strong>de</strong> fazer<br />

para certos segmentos <strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>res, da<strong>do</strong> a forma como alguns consumi<strong>do</strong>res percepcionam o<br />

vinho, <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> <strong>em</strong> que para além da experiência sensorial vivida pelo consumo da bebida,<br />

reflect<strong>em</strong> <strong>no</strong> consumo uma imag<strong>em</strong> que po<strong>de</strong> ser dada pelo local on<strong>de</strong> é produzi<strong>do</strong> o vinho, pela<br />

<strong>em</strong>balag<strong>em</strong>, pelo rótulo, ou até pela imag<strong>em</strong> associada a qu<strong>em</strong> o bebe.<br />

Assim, a publicida<strong>de</strong> t<strong>em</strong> três objectivos primordiais, que são: primeiro, estimular o consumo<br />

<strong>do</strong> vinho, segun<strong>do</strong>, conquistar <strong>no</strong>vos consumi<strong>do</strong>res e terceiro, associar ao vinho uma imag<strong>em</strong> que<br />

esteja <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as preferências <strong>do</strong> segmento <strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>res a que se <strong>de</strong>stina.<br />

Também na publicida<strong>de</strong> e promoção, é necessária i<strong>no</strong>vação, já referimos o papel <strong>do</strong>s<br />

hipermerca<strong>do</strong>s, como forma i<strong>no</strong>va<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> promover e publicitar o vinho, <strong>no</strong> entanto, a i<strong>no</strong>vação não<br />

acaba nestes locais. Méto<strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong>s <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> subliminar, como a inclusão <strong>de</strong> cenas <strong>de</strong><br />

consumo <strong>de</strong> vinho, <strong>em</strong> certos contextos que apel<strong>em</strong> ao público, nas séries <strong>de</strong> televisão, programas<br />

com rúbricas <strong>de</strong>dicadas ao vinho, assim como a associação <strong>de</strong> pessoas e eventos <strong>de</strong> referência à<br />

bebida, e ainda promoções conjuntas ou cruzadas entre o vinho e outros produtos, especialmente<br />

produtos gastronómicos, dada a ligação importante que há entre o vinho e a comida; constitu<strong>em</strong><br />

méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> promoção alternativos muito eficazes.<br />

Serviço <strong>no</strong>s restaurantes<br />

To<strong>do</strong>s os aspectos referentes ao vinho num restaurante não <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser responsabilida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s distribui<strong>do</strong>res, produtores e <strong>de</strong>mais instituições.<br />

Da mesma forma que o serviço <strong>de</strong> outros produtos, como a cerveja, mas também os gela<strong>do</strong>s<br />

e as sobr<strong>em</strong>esas são acautela<strong>do</strong>s por qu<strong>em</strong> os ven<strong>de</strong>, também a distribuição <strong>de</strong> vinho nestes locais<br />

<strong>de</strong>veria ser acompanha<strong>do</strong> da criação <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> armazenag<strong>em</strong>, refrigeração e copos.<br />

Também constitu<strong>em</strong> uma obrigação da totalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sector a formação <strong>do</strong>s profissionais da<br />

restauração, que ag<strong>em</strong> como interface entre o produto e o consumi<strong>do</strong>r final.<br />

Como vimos, a Quinta <strong>do</strong> Falcão constitui um excelente ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> uma <strong>em</strong>presa que<br />

percebeu a importância <strong>do</strong> acompanhamento <strong>do</strong> seu produto até ao final da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> distribuição,<br />

fazen<strong>do</strong> inclusivé, a promoção <strong>do</strong>s seus produtos <strong>no</strong>s próprios restaurantes, disponibilizan<strong>do</strong>, ela<br />

própria, os meios para esta promoção ser <strong>de</strong>senvolvida nestes locais.<br />

79


<strong>Vinho</strong>-a-copo - Um <strong>no</strong>vo paradigma <strong>de</strong> Consumo<br />

O vinho-a-copo, é uma exigência <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res, e é importante perceber que o<br />

paradigma <strong>do</strong> consumo <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> está a mudar, se antigamente o padrão na forma <strong>de</strong> servir o<br />

vinho era a garrafa, hoje <strong>em</strong> dia, o consumi<strong>do</strong>r requer uma quantida<strong>de</strong> me<strong>no</strong>r. Para além da<br />

exigência <strong>de</strong>sta quantida<strong>de</strong>, requer<strong>em</strong> ainda que os vinhos servi<strong>do</strong>s tenham qualida<strong>de</strong>. Com os<br />

ven<strong>de</strong><strong>do</strong>res a apontar<strong>em</strong> para o facto <strong>de</strong> não querer<strong>em</strong> arriscar na venda a copo <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao facto <strong>do</strong><br />

vinho, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> aberto estar sujeito a perecibilida<strong>de</strong>, é necessário que os produtores a<strong>do</strong>pt<strong>em</strong> <strong>no</strong>vas<br />

<strong>em</strong>balagens que venham <strong>de</strong> encontra a esta exigência e que assegur<strong>em</strong> a conservação <strong>do</strong> vinho.<br />

Alianças Estratégicas<br />

Sen<strong>do</strong> aponta<strong>do</strong>s à indústria como pontos fracos a falta <strong>de</strong> dimensão e <strong>de</strong> recursos <strong>do</strong>s seus<br />

agente, é necessário <strong>de</strong>senvolver esforços para a criação <strong>de</strong> alianças, sob a forma <strong>de</strong> cooperações,<br />

parcerias ou mesmo joint-ventures, que aproveit<strong>em</strong> sinergias capazes <strong>de</strong> alavancar a capacida<strong>de</strong><br />

individual <strong>de</strong> cada <strong>em</strong>presa. A concentração <strong>de</strong> esforços é tanto ou mais necessária <strong>em</strong> áreas como<br />

o e<strong>no</strong>turismo, o marketing e a internacionalização, áreas que são importantes e cujo <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho<br />

das <strong>em</strong>presas se t<strong>em</strong> mostra<strong>do</strong> aquém <strong>do</strong> possível.<br />

É preciso que as <strong>em</strong>presas compreendam que a cooperação, mesmo entre concorrentes é<br />

possível e <strong>de</strong>sejável, tanto nas gran<strong>de</strong>s, como nas pequenas, mas especialmente nas pequenas,<br />

cada vez mais afastadas das <strong>de</strong>cisões que afectam o sector.<br />

A multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s, que actuam, muitas vezes com missões e objectivos comuns,<br />

acaba por dispersar esforços e recursos. Com o sector a precisar <strong>de</strong> reorganizar as suas entida<strong>de</strong>s<br />

públicas, que necessitam <strong>de</strong> rever as suas missões, sob pena <strong>de</strong> termos organizações cuja existência<br />

é marcada pela redundância das suas acções. São estas as organizações que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estimular, mas<br />

também regular, a conjunção <strong>de</strong> esforços entre as <strong>em</strong>presas.<br />

I<strong>no</strong>vação e Conserva<strong>do</strong>rismo<br />

Com os produtores <strong>de</strong> outros merca<strong>do</strong>s, a experimentar <strong>no</strong>vas <strong>em</strong>balagens, <strong>no</strong>vos formatos,<br />

vinhos diferentes e bebidas à base <strong>de</strong> vinho. Os produtores portugueses <strong>em</strong>bora a<strong>do</strong>ptan<strong>do</strong> e até<br />

<strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> <strong>no</strong>vas práticas e<strong>no</strong>lógicas, afastam-se da i<strong>no</strong>vação <strong>em</strong> outras áreas e mantém uma<br />

atitu<strong>de</strong> conserva<strong>do</strong>ra <strong>no</strong> que diz respeito ao consumo <strong>do</strong> vinho. Se os valores tradicionais são<br />

importantes, sab<strong>em</strong>os que não são valores exclusivos <strong>do</strong> vinho.<br />

É necessário inverter a tendência e estimular o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas abordagens <strong>de</strong><br />

fazer chegar o produto ao consumi<strong>do</strong>r e as possibilida<strong>de</strong>s são muitas e variadas, veja-se como bom<br />

ex<strong>em</strong>plo, a criação <strong>do</strong> Dia <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong>, que <strong>em</strong>bora só surta efeito uma vez por a<strong>no</strong>, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> o ser,<br />

mas por ex<strong>em</strong>plo, porque não criar um festival <strong>de</strong> música assente <strong>no</strong> t<strong>em</strong>a <strong>do</strong> vinho à s<strong>em</strong>elhança <strong>do</strong><br />

que já acontece com outros festivais, que à excepção <strong>de</strong> um <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> ao café são quase s<strong>em</strong>pre<br />

associa<strong>do</strong>s à cerveja.<br />

Há espaço para a exploração <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos produtos e aban<strong>do</strong>nar a orto<strong>do</strong>xia na produção, veja-<br />

se o ex<strong>em</strong>plo <strong>do</strong> vinho light (com teor alcoólico baixo), que po<strong>de</strong> ser um caminho e uma forma a<br />

explorar para se chegar aos consumi<strong>do</strong>res mais jovens.<br />

80


Diversificação e Internacionalização<br />

A reduzida produção <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> face a gigantes como a Austrália e os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,<br />

assim como a dimensão reduzida <strong>do</strong>s produtores, com a consequente limitação <strong>de</strong> recursos<br />

<strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à internacionalização – comercialização e promoção - dificulta imenso o sucesso <strong>de</strong><br />

s<strong>em</strong>elhante estratégia, <strong>no</strong> entanto, o sector não <strong>de</strong>ve aban<strong>do</strong>nar os merca<strong>do</strong>s exter<strong>no</strong>s, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao<br />

<strong>de</strong>créscimo <strong>do</strong> consumo inter<strong>no</strong> e porque uma <strong>de</strong>pendência excessiva na procura interna acarreta<br />

graves riscos.<br />

A dispersão <strong>de</strong> esforços <strong>em</strong> vários merca<strong>do</strong>s exter<strong>no</strong>s, por um la<strong>do</strong> reduz a <strong>de</strong>pendência<br />

excessiva relativa <strong>em</strong> cada merca<strong>do</strong> exter<strong>no</strong>, por outro, aumenta o efeito da limitação <strong>de</strong> recursos <strong>do</strong><br />

sector. A falta <strong>de</strong> uma estratégia que abranja a totalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sector t<strong>em</strong> leva<strong>do</strong> ao insucesso <strong>do</strong>s<br />

vinhos portugueses <strong>no</strong> estrangeiro, já que concertação, concentração <strong>de</strong> esforços e alianças <strong>de</strong>verão<br />

ser tácticas a ter <strong>em</strong> conta pelas <strong>em</strong>presas portuguesas para aumentar os níveis <strong>de</strong> eficácia da<br />

exportação <strong>de</strong> vinhos.<br />

As ligações, ao nível cultural e <strong>de</strong> partilha da língua, com os países lusófo<strong>no</strong>s <strong>de</strong>verão servir<br />

como uma alavanca para a promoção <strong>do</strong>s vinhos portugueses nestes merca<strong>do</strong>s, que <strong>de</strong>verão ser<br />

merca<strong>do</strong>s prioritários, por ser<strong>em</strong> merca<strong>do</strong>s, não totalmente isentos <strong>de</strong> riscos, mas com um potencial<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento imenso e s<strong>em</strong> tradição na produção <strong>de</strong> vinhos, mas com tradição <strong>no</strong> consumo.<br />

Nos merca<strong>do</strong>s mais maduros e <strong>de</strong> maior valor, como é o caso <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rei<strong>no</strong> Uni<strong>do</strong> e<br />

da Al<strong>em</strong>ana, a estratégia <strong>de</strong>verá ser b<strong>em</strong> traçada, focada <strong>em</strong> certos nichos, ten<strong>do</strong> como base: a<br />

diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vinhos como forma <strong>de</strong> diferenciação <strong>do</strong> produto português; a promoção <strong>do</strong> vinho<br />

liga<strong>do</strong> com o turismo; a aposta <strong>no</strong>s vinhos nacionais <strong>de</strong> maior qualida<strong>de</strong>.<br />

É <strong>no</strong>s nichos <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> que as <strong>em</strong>presas pequenas po<strong>de</strong>m ter vantag<strong>em</strong> sobre as gran<strong>de</strong>s<br />

<strong>em</strong>presas. Porque são as pequenas <strong>em</strong>presas que possu<strong>em</strong> um charme muito próprio e distinto, que<br />

possu<strong>em</strong> a imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> <strong>no</strong>breza e requinte, ou até a imag<strong>em</strong> rústica e tradicional, que muitos nichos<br />

<strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>res procuram. São <strong>em</strong>presas como a Casa Agrícola da Quinta <strong>do</strong> Falcão que, mesmo<br />

a<strong>do</strong>ptan<strong>do</strong> técnicas mo<strong>de</strong>rnas, mantêm-se afastadas <strong>de</strong> uma imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> indústria e <strong>de</strong> massificação.<br />

Todas estas características para além <strong>de</strong> sobressair <strong>no</strong> vinho, são ainda mais valorizadas e <strong>no</strong>tadas<br />

<strong>no</strong> e<strong>no</strong>turismo.<br />

E<strong>no</strong>turismo, que constitui uma estratégia <strong>de</strong> diversificação por excelência e com gran<strong>de</strong><br />

potencial. É preciso ver que na Austrália, 12% <strong>do</strong>s seus visitantes visitam as vinhas <strong>do</strong> país e sen<strong>do</strong><br />

<strong>Portugal</strong>, o país <strong>do</strong> vinho <strong>do</strong> Porto e um país on<strong>de</strong> o vinho está tão enraiza<strong>do</strong> na cultura, possuin<strong>do</strong><br />

condições <strong>de</strong> excelência para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> turismo e<strong>no</strong>lógico, não há razão para que a<br />

imag<strong>em</strong> <strong>do</strong> país não esteja associada ao vinho e para que não haja uma cooperação efectiva entre a<br />

indústria <strong>do</strong> vinho e a indústria <strong>do</strong> turismo, com a criação <strong>de</strong> acor<strong>do</strong>s entre agentes económicos <strong>do</strong><br />

turismo, hóteis portugueses, promotores e agências, mas também com cooperação entre várias<br />

a<strong>de</strong>gas, mesmo locais.<br />

81


3.Notas finais<br />

Estu<strong>do</strong>s Futuros<br />

Do estu<strong>do</strong> das entrevistas, algumas questões foram levantadas, mas que carec<strong>em</strong> <strong>de</strong> um<br />

estu<strong>do</strong> mais aprofunda<strong>do</strong> e que se pren<strong>de</strong>m fundamentalmente com: i)A relação entre o vinho e as<br />

mulheres e especificamente, se ainda há na <strong>no</strong>ssa socieda<strong>de</strong> um certo estigma liga<strong>do</strong> ao consumo<br />

<strong>de</strong> vinho por parte das mulheres, que po<strong>de</strong>rá influenciar o consumo <strong>de</strong>stas; ii)Estu<strong>do</strong> da valorização e<br />

influência <strong>no</strong>s consumi<strong>do</strong>res a prémios e críticas <strong>de</strong> vinhos.<br />

Um estu<strong>do</strong> quantitativo <strong>do</strong> <strong>Merca<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> será o passo seguinte e importa ainda ser<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s, com provas cegas, para a aferição da acuida<strong>de</strong> sensorial <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res<br />

ao <strong>de</strong>gustar<strong>em</strong> vários vinhos. Para além da acuida<strong>de</strong>, s<strong>em</strong>elhantes estu<strong>do</strong>s servirão para <strong>de</strong>scobrir<br />

os aromas e paladares aprecia<strong>do</strong>s pelos consumi<strong>do</strong>res, permitin<strong>do</strong> a criação <strong>de</strong> produtos mais<br />

orienta<strong>do</strong>s para o consumi<strong>do</strong>r.<br />

A caracterização <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r português <strong>de</strong>ve continuar, com <strong>no</strong>vas pesquisas a<br />

<strong>de</strong>senvolver a segmentação proposta por esta dissertação, especialmente <strong>no</strong> que diz respeito aos<br />

consumi<strong>do</strong>res mais <strong>no</strong>vos e que constituírão o merca<strong>do</strong> futuro. É muito importante quantificar-se o<br />

segmento forma<strong>do</strong> por consumi<strong>do</strong>res mais <strong>no</strong>vos e cujo consumo é me<strong>no</strong>s frequente, sugerin<strong>do</strong>-se<br />

por isso que as amostras <strong>do</strong>s <strong>no</strong>vos estu<strong>do</strong>s incidam, fundamentalmente, sobre populações mais<br />

jovens.<br />

Limitações <strong>do</strong> Estu<strong>do</strong><br />

A principal limitação <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> pren<strong>de</strong>-se com a dimensão <strong>do</strong> painel <strong>de</strong> entrevista<strong>do</strong>s, que<br />

não constitui uma amostra representativa <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, mas apenas <strong>de</strong> parte <strong>de</strong>ste. No entanto, nunca<br />

foi objectivo da dissertação a caracterização quantitativa <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, n<strong>em</strong> sequer a sua<br />

caracterização exaustiva, constituin<strong>do</strong> este estu<strong>do</strong> uma primeira abordag<strong>em</strong> ao estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Merca<strong>do</strong></strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Vinho</strong>, que <strong>de</strong>verá ser continua<strong>do</strong> com pesquisas futuras, especialmente estu<strong>do</strong>s quantitativos,<br />

utilizan<strong>do</strong> amostras <strong>de</strong> dimensões elevadas, para além <strong>de</strong> meios e recursos me<strong>no</strong>s mo<strong>de</strong>stos.<br />

Outra limitação <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> pren<strong>de</strong>-se com a falta <strong>de</strong> outras pesquisas similares, quer<br />

nacionais, quer internacionais, que constituíss<strong>em</strong> uma fonte <strong>de</strong> melhores práticas, mas também uma<br />

base <strong>de</strong> comparação para o estu<strong>do</strong>. Isto para além da limitação subjacente à diferença cultural<br />

existente entre as populações analisadas <strong>no</strong>s poucos estu<strong>do</strong>s a que se teve acesso e a população<br />

portuguesa, o que influencia negativamente qualquer transposição das conclusões <strong>de</strong>sses estu<strong>do</strong>s<br />

para a realida<strong>de</strong> portuguesa.<br />

82


VIII. Bibliografia<br />

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9.German J., Walz<strong>em</strong> R., 2000, "The Health Benefits of Wine", Annual Reviews<br />

Nutrition, 20<br />

10.Howley M., van Westering J., 2008, "Developing Wine Tourism: A case study at the<br />

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11.Kotler P., Keller K., 2006, "Marketing Manag<strong>em</strong>ent", 12 ed., Pearson Prentice-Hall<br />

12.Malhotra N., 2007, "Marketing Research: An Applied Orientation", Pearson<br />

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13.Mayson R., 2005, "Os <strong>Vinho</strong>s e Vinhas <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>", Publicações Europa-América<br />

14.O´Neill M., Palmer A., 2006, "Wine Production and Tourism: Adding Service to a a<br />

Perfect Partnership", Cornell Hotel and Restaurant Administration Quarterly, 45<br />

15.Rosenhead J., Mingers J., 2001, "Rational Analysis for a Probl<strong>em</strong>atic World<br />

Revisited: Probl<strong>em</strong> Structuring Methods for Complexity, Uncertainty and Conflict", John Wiley<br />

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16.Rockart, 1979 “Chief Executives Define Their Own Data Needs”, Harvard Business<br />

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17.Scherrer P., Alonso A., Sheridan L., 2009, "Expanding the Destination Image: Wine<br />

Tourism in the Canary Islands", International Journal of Tourism Research, 11<br />

18.Soleas G., Elefhterios D.P. Goldberg D.M., 1997, "Wine as a Biological Fluid:<br />

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20.Thach E., Olsen J., 2006, "Market Segment Analysis to Target Young Adult Wine<br />

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for Competitive Advantage", 14 ed., McGraw Hill<br />

22.Yuan J., Morrison A., Cai L., Linton, S., 2008, "A Mo<strong>de</strong>l of Wine Tourist Behaviour :<br />

A Festival Approach", International Journal of Tourism Research, 10<br />

23.Yuan J., Jang S., 2008, "The effects of Quality and Satisfaction on Awareness and<br />

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83


IX.Sitios na Internet<br />

1.Comunida<strong>de</strong> Intermunicipal da Lezíria <strong>do</strong> Tejo : www.rtribatejo.org, último acesso<br />

Agosto 2007<br />

2.Confe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>de</strong> Cooperativas Agrícolas: www.confagri.pt, último acesso<br />

Maio 2009<br />

3.Rota <strong>do</strong>s <strong>Vinho</strong>s <strong>do</strong> Ribatejo: www.rotavinhoribatejo.pt, último acesso Julho 2008<br />

4.Instituto da Vinha e <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong>: www.ivv.min-agricultura.pt, último acesso Maio 2009<br />

5.Agroportal: www.agroportal.pt, último acesso Set<strong>em</strong>bro 2008<br />

6.Vini<strong>Portugal</strong>: www.viniportugal.pt, último acesso Set<strong>em</strong>bro 2009<br />

7.Salão Profissional <strong>de</strong> Técnicas e Equipamentos para Viticultura e E<strong>no</strong>logia:<br />

www.e<strong>no</strong>vitportugal.com, último acesso Maio 2007<br />

8.Instituto <strong>de</strong> Desenvolvimento Rural e Hidráulica: www.idrha.pt, último acesso Maio<br />

2007<br />

9.Ministério da Agricultura: www.min-agricultura.pt, último acesso Maio 2009<br />

10.Comissão Nacional da "Organização Internacional da Vinha e <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong>":<br />

www.c<strong>no</strong>iv.min-agricultura.pt, último acesso Maio 2009<br />

11.Programa Extensity: extensity.ist.utl.pt, último acesso Junho 2007<br />

12.Global Reporting Initiative: www.globalreporting.org, ultimo acesso Set<strong>em</strong>bro<br />

2008<br />

13.Fe<strong>de</strong>ração Nacional das A<strong>de</strong>gas Cooperativas:<br />

www.confagri.pt/Associa<strong>do</strong>s/fe<strong>de</strong>racoes/FENADEGAS, último acesso Maio 2009<br />

14.LusoWine: www.lusowine.com, último acesso Maio 2009<br />

15.Instituto Nacional <strong>de</strong> Estatística: www.ine.pt, último acesso Set<strong>em</strong>bro 2009<br />

16.Organização Internacional da Vinha e <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong>: www.oiv.int, último acesso<br />

Set<strong>em</strong>bro 2009<br />

17.Quadro <strong>de</strong> Referência Estratégico Nacional: www.qren.pt, último acesso Julho<br />

2008<br />

18.Agência para o Investimento e Comércio Exter<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>:<br />

www.portugalglobal.pt, último acesso Set<strong>em</strong>bro 2009<br />

19.A<strong>de</strong>gga: www.a<strong>de</strong>gga.com, último acesso Janeiro 2008<br />

20.Aca<strong>de</strong>mia <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong>: www.aca<strong>de</strong>mia<strong>do</strong>vinho.com.br, último acesso Fevereiro 2008<br />

21.InfoVini: www.infovini.com, último acesso Maio 2009<br />

22. Banco Nacional <strong>de</strong> Angola: www.bna.ao, último acesso Set<strong>em</strong>bro 2009<br />

23.Instituto Brasileiro <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong>: www.ibravin.org.br, último acesso Set<strong>em</strong>bro 2009<br />

24. Turismo <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: www.turismo<strong>de</strong>portugal.pt, último acesso Set<strong>em</strong>bro 2009<br />

25. Wine Institute: www.wineinstitute.com, último acesso Set<strong>em</strong>bro 2009<br />

84


VIII.Anexos<br />

85


A1.Processo Produtivo<br />

O vinho é uma bebida que se obtém da fermentação das uvas e que terá s<strong>em</strong>pre um teor<br />

alcoólico superior a oito e meio por cento. A uva é um fruto que fermenta por si próprio da<strong>do</strong> os<br />

compostos químicos e biológicos que o constitu<strong>em</strong>, mas que na produção mo<strong>de</strong>rna para que se<br />

conserv<strong>em</strong> todas as características <strong>do</strong> sabor e se atinja a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada é efectuada com<br />

recurso a leveduras e enzimas que ajudam a controlar o processo.<br />

A colheita, chamada <strong>de</strong> vindima é feita <strong>de</strong> forma manual ou mecânica (neste caso com maior<br />

<strong>de</strong>sperdício,<strong>de</strong> <strong>de</strong>z a quinze por cento da colheita total, mas mais rápida) <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> fruto ter atingi<strong>do</strong><br />

o grau <strong>de</strong> maturação <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>, controla<strong>do</strong> através <strong>do</strong> grau <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>z e teor <strong>de</strong> açúcar das uvas (um<br />

méto<strong>do</strong> simples in situ consiste <strong>em</strong> observar a cor da grainha). Após o transporte, as uvas chegam à<br />

a<strong>de</strong>ga on<strong>de</strong> são esmagadas por meios mecânicos, é adiciona<strong>do</strong> (ou não) um conservante,<br />

geralmente dióxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> enxofre, também chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> anidri<strong>do</strong> sulfuroso, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ou não<br />

<strong>de</strong>senrolar<strong>em</strong>-se outros tratamentos e<strong>no</strong>lógicos como a adição <strong>de</strong> aparas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira (para os tintos).<br />

Após o esmagamento é efectua<strong>do</strong> o <strong>de</strong>sengace, que consiste na eliminação das hastes <strong>do</strong>s cachos<br />

e das folhas das vi<strong>de</strong>iras (engaços), responsáveis por sabores <strong>de</strong>sagradáveis e a mistura é, então,<br />

conduzida até uma cuba on<strong>de</strong> a fermentação alcoólica t<strong>em</strong> lugar. À mistura dá-se o <strong>no</strong>me <strong>de</strong><br />

mosto.<br />

As etapas seguintes geralmente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>do</strong> objectivo da vinificação, caben<strong>do</strong> ao enólogo a<br />

<strong>de</strong>cisão sobre que técnicas e processos aplicar ao mosto para que o produto final saia como previsto.<br />

No entanto, a previsão não passa mesmo disso, com algum grau <strong>de</strong> falha, da<strong>do</strong> que <strong>em</strong>bora a<br />

e<strong>no</strong>logia seja uma ciência, o seu objecto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> tantas variáveis que o resulta<strong>do</strong> final<br />

torna-se algumas vezes difícil <strong>de</strong> prever.<br />

Figuras 1 e 2 -Vindima Mecânica<br />

Fig.3-Preparação para transporte Fig.4.-Transporte para a a<strong>de</strong>ga<br />

86


<strong>Vinho</strong> tinto<br />

O mosto <strong>do</strong> vinho tinto é também composto pelas peles <strong>do</strong> fruto, já que é esta parte da uva<br />

que imprime mais cor ao vinho, além <strong>do</strong>s aromas típicos <strong>de</strong>stes vinhos. Quanto mais t<strong>em</strong>po as peles<br />

ficar<strong>em</strong>, mais marca<strong>do</strong>s se tornam os sabores e aromas, <strong>no</strong> entanto, há um risco maior <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terioração <strong>do</strong> vinho e por isso, nesta fase, t<strong>em</strong> que haver um controlo mais rigoroso <strong>do</strong> processo.<br />

Assim, somente vinhos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> são <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong>s com as peles por mais t<strong>em</strong>po. A<br />

fermentação <strong>do</strong>s vinhos tintos com controlo <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura, <strong>de</strong>corre entre os vinte e cinco e os trinta<br />

graus célsius, esta etapa é crucial para a construção <strong>de</strong> um vinho com qualida<strong>de</strong> e qualquer<br />

<strong>de</strong>scontrolo na t<strong>em</strong>peratura provocará uma <strong>de</strong>struíção <strong>de</strong> aromas e sabores.<br />

Figuras 5 e 6 -Recepção na A<strong>de</strong>ga<br />

Durante o estágio na cuba <strong>de</strong> fermentação é feita a r<strong>em</strong>ontag<strong>em</strong>, que consiste na<br />

bombag<strong>em</strong> da parte liquida <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> para o cimo, para que a mistura seja homogeneizada <strong>em</strong> termos<br />

<strong>de</strong> mistura e <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura.<br />

Ao mesmo t<strong>em</strong>po que acontece a fermentação alcoólica realiza-se a maceração, que<br />

consiste <strong>em</strong> <strong>de</strong>ixar o álcool <strong>do</strong> mosto dissolver os produtos voláteis presentes <strong>no</strong>s sóli<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mosto,<br />

<strong>no</strong> entanto já há técnicas mo<strong>de</strong>rnas que separam estas duas etapas. A etapa seguinte consiste na<br />

separação, <strong>em</strong> que os sóli<strong>do</strong>s são separa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> líqui<strong>do</strong>, através <strong>de</strong> processos físicos como filtrações<br />

e prensagens.<br />

Após um controlo rigoroso <strong>do</strong> teor alcoólico, <strong>do</strong>s açúcares, da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>do</strong> vinho e<br />

<strong>do</strong> ph é feita a <strong>de</strong>scubag<strong>em</strong>, on<strong>de</strong> a parte líquida <strong>do</strong> mosto é retirada da cuba para uma outra cuba,<br />

on<strong>de</strong> a fermentação continuará e a parte sólida é retirada, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ou não ser prensada (o vinho<br />

resultante da prensag<strong>em</strong> t<strong>em</strong> me<strong>no</strong>r qualida<strong>de</strong>).<br />

Depois da fermentação alcoólica inicia-se o acabamento, que consiste na segunda<br />

fermentação, a chamada fermentação maloláctica on<strong>de</strong> o áci<strong>do</strong> málico se transforma <strong>em</strong> láctico e<br />

com uma consequente redução na aci<strong>de</strong>z <strong>do</strong> vinho. Acabada a fermentação maloláctica faz-se a<br />

afinação <strong>do</strong> vinho que consiste na filtração <strong>do</strong> vinho que segue para a maturação que é um estágio<br />

<strong>em</strong> barricas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, on<strong>de</strong> ganhará <strong>no</strong>vos aromas como a ma<strong>de</strong>ira ou a baunilha (caso da<br />

utilização <strong>de</strong> barricas <strong>de</strong> carvalho francês) ou outras cubas para <strong>de</strong>pois se proce<strong>de</strong>r ao<br />

engarrafamento.<br />

87


<strong>Vinho</strong> Branco<br />

Ao mosto é primeiro efectuada a prensag<strong>em</strong> para que as peles das uvas sejam<br />

libertadas da restante mistura, sen<strong>do</strong> esta etapa reforçada por uma <strong>de</strong>cantação que é efectuada<br />

para retirar as borras r<strong>em</strong>anescentes que se encontram <strong>no</strong> mosto.<br />

Finalizadas estas primeiras etapas é t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> bombear o mosto para as cubas <strong>de</strong><br />

fermentação, numa operação similar aos tintos, sen<strong>do</strong> a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> fermentação localizada entre<br />

os catorze e os <strong>de</strong>zoito graus célsius. Alguns brancos po<strong>de</strong>m passar por maturações e macerações<br />

ou mesmo fermentação <strong>em</strong> pipas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, tu<strong>do</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> objectivo <strong>do</strong> enólogo.<br />

A última etapa na construção <strong>do</strong> vinho branco, consiste na afinação, que <strong>no</strong> caso <strong>do</strong>s<br />

brancos inclui a filtrag<strong>em</strong> e a clarificação, que po<strong>de</strong> ser física(filtros <strong>de</strong> carvão, p.e.) ou química<br />

(com recurso a precipitantes) e que o torna límpi<strong>do</strong> e livre <strong>de</strong> impurezas.<br />

Fig.7-Parafuso “S<strong>em</strong> fim” Fig.8-Começo <strong>do</strong> esmagamento<br />

<strong>Vinho</strong> Rosé<br />

Os rosés, vinhos páli<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cor entre o rosa<strong>do</strong> e o salmão e com características<br />

partilhadas tanto com tintos como brancos, são consegui<strong>do</strong>s por <strong>do</strong>is processos distintos. No primeiro<br />

méto<strong>do</strong>, também chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> “blanc <strong>de</strong> <strong>no</strong>ir”, o vinho é feito a partir <strong>de</strong> uvas tintas que são <strong>de</strong>ixadas<br />

por muito pouco t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> contacto com as peles das uvas, entre <strong>do</strong>ze horas e três dias. O segun<strong>do</strong><br />

méto<strong>do</strong> consiste <strong>em</strong> misturar tintos e brancos. Geralmente aproveita-se a parte sólida <strong>do</strong> mosto para<br />

enriquecer outros vinhos que assim ficam um rácio <strong>de</strong> sóli<strong>do</strong>s/líqui<strong>do</strong>s mais eleva<strong>do</strong> o que é positivo<br />

já que são estes sóli<strong>do</strong>s, como já vimos, que imprim<strong>em</strong> ao vinho características como a cor. Uma<br />

operação interessante é a chamada saignée (sangria) que consiste na r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> parte <strong>do</strong> líqui<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> uma cuba que dará orig<strong>em</strong> a um rosé, fican<strong>do</strong> o r<strong>em</strong>anescente na tal situação referida <strong>de</strong> maior<br />

concentração <strong>de</strong> sóli<strong>do</strong>s.<br />

Quanto aos processos produtivos, o vinho rosé po<strong>de</strong> seguir o méto<strong>do</strong> tinto ou branco, aqui já<br />

explica<strong>do</strong>s, com a diferença <strong>de</strong> <strong>no</strong> final sofrer um tratamento necessário para a incorporação <strong>do</strong><br />

dióxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbo<strong>no</strong>, que lhe dá o gasoso característico e presente na maioria <strong>do</strong>s vinhos rosé. Este<br />

dióxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbo<strong>no</strong> po<strong>de</strong> ser injecta<strong>do</strong> <strong>no</strong> vinho, processo segui<strong>do</strong> pela maioria <strong>do</strong>s produtores, sen<strong>do</strong><br />

a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gás <strong>de</strong>cidida pelo enólogo consoante o vinho que preten<strong>de</strong> construir ou o mesmo<br />

gás po<strong>de</strong> ser consegui<strong>do</strong> por processos mais ou me<strong>no</strong>s “naturais”, já que a fermentação <strong>do</strong> vinho t<strong>em</strong><br />

como um <strong>do</strong>s produtos da reacção o dióxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbo<strong>no</strong>.<br />

88


<strong>Vinho</strong> Ver<strong>de</strong><br />

O vinho ver<strong>de</strong> é um vinho muito interessante, nasceu <strong>no</strong> <strong>no</strong>rte <strong>do</strong> país fruto da ingenuida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s peque<strong>no</strong>s produtores que produzin<strong>do</strong> <strong>em</strong> pouca quantida<strong>de</strong> se apressavam a engarrafar o vinho<br />

muito ce<strong>do</strong>, produzin<strong>do</strong> um vinho, tinto, com baixo teor alcoólico e bastante áci<strong>do</strong> que como era<br />

engarrafa<strong>do</strong> ou mesmo coloca<strong>do</strong> nas pipas antes da fermentação maloláctica, quan<strong>do</strong> esta acontecia<br />

o dióxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbo<strong>no</strong> liberta<strong>do</strong> ficava reti<strong>do</strong> na garrafa ou na pipa originan<strong>do</strong> o “pico” muito<br />

característico <strong>de</strong>ste vinho, como era engarrafa<strong>do</strong> ce<strong>do</strong> e bebi<strong>do</strong> também muito ce<strong>do</strong>, muitas vezes<br />

logo na primavera seguinte à colheita <strong>de</strong>veu o seu <strong>no</strong>me a este facto. Com o passar <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s e das<br />

modas, passou <strong>de</strong> ser maioritariamente tinto para branco e <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 50, fruto <strong>do</strong> <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

exportação, apareceu como resposta portuguesa ao rosé por parte das autorida<strong>de</strong> nacionais,<br />

aparecen<strong>do</strong> nesta altura uma legislação muito rígida sobre os processos produtivos e os respectivos<br />

teores <strong>de</strong> álcool, açúcar e áci<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste vinho b<strong>em</strong> como da sua proveniência e castas. Assim, nasceu<br />

a região D.O.C. <strong>do</strong> vinho ver<strong>de</strong> que se exten<strong>de</strong>u numa região entre o Douro e o Minho, tipicamente<br />

<strong>de</strong> castas como o alvarinho e o loureiro. Não queren<strong>do</strong> dizer que <strong>no</strong> resto <strong>do</strong> país não se façam<br />

vinhos similares, para ser<strong>em</strong> bebi<strong>do</strong>s jovens e frescos(áci<strong>do</strong>s), secos e futa<strong>do</strong>s, simplesmente, não<br />

po<strong>de</strong>m usar a <strong>de</strong><strong>no</strong>nimação <strong>Vinho</strong> Ver<strong>de</strong>, que como já foi dito, é uma <strong>de</strong><strong>no</strong>minação tanto <strong>de</strong> orig<strong>em</strong><br />

como <strong>de</strong> méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> produção.<br />

Fig.9-Esmagamento/Desengace Fig.10-Porme<strong>no</strong>r da saída <strong>do</strong> engaço<br />

<strong>Vinho</strong>s Espumantes<br />

Os vinhos espumantes distingu<strong>em</strong>-se claramente <strong>do</strong>s outros, pela presença <strong>de</strong><br />

dióxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbo<strong>no</strong> <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> que origina um carácter espumoso, po<strong>de</strong>m ser tintos,<br />

brancos e rosés. Distingu<strong>em</strong>-se quatro méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fabricação que lhe impõe o gás, o méto<strong>do</strong><br />

tradicional ou <strong>de</strong> Champagne <strong>em</strong> que uma segunda fermentação t<strong>em</strong> lugar na garrafa; o méto<strong>do</strong><br />

Charmat <strong>em</strong> que a segunda fermentação ocorre numa cuba e que dá orig<strong>em</strong> a espumantes <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r<br />

qualida<strong>de</strong>; a simples injecção <strong>de</strong> dióxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbo<strong>no</strong>; finalmente, o Méto<strong>do</strong> Continuo Russo, também<br />

utiliza<strong>do</strong> para produzir Rosés (caso <strong>do</strong> Lancers), que consiste num sofistica<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> industrial <strong>em</strong><br />

que to<strong>do</strong> o processo se passa <strong>de</strong> forma contínua <strong>em</strong> reactores passan<strong>do</strong> o vinho por mais <strong>de</strong> oito<br />

tanques pressuriza<strong>do</strong>s e com t<strong>em</strong>peratura controlada numa primeira fase, <strong>em</strong> que ocorre a segunda<br />

fermentação graças à adição <strong>de</strong> leveduras e <strong>de</strong> um licor vinícola <strong>do</strong>ce e uma segunda fase <strong>de</strong><br />

afinação.<br />

89


Fig.11-Engaço Fig.12-Transfega <strong>do</strong> mosto para a cuba<br />

O engarrafamento é o último processo que compõe o processo produtivo <strong>do</strong> vinho e<br />

simplesmente trata-se <strong>do</strong> enchimento das garrafas com o vinho <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>stas ser<strong>em</strong> limpas com<br />

recurso a azoto, são rolhadas, haven<strong>do</strong> uma larga selecção <strong>de</strong> rolhas compostas por cortiça,<br />

aglomera<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cortiça e polímeros vários. Resta então colocar o rótulo e selar a garrafa.<br />

Um vinho como produto natural está <strong>em</strong> constante mutação, <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong>-se várias<br />

reacções químicas e físicas que alteram as suas características, assim os estágios nas barricas e<br />

posteriormente nas garrafas são chama<strong>do</strong>s <strong>de</strong> envelhecimento. Ganhan<strong>do</strong> qualida<strong>de</strong> alguns vinhos<br />

com a passag<strong>em</strong> por estes processos, <strong>no</strong>meadamente os tintos e os vinhos fortifica<strong>do</strong>s (vinhos aos<br />

quais é adicionada aguar<strong>de</strong>nte na altura da fermentação, quan<strong>do</strong> ainda há açúcar que não se<br />

transformou <strong>em</strong> álcool tornan<strong>do</strong> o vinho <strong>do</strong>ce e com um teor alcoólico bastante alto, ex<strong>em</strong>plo <strong>do</strong><br />

<strong>Vinho</strong> <strong>do</strong> Porto.<br />

Fig.13-Cuba <strong>de</strong> Fermentação Fig.14-Resto <strong>de</strong> mosto <strong>em</strong> fermentação<br />

<strong>de</strong>scontrolada<br />

90


Esqu<strong>em</strong>a-Resumo<br />

Vindima<br />

Transporte<br />

Recepção<br />

Brancos<br />

Desengace<br />

Tintos<br />

Esmagamento<br />

Prensag<strong>em</strong> R<strong>em</strong>ontag<strong>em</strong> Fermentação<br />

Maceração<br />

Decantação<br />

Fermentação<br />

Clarificação<br />

Engarrafamento<br />

Alcoólica<br />

Prensag<strong>em</strong><br />

Fermentação<br />

Maloláctica<br />

Acabamento<br />

Maturação<br />

91


A2. História <strong>do</strong> vinho e da vinha <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> – Breve <strong>de</strong>scrição<br />

Introdução da Vinha e <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> <strong>no</strong> País<br />

As primeiras vi<strong>de</strong>iras foram introduzidas na Peninsula Ibérica por volta <strong>de</strong> 2000 a.C. e factos<br />

<strong>de</strong>monstram que foram os Fenícios, povo comerciante com orig<strong>em</strong> <strong>no</strong> Mediterrâneo que iniciaram o<br />

fabrico <strong>de</strong> vinho nesta região <strong>no</strong> séc. VIII a.C., muito provavelmente nas regiões a sul <strong>do</strong> Sa<strong>do</strong> e <strong>do</strong><br />

Tejo, da<strong>do</strong> que nesta altura a região estava dividida entre Norte e Sul, com o Norte povoa<strong>do</strong> por<br />

povos celtas e o Sul por diversas tribos mediterrânicas e árabes. Com a chegada <strong>do</strong>s roma<strong>no</strong>s à<br />

Península Ibérica, <strong>no</strong> segun<strong>do</strong> século a.C., o fabrico <strong>de</strong> vinho prosperou e à medida que estes iam<br />

conquistan<strong>do</strong> mais territórios, também as vinhas se iam propagan<strong>do</strong> pela região. Haven<strong>do</strong> indícios <strong>de</strong><br />

práticas <strong>de</strong> vitivinicultura até à região <strong>do</strong> Douro, <strong>no</strong> primeiro século a.C., com os roma<strong>no</strong>s a<br />

<strong>do</strong>minar<strong>em</strong> a região que ia <strong>do</strong> actual Alentejo até ao Rio Minho. Esta avançada civilização trouxe<br />

importantes técnicas e ferramentas, que ainda hoje são observáveis <strong>no</strong> <strong>no</strong>sso país, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>no</strong>s<br />

utensilios mais tradicionais.<br />

Com o fim <strong>do</strong> império roma<strong>no</strong> e a invasão da península por diversas tribos como os Suevos,<br />

Visigo<strong>do</strong>s e Mouros, a produção <strong>de</strong> vinho continuou, com os Suevos e Visigo<strong>do</strong>s praticantes da<br />

região cristã, que como se sabe inclui o vinho <strong>no</strong>s seus rituais. No entanto a partir <strong>do</strong> século VIII, os<br />

Muçulma<strong>no</strong>s inva<strong>de</strong>m a Península e rapidamente conquistam a maior parte <strong>do</strong> território, ten<strong>do</strong> a<br />

produção <strong>de</strong> vinho sofri<strong>do</strong> com esta invasão que culmi<strong>no</strong>u com a proibição da produção <strong>de</strong> vinho, por<br />

parte <strong>do</strong>s Almorávidas, últimos governantes muçulma<strong>no</strong>s antes da fundação <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> e a qu<strong>em</strong><br />

Afonso Henriques conquistou território para o <strong>no</strong>vo país.<br />

O Rei<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong><br />

A história <strong>do</strong> <strong>no</strong>sso país começa na Galiza, <strong>em</strong> Portucale e <strong>de</strong>pois com a Reconquista Cristã<br />

a permitir a Afonso Henriques; filho <strong>de</strong> Henrique, governante <strong>de</strong> Portucale e Coimbra; que ao herdar<br />

<strong>do</strong> pai estes territórios, muda a capital <strong>do</strong> antigo Conda<strong>do</strong> Portucalense para Coimbra e dá orig<strong>em</strong> à<br />

fundação <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>. Claro, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> pequena escaramuça com sua mãe, Teresa, exilada,<br />

entretanto, para a Galiza.<br />

A criação <strong>do</strong> <strong>no</strong>vo pais <strong>de</strong>ve-se muito <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao respeito, enquanto estadista e diplomata, que<br />

Afonso Henriques nutria e que lhe permitiram gozar <strong>do</strong> apoio e vassalag<strong>em</strong> <strong>do</strong>s reis <strong>do</strong>s rei<strong>no</strong>s<br />

vizinhos, que viam <strong>no</strong>s muçulma<strong>no</strong>s os verda<strong>de</strong>iros inimigos e com qu<strong>em</strong> estavam efectivamente <strong>em</strong><br />

guerra. Assim à medida que ia conquistan<strong>do</strong> território, Afonso Henriques era também responsável<br />

pela autorização <strong>do</strong> cultivo <strong>de</strong> vinha. Em troca <strong>de</strong> impostos, pagos <strong>no</strong> valor <strong>de</strong> um quarto da<br />

produção. Esta ligação histórica entre o vinho e o <strong>no</strong>sso primeiro rei é encontrada, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>em</strong><br />

referências como, a autorização da plantação <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>iras na região da Bairrada, datada <strong>de</strong> 1137 e é<br />

ainda, <strong>de</strong> 1170 a referência à fama <strong>do</strong>s vinhos <strong>do</strong> Ribatejo <strong>no</strong> foral da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santarém, assina<strong>do</strong><br />

por Afonso Henriques.<br />

São varia<strong>do</strong>s os episódios que têm como protagonista o vinho na <strong>no</strong>ssa história, como é o<br />

caso <strong>do</strong> “<strong>Vinho</strong>s <strong>do</strong>s Mortos” que marca as “Invasões Francesas”, ou o vinho “Torna-Viag<strong>em</strong>” ou<br />

92


vinho <strong>de</strong> “Roda”, vinho que após sofrer a acção <strong>do</strong> sol por passar muito t<strong>em</strong>po <strong>no</strong>s convés <strong>do</strong>s<br />

navios, oxidava, ganhan<strong>do</strong> algumas proprieda<strong>de</strong>s interessantes.<br />

Inglaterra: o <strong>no</strong>sso mais antigo alia<strong>do</strong><br />

O mais antigo trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> aliança <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, o Trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> Windsor <strong>de</strong> 1386, adquire to<strong>do</strong> um<br />

significa<strong>do</strong> simbólico para o <strong>Vinho</strong> português, por ser o culminar das relações e <strong>do</strong> comércio que se<br />

fazia entre o rei<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> e Inglaterra <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fundação <strong>do</strong> país. Com os ingleses a trocar <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século treze, roupas por azeite, vinho e outros produtos, e instalan<strong>do</strong>-se <strong>em</strong> comunida<strong>de</strong>s<br />

mercantis <strong>em</strong> Viana, Porto e Lisboa.<br />

Esta relação comercial continuou pelos séculos seguintes, especialmente quan<strong>do</strong> o bacalhau,<br />

pesca<strong>do</strong> ao largo <strong>de</strong> Inglaterra se tor<strong>no</strong>u um b<strong>em</strong> <strong>de</strong> primeira necessida<strong>de</strong>, o que intensificou as<br />

trocas comerciais entre os <strong>do</strong>is países. Até que, <strong>em</strong> mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XV a política expansionista<br />

<strong>do</strong>s Descobrimentos obrigou à exploração máxima <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> país, com muitas das vinhas<br />

<strong>de</strong>ixadas ao aban<strong>do</strong><strong>no</strong> por falta <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra e as exportações a <strong>de</strong>scer<strong>em</strong> até níveis irrisórios.<br />

A Guerra entre Inglaterra e França iniciada <strong>em</strong> 1698 veio criar uma oportunida<strong>de</strong> para os<br />

vinhos portugueses, <strong>em</strong> especial aos vinhos produzi<strong>do</strong>s na região <strong>do</strong> Douro, por ser<strong>em</strong> <strong>de</strong> maior<br />

agra<strong>do</strong> ao gosto inglês. O vinho produzi<strong>do</strong> nesta região era envia<strong>do</strong> para Inglaterra mistura<strong>do</strong> com<br />

Brandy para que aguentasse a viag<strong>em</strong>. Este vinho fortifica<strong>do</strong> e <strong>em</strong>barca<strong>do</strong> <strong>no</strong> Porto, <strong>de</strong>u orig<strong>em</strong> ao<br />

<strong>Vinho</strong> <strong>do</strong> Porto. Nosso <strong>em</strong>baixa<strong>do</strong>r vínico por to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> e maior caso <strong>de</strong> sucesso da vitivinícultura<br />

nacional e que ganhou <strong>de</strong> facto, ao longo <strong>do</strong>s séculos, o estatuto <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> vinho. O seu sucesso<br />

começou com a criação da Real Companhia <strong>de</strong> Agricultura das Vinhas <strong>do</strong> Alto Douro, criada por<br />

<strong>de</strong>spacho <strong>do</strong> Marquês <strong>de</strong> Pombal, após as queixas <strong>de</strong> produtores que viram os preços <strong>do</strong> seu<br />

produto <strong>de</strong>scer vertigi<strong>no</strong>samente, fruto <strong>do</strong> caos regulatório que permitiu que se ven<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> as mais<br />

variadas mistelas sob o <strong>no</strong>me <strong>de</strong> <strong>Vinho</strong> <strong>do</strong> Porto, o que levou à mais famosa medida da Companhia<br />

das Vinhas <strong>do</strong> Alto Douro, a criação da primeira região <strong>de</strong>marcada <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, a Região D<strong>em</strong>arcada<br />

<strong>do</strong> Alto Douro.<br />

A Reforma <strong>do</strong> Marquês<br />

A postura autoritária e orto<strong>do</strong>xa <strong>do</strong> Marquês Pombal levou ainda à reorganização <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a<br />

<strong>de</strong> cultivo, com várias regiões a ver<strong>em</strong> as suas vinhas arrancadas por ser<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> inferior e substituidas por cultura <strong>de</strong> cereal, com o vinho português a ganhar algum<br />

reconhecimento e prestígio com estas medidas. Resta acrescentar que a excepção a estas políticas<br />

foi aplicada nas proprieda<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Marquês, entre Oeiras e Carcavelos, intocadas, com as suas<br />

produções a ser<strong>em</strong> utilizadas <strong>de</strong> forma muito lucrativa para a produção <strong>de</strong> <strong>Vinho</strong> <strong>do</strong> Porto.<br />

Enquanto o <strong>Vinho</strong> <strong>do</strong> Porto se <strong>de</strong>senvolvia, outro vinho português ganhava fama além<br />

fronteiras, <strong>de</strong>sta feita chegan<strong>do</strong> às Américas, o vinho da Ma<strong>de</strong>ira, vinho também fortifica<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

processo <strong>de</strong> produção s<strong>em</strong>elhante ao <strong>do</strong> vinho <strong>do</strong> Porto e com uma história <strong>de</strong> enga<strong>no</strong>s s<strong>em</strong>elhante<br />

e que também levou à criação <strong>em</strong> 1768 <strong>de</strong> um regime regulatório por parte <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r da Ilha.<br />

93


<strong>Sucesso</strong> Além-Fronteiras<br />

Ao longo <strong>de</strong>stes séculos, a produção nacional estava na mão <strong>de</strong> peque<strong>no</strong>s produtores, que<br />

vendiam o seu produto a comerciantes, que <strong>de</strong>pois faziam a distribuição e que <strong>no</strong> caso <strong>do</strong>s vinhos <strong>de</strong><br />

maior exportação, Ma<strong>de</strong>ira e Porto, se tratavam <strong>de</strong> comerciantes ingleses que <strong>no</strong> <strong>no</strong>sso país se<br />

tinham instala<strong>do</strong>, forman<strong>do</strong> verda<strong>de</strong>iras feitorias inglesas. Sen<strong>do</strong> a maioria da produção absorvida<br />

pela “se<strong>de</strong>” nacional.<br />

Em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XIX, os vinhos portugueses gozavam <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> sucesso além-<br />

fronteiras, com o Porto e o Ma<strong>de</strong>ira a li<strong>de</strong>rar<strong>em</strong> as vendas, mas com outros vinhos como o Dão,<br />

Colares, <strong>Vinho</strong> Ver<strong>de</strong> (vinho cria<strong>do</strong> por altura <strong>do</strong> Marquês <strong>de</strong> Pombal como resposta ao Rosé<br />

francês), o Bucelas, Carcavelos ou o Moscatel <strong>de</strong> Setúbal a ser<strong>em</strong> reconheci<strong>do</strong>s e consumi<strong>do</strong>s <strong>no</strong>s<br />

mais varia<strong>do</strong>s países, tão longínquos como a Rússia ou os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América, mas também<br />

<strong>em</strong> França, para além <strong>do</strong>s países nórdicos, aprecia<strong>do</strong>res <strong>de</strong> vinhos <strong>do</strong>ces portugueses. É nesta<br />

altura <strong>de</strong> ouro que uma estranha <strong>do</strong>ença, <strong>de</strong>tectada pela primeira vez numa estufa inglesa, se<br />

propaga pelas vi<strong>de</strong>iras europeias, colocan<strong>do</strong> <strong>em</strong> crise o sector vitivinicola Europeu e <strong>em</strong> especial o<br />

Nacional.<br />

A Filoxera<br />

Com <strong>Portugal</strong> a <strong>de</strong>morar muito t<strong>em</strong>po a reagir e a actuar <strong>de</strong> forma errada, a filoxera, <strong>do</strong>ença<br />

causada por um peque<strong>no</strong> insecto que se instala nas raízes das vi<strong>de</strong>iras e que as <strong>de</strong>strói, acaba por<br />

arrasar o sector. A única solução para a salvação das vi<strong>de</strong>iras é a realização <strong>de</strong> um enxerto das<br />

cepas europeias <strong>em</strong> raízes <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>iras originárias da costa leste Americana, imunes à <strong>do</strong>ença, só que<br />

graças a uma outra <strong>do</strong>ença, o oídio, a importação <strong>de</strong> cepas americanas está proibida, por isso a<br />

solução pecou por tardia e as tentativas nacionais para resolver o probl<strong>em</strong>a falham todas e quan<strong>do</strong> o<br />

<strong>em</strong>bargo às importação <strong>de</strong> cepas americanas é levanta<strong>do</strong>, muitas tinham si<strong>do</strong> já as castas<br />

autóctones <strong>de</strong>struídas.<br />

A recuperação <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> produção origi<strong>no</strong>u uma plantação massiva <strong>de</strong> vários híbri<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

cepas america<strong>no</strong>s, famosos pela sua resistência à filoxera e eleva<strong>do</strong>s índices <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>, mas<br />

também pela duvi<strong>do</strong>sa qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s vinhos a que dão orig<strong>em</strong>, conheci<strong>do</strong>s pelo <strong>no</strong>me <strong>de</strong><br />

morangueiro ou america<strong>no</strong>, estes vinhos contêm uma substância potencialmente perigosa, a malvina<br />

e por essa razão hoje <strong>em</strong> dia, está proibida o seu engarrafamento e comercialização pela União<br />

Europeia.<br />

94


A3.Guião utiliza<strong>do</strong> nas entrevistas.<br />

Introdução<br />

Que m<strong>em</strong>órias t<strong>em</strong> <strong>de</strong> quan<strong>do</strong> começou a consumir vinho<br />

Hábitos <strong>de</strong> Consumo<br />

Ocasiões<br />

Frequência<br />

Tipos <strong>de</strong> vinho consumi<strong>do</strong>s<br />

Formatos que compra (vinho a copo, bag-in-box.etc.)<br />

Locais (restaurantes)<br />

<strong>Factores</strong> <strong>de</strong> Decisão na escolha <strong>do</strong> vinho<br />

Momento<br />

Local<br />

Decisor responsável pela escolha<br />

Critérios (opinião <strong>de</strong> terceiros, conhecimento, momento, preço, fontes <strong>de</strong> informação etc.)<br />

Conhecimento e sensibilida<strong>de</strong> para assuntos sobre vinho<br />

Copos<br />

T<strong>em</strong>peraturas<br />

Alimentos e vinho<br />

Aromas<br />

Procura consultar informação. Que tipo?<br />

<strong>Vinho</strong>s<br />

<strong>Vinho</strong>s consumi<strong>do</strong>s<br />

Sabores e aromas procura<strong>do</strong>s<br />

Valores reconheci<strong>do</strong>s <strong>no</strong> vinho<br />

<strong>Vinho</strong>s Famosos conheci<strong>do</strong>s<br />

Regiões Preferidas<br />

Castas Favoritas<br />

<strong>Vinho</strong>s Estrangeiros (consome, que vinhos <strong>de</strong> que países conhece, opinião)<br />

E<strong>no</strong>turismo<br />

Conhece? Já experimentou? T<strong>em</strong> vonta<strong>de</strong>?<br />

O que mais lhe agrada ou agradaria que oferecess<strong>em</strong><br />

95


Ambiente<br />

Valoriza produtos orgânicos/biológicos<br />

Valoriza produtos amigos <strong>do</strong> ambiente<br />

O que gostaria <strong>de</strong> ver muda<strong>do</strong> <strong>no</strong> que diz respeito ao vinho?<br />

Qual consi<strong>de</strong>ra ser o caminho a seguir pelos produtores portugueses para alcançar<strong>em</strong><br />

sucesso?<br />

Aspectos Pessoais<br />

Hábitos <strong>de</strong> vida (Passat<strong>em</strong>pos, profissão)<br />

Ida<strong>de</strong>, sexo<br />

96


A4. Da<strong>do</strong>s resultantes da Análise aos Mapas Cognitivos<br />

I.Conjunto Hierárquico head “8-Reconhec<strong>em</strong> a qualida<strong>de</strong> técnica <strong>do</strong> Bag-in-box”<br />

7 Os consumi<strong>do</strong>res mais velhos, (50-65), consom<strong>em</strong> mais frequent<strong>em</strong>ente<br />

8 Reconhec<strong>em</strong> a qualida<strong>de</strong> técnica <strong>do</strong> Bag-in-box<br />

9 Reconhec<strong>em</strong> que Bag-in-box conserva melhor e por mais t<strong>em</strong>po o vinho que outras <strong>em</strong>balagens<br />

II.Conjunto Hierárquico head “10-Não gostam <strong>de</strong> comprar Bag-in-box”<br />

1 Consumo começou com amigos ou familia<br />

2 Consumo <strong>de</strong> vinho, começou entre os 16-20 a<strong>no</strong>s<br />

3 Quan<strong>do</strong> tinham me<strong>no</strong>s que 18 a<strong>no</strong>s, começaram por beber cerveja ou outras bebidas alcoólicas<br />

4 É preciso apren<strong>de</strong>r a gostar <strong>de</strong> vinho<br />

5 Sentiram curiosida<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> ouviram falar <strong>de</strong> vinho<br />

6 Consom<strong>em</strong> tanto <strong>em</strong> casa, como <strong>no</strong> restaurante<br />

7 Os consumi<strong>do</strong>res mais velhos, (50-65), consom<strong>em</strong> mais frequent<strong>em</strong>ente<br />

9 Reconhec<strong>em</strong> que Bag-in-box conserva melhor e por mais t<strong>em</strong>po o vinho que outras <strong>em</strong>balagens<br />

10 Não gostam <strong>de</strong> comprar Bag-in-box<br />

11 Diminui a sensação <strong>de</strong> <strong>no</strong>breza, <strong>de</strong>strói a imag<strong>em</strong> associada ao vinho<br />

12 Beber vinho faz parte <strong>de</strong> uma ocasião especial<br />

13 Consumi<strong>do</strong>res me<strong>no</strong>s frequentes são mais jovens<br />

14 Consom<strong>em</strong> vinho quan<strong>do</strong> a refeição assim o "merece"<br />

15 Acham que o restaurante po<strong>de</strong>ria tornar-se uma montra e uma forma <strong>de</strong> experimentar <strong>no</strong>vos vinhos<br />

16 Restaurantes serv<strong>em</strong> tintos a t<strong>em</strong>peraturas erradas muitas vezes<br />

17 Muitos Restaurantes acondicionam mal o vinho<br />

18 Restaurantes <strong>de</strong>v<strong>em</strong> melhorar o serviço <strong>de</strong> vinho<br />

19 Pe<strong>de</strong>m sugestões ao <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>, se achar<strong>em</strong> que o restaurante se a<strong>de</strong>qua<br />

20 Muitos restaurantes cobram <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> pelo vinho<br />

22 A escolha <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> vinho <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da estação <strong>do</strong> a<strong>no</strong> e da comida a consumir<br />

38 É preciso <strong>de</strong>mocratizar o consumo<br />

39 <strong>Vinho</strong>s que são fáceis <strong>de</strong> beber<br />

40 Não compram mais vinho estrangeiro porque é dificil <strong>de</strong> encontrar<br />

41 O <strong>Vinho</strong> t<strong>em</strong> que estar presente na mente <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res<br />

42 Produtores <strong>de</strong> cerveja apostam muito mais <strong>em</strong> promoção<br />

43 Deve haver mais publicida<strong>de</strong> e promoção ao vinho<br />

45 Não faz<strong>em</strong> e<strong>no</strong>turismo porque não se gerou a ocasião<br />

46 Hipermerca<strong>do</strong>s <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ter uma área <strong>de</strong>dicada aos vinhos<br />

47 Lê<strong>em</strong> folhetos <strong>de</strong> hipermerca<strong>do</strong><br />

48 Feiras <strong>de</strong> Hipermerca<strong>do</strong>s são boas oportunida<strong>de</strong>s para se conhecer <strong>no</strong>vos vinhos<br />

49 É dificil comprar vinhos <strong>de</strong> peque<strong>no</strong>s produtores<br />

50 Não há vinhos <strong>de</strong> gama média e média-alta disponíveis <strong>no</strong>s hipermerca<strong>do</strong>s<br />

51 Não consom<strong>em</strong> vinhos mais caros porque não têm certezas sobre condições <strong>de</strong> preservação<br />

52 É dificil apreciar um vinho<br />

53 <strong>Vinho</strong> é sofisticação<br />

54 <strong>Vinho</strong> é intelectualida<strong>de</strong><br />

58 <strong>Vinho</strong> é Nobre<br />

59 Estética <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong><br />

60 Descrição <strong>do</strong>s vinhos, usan<strong>do</strong> uma linguag<strong>em</strong> própria, é apreciada por to<strong>do</strong>s<br />

61 O vinho é um Acompanhante <strong>de</strong> comida por excelência<br />

63 Subsist<strong>em</strong> algumas imagens negativas ligadas ao vinho<br />

65 É dificil encontrar vinho à venda <strong>em</strong> locais mais sociais<br />

66 As mulheres associam o vinho a uma imag<strong>em</strong> e a uma ocasião ou contexto<br />

67 Compram pela <strong>em</strong>balag<strong>em</strong> ou rótulo<br />

68 É dificil encontrar vinho a copo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

III.Conjunto Hierárquico head “25-Gostam <strong>de</strong> saber coisas sobre vinho, não sobre vinhos”<br />

97


24 Poucas vezes se recordam <strong>de</strong> uma crítica ou <strong>de</strong> um artigo sobre vinho na compra<br />

25 Gostam <strong>de</strong> saber coisas sobre vinho, não sobre vinhos<br />

26 Raramente lei<strong>em</strong> críticas a vinhos<br />

27 Gostam <strong>de</strong> ler artigos na imprensa <strong>no</strong>rmal sobre assunto vínicos<br />

60 Descrição <strong>do</strong>s vinhos, usan<strong>do</strong> uma linguag<strong>em</strong> própria, é apreciada por to<strong>do</strong>s<br />

67 Compram pela <strong>em</strong>balag<strong>em</strong> ou rótulo<br />

IV.Conjunto Hierárquico head “34-O vinho da casa é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> ser uma opção acertada”<br />

1 Consumo começou com amigos ou familia<br />

2 Consumo <strong>de</strong> vinho, começou entre os 16-20 a<strong>no</strong>s<br />

3 Quan<strong>do</strong> tinham me<strong>no</strong>s que 18 a<strong>no</strong>s, começaram por beber cerveja ou outras bebidas alcoólicas<br />

4 É preciso apren<strong>de</strong>r a gostar <strong>de</strong> vinho<br />

5 Sentiram curiosida<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> ouviram falar <strong>de</strong> vinho<br />

6 Consom<strong>em</strong> tanto <strong>em</strong> casa, como <strong>no</strong> restaurante<br />

15 Acham que o restaurante po<strong>de</strong>ria tornar-se uma montra e uma forma <strong>de</strong> experimentar <strong>no</strong>vos vinhos<br />

16 Restaurantes serv<strong>em</strong> tintos a t<strong>em</strong>peraturas erradas muitas vezes<br />

17 Muitos Restaurantes acondicionam mal o vinho<br />

18 Restaurantes <strong>de</strong>v<strong>em</strong> melhorar o serviço <strong>de</strong> vinho<br />

19 Pe<strong>de</strong>m sugestões ao <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>, se achar<strong>em</strong> que o restaurante se a<strong>de</strong>qua<br />

20 Muitos restaurantes cobram <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> pelo vinho<br />

21 Escolh<strong>em</strong> vinhos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma gama <strong>de</strong> preços<br />

22 A escolha <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> vinho <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da estação <strong>do</strong> a<strong>no</strong> e da comida a consumir<br />

23 Tinto é o tipo <strong>de</strong> vinho mais aprecia<strong>do</strong><br />

24 Poucas vezes se recordam <strong>de</strong> uma crítica ou <strong>de</strong> um artigo sobre vinho na compra<br />

28 Gostam <strong>de</strong> sabores distintos, aromas que se distingu<strong>em</strong><br />

29 Fruta<strong>do</strong>s é a <strong>de</strong>scrição mais corrente para aromas aprecia<strong>do</strong>s<br />

30 A região é o segun<strong>do</strong> critério <strong>de</strong> escolha<br />

31 Alentejo e Douro são as regiões <strong>de</strong> maior qualida<strong>de</strong><br />

32 Dificilmente <strong>no</strong>meiam castas<br />

33 Não distingu<strong>em</strong> castas que conhec<strong>em</strong><br />

34 O vinho da casa é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> ser uma opção acertada<br />

35 Gostam <strong>de</strong> vinhos com boa relação qualida<strong>de</strong> preço<br />

38 É preciso <strong>de</strong>mocratizar o consumo<br />

39 <strong>Vinho</strong>s que são fáceis <strong>de</strong> beber<br />

41 O <strong>Vinho</strong> t<strong>em</strong> que estar presente na mente <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res<br />

42 Produtores <strong>de</strong> cerveja apostam muito mais <strong>em</strong> promoção<br />

43 Deve haver mais publicida<strong>de</strong> e promoção ao vinho<br />

45 Não faz<strong>em</strong> e<strong>no</strong>turismo porque não se gerou a ocasião<br />

48 Feiras <strong>de</strong> Hipermerca<strong>do</strong>s são boas oportunida<strong>de</strong>s para se conhecer <strong>no</strong>vos vinhos<br />

49 É dificil comprar vinhos <strong>de</strong> peque<strong>no</strong>s produtores<br />

50 Não há vinhos <strong>de</strong> gama média e média-alta disponíveis <strong>no</strong>s hipermerca<strong>do</strong>s<br />

51 Não consom<strong>em</strong> vinhos mais caros porque não têm certezas sobre condições <strong>de</strong> preservação<br />

52 É dificil apreciar um vinho<br />

65 É dificil encontrar vinho à venda <strong>em</strong> locais mais sociais<br />

68 É dificil encontrar vinho a copo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

V.Conjunto Hierárquico head “37-Gostava <strong>de</strong> experimentar vinhos estrangeiros”<br />

1 Consumo começou com amigos ou familia<br />

2 Consumo <strong>de</strong> vinho, começou entre os 16-20 a<strong>no</strong>s<br />

3 Quan<strong>do</strong> tinham me<strong>no</strong>s que 18 a<strong>no</strong>s, começaram por beber cerveja ou outras bebidas alcoólicas<br />

4 É preciso apren<strong>de</strong>r a gostar <strong>de</strong> vinho<br />

5 Sentiram curiosida<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> ouviram falar <strong>de</strong> vinho<br />

6 Consom<strong>em</strong> tanto <strong>em</strong> casa, como <strong>no</strong> restaurante<br />

15 Acham que o restaurante po<strong>de</strong>ria tornar-se uma montra e uma forma <strong>de</strong> experimentar <strong>no</strong>vos vinhos<br />

16 Restaurantes serv<strong>em</strong> tintos a t<strong>em</strong>peraturas erradas muitas vezes<br />

17 Muitos Restaurantes acondicionam mal o vinho<br />

18 Restaurantes <strong>de</strong>v<strong>em</strong> melhorar o serviço <strong>de</strong> vinho<br />

19 Pe<strong>de</strong>m sugestões ao <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>, se achar<strong>em</strong> que o restaurante se a<strong>de</strong>qua<br />

20 Muitos restaurantes cobram <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> pelo vinho<br />

21 Escolh<strong>em</strong> vinhos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma gama <strong>de</strong> preços<br />

22 A escolha <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> vinho <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da estação <strong>do</strong> a<strong>no</strong> e da comida a consumir<br />

23 Tinto é o tipo <strong>de</strong> vinho mais aprecia<strong>do</strong><br />

98


i<strong>de</strong>ia”<br />

24 Poucas vezes se recordam <strong>de</strong> uma crítica ou <strong>de</strong> um artigo sobre vinho na compra<br />

28 Gostam <strong>de</strong> sabores distintos, aromas que se distingu<strong>em</strong><br />

29 Fruta<strong>do</strong>s é a <strong>de</strong>scrição mais corrente para aromas aprecia<strong>do</strong>s<br />

30 A região é o segun<strong>do</strong> critério <strong>de</strong> escolha<br />

31 Alentejo e Douro são as regiões <strong>de</strong> maior qualida<strong>de</strong><br />

32 Dificilmente <strong>no</strong>meiam castas<br />

33 Não distingu<strong>em</strong> castas que conhec<strong>em</strong><br />

35 Gostam <strong>de</strong> vinhos com boa relação qualida<strong>de</strong> preço<br />

37 Gostava <strong>de</strong> experimentar vinhos estrangeiros<br />

38 É preciso <strong>de</strong>mocratizar o consumo<br />

39 <strong>Vinho</strong>s que são fáceis <strong>de</strong> beber<br />

40 Não compram mais vinho estrangeiro porque é dificil <strong>de</strong> encontrar<br />

41 O <strong>Vinho</strong> t<strong>em</strong> que estar presente na mente <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res<br />

42 Produtores <strong>de</strong> cerveja apostam muito mais <strong>em</strong> promoção<br />

43 Deve haver mais publicida<strong>de</strong> e promoção ao vinho<br />

45 Não faz<strong>em</strong> e<strong>no</strong>turismo porque não se gerou a ocasião<br />

48 Feiras <strong>de</strong> Hipermerca<strong>do</strong>s são boas oportunida<strong>de</strong>s para se conhecer <strong>no</strong>vos vinhos<br />

49 É dificil comprar vinhos <strong>de</strong> peque<strong>no</strong>s produtores<br />

50 Não há vinhos <strong>de</strong> gama média e média-alta disponíveis <strong>no</strong>s hipermerca<strong>do</strong>s<br />

51 Não consom<strong>em</strong> vinhos mais caros porque não têm certezas sobre condições <strong>de</strong> preservação<br />

52 É dificil apreciar um vinho<br />

53 <strong>Vinho</strong> é sofisticação<br />

55 Gostam <strong>de</strong> arriscar<br />

65 É dificil encontrar vinho à venda <strong>em</strong> locais mais sociais<br />

68 É dificil encontrar vinho a copo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

VI.Conjunto Hierárquico head “44 E<strong>no</strong>turismo parece atractivo, quan<strong>do</strong> se é confronta<strong>do</strong> com a<br />

1 Consumo começou com amigos ou familia<br />

2 Consumo <strong>de</strong> vinho, começou entre os 16-20 a<strong>no</strong>s<br />

3 Quan<strong>do</strong> tinham me<strong>no</strong>s que 18 a<strong>no</strong>s, começaram por beber cerveja ou outras bebidas alcoólicas<br />

4 É preciso apren<strong>de</strong>r a gostar <strong>de</strong> vinho<br />

5 Sentiram curiosida<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> ouviram falar <strong>de</strong> vinho<br />

7 Os consumi<strong>do</strong>res mais velhos, (50-65), consom<strong>em</strong> mais frequent<strong>em</strong>ente<br />

15 Acham que o restaurante po<strong>de</strong>ria tornar-se uma montra e uma forma <strong>de</strong> experimentar <strong>no</strong>vos vinhos<br />

16 Restaurantes serv<strong>em</strong> tintos a t<strong>em</strong>peraturas erradas muitas vezes<br />

17 Muitos Restaurantes acondicionam mal o vinho<br />

18 Restaurantes <strong>de</strong>v<strong>em</strong> melhorar o serviço <strong>de</strong> vinho<br />

19 Pe<strong>de</strong>m sugestões ao <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>, se achar<strong>em</strong> que o restaurante se a<strong>de</strong>qua<br />

20 Muitos restaurantes cobram <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> pelo vinho<br />

38 É preciso <strong>de</strong>mocratizar o consumo<br />

39 <strong>Vinho</strong>s que são fáceis <strong>de</strong> beber<br />

41 O <strong>Vinho</strong> t<strong>em</strong> que estar presente na mente <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res<br />

42 Produtores <strong>de</strong> cerveja apostam muito mais <strong>em</strong> promoção<br />

43 Deve haver mais publicida<strong>de</strong> e promoção ao vinho<br />

44 E<strong>no</strong>turismo parece atractivo, quan<strong>do</strong> se é confronta<strong>do</strong> com a i<strong>de</strong>ia<br />

45 Não faz<strong>em</strong> e<strong>no</strong>turismo porque não se gerou a ocasião<br />

48 Feiras <strong>de</strong> Hipermerca<strong>do</strong>s são boas oportunida<strong>de</strong>s para se conhecer <strong>no</strong>vos vinhos<br />

49 É dificil comprar vinhos <strong>de</strong> peque<strong>no</strong>s produtores<br />

50 Não há vinhos <strong>de</strong> gama média e média-alta disponíveis <strong>no</strong>s hipermerca<strong>do</strong>s<br />

51 Não consom<strong>em</strong> vinhos mais caros porque não têm certezas sobre condições <strong>de</strong> preservação<br />

52 É dificil apreciar um vinho<br />

63 Subsist<strong>em</strong> algumas imagens negativas ligadas ao vinho<br />

65 É dificil encontrar vinho à venda <strong>em</strong> locais mais sociais<br />

66 As mulheres associam o vinho a uma imag<strong>em</strong> e a uma ocasião ou contexto<br />

67 Compram pela <strong>em</strong>balag<strong>em</strong> ou rótulo<br />

68 É dificil encontrar vinho a copo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

99


VII.Conjunto Hierárquico head “62-Compram s<strong>em</strong>pre o mesmo vinho ou da mesma a<strong>de</strong>ga”<br />

22 A escolha <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> vinho <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da estação <strong>do</strong> a<strong>no</strong> e da comida a consumir<br />

54 <strong>Vinho</strong> é intelectualida<strong>de</strong><br />

56 Não gostam <strong>de</strong> arriscar<br />

57 T<strong>em</strong>os vinhos suficientes <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong><br />

61 O vinho é um Acompanhante <strong>de</strong> comida por excelência<br />

62 Compram s<strong>em</strong>pre o mesmo vinho ou da mesma a<strong>de</strong>ga<br />

VIII.Conjunto Hierárquico head “64-Não consom<strong>em</strong> vinho socialmente”<br />

2 Consumo <strong>de</strong> vinho, começou entre os 16-20 a<strong>no</strong>s<br />

3 Quan<strong>do</strong> tinham me<strong>no</strong>s que 18 a<strong>no</strong>s, começaram por beber cerveja ou outras bebidas alcoólicas<br />

4 É preciso apren<strong>de</strong>r a gostar <strong>de</strong> vinho<br />

5 Sentiram curiosida<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> ouviram falar <strong>de</strong> vinho<br />

6 Consom<strong>em</strong> tanto <strong>em</strong> casa, como <strong>no</strong> restaurante<br />

7 Os consumi<strong>do</strong>res mais velhos, (50-65), consom<strong>em</strong> mais frequent<strong>em</strong>ente<br />

13 Consumi<strong>do</strong>res me<strong>no</strong>s frequentes são mais jovens<br />

14 Consom<strong>em</strong> vinho quan<strong>do</strong> a refeição assim o "merece"<br />

15 Acham que o restaurante po<strong>de</strong>ria tornar-se uma montra e uma forma <strong>de</strong> experimentar <strong>no</strong>vos vinhos<br />

16 Restaurantes serv<strong>em</strong> tintos a t<strong>em</strong>peraturas erradas muitas vezes<br />

17 Muitos Restaurantes acondicionam mal o vinho<br />

18 Restaurantes <strong>de</strong>v<strong>em</strong> melhorar o serviço <strong>de</strong> vinho<br />

19 Pe<strong>de</strong>m sugestões ao <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>, se achar<strong>em</strong> que o restaurante se a<strong>de</strong>qua<br />

20 Muitos restaurantes cobram <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> pelo vinho<br />

22 A escolha <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> vinho <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da estação <strong>do</strong> a<strong>no</strong> e da comida a consumir<br />

38 É preciso <strong>de</strong>mocratizar o consumo<br />

39 <strong>Vinho</strong>s que são fáceis <strong>de</strong> beber<br />

41 O <strong>Vinho</strong> t<strong>em</strong> que estar presente na mente <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res<br />

42 Produtores <strong>de</strong> cerveja apostam muito mais <strong>em</strong> promoção<br />

43 Deve haver mais publicida<strong>de</strong> e promoção ao vinho<br />

45 Não faz<strong>em</strong> e<strong>no</strong>turismo porque não se gerou a ocasião<br />

48 Feiras <strong>de</strong> Hipermerca<strong>do</strong>s são boas oportunida<strong>de</strong>s para se conhecer <strong>no</strong>vos vinhos<br />

49 É dificil comprar vinhos <strong>de</strong> peque<strong>no</strong>s produtores<br />

50 Não há vinhos <strong>de</strong> gama média e média-alta disponíveis <strong>no</strong>s hipermerca<strong>do</strong>s<br />

51 Não consom<strong>em</strong> vinhos mais caros porque não têm certezas sobre condições <strong>de</strong> preservação<br />

52 É dificil apreciar um vinho<br />

61 O vinho é um Acompanhante <strong>de</strong> comida por excelência<br />

63 Subsist<strong>em</strong> algumas imagens negativas ligadas ao vinho<br />

64 Não consom<strong>em</strong> vinho socialmente<br />

65 É dificil encontrar vinho à venda <strong>em</strong> locais mais sociais<br />

68 É dificil encontrar vinho a copo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

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Listag<strong>em</strong> <strong>de</strong> factores comuns, respectivamente a 5, 4, 3, 2 e 1 Conjuntos Hierárquicos<br />

Comuns a 5 Comuns a 4 Comuns a 3 Comuns a 2 Comuns a 1<br />

68<br />

65<br />

67<br />

66<br />

64<br />

52<br />

51<br />

50<br />

49<br />

7<br />

6<br />

1<br />

63<br />

61<br />

24<br />

60<br />

54<br />

40<br />

35<br />

62<br />

59<br />

58<br />

57<br />

48<br />

33<br />

56<br />

45<br />

32<br />

55<br />

43<br />

31<br />

53<br />

42<br />

30<br />

53<br />

41<br />

29<br />

47<br />

39<br />

28<br />

46<br />

38<br />

23<br />

44<br />

22<br />

21<br />

37<br />

20<br />

14<br />

34<br />

19<br />

13<br />

27<br />

18<br />

9<br />

26<br />

17<br />

25<br />

16<br />

12<br />

15<br />

11<br />

5<br />

10<br />

4<br />

3<br />

2<br />

8<br />

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