19.04.2013 Views

Narrativas da brasilidade - Fundação Casa de Rui Barbosa

Narrativas da brasilidade - Fundação Casa de Rui Barbosa

Narrativas da brasilidade - Fundação Casa de Rui Barbosa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

dramaturgia do nacional: “A <strong>da</strong>nça é sempre uma interpretação <strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong> , um drama” (LINA, jul. 1914).<br />

2.3 La r e i n e s’a m u s e : o espetáculo <strong>da</strong> brasili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

“As notas musicais do maxixe remexem com os nervos como as<br />

do Hino Nacional agitam a alma” (Gazeta <strong>de</strong> Noticias, 31/1/1909).<br />

O maxixe torna-se ícone do mo<strong>de</strong>rno e <strong>da</strong> brasili<strong>da</strong><strong>de</strong>; Maria<br />

Lina apresenta-se como intérprete <strong>da</strong> brasili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Argumenta que<br />

fora a acolhi<strong>da</strong> calorosa do público carioca que a motivara:<br />

[...] esse público que <strong>de</strong>cidiu a minha carreira. E foi isso<br />

que me fez compreen<strong>de</strong>r o ritmo <strong>da</strong> vossa vi<strong>da</strong>, que me<br />

fez exprimir o encanto <strong>da</strong>s <strong>da</strong>nças nacionais, que me fez tão<br />

fun<strong>da</strong>mente brasileira e, porque não dizer? Tão patriota [...]<br />

(LINA, jul. 1914).<br />

Dançando, Lina teria a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> coreografar, os vários<br />

tipos populares: “Fui mulata <strong>de</strong>ngosa, bugrinha, e gavroche”. 17<br />

Trabalhando em mágicas, revistas e comédias, ela fazia os “tipos<br />

espertos e brejeiros”. Graças a essa plastici<strong>da</strong><strong>de</strong>, seria capaz <strong>de</strong><br />

apresentar, em Paris, uma coreografia inédita: o “tango brasileiro”.<br />

A comparação entre o brasileiro e o argentino efetua-se por intermédio<br />

<strong>da</strong> distinção coreográfica; é o corpo que imprime comportamento<br />

e forma <strong>de</strong> ser, traduzindo-os em movimentos.<br />

No Brasil, a <strong>da</strong>nça seria realiza<strong>da</strong> com alma, por isso, em comparação<br />

com a Argentina, a linguagem corporal seria intensa e única.<br />

Explica que o tango argentino é simples, não tendo posições <strong>de</strong><br />

braços. Já o brasileiro, cheio <strong>de</strong> dolência e sensuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, tem gestos<br />

e posições. É <strong>da</strong>nçado com alma, com expressão e sentimento (LINA,<br />

out. 1914).<br />

Nesse imaginário, <strong>de</strong>staca-se uma idéia: o brasileiro <strong>da</strong>nçaria com<br />

todo o corpo, enquanto o argentino mobilizaria, apenas, uma parte<br />

<strong>Narrativas</strong> <strong>da</strong> brasili<strong>da</strong><strong>de</strong>: Paris, Rio <strong>de</strong> Janeiro e o maxixe<br />

17 Trata-se <strong>da</strong> apropriação do<br />

personagem parisiense, que,<br />

inspirado originalmente na obra<br />

<strong>de</strong> Vitor Hugo Os miseráveis, era<br />

um tipo marcado pelo caráter<br />

pícaro e gozador. Torna<strong>da</strong> figura<br />

emblemática no teatro brasileiro,<br />

o gavroche assumiu ares <strong>de</strong> malandragem,<br />

tendo um papel mais<br />

livre e criativo.<br />

171

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!