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Narrativas da brasilidade - Fundação Casa de Rui Barbosa

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160<br />

ESCRITOS II<br />

6 Cf. Le Breton (2006), Corbin<br />

(2000).<br />

dos sentidos e na antropologia sensorial histórica, 6 possibilitam iluminar<br />

novas dimensões <strong>da</strong> história e do passado brasileiros.<br />

A percepção <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> sensível que se revelava através<br />

dos movimentos corpóreo-gestuais foi, habilmente, capta<strong>da</strong> em crônica<br />

<strong>de</strong> Olavo Bilac, “A <strong>da</strong>nça no Rio <strong>de</strong> Janeiro”, publica<strong>da</strong> na Kosmos,<br />

em maio <strong>de</strong> 1906. A ci<strong>da</strong><strong>de</strong> passa a ser li<strong>da</strong> através dos corpos.<br />

Abre-se a crônica com a seguinte constatação : “Nós somos um povo<br />

que vive <strong>da</strong>nçando”.<br />

É por meio <strong>de</strong>sses corpos <strong>da</strong>nçantes que o autor constrói uma cartografia<br />

sensível <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, tomando-os como indicadores <strong>de</strong> culturas<br />

e pertencimentos sociais. O cronista afirma que esse comprometimento<br />

seria tão forte que mesmo se conduzido <strong>de</strong> olhos ven<strong>da</strong>dos<br />

para qualquer bairro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, se tira<strong>da</strong> a ven<strong>da</strong> saberia i<strong>de</strong>ntificar,<br />

no ato, o local em que se encontrava.<br />

A visão constitui-se em referencial básico <strong>de</strong> sua orientação.<br />

Vamos acompanhar o cronista no seu passeio <strong>de</strong> observação,<br />

buscando ver através dos seus olhos. No primeiro ambiente, a <strong>da</strong>nça<br />

é serena, majestosa, parecendo um ritual religioso. Vestindo casacas<br />

pretas, os cavalheiros severos parecem sacerdotes; as <strong>da</strong>mas,<br />

arrastando cau<strong>da</strong>s <strong>de</strong> rainha, parecem cumprir uma obrigação cultural.<br />

Nesse lugar, os gestos são solenes e medidos: as mãos apenas

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