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Roteiro de trabalho - Início - Ser

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<strong>Roteiro</strong> <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong><br />

fontes populares, a ponto <strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecer na sombra <strong>de</strong> seu personagem-narrador, o<br />

vaqueiro Blau Nunes.<br />

Dessa i<strong>de</strong>ntificação é que surge não apenas a maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> humana e<br />

social <strong>de</strong> sua obra, mas a própria mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua linguagem literária.<br />

Os contos<br />

Os contos do volume Histórias do Pré-Mo<strong>de</strong>rnismo são uma amostra<br />

representativa tanto das qualida<strong>de</strong>s quanto dos excessos <strong>de</strong> linguagem apresentados<br />

pela geração literária que atuou nas duas primeiras décadas do século XX.<br />

A oscilação “entre o documento e o ornamento”, que no juízo <strong>de</strong> Alfredo<br />

Bosi caracteriza a obra <strong>de</strong> Coelho Neto, aparece com niti<strong>de</strong>z no conto “Atração da<br />

terra” (pág. 49), publicado no livro Banzo, <strong>de</strong> 1913. A narrativa gira em torno <strong>de</strong><br />

dois temas recorrentes no escritor: o medo primitivo do sobrenatural e o sofrimento<br />

da morte, narrado com violência e exagero, minuciosamente. A menina Sara acredita<br />

ter <strong>de</strong>safiado os po<strong>de</strong>res divinos simplesmente por ter arremessado ao mar uma<br />

folha do calendário, “com o dia ainda vivo”. Tanto o pecado quanto o castigo<br />

interminável da criança parecem injustificados, assim como soa improvável a mistura<br />

<strong>de</strong> verbo exorbitante e rusticida<strong>de</strong> popular. Ainda assim, a história seduz por sua<br />

<strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za e vivacida<strong>de</strong>. Descontado o verniz da linguagem, resta ainda muito que<br />

admirar na escrita e na imaginação <strong>de</strong> Coelho Neto.<br />

O conto “Dentro da noite” (pág. 69) é uma trama sobre perversão, bem ao<br />

gosto <strong>de</strong> João do Rio. Entre seus personagens típicos, está não apenas o dândi<br />

refinado, com seus prazeres mundanos, mas também os neuróticos, sádicos,<br />

alcoólatras e viciados <strong>de</strong> toda espécie. Todavia, a perversão é enfocada com<br />

distanciamento, misturada a paradoxos e consi<strong>de</strong>rações filosóficas, como se o autor<br />

não pu<strong>de</strong>sse exprimi-la em estado bruto, sem refinamento ou censura. Por privilegiar<br />

Coleção O prazer da prosa

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