Roteiro de trabalho - Início - Ser
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<strong>Roteiro</strong> <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong><br />
visão mítica do sertanejo como homem primitivo, inocente, dominado pelas forças<br />
da natureza e em contato com as fontes da poesia.<br />
O caso <strong>de</strong> Hugo Carvalho Ramos, que já foi chamado <strong>de</strong> “ficcionista áspero”,<br />
é um pouco diferente. Interessado nos problemas políticos e econômicos do país, o<br />
escritor fez questão <strong>de</strong> <strong>de</strong>nunciar a dura realida<strong>de</strong> do sertanejo pobre, obrigado a<br />
submeter-se aos códigos particulares e à brutalida<strong>de</strong> dos latifundiários. “Mágoa <strong>de</strong><br />
vaqueiro” (pág. 29) é a triste história <strong>de</strong> um homem abandonado por sua filha, que<br />
foge com o namorado. O sertanejo velho e pobre se torna uma espécie <strong>de</strong> símbolo<br />
do próprio sertão miserável, abandonado pelas autorida<strong>de</strong>s, esquecido pelos<br />
intelectuais, atropelado cruelmente pela cida<strong>de</strong> na República comandada pelo i<strong>de</strong>al<br />
do progresso. Sua mágoa exprime a dor <strong>de</strong> um velho mundo.<br />
No Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, on<strong>de</strong> o regionalismo constituiu uma verda<strong>de</strong>ira<br />
tradição, João Simões Lopes Neto também saiu em <strong>de</strong>manda do rincão perdido – a<br />
campanha – e do primitivo herói gaúcho. “O boi velho” (pág. 39) é um dos seus<br />
contos antológicos, um poema sobre o paraíso perdido das coisas simples. No início<br />
da narrativa, há uma perfeita união entre homens, animais e natureza. Mas as<br />
crianças, transformadas em adultos, se entregam à corrupção do dinheiro e do<br />
po<strong>de</strong>r. O boi velho existe para nos lembrar da inocência que per<strong>de</strong>mos – e da<br />
plenitu<strong>de</strong> que <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> ter. É o que ensina Simões Lopes por meio da sabedoria<br />
popular <strong>de</strong> Blau Nunes – utilizando uma linguagem reduzida ao essencial, cheia <strong>de</strong><br />
recursos poéticos, que impressiona pela espontaneida<strong>de</strong>.<br />
Sugestões <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s<br />
1. Na geração pré-mo<strong>de</strong>rnista, os escritores <strong>de</strong> vanguarda encontraram<br />
gran<strong>de</strong>s inimigos, mas também alguns dos precursores da renovação estética que<br />
Coleção O prazer da prosa