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Castro Alves: o olhar do outro - Fundação Biblioteca Nacional

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A CANOA DÒ MARTINHO<br />

Outras, moças» mas nuas e espantadas,<br />

No turbilhão de espectros arrastadas<br />

Em ancia e maguas vãs ! j<br />

E o barbaro feitor, às gargalhadas,<br />

Cumpre <strong>do</strong> fazendeiro as ordens dadas,<br />

Por entre os cafezaes:<br />

« Se o velho arqueja se no chão resvala,<br />

Ouvem-se gritos, o chicote estala...<br />

E voam mais e mais!...<br />

Presa nos élos de uma só cadeia,<br />

A rwíltidão faminta cambaleia<br />

E chora e dansa alli !<br />

Um de raiva delira, <strong>outro</strong> enlouquece,<br />

"Outro que de mariyrios enibrutece<br />

Cantan<strong>do</strong> geme e ri!... »<br />

•<br />

No entretanto, o feitor ri-se contente,<br />

Mandan<strong>do</strong> azorragar a triste gente<br />

* Que morre a trabalhar I...<br />

Emquanto o poderoso fazendeiro<br />

Toma um remo e a enchada <strong>do</strong> coveiro,<br />

Na direcção <strong>do</strong>mar...<br />

E ri-se a marujada na canoa !<br />

— Néro da escravidão! — vai elle á prõa<br />

Com risos infernaes I...<br />

15 <strong>Castro</strong> <strong>Alves</strong>-, o <strong>olhar</strong> <strong>do</strong> <strong>outro</strong>

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