ana luiza de oliveira duarte ferreira - ANPUH-SP - XXI Encontro ...
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A década <strong>de</strong> 1910, para a intelectualida<strong>de</strong> brasileira, foi uma década <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>s<br />
e transformações. Como aponta Antonio Candido, eram entre nós os parnasianos os literatos<br />
<strong>de</strong> maior renome, sendo eles os mais expressivos e pouco <strong>de</strong>mocráticos representantes da<br />
Associação Brasileira <strong>de</strong> Letras. Contudo, já havia sintomas <strong>de</strong> inovação no trabalho dos<br />
simbolistas (CANDIDO, 2010: 135).<br />
É verda<strong>de</strong> que o simbolismo não tinha no Brasil a respeitabilida<strong>de</strong> do parnasianismo,<br />
seus poetas eram popularmente rotulados jovens boêmios que não podiam ser levados muito a<br />
sério, mas eles iam pouco a pouco imprimindo alterações significativas à noção <strong>de</strong> Literatura,<br />
no Brasil.<br />
Em Literatura e socieda<strong>de</strong> Candido pon<strong>de</strong>ra que os poetas simbolistas revelavam<br />
interesse por questões i<strong>de</strong>ológicas e estéticas, o que os diferenciava claramente dos<br />
parnasianos, cujas obras se caracterizavam por um naturalismo plástico e pouco mais. Sim, os<br />
simbolistas foram inovadores à sua maneira, porque apresentaram tanto um comportamento<br />
quando uma métrica e interesses literários um tanto mais “livres”, “soltos”.<br />
A vanguarda mo<strong>de</strong>rnista vai, assim, conforme a análise <strong>de</strong> Candido, tomar emprestado<br />
é do simbolismo esse curso <strong>de</strong> reflexão, <strong>de</strong> forma a investir mais e mais em pesquisa <strong>de</strong> temas<br />
e formas.<br />
Nas artes plásticas, sugere Sergio Miceli em Nacional estrangeiro, nas primeiras<br />
décadas do século XX tinha maior projeção a arte <strong>de</strong>corativa e figurativa, sobretudo retratos e<br />
naturezas mortas. E, a bem da verda<strong>de</strong>, a elite que bancava os jovens artistas não estava muito<br />
disposta a apostar em gran<strong>de</strong>s inovações; se comprava quadros ousados, não chegava a bancar<br />
algum projeto ainda não concluído. Ainda assim, tais mecenas foram bastante importantes<br />
para a renovação das artes no Brasil, financiando parentes e talentos em viagens para o<br />
exterior, trazendo exposições estrangeiras, e organizando em suas próprias residências o<br />
encontro com artistas <strong>de</strong> vários cantos do mundo (MICELI, 2003).<br />
Anita Malfatti foi a primeira artista plástica brasileira a organizar uma exposição<br />
pública com algo como uma pretensão <strong>de</strong> romper a estética tradicional. Não que o preten<strong>de</strong>sse<br />
claramente; na verda<strong>de</strong> Malfatti dispunha <strong>de</strong> um espírito dócil e quieto. Mas o fato <strong>de</strong> ter se<br />
proposto a inovar e ter enfrentado muitas críticas da opinião pública, <strong>de</strong>ntre as quais a <strong>de</strong><br />
Monteiro Lobato, em conhecido episódio, ajudou efetivamente a aglutinar jovens intelectuais<br />
brasileiros interessados na transformação das formas <strong>de</strong> se fazer literatura e arte no Brasil. E é<br />
a partir do contato que trocaram nesse momento que a pintora e o comovido poeta paulista<br />
Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> se tornam amigos (ROSSETI, 2006).<br />
Anais do <strong>XXI</strong> <strong>Encontro</strong> Estadual <strong>de</strong> História –<strong>ANPUH</strong>-<strong>SP</strong> - Campinas, setembro, 2012.<br />
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