ana luiza de oliveira duarte ferreira - ANPUH-SP - XXI Encontro ...
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E mesmo Mário fará uma curva em seus propósitos literários a partir <strong>de</strong> Clã do jaboti<br />
(1927), no qual figuram os famosos poemas O poeta come amendoim, e os Dois poemas<br />
acreanos, nos quais aborda explicitamente a tomada do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> falar sobre brasilida<strong>de</strong>. E no<br />
qual figura também muitas outras composições que tomam o Brasil como tema (festas,<br />
geografia, tipos populares) e, sobretudo, a estrutura das lendas nacionais, o modo <strong>de</strong> se<br />
expressar do brasileiro comum, com gírias e or<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias – coisas que Oswald vinha<br />
fazendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Memórias sentimentais <strong>de</strong> João Miramar e Poesia Pau-brasil (ambos 1924).<br />
III.<br />
Marca o surgimento <strong>de</strong> uma nova década intelectual, no Brasil, o <strong>de</strong>sentendimento<br />
entre Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda e o grupo mo<strong>de</strong>rnista, em 1926. É verda<strong>de</strong> que antes disso<br />
aquele movimento que se pretendia “grupo”, mas que no mais das vezes correspondia à<br />
expressão <strong>de</strong> diversas individualida<strong>de</strong>s, tinha sido <strong>de</strong>senhado <strong>de</strong> rixas e rompimentos oficiais.<br />
Não apenas o Grupo Anta se posicionou politicamente distinto, ao <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o integralismo,<br />
mas também Oswald acabou rompendo com Graça Aranha, e <strong>de</strong>pois com o inseparável amigo<br />
Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>. Entretanto, po<strong>de</strong>mos dizer que foi Sergio – que respeitou Aranha como<br />
um mestre, e amou a Mário e Oswald – quem teve um profundo senso <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> ao<br />
publicar, em 1926, um texto crítico <strong>de</strong> todo o movimento, com concessões mais suaves<br />
apenas para à Antropofagia; e ainda assim bastante crítico a ela (HOLANDA, 1996).<br />
Sérgio percebia, pois, e <strong>de</strong>clarava formalmente que o mo<strong>de</strong>rnismo trabalhara na<br />
construção <strong>de</strong> uma Literatura nacional pelas vias da mitificação, e se sentia <strong>de</strong>sconfortável<br />
com isso. Via o mo<strong>de</strong>rnismo servindo ao Estado getulista e se <strong>de</strong>cepcionava. Largou a<br />
carreira na capital carioca, doou todos os livros <strong>de</strong> sua biblioteca, e foi viver no interior do<br />
estado do Espírito Santo.<br />
É claro que Sergio não era o único insatisfeito. Literatos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> renome, ligados à<br />
Sem<strong>ana</strong>, já ousavam trabalhar temáticas variadas, para além do nacional: Carlos Drummond<br />
<strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, Murilo Men<strong>de</strong>s, e Manuel Ban<strong>de</strong>ira são bons exemplos disso. Assim, o primeiro<br />
passou a se interessar mais e mais pela condição internacional do trabalhador explorado e da<br />
guerra suja, embora não tenha <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> falar em mineirida<strong>de</strong> assim como <strong>de</strong> fazer a crítica<br />
da situação política do Brasil <strong>de</strong> então. O segundo, também mineiro, interessou-se sobretudo<br />
pelo um sentido universalista da religião católica. E o terceiro, que publicara em 1930 o<br />
emblemático livro <strong>de</strong> poemas Libertinagem, <strong>de</strong>clarou-se afinal crítico inclusive do projeto <strong>de</strong><br />
Oswald: “Pau-brasil. Eu protesto. O nome é comprido <strong>de</strong>mais. Bastaria dizer poesia pau. Por<br />
Anais do <strong>XXI</strong> <strong>Encontro</strong> Estadual <strong>de</strong> História –<strong>ANPUH</strong>-<strong>SP</strong> - Campinas, setembro, 2012.<br />
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