25.04.2013 Views

ana luiza de oliveira duarte ferreira - ANPUH-SP - XXI Encontro ...

ana luiza de oliveira duarte ferreira - ANPUH-SP - XXI Encontro ...

ana luiza de oliveira duarte ferreira - ANPUH-SP - XXI Encontro ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

em tom mais parnasiano, como tom mais simbolista. Esse grupo, do qual po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar o<br />

nome <strong>de</strong> Enrique González Martínez, associável a expoentes estrangeiros como o<br />

nicaraguense Ruben Darío, seguiu sendo bastante expressivo pelas décadas <strong>de</strong> 1910 a 1930, e<br />

influenciou ou serviu como moeda política, ou alvo crítico – enfim, não passou em branco –<br />

para todos os escritores mexicanos que aqui serão citados (LEAL, 1946).<br />

González Martínez foi autor <strong>de</strong> um dos poemas mais <strong>ana</strong>lisados da História da<br />

Literatura no México: Tuércele el cuello al cisne. Ali, zomba da métrica e da inspiração<br />

plácida típica da primeira geração <strong>de</strong> poetas mo<strong>de</strong>rnistas mexicanos, mais claramente<br />

inspirada pelo parnasianismo. E assim, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> trabalhar com a estrutura <strong>de</strong> soneto e em<br />

métrica perfeita, a nós brasileiros faz lembrar Os sapos, <strong>de</strong> Manuel Ban<strong>de</strong>ira.<br />

A escolha do símbolo não é aleatória: a beleza, a perfeição, a brancura, a graciosida<strong>de</strong>,<br />

a pureza <strong>de</strong> tais aves era sempre reverenciada pelos primeiros mo<strong>de</strong>rnistas mexicanos. Mas<br />

vale pontuar que González Martínez não apenas <strong>de</strong>screve a aparência física <strong>de</strong> cisnes, como<br />

era comum entre os autores i<strong>de</strong>ntificáveis ao parnasianismo; ele <strong>de</strong>staca características<br />

subjetivas, compondo sutil prosopopeia metafórica: são impassíveis, “no sienten el alma <strong>de</strong><br />

las cosas ni la voz <strong>de</strong>l paisaje” tal como acreditava que andavam a fazer os poetas<br />

mo<strong>de</strong>rnistas mexicanos <strong>de</strong> vertente parnasi<strong>ana</strong>.<br />

É então que a coruja passa a ser exaltada como novo símbolo poético, nos versos <strong>de</strong><br />

González Martínez: ela não é bela, vive na escuridão das florestas, na noite, mas está sempre<br />

buscando mistérios a <strong>de</strong>svendar ao seu <strong>de</strong>rredor.<br />

Quer dizer: po<strong>de</strong>-se argumentar que foi <strong>de</strong>ntre os mo<strong>de</strong>rnistas, no México, que se<br />

abriu pouco a pouco espaço para a gestação <strong>de</strong> elementos que hoje são consi<strong>de</strong>rados típicos da<br />

estética <strong>de</strong> vanguarda.<br />

Os primeiros escritores que se consi<strong>de</strong>raram propriamente <strong>de</strong> vanguarda, no México,<br />

entretanto, criticaram esses mo<strong>de</strong>rnistas, e mesmo González Martínez, e se auto-<strong>de</strong>nominaram<br />

“estri<strong>de</strong>ntistas”. Se dizer “estri<strong>de</strong>nte” era uma forma <strong>de</strong> remeter ao dinamismo sonoro das<br />

cida<strong>de</strong>s e dos homens contemporâneos, vivendo aglomerados e trabalhando incessantemente<br />

nas fábricas e no campo, a serviço do industrialismo insipiente; era uma metáfora que aludia a<br />

algo que a escrita idílica mo<strong>de</strong>rnista ignorava, e que nos lembra o título da primeira revista<br />

vanguardista brasileira, a barulhenta Klaxon (KLICH, 2008).<br />

Os estri<strong>de</strong>ntistas partiram da movimentação individual do poeta veracruzano Manuel<br />

Maples Arce, que nos livros Andamios Interiores (1922) e Urbe (1924) apresentou<br />

composições que rompiam com a métrica e a atmosfera romântica das composições hispano-<br />

Anais do <strong>XXI</strong> <strong>Encontro</strong> Estadual <strong>de</strong> História –<strong>ANPUH</strong>-<strong>SP</strong> - Campinas, setembro, 2012.<br />

5

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!