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DR<br />
parou. Esteve envolvido na criação<br />
do NEL-Núcleo <strong>de</strong> Espeleologia<br />
<strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, facto que lhe valeu<br />
a reputação <strong>de</strong> “pai NEL”.<br />
A maior profundida<strong>de</strong> a que<br />
esteve foi 130 metros e as peripécias<br />
passadas nestas conduções<br />
são muitas. Certa vez, ficou preso<br />
numa passagem estreita. Uma<br />
rocha <strong>de</strong>slocou-se e pren<strong>de</strong>u-lhe<br />
o peito. “Com o martelo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sobstrução,<br />
fui partindo a pedra até<br />
me libertar”.<br />
Os perigos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scer abismos<br />
e cascatas subterrâneas por cordas,<br />
<strong>de</strong>slizar em túneis lamacentos<br />
por on<strong>de</strong> mal passa um coelho,<br />
diz quem pratica há muitos<br />
anos espeleologia, são poucos, se<br />
se seguirem os procedimentos <strong>de</strong><br />
segurança. “Já parti um pé a jogar<br />
futebol e um <strong>de</strong>do a jogar basquetebol,<br />
mas nunca me aconteceu<br />
nada numa gruta”, assegura<br />
José Artur Pinto.<br />
ECOSSISTEMAS ÚNICOS<br />
As mais <strong>de</strong> 1500 grutas conhecidas<br />
na área do Maciço Calcário<br />
Estremenho funcionam como<br />
verda<strong>de</strong>iras janelas para a interpretação<br />
do meio cársico. Para<br />
além da beleza das formações<br />
calcárias, como as estalactites e<br />
estalagmites e das ribeiras subterrâneas,<br />
também a fauna e flora<br />
das grutas do PNSAC são únicas.<br />
DR<br />
Os ecossistemas subterrâneos<br />
não se limitam às importantes<br />
colónias <strong>de</strong> morcegos, existindo<br />
alguns animais raros, que dificilmente<br />
se i<strong>de</strong>ntificam a olho<br />
nu. No “Algar do Pena”, um dos<br />
mais extensamente estudados no<br />
parque, encontram-se vários organismos<br />
macroinvertebrados que<br />
não exce<strong>de</strong>m um centímetro <strong>de</strong><br />
tamanho. Embora algumas <strong>de</strong>stas<br />
espécies sejam comuns nas<br />
grutas portuguesas existe uma<br />
que é única. Um dipluro, um predador<br />
que, até agora, não se encontrou<br />
em mais nenhum lado e tem<br />
sido alvo dos estudos <strong>de</strong> biólogos.<br />
Jacinto Silva Duro<br />
Equipamento Básico<br />
Capacete com iluminação eléctrica ou chama<br />
<strong>de</strong> acetileno<br />
Gasómetro que através da reacção química<br />
entre água e carbureto, produz acetileno<br />
Fato resistente às arestas afiadas das rochas<br />
Arnês <strong>de</strong> peito com crawl – bloqueador<br />
<strong>de</strong> subida usado na corda que impe<strong>de</strong> o<br />
espeleólogo <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizar aci<strong>de</strong>ntalmente<br />
para baixo<br />
Punho – Bloqueador usado na transposição<br />
<strong>de</strong> obstáculos e ascensão <strong>de</strong> algares<br />
Pedal – dispositivo que, combinado com<br />
o Punho permite subir os oços verticais<br />
Arnês para a cintura – dispositivo on<strong>de</strong><br />
um “<strong>de</strong>lta” ou mosquetão fixa o material<br />
<strong>de</strong> subida e <strong>de</strong>scida por corda<br />
MATERIAL DE DESCIDA:<br />
Descensor – instrumento que permite controlar<br />
a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scida em corda<br />
Shunt – Bloqueador <strong>de</strong> <strong>de</strong>scida. Evita quedas<br />
aci<strong>de</strong>ntais<br />
Longes – Sistema <strong>de</strong> duas cintas presas<br />
ao “<strong>de</strong>lta” on<strong>de</strong>, através <strong>de</strong> dois mosquetões,<br />
se fixa material. Servem também para<br />
fazer segurança<br />
DR<br />
Espeleólogos<br />
<strong>de</strong>scobrem<br />
profun<strong>de</strong>zas<br />
da Serra <strong>de</strong> Sicó<br />
No início do ano passado,<br />
o Grupo <strong>de</strong> Protecção Sicó<br />
(GPS) <strong>de</strong>scobriu na Serra <strong>de</strong><br />
Sicó aquela que é, até agora,<br />
a mais profunda cavida<strong>de</strong><br />
natural daquele maciço calcário.<br />
O “Abismo <strong>de</strong> Sicó”<br />
como foi <strong>de</strong>signada, tem uma<br />
profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 100<br />
metros, mas os responsáveis<br />
do GPS acreditam que os trabalhos<br />
futuros no algar <strong>de</strong>vem<br />
permitir <strong>de</strong>scer ainda mais.<br />
“Inicia-se com uma vertical<br />
directa <strong>de</strong> 85 metros, uma<br />
das maiores do País e, seguramente,<br />
a maior do Maciço<br />
Calcário Con<strong>de</strong>ixa-Sicó-<br />
Alvaiázere”, conta Sérgio<br />
Me<strong>de</strong>iros. A voz do vice-presi<strong>de</strong>nte<br />
do GPS é marcada<br />
pelo entusiasmo quando fala<br />
<strong>de</strong>sta <strong>de</strong>scoberta conjunta feita<br />
com o Núcleo <strong>de</strong> Espeleologia<br />
<strong>de</strong> Con<strong>de</strong>ixa. No final<br />
da <strong>de</strong>scida, existe outra sala,<br />
mais ampla, com <strong>de</strong>z metros<br />
<strong>de</strong> altura, oito <strong>de</strong> comprimento<br />
e três <strong>de</strong> largura. Num<br />
dos extremos da cavida<strong>de</strong>, do<br />
lado oposto à <strong>de</strong>scida, por<br />
cima <strong>de</strong> um compacto manto<br />
estalagmítico, existe um<br />
novo poço com cerca <strong>de</strong> seis<br />
metros <strong>de</strong> <strong>de</strong>snível. “A esta<br />
cota, 88 metros <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>,<br />
uma leve e fácil <strong>de</strong>sobstrução<br />
tornou possível o acesso<br />
ao topo <strong>de</strong> uma diaclase<br />
[fissura que divi<strong>de</strong> dois maciços<br />
rochosos]”, explica Sérgio<br />
Me<strong>de</strong>iros. Uma rápida<br />
medição confirmou pelo menos<br />
mais 20 metros <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong><br />
e sérias possibilida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> continuação do Abismo.<br />
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JORNAL DE LEIRIA | 12 DE JANEIRO DE 2006