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REVISTA NDHIR - Especial - Portal da Universidade Federal de ...

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<strong>REVISTA</strong> ELETRÔNICA EDIÇÃO ESPECIAL DOCUMENTO MONUMENTO<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO / NÚCLEO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO HISTÓRICA REGIONAL - NDIHR<br />

<strong>da</strong> terceira roça também <strong>de</strong>ixa<strong>da</strong> <strong>de</strong>ste rio e aqui vereis pretos estes quinze dias. O trabalho aqui não é muito, o varadouro é<br />

que este se parte, e o que fica à esquer<strong>da</strong> é chamado Inhanduimi- pequeno, não tem mais que duas Léguas <strong>de</strong> comprido; e enquanrim<br />

[Quer dizer rio pequeno on<strong>de</strong> se criam emas], e alguns autores to <strong>de</strong>scansais [,] vamos visto. Postas que sejam as canoas em terra<br />

lhe chamam rio <strong>da</strong> vacaria, e para cima <strong>de</strong>ste achareis outros dois [,] as levareis sobre umas carretas baixinhas, que para puxar ca<strong>da</strong><br />

os quais ambos vêem <strong>da</strong> parte esquer<strong>da</strong>, e navegareis sempre uma vos serão necessários vinte e cinco, ou trinta negros [;] estes<br />

pelo <strong>da</strong> mão direita, até chegares a ver um rio, o qual é ético, e principiarão a puxar pela meia noite, e virão ao outro dia <strong>de</strong> tar<strong>de</strong> a<br />

tísico, cujo achaque logo conhecereis, por ver que esta está conti- bom trabalhar, e <strong>da</strong>s cargas vos <strong>da</strong>rão dois caminhos entre dia e<br />

nuamente <strong>de</strong>itando sangue pisado pela boca e tão estreito é, que noite, que se o fizerem não trabalham pouco, e sempre tereis cuinão<br />

cabe nele canoa, e é chamado o Rio vermelho, e aqui acaba <strong>da</strong>do em os acompanhar, que se os <strong>de</strong>ixares ir sós <strong>de</strong>itar <strong>da</strong>rão no<br />

o negrejado rio a que todos chamam Pardo. Para a parte esquer<strong>da</strong> caminho com muita razão a dormir o tempo que lhes parecer, e<br />

[,] vereis que está um rio que vem fazer socie<strong>da</strong><strong>de</strong> com o Pardo, assim o tem mostrado a experiência. E advirto-vos que <strong>de</strong>veis ir com<br />

este <strong>de</strong> estrito e é chamado sanguessuga [É paragem on<strong>de</strong> os é em armas na mão, por respeito do já nomeado gentio Cayapô, que<br />

muita quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>], navegareis por ele acima até chegar ao vara- toma todo este caminho, e se vos há <strong>de</strong> atrever, como tem feito a<br />

douro gran<strong>de</strong> [fl. 14] Gran<strong>de</strong> em o qual eu vos espero: por este rio tantos que tem morto, e digam os <strong>da</strong> monção do ano <strong>de</strong> mil e setesanguessuga<br />

passareis com bastante <strong>de</strong>trimento pelas voltas centos e vinte e oito: Costumam estes estar escondidos em qualserem<br />

miú<strong>da</strong>s, e ter para o fim muito pau, e também tem seu salti- quer moitazinha <strong>de</strong> mato besuntados com terra, e estareis olhando<br />

nho, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>scarregam as canoas, que para tudo vos perseguir para eles, sem divisares que é gente, e <strong>de</strong>ixando-vos passar, vos<br />

até uma sanguessuga fará <strong>de</strong> vós zombaria. farão tiro por <strong>de</strong>trás com o já nomeado porrete pondo-vos os miolos<br />

à mostra, e basta um só gentio <strong>de</strong>sta nação para acabar uma [fl.<br />

Varadouro gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> Camapuã<br />

14v] Uma tropa <strong>de</strong> muitos milhares <strong>de</strong> homens, porque se põem um<br />

<strong>de</strong>stes no caminho, como já disse, por on<strong>de</strong> passais, sem que o<br />

Sejais muito bem chegado a este País (vos digo eu) [,] estimareis vejais, e no último <strong>da</strong> retaguar<strong>da</strong> seguram o tiro lançando o por<br />

muito que venhas bem sucedido: Jesus [,] que tristes semblantes. terra e parte a correr mais ligeiro que um Gamo, e quando olhares<br />

Amigos, vin<strong>de</strong>s tão gordos, que todos me pareceis umas formaturas para traz já está on<strong>de</strong> o não ve<strong>de</strong>s, se não quando tornar a por terra<br />

sem sustância, que acha que é o vosso, que vos pôs nesse estado. o último <strong>da</strong> tropa que for na retaguar<strong>da</strong>; e também usam <strong>de</strong> fle-<br />

Na barra do rio pardo vos vi eu com outra personagem e nem pare- chas. E esta é, meus amigos, a convalescença, que vos tenho apaceu<br />

fosse esta em aumento, que <strong>de</strong>sce para subir é uma gran<strong>de</strong> relhado, não só para vós se não também para vossos negrinhos [,]<br />

fortuna, mas segundo o que estou vendo, fez escarne <strong>de</strong> vós a natu- com cujo alento ireis passando o restante <strong>da</strong> viagem, a qual prosse-<br />

reza. Ao meu amigo (me respon<strong>de</strong>is-vos) quem antes fora cativo <strong>de</strong> guireis pelo rio <strong>de</strong> Camapuã abaixo, postas e carrega<strong>da</strong>s que<br />

Galegos do que vir passar tal vi<strong>da</strong>: neste rio pardo passei tantas sejam as canoas. É este rio muito estreito e baixo, as voltas <strong>de</strong>le<br />

calami<strong>da</strong><strong>de</strong>s, que as não sei numerar, e me parece que não have- muito miú<strong>da</strong>s, tem muito pau, e é trabalhoso, por irem a maior parte<br />

rá entendimento humano que <strong>de</strong>stas possa fazer resumo. A fazen<strong>da</strong> viagem <strong>de</strong>le as canoas à mão. Ireis com muito sentido nos bar-<br />

<strong>da</strong> aí vem que é parte <strong>da</strong> que trazia, e in<strong>da</strong> está com bastante avarancos <strong>de</strong> terra, e o mesmo tereis nos pousos, que o dito Cayapô<br />

ria, e assim consi<strong>de</strong>ro-me perdido se as minas me não <strong>de</strong>sempeaqui faz a sua faisqueira com o tal porrete: Neste rio gastareis quatro<br />

nhar. Não vos diz como hei (vos digo eu) que Deus a tudo há <strong>de</strong> ou cinco dias, conforme a marcha que fizeres, que como não posso<br />

acudir. Armai a vossa barraca, e aqui <strong>de</strong>scansareis-vos e os vossos saber o que caminhareis, ou a que horas fareis pouso, esta é a razão<br />

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