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Cadernos HumanizaSUS - BVS Ministério da Saúde

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Formação<br />

<strong>Cadernos</strong> <strong>HumanizaSUS</strong><br />

A formação se constitui no entre, no embate do plano de forças e <strong>da</strong>s formas já constituí<strong>da</strong>s.<br />

Como afetar? Como produzir movimentos nos serviços de saúde permeados por práticas<br />

de invenção e, também, por processos de banalização <strong>da</strong> iniqüi<strong>da</strong>de, pelo sucateamento<br />

<strong>da</strong> existência? Como fazer <strong>da</strong> formação um processo de escrita nômade que reinventa<br />

caminhos ao caminhar? Como produzir redes quentes?<br />

Como nossa aposta não é nos processos de formação modelares e modeladores, algumas<br />

questões, do nosso ponto de vista, merecem uma discussão entre aqueles que têm como<br />

matéria de trabalho o campo <strong>da</strong> formação. Se a aposta <strong>da</strong> formação tem como princípio<br />

a problematização <strong>da</strong>s práticas em saúde, é importante refletir como vimos li<strong>da</strong>ndo com<br />

os processos de aprendizagem. A concepção que postula a aprendizagem como ação que<br />

se dá entre um sujeito e um objeto já <strong>da</strong>do a priori, acaba por reificar aquelas noções que<br />

postulam, de um lado, emissores, e de outro, receptores (ain<strong>da</strong> que estes sejam tomados<br />

como sujeitos ativos do processo de conhecimento). Entender a formação deste modo tem<br />

significado a anulação do protagonismo dos sujeitos, bem como práticas de formação<br />

descola<strong>da</strong>s dos contextos sociais, geopolíticos e culturais. Tem redun<strong>da</strong>do também em ações<br />

de formação homogenizadoras que acabam por separar técnica e política, formação e<br />

ação. As especifici<strong>da</strong>des dos serviços/sistemas de saúde requerem torção nos modos de fazer<br />

formação, a fim de que seja possível acolher essas diferentes reali<strong>da</strong>des não como um já<br />

<strong>da</strong>do, mas como movimento de desestabilização do próprio processo de formação.<br />

Um dos desafios cruciais para aquelas propostas de formação que têm como princípio a<br />

indissociabili<strong>da</strong>de entre formar, cui<strong>da</strong>r e gerir é que as políticas que têm como princípio<br />

a construção/potencialização do protagonismo dos profissionais e usuários são contrahegemônicas<br />

aos modos hegemônicos com que muitas políticas de governo se fazem.<br />

Estas últimas se alimentam <strong>da</strong> produção de práticas tutelares que visam à perpetuação<br />

de redes de dependência e isolamento.<br />

Entre os interesses <strong>da</strong>s corporações, a precarização do trabalho, a desqualificação dos<br />

usuários e <strong>da</strong>s redes sociais, as práticas privatistas e patrimonialistas, as experiências de reencantamento<br />

do SUS, constituem-se modos de cui<strong>da</strong>r e de gerir. Assim, modos de saber<br />

se forjam no cotidiano de trabalho, desviando-se de prescrições reifica<strong>da</strong>s. Partir desses<br />

modos de saber-fazer é fun<strong>da</strong>mental, se desejamos efetuar processos de formação que<br />

funcionem como dispositivos de intervenção nas práticas de produção de saúde.<br />

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