Cadernos HumanizaSUS - BVS Ministério da Saúde
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Apresentação<br />
<strong>Cadernos</strong> <strong>HumanizaSUS</strong><br />
igualando-se à transferência de informações para que os “descapacitados” passem a ter<br />
determina<strong>da</strong>s capaci<strong>da</strong>des; na mesma direção, se “treinaria” os trabalhadores para que<br />
repitam e se exercitem ad nauseam o modo correto de fazer. Para aqueles que, mesmo<br />
assim, não se enquadram a esta normalização a oferta é a reciclagem: remodelação<br />
dos sujeitos. De qualquer maneira, a formação torna-se, assim, correção (no sentido<br />
ortopédico do termo) <strong>da</strong>queles trabalhadores de saúde supostamente desumanos: formar<br />
na humanização teria este sentido de “humanizar os desumanos”.<br />
Esta demarcação é importante para se distinguir processos de formação mais tradicionais,<br />
<strong>da</strong>queles que a PNH tem buscado construir em consonância com seus pressupostos éticopolíticos.<br />
Por se compreender que as ditas “práticas de desumanização” e “práticas desumanizadoras”<br />
são expressões de formas precárias de organização do trabalho, pertinentes, portanto,<br />
aos temas <strong>da</strong> gestão e <strong>da</strong>s condições concretas de trabalho, a pauta <strong>da</strong> humanização se<br />
desloca imediatamente para novas ofertas de formação.<br />
Mas este deslocamento ocorre também por outra razão de natureza metodológica: o<br />
método <strong>da</strong> humanização. Entendendo o método como “modo de caminhar”, a PNH define<br />
a humanização como um modo de fazer inclusão, como uma prática social ampliadora<br />
dos vínculos de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de e co-responsabili<strong>da</strong>de, uma prática que se estende seguindo<br />
o Método <strong>da</strong> Tríplice Inclusão. Assim, a feitura <strong>da</strong> humanização se realiza pela inclusão,<br />
nos espaços <strong>da</strong> gestão, do cui<strong>da</strong>do e <strong>da</strong> formação, de sujeitos e coletivos, bem como,<br />
dos analisadores (as perturbações) que estas inclusões produzem. Em outras palavras:<br />
humanização é inclusão.<br />
Para humanizar práticas de gestão e de cui<strong>da</strong>do, bem como as práticas pe<strong>da</strong>gógicas, a<br />
PNH propõe que se incluam os diferentes sujeitos que participam desde suas singulari<strong>da</strong>des<br />
no planejamento, implementação e avaliação dos processos de produção de saúde e de<br />
formação do trabalhador de saúde.<br />
Com o exercício deste método nos processos de formação, que efeitos se produzem? Para<br />
a resposta a esta questão faz-se necessário considerar que os princípios <strong>da</strong> PNH são a<br />
indissociabili<strong>da</strong>de entre gestão e cui<strong>da</strong>do, a transversali<strong>da</strong>de (ampliação <strong>da</strong> comunicação;<br />
produção do comum) e o fomento do protagonismo <strong>da</strong>s pessoas. Ou seja, o exercício do<br />
método – a inclusão - deve considerar, necessariamente, que não se separe a gestão<br />
<strong>da</strong> clínica, que se promovam processos de comunicação para além <strong>da</strong> hierarquia e do<br />
corporativismo, e que se aposte que os sujeitos são capazes de produzirem deslocamentos<br />
desde seus interesses mais imediatos, construindo processos de negociação, permitindo a<br />
criação de zonas de comunali<strong>da</strong>de e projetos comuns.<br />
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