Cadernos HumanizaSUS - BVS Ministério da Saúde
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Formação<br />
A PNH em curso: <strong>da</strong> superação <strong>da</strong> incerteza à experiência de<br />
corresponsabilização na construção de redes<br />
<strong>Cadernos</strong> <strong>HumanizaSUS</strong><br />
Os depoimentos dos trabalhadores revelaram que os encontros iniciais com a PNH<br />
freqüentemente são acompanhados por uma sensação de impotência e descrença, pela<br />
distância existente entre os ideais <strong>da</strong> humanização e o cotidiano do trabalho, o que<br />
normalmente suscita questionamentos sobre como sustentar a proposta <strong>da</strong> PNH na prática<br />
de um cotidiano permeado e atravessado pelas contradições presentes no dia-a-dia dos<br />
serviços e <strong>da</strong> gestão. Um dos questionamentos recorrentes no início do curso referia-se à<br />
tensão sobre os modos de fazer humanização quando não se tem o apoio dos gestores,<br />
fato ressaltado como fun<strong>da</strong>mental para a mu<strong>da</strong>nça de práticas hegemônicas existentes<br />
no SUS.<br />
Durante a realização dos encontros, houve a preocupação de enfatizar o compromisso para<br />
com o curso, sendo pontua<strong>da</strong> a importância <strong>da</strong> frequência e pontuali<strong>da</strong>de às ativi<strong>da</strong>des<br />
como um critério de certificação, informação esta que constava no projeto do curso recebido<br />
pelos participantes. Embora possam parecer injustifica<strong>da</strong>s preocupações desta natureza<br />
quando se propõe o exercício <strong>da</strong> autonomia e protagonismo, o estabelecimento de regras<br />
de funcionamento grupal, ain<strong>da</strong> que flexibiliza<strong>da</strong>s por algumas situações especiais, é uma<br />
forma de demonstrar que existe uma organização no funcionamento do curso, ain<strong>da</strong> que<br />
se adote uma metodologia mais aberta no processo de construção e troca de conhecimento.<br />
A pactuação grupal, acompanha<strong>da</strong> <strong>da</strong>s discussões sobre a inseparabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> formaçãointervenção,<br />
apontou para a intensificação <strong>da</strong> responsabilização dos trabalhadores quanto<br />
ao processo de formação.<br />
Os relatos dos trabalhadores revelaram a escassez de espaços de reflexão nas instituições<br />
que favoreçam a problematização dos processos de trabalho, o que foi apontado como<br />
importante para diluir os tensionamentos e compartilhar as experiências, especialmente<br />
pela progressiva apropriação do papel dos trabalhadores nas transformações e cogestão<br />
do SUS.<br />
A crescente grupali<strong>da</strong>de experencia<strong>da</strong> no grupo e a oportuni<strong>da</strong>de de estar em ro<strong>da</strong> foram<br />
menciona<strong>da</strong>s na avaliação feita pelos participantes como pontos positivos no processo, sendo<br />
que após a realização do último módulo alguns subgrupos permanecerem em contato regular<br />
para planejar e executar alguns encaminhamentos pactuados ao final <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des.<br />
Na avaliação dos participantes, foi destacado que há conteúdos que mereceriam um maior<br />
aprofun<strong>da</strong>mento como, por exemplo, cogestão, rede e avaliação. O que se observa nesses<br />
espaços de formação é que há uma deman<strong>da</strong> por parte dos trabalhadores do SUS-Pará<br />
em direção ao aprofun<strong>da</strong>mento de sua compreensão sobre a PNH e sobre os referenciais<br />
téorico-metodológicos que a sustentam, o que talvez se exprima na angústia inicial já<br />
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