Cadernos HumanizaSUS - BVS Ministério da Saúde
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Formação<br />
Concepção dos cursos-PNH e compreensão de memória<br />
<strong>Cadernos</strong> <strong>HumanizaSUS</strong><br />
Envolver-se com a produção do cui<strong>da</strong>do em saúde nos “lança” irremediavelmente no<br />
campo <strong>da</strong> complexi<strong>da</strong>de dos seus modos de gestão e <strong>da</strong>s relações entre trabalhadores,<br />
gestores e usuários dos serviços de saúde. Nesta compreensão, nossa aposta ético-política<br />
nos processos de formação implica a inclusão desta complexi<strong>da</strong>de e a potencialização <strong>da</strong>s<br />
interferências e participação efetiva desses sujeitos. Uma opção que não cuide dessa inclusão<br />
(ou que promova exclusão) não sustenta a efetiva alteração dos modelos de atenção e de<br />
gestão no âmbito do SUS. A construção de processos de formação em saúde, considerando<br />
esse referencial <strong>da</strong> “inclusão”, implica estarmos atentos a essa complexi<strong>da</strong>de e fazermos<br />
escolhas teórico-metodológicas que expressem um campo de interlocução por entre os<br />
saberes, indissociado de um método, de um modo de fazer a formação. Essas escolhas são<br />
sempre escolhas ético-políticas (HECKERT; NEVES, 2007).<br />
Quando queremos pensar as interfaces entre a formação de profissionais de saúde e os<br />
modos de cui<strong>da</strong>r e gerir no Sistema Único de <strong>Saúde</strong> (SUS) urge que problematizemos<br />
o que podemos, o que queremos e, principalmente, como fazemos para contribuir na<br />
construção de um outro modo de agir e construir nossas relações no campo <strong>da</strong> saúde e<br />
do próprio viver. O que aqui buscamos afirmar é uma aposta radical na invenção de um<br />
outro mundo possível, de outros modos de estar nos verbos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e, especialmente, de<br />
uma saúde pública possível. Possível porque não se pauta em abstrações transcendentes,<br />
mas leva em conta aquilo que é efetivado como reali<strong>da</strong>de no estado de coisas e ao mesmo<br />
tempo ultrapassa esta reali<strong>da</strong>de, atentando para o que nela é tencionado, para o que<br />
nela se anuncia como movimento de ruptura e desvio instituinte.<br />
Nossas intervenções no campo <strong>da</strong> formação em educação e saúde, tanto na universi<strong>da</strong>de<br />
quanto em ações de formação junto a militantes de movimentos sociais, pautam-se na<br />
compreensão <strong>da</strong> indissociabili<strong>da</strong>de entre processos de formação e processos de intervenção<br />
nos movimentos do real. Nesta direção, nossa concepção de formação como intervenção<br />
se afirma na indissociabili<strong>da</strong>de entre pensamento e vi<strong>da</strong>, entre invenção de si e de mundo,<br />
trazendo para o debate <strong>da</strong>s políticas de formação em saúde o desafio teórico-metodológico<br />
de construção de práticas que incluam o cotidiano dos serviços, seus desafios e suas relações<br />
com os modos de fazer o cui<strong>da</strong>do e a gestão no território. Práticas que incluam e sejam<br />
permea<strong>da</strong>s pelas experiências que os sujeitos-alunos trazem em sua história de relações<br />
nos territórios de vi<strong>da</strong>-trabalho.<br />
Neste texto, partimos <strong>da</strong> experiência de implementação de um processo de formação/<br />
curso para agentes sociais como apoiadores <strong>da</strong> Política Nacional de Humanização (PNH).<br />
No contexto <strong>da</strong> “formação de agentes sociais no território”, exploramos de forma bastante<br />
intensa e criteriosa a utilização <strong>da</strong> memória como estratégia de intervenção/produção<br />
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