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Cadernos HumanizaSUS - BVS Ministério da Saúde

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Formação<br />

<strong>Cadernos</strong> <strong>HumanizaSUS</strong><br />

A apreensão dos processos de produção de subjetivi<strong>da</strong>de é a apreensão de uma<br />

transformação, de um movimento. É nesta direção que afirmamos que a subjetivi<strong>da</strong>de<br />

é um processo que excede o modo-sujeito no qual somos constituídos; ela é índice de um<br />

inacabamento produtivo aberto a todos os devires. Considerando esse inacabamento,<br />

a memória pode <strong>da</strong>r consistência a movimentos ativos ou autônomos na produção do<br />

cui<strong>da</strong>do de si e do outro.<br />

Acompanhar processos de produção de saúde pública tem sido a aposta e o desafio<br />

metodológico <strong>da</strong> Política Nacional de Humanização, que entende que a produção social<br />

<strong>da</strong> saúde é inseparável de processos de produção de subjetivi<strong>da</strong>de, ou seja, que ela não<br />

se dá sem a produção de sujeitos capazes de cui<strong>da</strong>r de si e dos outros. É nesta convocação<br />

– a criar outros modos de estar nos verbos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> – que reside a força ético-política <strong>da</strong><br />

proposta <strong>da</strong> PNH, de sua política de formação e <strong>da</strong> memória como um de seus dispositivos/<br />

método.<br />

Na PNH, falamos de um método como “um caminhando”, como um acompanhamento do<br />

processo em seus percursos e percalços, em meio ao qual, e no qual, ele mesmo se inscreve,<br />

sofre desvios e perturbações. O método, sob este aspecto, é pensado como um conjunto<br />

de regras facultativas (FOUCAULT, 1985) que possibilitem um trabalho constante voltado<br />

para a precisão, para a constituição conceitual, para a análise do misto (atual e virtual)<br />

presentes num campo problemático. Assim, o que buscamos como matéria de análise<br />

são os “movimentos-acontecimentos” (FOUCAULT, 1979) que produzem uma reali<strong>da</strong>de<br />

dinâmica e complexa e, ao mesmo tempo, são por ela produzidos. Pois to<strong>da</strong> produção de<br />

reali<strong>da</strong>de é dinâmica, complexa e efeito de uma dispersão de movimentos-acontecimentos<br />

que, em seus efeitos e conexões, expressam o campo problemático no qual se inscreve.<br />

O campo problemático nos possibilita analisar os acontecimentos em seu misto, ou seja,<br />

naquilo que portam como atualização de visibili<strong>da</strong>des, dizibili<strong>da</strong>des e expressão do estado<br />

de coisas e no que enunciam como virtuali<strong>da</strong>des produtoras de estranhamentos, rupturas<br />

e inflexões que provocam alterações e ampliam a sensibili<strong>da</strong>de aos regimes de visibili<strong>da</strong>des<br />

e expressão instituídos em modos de ser, fazer e sentir a reali<strong>da</strong>de. Vemos então, que o<br />

próprio processo de formação é convocado a esta experimentação problematizadora <strong>da</strong><br />

química do mundo para nela, e com ela, acompanhar seus jogos, seus rastros de circulação,<br />

fazer sua cartografia.<br />

Abor<strong>da</strong>r as práticas de cui<strong>da</strong>do e de gestão em saúde implica compreender a multiplici<strong>da</strong>de<br />

que as constitui. Se apostamos em processos de formação potencializadores de movimentos<br />

de autonomia e de mu<strong>da</strong>nça nas práticas vigentes no SUS, tal aposta somente terá<br />

efetivi<strong>da</strong>de se esses movimentos estiverem conectados com os processos de trabalho nos<br />

serviços de saúde, seus trabalhadores e usuários, levando em conta os seus territóriosespaços<br />

concretos de vi<strong>da</strong>. Nessa compreensão, a noção de formação que objetivamos<br />

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