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“A Alimentação Indígena” e o “Descobrimento”<br />
Quando os portugueses chegaram ao Brasil, confundiram a mandioca com o<br />
inhame, conforme relatos históricos da carta de caminha de Pero Magalhães Gandavo<br />
(1576) e Gabriel Soares de Souza (1584), devido à semelhança entre os tubérculos.<br />
Ambos descreviam a mandioca, diariamente consumida, como raiz indispensável aos<br />
nativos e europeus recém – vindos, “Pão da Terra”, “Saborosa”, “substancial”.<br />
Com a colonização, muitos expõem, discutem registram detalhes do preparo da<br />
farinha, mingaus, beijus, caldos e bolos feitos com a rainha do Brasil: a mandioca.<br />
O que os portugueses não sabiam, é que sua utilização, na alimentação indígena<br />
era muito mais antiga que pudessem imaginar.<br />
A agricultura da mandioca tem mais ou menos dez mil anos de especialiozação e<br />
tecnologia de processamento, e durante esse tempo desenvolveram-se centenas de<br />
variedades.<br />
A mandioca vivia nos dois elementos inseparáveis da alimentação indígena: a<br />
farinha e os beijus.<br />
A farinha , produto essencial, acompanha todos os alimentos consumidos, entre<br />
carnes, peixes ou frutas. O beiju estava sempre presente nos momentos de caça, pesca,<br />
guerra e permutas, além de fornecer matéria – prima para produção de bebidas<br />
fermentadas chamadas de “Cauim”, também feitos com milho e frutas.<br />
Preparo do Cauim: Após cortadas em rodelas finas, a mandioca era fervida com<br />
água pelas mulheres em grandes vasilhas de barro, até que amolecessem. Eram então<br />
tiradas do forno esperava-se esfriar. Feito isso, as rodelas era mastigadas pelas<br />
mulheres, que jogavam- nas em outra vasilha, ao invés de engolir, usando-as para nova<br />
fervura, até que estivesse muito bem cozida, sob a forma de uma pasta.<br />
A pasta então, era colocada para fermentar em vasos de barro e quando espumae<br />
fermenta, os vasos eram cobertos e a bebida estava pronta para o consumo.<br />
Na Amazônia, na Costa Brasileira, em Santa Catarina, aglutinavam-se grupos<br />
com alimentação suprida pela mandioca, planta que produzia 7 toneladas de amido por<br />
hectare, por ano. E havia comida garantida pelos mandiocais por 3 anos: um em plantio,<br />
outro em crescimento e outro em produção, numa economia auto suficiente que<br />
congelou o modo de vida dessas populações a uma data equivalente a 5.000 a.c.<br />
Do liquido venenoso (mandioca brava), fermentado ao sol e fervido longamente<br />
fazia-se o tucupi, usado como caldo com batata- doce, carne, peixes e frutas, ou no<br />
tacacá ( até hoje herança indígena consumida no Norte do Brasil, também leva a goma<br />
de mandioca, pimenta, camarões , jambu).<br />
Da massa prensada, faziam-se os beijus, ( como pão ázimo) assados no forno de<br />
argila, os beijus cicas (torradinhos, o beiju com goma de tapioca.<br />
Do amido puro, decantado no tucupi, fazia-se a goma ou polvilho e as farinhas<br />
de tapioca para mingau.<br />
Da massa torrada e esfarelada farinhas de todas as cores, finas e grossas, usadas<br />
também nos tempos de Guerra, como ração fácil de carregar, que com água virava um<br />
pirão alimentício prático e fácil de fazer.<br />
Quando se mudavam de lugar como ocorreu com a chegada dos portugueses,<br />
todo mandiocal era transformada em farinha, sendo um alimento encontrado em<br />
quantidade, o que popularizou o uso da farinha, não só entre os índios, mas entre os<br />
europeus que aqui chegaram e os neobrasileiros.