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A influência da apocalíptica judaica sobre as origens cristãs: gênero ...

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A <strong>influência</strong> <strong>da</strong> <strong>apocalíptica</strong> ju<strong>da</strong>ica <strong>sobre</strong> <strong>as</strong> <strong>origens</strong> <strong>cristãs</strong> 21<br />

cipação, ao fazer referência à perseguição que ele sabe que virá: Deus não<br />

deixará mais su<strong>as</strong> testemunh<strong>as</strong> perecerem, pois ele deixou Cristo, a testemunha<br />

por excelência <strong>da</strong> vontade Deus <strong>sobre</strong> o mundo (1, 5), perecer.<br />

(d) Movimentos de Jesus. Havia grupos apocalípticos no cristianismo primitivo<br />

palestinense? Richard Horsley 16 procurou demonstrar recentemente que<br />

estes grupos existiam na Palestina. Ele se refere a eles como os “movimentos<br />

de Jesus”. Sua presença pode ser constata<strong>da</strong>, afirma, nos evangelhos sinóticos.<br />

Horsley faz uma distinção níti<strong>da</strong> entre aqueles que produziram literatura<br />

<strong>apocalíptica</strong> e os movimentos de Jesus. “A literatura <strong>apocalíptica</strong>, diz, foi<br />

produzi<strong>da</strong> para literatos, para uma elite cultural (m<strong>as</strong> não elite sócio-econômica).<br />

Jesus e seus discípulos, entre os quais originou-se a tradição sinótica,<br />

eram camponeses iletrados que cultivavam su<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> tradições israelit<strong>as</strong><br />

e comuni<strong>da</strong>des aldeãs”. 17 Ele apela aqui a “uma distinção feita por antropólogos”<br />

entre uma elite que produz a “grande” tradição, “normalmente de forma<br />

oral, m<strong>as</strong> freqüentemente também em forma escrita”, e os “camponeses”, que<br />

cultivam uma tradição “pequena” ou uma tradição popular, totalmente oral,<br />

“de acordo com a qual é conduzi<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong> na comuni<strong>da</strong>de local”. É possível<br />

que estes dois grupos interajam, m<strong>as</strong>, na ver<strong>da</strong>de, têm “lugares sociais e interesses<br />

distintos”, de forma que normalmente há conflito entre <strong>as</strong> du<strong>as</strong> tradições.<br />

Horsley ilustra isso com um apelo a Marcos 7,1-13, em que Jesus defende<br />

os interesses dos camponeses galileus em reter sua produção econômica<br />

para manutenção de su<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong> (sendo de certa forma coerente com o<br />

man<strong>da</strong>mento de honrar pai e mãe), contra a “tradição sacerdotal dos escrib<strong>as</strong>”,<br />

que esperava que os camponeses dessem seus recursos econômicos para<br />

manutenção do Templo. 18<br />

Na ver<strong>da</strong>de Horsley também acredita que no tempo de Jesus houve<br />

uma interação considerável entre os círculos de escrib<strong>as</strong> e os camponeses,<br />

conformando <strong>as</strong>sim “um grau considerável de cultura comum entre os, socialmente<br />

divididos, grupos sacerdotais e vilarejos camponeses”. 19 Os evan-<br />

16. The Kingdom of God and the Renewal of Israel: Synoptic Gospels, Jesus Movements, and<br />

Apocalypticism, in: J.J. Collins (ed.), The Encyclopedia of Apocalypticism, p. 303-344.<br />

17. The Kingdom of God ..., p. 307.<br />

18. The Kingdom of God ..., p. 307.<br />

19. The Kingdom of God ..., p. 308.

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